A Dracma perdida – Em busca do que se perdeu
A tríade de parábolas que está inserida em Lucas 15
trata-se de uma reação de Jesus aos comentários dos fariseus, que o criticam
pelo fato de receber publicanos e pecadores e se assentar com eles.
Em resposta a esse pensamento, Jesus conta três histórias
que tem um sentido em comum:
· Algo
que foi perdido
· Esse
algo é encontrado
· Ao ser
encontrado há alegria e festa
A primeira parábola da tríade, trata-se da ovelha perdida.
A terceira é a mais conhecida, trata-se da parábola dos
dois filhos, ou popularmente conhecida como “o filho pródigo”.
A parábola que pretendo meditar hoje é a da Dracma perdida.
Definição
de DRACMA
A pergunta fundamental para iniciar essa reflexão é: O que
é uma dracma?
Há um louvor que fala sobre uma “pedra tão pequena”.
Porém a Dracma não se trata de uma pedra e sim de uma moeda
de Prata.
R.N Champlin diz que na antiguidade a Dracma era tanto uma
unidade monetária como um peso padrão para a prata.
A dracma correspondia a 4,37 gramas de prata; a moeda
padrão era a peça de prata que era equivalente a 4 dracmas.
Na Grécia moderna a dracma foi usada até o ano de 2001,
quando foi definitivamente substituída pelo Euro.
Portanto, por definição a Dracma era uma espécie de moeda
que foi usada por muitos anos e até a modernidade.
Os
usos da Dracma
A Dracma era uma moeda usada para pagar os impostos anuais
do templo, cada cidadão judeu pagava o equivalente a 2 dracmas por ano de
imposto. Numa ocasião que os discípulos são cobrados, Jesus os ordena pescar e
eles encontram no peixe o valor suficiente para pagar o imposto.
Warren Wiersbie diz que as dracmas eram usadas como uma
espécie de colar nas mulheres casadas, elas ainda quando noivas preparavam seu
colar como que uma aliança, neste sentido, seria uma grande decepção ao pai da
noiva e ao seu noivo ou marido, notar que uma das suas dracmas se perdeu.
A dracma provavelmente não era dada a ela
novamente, ela tinha que tentar zelar pelas dez que recebia.
Craig Keener diz que as dez dracmas da mulher,
provavelmente correspondiam ao seu dote, que era uma espécie de garantia
financeira de sustento em caso de dissolução do casamento.
É plenamente possível que o dote que essa mulher recebeu
era este colar usado, com suas 10 moedas.
O dote tinha alguns modelos, o pai dava um presente a
filha, ou o noivo compensava o pai pela saída dela de casa e este a presenteava
com uma parte do valor, ou ainda os noivos trocavam presentes.
Seja qual for o modo, perder uma das moedas era algo
extremamente desesperador, uma vez que representava muito para ela possuir
todas.
Perder uma dracma era sinal de descuido,
desvalorização, desleixo, incompletude, falta de garantia de futuro entre
muitas outras coisas, se ainda hoje nos ofendemos com o fato de alguém perder
algo que damos a essa pessoa, imagine neste contexto em que ele só tinha 10
moedas, que eram restritas ao seu casamento, sua garantia de vida em caso de
divórcio, era uma ofensa sem tamanho, ao noivo, ao pai e entre as pessoas que
estavam próximas a ela.
A parábola que estamos analisando tem apenas 3 versículos,
quais as lições que este texto pode nos trazer?
1º - A expectativa de Jesus é que alguém que
perde algo, busque diligentemente.
Ao falar “qual é a mulher que possuindo dez e perdendo, não
procura a que perdeu?”
Jesus está dizendo que a expectativa dele é que alguém que
perdeu algo, tenha dignidade de notar a falta e procure até encontrar.
Qual é a pessoa que não procura até achar?
· A
pessoa que se contenta em estar incompleta
· A
pessoa que não zela pelo que recebe
· A
pessoa que não valoriza o que tem
É com tristeza que digo que há pessoas que são o contrário
da mulher, vivem incompletas e estão satisfeitas assim, elas perdem e pensam,
ainda tenho 9.
· Elas
perdem e pensam, é só uma moeda.
· Elas
perdem e pensam, não é tão importante assim, Mas Jesus parte de um pressuposto
em que quem tem algo deve guardar o que tem.
· Foi o
que ele disse para a igreja de Filadélfia: Guarda o que tens!
· Foi o
que tornou Nabote alguém admirável: Não vendo minha vinha.
· Foi o
que tornou Samá um herói: Guardar um campo de lentilhas
· Onesíforo
procurou Paulo em Roma até encontrá-lo
· Jefté
se tornou um herói da fé, por não abrir mão das terras que seu Deus te deu.
2º - Jesus não tem quer incompleto
Perder uma dracma naquele contexto, era estar com sua coroa
incompleta, ela ainda poderia se alegrar por ter 9, mas estaria incompleta.
·
Ela poderia polir as 9, mas estava
incompleta.
·
Ela poderia se gloriar das 9, mas estaria
incompleta.
Houve um homem que procurou Jesus e se gabava de seguir os
mandamentos, cheio de arrogância ele pergunta o que faz para ganhar a vida
eterna, ao ser informado sobre suas condições, Jesus simplesmente lhe diz: Uma
coisa lhe falta.
Essa é a realidade sobre muitos de nós, estamos muitas
vezes tal como este jovem, nos gabamos de não fazer “nada errado”, de ter
talentos, de saber cantar, de saber pregar, de ser um bom obreiro, mas a
realidade é que uma coisa nos falta.
·
Alguns de nós tem grande talento, mas uma coisa falta e Jesus não te quer
incompleto.
· Alguns
de nós prega com maestria, mas uma coisa falta, Jesus não nos quer incompleto.
· Alguns
de nós temos um caráter ilibado, mas uma coisa falta, e Jesus não nos quer
incompleto.
· Jesus
hoje está nos convidando a procurar o que perdemos, talvez foi a alegria da
salvação, talvez foi a unção que um dia tivemos, talvez foi o primeiro amor.
· Não
adianta ter as nove moedas dos dons e faltar o amor – 1º Coríntios 13
· Não
adianta ter boas obras e perder a dracma primeira que é o amor – Apocalipse 2.4
·
Jesus está nos convidando a ir atrás do que perdemos, a buscar o que nos falta.
Como eu posso encontrar o que perdi?
1º - Ascenda a candeia – Palavra
As casas dos judeus naquele contexto eram feitas de pedras, com muitas fissuras
e facilmente a moeda poderia cair numa dessas fissuras, dificultando a
localização.
As casas eram naturalmente escuras, os arqueólogos segundo
Kraig Keener, até hoje encontram moedas perdidas nessa época, os arqueólogos
conseguem datar o tempo que a casa tinha baseado nas moedas que encontram.
Apenas passando as mãos no chão ela não encontraria, apenas
tentando olhar, ela não encontraria, de formas naturais, com seus recursos
humanos ela não conseguiria, o único jeito era ascendendo uma candeia.
A candeia era uma espécie de lamparina, era acesa com óleo
e emitia uma pequena luz.
Essa mulher só poderia encontrar a casa por meio da
iluminação da candeia.
A candeia é a palavra!
· Eu não
encontro o que perdi espiritualmente vendo filmes, eu encontro na palavra.
· Eu não
encontro o dom que se apagou apenas tentando executar, eu encontro na palavra.
· Eu não
vou conseguir enxergar que algo me falta, sem a confrontação da palavra
· Eu não
consigo perceber que perdi o amor, sem ser denunciado pela palavra.
Portanto, pare de tentar encontrar o que você perdeu das
mãos do noivo em livros que não te adicionam, em vídeos do youtube de gente
incompleta.
Pare de tomar como referência pessoas que só
tem 9 moedas ou menos.
Pare de ouvir pessoas que já perderam sua dracma.
Eu só encontro a Dracma perdida ascendendo a candeia:
·
A palavra ilumina o ambiente escuro que
estamos
“Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o
mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos”.
Salmos 19:8
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, é luz para os
meus caminhos”.
Salmos 119:105
“A revelação das tuas palavras traz luz e dá
entendimento aos simples”.
Salmos 119:130
“Porque o mandamento é lâmpada, e a lei é
luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida”,
Provérbios 6:23
“E temos, mui firme, a palavra dos
profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em
lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos
corações”.
2 Pedro 1:19
·
A palavra penetra o meu interior e eu a
escondo lá
“Guardo a tua palavra no meu coração para não pecar contra
ti”.
Salmos 119:11
·
A
palavra passa a iluminar não só o ambiente, mas o meu interior por meio do
Espírito que usa nossa consciência:
“A consciência do homem é como que uma
lâmpada para o Senhor, que ilumina e desvenda tudo o que há de mais secreto no
seu íntimo”.
Provérbios 20:27
· Há um
ponto em que eu a casa, guardo a palavra no coração, ela penetra meu ser e
desvenda meu íntimo, até que de tanto ter a palavra, eu me torno uma luz:
Vós sois a luz do mundo – Mateus 5.
2º - É necessário varrer a casa – Ato Contínuo
Com a infinidade de coisas que se coloca na nossa frente, não dá para encontrar
a Dracma perdida.
As vezes não nos damos conta do quanto de poeira e lixo,
estamos carregando na casa que somos nós.
· Na
nossa mente limitada, as vezes pensamos que vale mais a pena deixar os móveis
ali, do que mexer e descobrir o que não se quer.
· É o
que muitos homens fazem a respeito da sua saúde, é melhor não ir ao médico para
descobrir.
· As
vezes a gente se acostuma com coisas que não deveríamos.
· Não dá
pra se acostumar a não encontrar o que perdemos na poeira do nosso ser:
Eu sei que a gente se
acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter
outra vista que não as janelas ao redor. E por não ter vista, logo se acostuma
a não abrir de todo as cortinas. E por não abrir as cortinas, logo se acostuma
a acender mais cedo a luz. E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o
ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na
hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus
porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para
almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está
cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e ler sobre a guerra. E,
aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E,
aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não
acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia sobre as guerras de
longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir ao telefone:
“hoje eu não posso ir”. A sorrir para as pessoas, sem receber um sorriso de
volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto. A gente se acostuma a
pagar por tudo o que se deseja e de que necessita. E a lutar para ganhar o
dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para
pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará
mais. E a procurar mais trabalho. Para ganhar mais dinheiro, para ter com que
pagar nas filas que se compra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes. A abrir
revistas e a ver anúncios. A ligar a televisão e assistir aos comerciais. A ir
ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado,
lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses
pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor daqui, um ressentimento
dali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila
e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os
pés e o suor do resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola nos
fins de semana. E se, no fim de semana, não há muito o que fazer, vai dormir
cedo, e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a
pele, se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquecer-se de faca e
baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida, que aos
poucos se gasta e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma”.
É necessário tirar algumas coisas do meio, varrendo a casa.
O escritor aos Hebreus diz que na corrida eu deixo os
embaraços e o pecado que me rodeia para correr – Hb 12
Os embaraços são os pesos desnecessários para a caminhada.
Os pecados nos tiram da corrida.
Devemos nos livrar de ambos.
Na caminhada do crente, deve-se deixar algumas coisas pra
trás, se desfazer do que não é extremamente necessário, por isso, essa mulher
varre a casa.
3º - Deus não me chamou para ser um
colecionador de perdas:
Eu coleciono livros, roupas, mulheres colecionam bolsas.
Alguns estão acostumados a perder coisas e não se dar
conta.
4º - É tempo de se alegrar por reencontrar
A alegria de reencontrar, pode ser maior do que a alegria
de ganhar pela primeira vez.
A mulher celebra a recuperação, chama as amigas, chama as
vizinhas e avisa a todas que achou o que tinha perdido.
O meu desejo é que hoje encontremos o que perdemos.
Deus está propondo um tempo de recuperação do que perdemos.
Deus está propondo um tempo de celebrar a interrupção das
perdas
Deus está propondo um tempo em que você vai encontrar o que
perdeu.
Essa é a alegria do pai ao encontrarmos o que perdemos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço seu comentário. Responderei o mais rápido possível.