terça-feira, 13 de junho de 2023

A Dracma perdida – Em busca do que se perdeu - Sermão entregue à Ad Brás Santo Eduardo

 

A Dracma perdida – Em busca do que se perdeu

 

A tríade de parábolas que está inserida em Lucas 15 trata-se de uma reação de Jesus aos comentários dos fariseus, que o criticam pelo fato de receber publicanos e pecadores e se assentar com eles.

Em resposta a esse pensamento, Jesus conta três histórias que tem um sentido em comum:

 

·      Algo que foi perdido

·      Esse algo é encontrado

·      Ao ser encontrado há alegria e festa

 

A primeira parábola da tríade, trata-se da ovelha perdida.

A terceira é a mais conhecida, trata-se da parábola dos dois filhos, ou popularmente conhecida como “o filho pródigo”.

A parábola que pretendo meditar hoje é a da Dracma perdida.

 

 

Definição de DRACMA

A pergunta fundamental para iniciar essa reflexão é: O que é uma dracma?

Há um louvor que fala sobre uma “pedra tão pequena”.

Porém a Dracma não se trata de uma pedra e sim de uma moeda de Prata.

R.N Champlin diz que na antiguidade a Dracma era tanto uma unidade monetária como um peso padrão para a prata.

A dracma correspondia a 4,37 gramas de prata; a moeda padrão era a peça de prata que era equivalente a 4 dracmas.

Na Grécia moderna a dracma foi usada até o ano de 2001, quando foi definitivamente substituída pelo Euro.

Portanto, por definição a Dracma era uma espécie de moeda que foi usada por muitos anos e até a modernidade.

 

Os usos da Dracma

A Dracma era uma moeda usada para pagar os impostos anuais do templo, cada cidadão judeu pagava o equivalente a 2 dracmas por ano de imposto. Numa ocasião que os discípulos são cobrados, Jesus os ordena pescar e eles encontram no peixe o valor suficiente para pagar o imposto.

 

Warren Wiersbie diz que as dracmas eram usadas como uma espécie de colar nas mulheres casadas, elas ainda quando noivas preparavam seu colar como que uma aliança, neste sentido, seria uma grande decepção ao pai da noiva e ao seu noivo ou marido, notar que uma das suas dracmas se perdeu.

A dracma provavelmente não era dada a ela novamente, ela tinha que tentar zelar pelas dez que recebia.

Craig Keener diz que as dez dracmas da mulher, provavelmente correspondiam ao seu dote, que era uma espécie de garantia financeira de sustento em caso de dissolução do casamento.

É plenamente possível que o dote que essa mulher recebeu era este colar usado, com suas 10 moedas.

 

O dote tinha alguns modelos, o pai dava um presente a filha, ou o noivo compensava o pai pela saída dela de casa e este a presenteava com uma parte do valor, ou ainda os noivos trocavam presentes.

Seja qual for o modo, perder uma das moedas era algo extremamente desesperador, uma vez que representava muito para ela possuir todas.

Perder uma dracma era sinal de descuido, desvalorização, desleixo, incompletude, falta de garantia de futuro entre muitas outras coisas, se ainda hoje nos ofendemos com o fato de alguém perder algo que damos a essa pessoa, imagine neste contexto em que ele só tinha 10 moedas, que eram restritas ao seu casamento, sua garantia de vida em caso de divórcio, era uma ofensa sem tamanho, ao noivo, ao pai e entre as pessoas que estavam próximas a ela.

 

A parábola que estamos analisando tem apenas 3 versículos, quais as lições que este texto pode nos trazer?

 

 

1º - A expectativa de Jesus é que alguém que perde algo, busque diligentemente.

 

Ao falar “qual é a mulher que possuindo dez e perdendo, não procura a que perdeu?”

Jesus está dizendo que a expectativa dele é que alguém que perdeu algo, tenha dignidade de notar a falta e procure até encontrar.

 

Qual é a pessoa que não procura até achar?

·      A pessoa que se contenta em estar incompleta

·      A pessoa que não zela pelo que recebe

·      A pessoa que não valoriza o que tem

 

É com tristeza que digo que há pessoas que são o contrário da mulher, vivem incompletas e estão satisfeitas assim, elas perdem e pensam, ainda tenho 9.

·      Elas perdem e pensam, é só uma moeda.

·      Elas perdem e pensam, não é tão importante assim, Mas Jesus parte de um pressuposto em que quem tem algo deve guardar o que tem.

 

·      Foi o que ele disse para a igreja de Filadélfia: Guarda o que tens!

·      Foi o que tornou Nabote alguém admirável: Não vendo minha vinha.

·      Foi o que tornou Samá um herói: Guardar um campo de lentilhas

·      Onesíforo procurou Paulo em Roma até encontrá-lo

·      Jefté se tornou um herói da fé, por não abrir mão das terras que seu Deus te deu.

 

2º - Jesus não tem quer incompleto

 

Perder uma dracma naquele contexto, era estar com sua coroa incompleta, ela ainda poderia se alegrar por ter 9, mas estaria incompleta.

·      Ela poderia polir as 9, mas estava incompleta.

·      Ela poderia se gloriar das 9, mas estaria incompleta.

Houve um homem que procurou Jesus e se gabava de seguir os mandamentos, cheio de arrogância ele pergunta o que faz para ganhar a vida eterna, ao ser informado sobre suas condições, Jesus simplesmente lhe diz: Uma coisa lhe falta.

 

Essa é a realidade sobre muitos de nós, estamos muitas vezes tal como este jovem, nos gabamos de não fazer “nada errado”, de ter talentos, de saber cantar, de saber pregar, de ser um bom obreiro, mas a realidade é que uma coisa nos falta.

·     
Alguns de nós tem grande talento, mas uma coisa falta e Jesus não te quer incompleto.

·      Alguns de nós prega com maestria, mas uma coisa falta, Jesus não nos quer incompleto.

·      Alguns de nós temos um caráter ilibado, mas uma coisa falta, e Jesus não nos quer incompleto.

·      Jesus hoje está nos convidando a procurar o que perdemos, talvez foi a alegria da salvação, talvez foi a unção que um dia tivemos, talvez foi o primeiro amor.

·      Não adianta ter as nove moedas dos dons e faltar o amor – 1º Coríntios 13

·      Não adianta ter boas obras e perder a dracma primeira que é o amor – Apocalipse 2.4

·     
Jesus está nos convidando a ir atrás do que perdemos, a buscar o que nos falta.

 

Como eu posso encontrar o que perdi?

 

1º - Ascenda a candeia – Palavra


As casas dos judeus naquele contexto eram feitas de pedras, com muitas fissuras e facilmente a moeda poderia cair numa dessas fissuras, dificultando a localização.

As casas eram naturalmente escuras, os arqueólogos segundo Kraig Keener, até hoje encontram moedas perdidas nessa época, os arqueólogos conseguem datar o tempo que a casa tinha baseado nas moedas que encontram.

Apenas passando as mãos no chão ela não encontraria, apenas tentando olhar, ela não encontraria, de formas naturais, com seus recursos humanos ela não conseguiria, o único jeito era ascendendo uma candeia.

 

A candeia era uma espécie de lamparina, era acesa com óleo e emitia uma pequena luz.

Essa mulher só poderia encontrar a casa por meio da iluminação da candeia.

 

A candeia é a palavra!

 

·      Eu não encontro o que perdi espiritualmente vendo filmes, eu encontro na palavra.

·      Eu não encontro o dom que se apagou apenas tentando executar, eu encontro na palavra.

·      Eu não vou conseguir enxergar que algo me falta, sem a confrontação da palavra

·      Eu não consigo perceber que perdi o amor, sem ser denunciado pela palavra.

 

Portanto, pare de tentar encontrar o que você perdeu das mãos do noivo em livros que não te adicionam, em vídeos do youtube de gente incompleta.

Pare de tomar como referência pessoas que só tem 9 moedas ou menos.

Pare de ouvir pessoas que já perderam sua dracma.

 

Eu só encontro a Dracma perdida ascendendo a candeia:

·      A palavra ilumina o ambiente escuro que estamos

“Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos”.
Salmos 19:8

 

“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, é luz para os meus caminhos”.
Salmos 119:105

 

“A revelação das tuas palavras traz luz e dá entendimento aos simples”.
Salmos 119:130

 

Porque o mandamento é lâmpada, e a lei é luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida”,
Provérbios 6:23

 

E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações”.
2 Pedro 1:19

 

·      A palavra penetra o meu interior e eu a escondo lá

“Guardo a tua palavra no meu coração para não pecar contra ti”.
Salmos 119:11

 

·       A palavra passa a iluminar não só o ambiente, mas o meu interior por meio do Espírito que usa nossa consciência:

A consciência do homem é como que uma lâmpada para o Senhor, que ilumina e desvenda tudo o que há de mais secreto no seu íntimo”.
Provérbios 20:27

 

·      Há um ponto em que eu a casa, guardo a palavra no coração, ela penetra meu ser e desvenda meu íntimo, até que de tanto ter a palavra, eu me torno uma luz:

 

Vós sois a luz do mundo – Mateus 5.

 

2º - É necessário varrer a casa – Ato Contínuo


Com a infinidade de coisas que se coloca na nossa frente, não dá para encontrar a Dracma perdida.

As vezes não nos damos conta do quanto de poeira e lixo, estamos carregando na casa que somos nós.

 

·      Na nossa mente limitada, as vezes pensamos que vale mais a pena deixar os móveis ali, do que mexer e descobrir o que não se quer.

·      É o que muitos homens fazem a respeito da sua saúde, é melhor não ir ao médico para descobrir.

·      As vezes a gente se acostuma com coisas que não deveríamos.

·      Não dá pra se acostumar a não encontrar o que perdemos na poeira do nosso ser:

 

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

 

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E por não ter vista, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E por não abrir as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia sobre as guerras de longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir ao telefone: “hoje eu não posso ir”. A sorrir para as pessoas, sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho. Para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se compra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes. A abrir revistas e a ver anúncios. A ligar a televisão e assistir aos comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor daqui, um ressentimento dali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e o suor do resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola nos fins de semana. E se, no fim de semana, não há muito o que fazer, vai dormir cedo, e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele, se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquecer-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida, que aos poucos se gasta e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma”.

Marina Colasanti

 

É necessário tirar algumas coisas do meio, varrendo a casa.

O escritor aos Hebreus diz que na corrida eu deixo os embaraços e o pecado que me rodeia para correr – Hb 12

Os embaraços são os pesos desnecessários para a caminhada.

Os pecados nos tiram da corrida.

Devemos nos livrar de ambos.

Na caminhada do crente, deve-se deixar algumas coisas pra trás, se desfazer do que não é extremamente necessário, por isso, essa mulher varre a casa.

 

 

3º - Deus não me chamou para ser um colecionador de perdas:

 

Eu coleciono livros, roupas, mulheres colecionam bolsas.

Alguns estão acostumados a perder coisas e não se dar conta.

 

4º - É tempo de se alegrar por reencontrar

 

A alegria de reencontrar, pode ser maior do que a alegria de ganhar pela primeira vez.

A mulher celebra a recuperação, chama as amigas, chama as vizinhas e avisa a todas que achou o que tinha perdido.

 

O meu desejo é que hoje encontremos o que perdemos.

Deus está propondo um tempo de recuperação do que perdemos.

Deus está propondo um tempo de celebrar a interrupção das perdas

Deus está propondo um tempo em que você vai encontrar o que perdeu.

 

Essa é a alegria do pai ao encontrarmos o que perdemos.

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