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sexta-feira, 28 de julho de 2017

A TENTAÇÃO DE JESUS - 1° PARTE

Sermão entregue a AD Brás Jd Guarujá II – 1° Culto de ensino.

A TENTAÇÃO DE JESUS – PARTE 1

“Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.”
Mateus 4:1

João Batista anunciou a vinda de Jesus, disse que o que viria após ele seria muito mais poderoso do que ele, que na verdade ele estava se preparando um caminho para o rei que estava por vir.
Era um momento único no ministério de Jesus, seu batismo acabara de acontecer, o próprio pai testificou sobre sua divindade, o reconhecimento de Jesus passou a ser público, seu ministério teve início a partir daí.
Cristo tem agora trinta anos, é um homem já formado, experimentado nos trabalhos, pronto a ensinar e pregar.
Logo após seu batismo, o Espírito o conduz a um deserto.
Em outra ocasião o Espírito Santo conduziu Ezequiel a um vale cheio de ossos secos – Ez. 37.1
Posteriormente o Espírito levou Felipe de um deserto a Azoto, onde anunciou o evangelho em seu caminho até Cesaréia. Atos 8.38
O Espírito Santo é uma pessoa extremamente atuante na bíblia, em todas as épocas de modos diferentes ele foi decisivo no que diz respeito a realização da vontade de Deus.
O avivamento futuro de Israel foi demonstrado após o Espírito conduzir Ezequiel ao vale, a expansão do evangelho em uma das principais cidades da antiguidade se deu mediante a um arrebatamento do espírito Santo.
Agora com Jesus, ele novamente atua, levando-o a um deserto para ser tentado.
Torna-se fundamental definir tentação a luz das escrituras sob esse contexto, pois, há alguns problemas que podem decorrer dessa passagem.
Por exemplo, considerando apelas a etimologia comum da palavra tentação, o texto diria que o Espírito levou Jesus para ser testado na intenção de lhe submeter a uma tentação do diabo, ou seja, o Espírito Santo levou Jesus para correr o risco de errar, qual a razão disso?
Gênesis 22 em algumas versões informa que Deus tentou Abraão.
Ao mesmo tempo Tiago diz que Deus não tenta ninguém, pois, não pode ser tentado pelo mal.
Resta-nos supor que há uma diferença entre tentação e provação, também devemos admitir que ao traduzir para o português alguns intérpretes traduziram a palavra do grego usando distinção entre seus contextos, ou seja, quando se tratava de algo que poderia levar a pessoa testada a cair, chamaram de tentação.
Quando o teste era para tornar a fé da pessoa ainda mais clara, definiram como provação.
No grego há apenas uma palavra “Peirasmos” que indica em seu sentido original “testar o valor e caráter dos homens”
Quando aprovado o homem torna-se bem-aventurado Tiago - 1.12
Quando cede, ele morre em sua própria cobiça – Tiago 1.15
O processo de tentação aguça nossos sentimentos mais ocultos, o que não desejo não me tenta, logo sou atraído pelo que de fato almejo, mas me é oferecido de modo inadequado, a satisfação de desejos legítimos de modo ilegítimo caracteriza a queda na tentação.
As tentações por maiores que sejam são delimitadas por Deus, o Deus que permite a provação é o que provê o escape e nos orienta a rogar que não nos deixe cair nela.
Willian Barclay comenta que esse texto pode ser melhor entendido como uma provação de Deus e uma tentação do diabo.
A cena da tentação de Jesus agora é uma reedição da tentação de Adão.
No Éden o primeiro Adão pecou e com ele todos caíram.
No deserto Jesus venceu e o diabo caiu.
Cristo é o segundo Adão.
Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.
Romanos 5:18
Nas tentações segundo Bonhoeffer:
Todas as forças que temos se voltam contra nós, inclusive forças boas e piedosas caem nas “mãos” do inimigo e são usadas contra nós; Ou seja, antes que suas forças fossem testadas, de fato ela já lhe foi roubada sem você nem perceber; Para Bonhoeffer, na hora da tentação todo cristão está abandonado:
1º por todas suas forças;
2º por todas as pessoas;
3º por Deus

As tentações independem de quanto tempo se tem na igreja, cedo ou tarde elas chegarão.
E ao ser tentado não devemos nos sentir piores do que ninguém, isso é natural. Somos humanos vivendo numa carne pecaminosa. Somos vivos em corpos mortos.
O que Cristo fez diferentemente de Adão foi vencer a tentação e nos dar a possibilidade de vencer as nossas tentações.
Vejamos a partir de agora algumas tentações que Cristo suportou no deserto e que podemos enfrentar em nosso dia a dia.

1° TER POSTURAS DIFERENTES SOZINHO E ACOMPANHADO.
O mesmo espírito que testificou de Jesus de forma pública no capítulo anterior, que desceu como uma pomba sobre os ombros de Jesus, o leva a um lugar secreto.
O mesmo Deus que contemplou Jesus no Jordão diante de todos, é o que está a 40 dias no deserto junto dele, ainda sem se manifestar ou enviar algum de seus mensageiros.
Seja diante do sucesso, dos olhos sobre si, ou num deserto de 52 quilômetros por 25, extremamente isolado, Cristo se mantém o mesmo, intacto.
Ele poderia honrar o pai em público e negá-lo em secreto como fazemos continuamente, mas Cristo agiu como um exemplo de integridade em qualquer público.
O mesmo espírito que testificou do batismo de Jesus publicamente, é o que lhe conduz ao deserto. Dando a entender que o caráter dos grandes é moldado em momentos expostos e em momentos secretos, a capacidade de ser íntegro nesses momentos é que separa os medianos dos excelentes.
Quando se está em evidência a briga é com o Ego, quando se está em secreto a luta é para manter a postura que se adquiriu diante dos muitos olhos dos que estão a volta.
Cristo resiste às duas provas, a de se orgulhar e a de deixar a integridade.
Como dito anteriormente é o diabo que se tornou um tentador, ele almeja a queda. Ele espera de verdade que as pessoas cedam as suas pressões contínuas e difíceis de resistir.
A intenção não era provar nada para Deus pai, mas apenas de nos deixar o exemplo de que Cristo é vencedor, de que ele desmascarou os intentos satânicos e que nós podemos fazê-lo através de Cristo.

O SUCESSO É DETERMINADO PELO QUE FAZEMOS EM OCULTO

O que tornou Davi um grande guerreiro foram suas batalhas que ninguém nunca viu.
O que fez de José um excelente governador foram as administrações em casas de estranhos e na prisão.
O caráter dos grandes se molda em secreto e a demonstração do que de fato se é, é fruto de uma vida sólida nos momentos discretos e ocultos.
A solidão é decisiva, pois nela são tramados os piores pecados, ou as melhores ideias.
Ainda hoje precisamos manter momentos a sós, momentos de reflexão, momentos para planejar, para estar a sós com Deus, sem a necessidade de performances, sem a necessidade de demonstrar nada, sendo apenas quem é. Nossas decisões frequentemente estão erradas porque não nos permitimos estar a sós com Deus.
Foi num momento de solidão que Moisés viu a sarça arder e foi vocacionado, foi num momento de solidão que Isaías viu ao Senhor num alto e sublime trono, Deus apareceu a Salomão em sonho, Jacó lutou com um anjo e prevaleceu e teve sua vida mudada quando estava só.
Jesus precisava desse momento para estar a sós com Deus, para planejar seu ministério, não havia melhor lugar para encontrar Deus do que no deserto onde Jesus estava.
Mario Sérgio Cortella afirma que na sociedade contemporânea precisamos de um pouco mais de tédio, um pouco mais de tempo ocioso, livre para poder produzir coisas novas. Arrumamos muitos amigos, conversamos com muita gente, mas pouco ou quase nada falamos a Deus. Precisamos dedicar tempo ao nosso Deus, era isso que Cristo almejava fazer.

Estamos vivendo uma espiritualidade muito vista, faltando os momentos em oculto com Cristo Mateus 6.6
Torna-se comum usar selfies para se mostrar orando, a autocontemplação torna-se uma tendência cada vez mais nociva ao povo de Deus.
Tal como a música de Lorena Chaves:
“Estou preso em meio a um labirinto cheio de espelhos, o meu mundo gira em torno das vontades que eu tenho, estou imerso em um sistema que me diz, você é livre, mas no fundo o desejo pela liberdade não cessou
E eu sou escravo do consumo desse amor por mim, eu sou escravo sem saber que sou assim”. A autocontemplação foi duramente criticada por Jesus, porém ainda hoje tocamos trombetas diante de nós, nos cercamos de testemunhas para testificar de nossos atos e no fundo almejamos que elas nos elogiem, cria-se uma rede de pessoas que lhe dizem o que queremos ouvir.
Falta-nos tempo a sós com Deus. Era isso que Cristo desejava e que nós como igreja precisamos buscar, tempo de qualidade quando estivermos sozinhos.



2° O MOMENTO APÓS O AUGE PODE SER O DE MAIOR QUEDA
Todos os sinóticos declaram que Jesus estava anteriormente no batismo e esse foi um dos momentos de maior glória pra Jesus na terra.
Porém o momento posterior é de tentação no deserto, momento de extrema dificuldade.
A vida propõe esses altos e baixos, montanhas e vales e saber lidar com isso é decisivo na caminhada cristã. Há momentos que como os salmistas em especial Davi estamos louvando “O Senhor é meu pastor e nada me faltará”, mas a vida nos leva ao Salmo 22 “Deus meu, Deus meu, porque me desamparastes? ”
O momento de Auge de Jesus acabara de passar e o momento seguinte era dificultoso.
Elias após a dizer que não ia chover, teve que se retirar para o ribeiro de Querite. Após enfrentar 450 profetas de Baal teve que fugir para não morrer sob as mãos de Jezabel.
Logo após os melhores momentos, o inimigo nos tenta a fim de que caiamos de maior altura, vivamos um maior estrago. O momento de maior atenção na vida de qualquer crente é o que se segue após o sucesso.

E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;
Mateus 4:2

Jesus na intenção de ter um momento a sós com o pai, passa quarenta dias Jejuando no deserto. Esse período de quarenta dias representa tempos decisivos.
Foi esse o tempo que o dilúvio durou – Gen. 7.12
Foi esse o tempo que Moisés ficou no Sinai até receber os dez mandamentos Ex. 24.18 -Dt 9.11
Esse foi o período de intercessão de Moisés para que Deus não destruísse o povo – DT 9.25
Foram quarenta dias que Elias caminhou após se alimentar ao fugir de Jezabel – 1 Reis 19.8
Agora Jesus passou o mesmo período em Jejum, esse era uma hora extremamente decisiva para a humanidade.

E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Mateus 4:3

3° NOS REVESTIMOS PARA RESISTIR, NÃO PARA ALCANÇAR PRIVILÉGIOS

Após quarenta dias jejuando esperamos que os resultados de tamanho sacrifício sejam maravilhosos, visões nunca dadas a outros homens, privilégios diferenciados, orações respondidas com mais ênfase e rapidez.
A tentação nega a crença contemporânea de que devo jejuar a fim de obter privilégios de Deus, logo o jejum para quem o pratica torna-se algo do qual podem se orgulhar. Jesus nunca fez o seu jejum nessa intenção. Nos dias atuais jejuamos para ganhar dinheiro, para conquistar bênçãos, por diversos motivos. Porém a ênfase de Jesus a respeito do jejum é diferente, a lógica é de poder no reino, santificação e renúncia pessoal, sobretudo nos revestimos para poder resistir.
Efésios 6.13 nos fala sobre tomar toda a armadura de Deus para que possamos resistir no dia mal e havendo feito tudo, ficar firmes.
A lógica é revestir para resistir, se preparar para suportar, buscar forças para não ser pego de surpresa.
Sob a ótica atual esperava-se que após os 40 dias de jejum Jesus fosse extremamente exaltado e dali em diante operasse todas as maravilhas possíveis, porém diante dele após 40 dias vem o diabo disposto a lhe tentar.
Devemos entender que no reino de Deus há apenas dois extremos, ou trabalhamos a favor de Deus contra o inimigo, ou a favor do inimigo contra Deus, não há meio termo. Jesus se preparou para os embates que estavam por vir, se Cristo que tem todo o poder foi tentando pelo diabo e para passar pela tentação suportou um jejum de quarenta dias, que dirá nós pecadores? Quando jejuarmos devemos estar cientes de que não o fazemos por méritos especiais, fazemos para resistir, não é nada triunfalista possuir uma armadura celestial, ela nos foi dada para resistir as astutas ciladas do diabo, para fazer tudo e ficar firmes. A intenção do Senhor é essa, que cumpramos bem nossos ministérios, que cheguemos ao fim da caminhada, resistindo ao mal para que ele fuja de nós.
O diabo tem por tendência atacar as pessoas em seus momentos de maior fragilidade, Jesus estava com fome, a quarenta dias sem comer, uma proposta de alimento é algo extremamente tentador para quem tem fome.
Ainda hoje o diabo almeja nos tentar com coisas que no fundo gostamos, desejamos e são necessidades diárias, carências emocionais, afetivas, sempre sua proposta será proporcional ao desejo humano, será um fornecimento de meios ilegítimos para satisfazer desejos legítimos.
É quando um casamento está frágil que um adultério é proposto.
É quando a renda está baixa que a corrupção se torna uma alternativa.
É quando a justiça se omite que a vingança se torna concebível.
As tentações se dão no campo dos desejos, na verdade o adversário sabe quais são e no momento de maior fraqueza ele aparecerá, não pense que ao jejuar você estará isento disso, mas a diferença é que ao jejuar e se revestir há possibilidade de passar pela tentação como Cristo também passou.

4° AUTOAFIRMAÇÃO

Grande parte dos conflitos de identidade se dá quando tentamos provar aos outros quem de fato somos, ou quando lançam dúvidas a respeito disso.
O Diabo chegou diante de Jesus e lhe disse: “Se tu és o filho de Deus”.
Se és filho prove que és, se és homem prove que és, se és alguém que é filho de Deus, prove quem tu és.
A necessidade de afirmação aliada aos clamores populares tem feito pessoas perderem a real identidade, negarem quem de fato são, vivem como metamorfoses, reféns de pensamentos e opiniões alheias. Jesus foi tentado a provar que era filho de Deus, a provar quem ele dizia ser, o acusador se aproxima e lhe propõe, se és filho de Deus transforme pedras em pães.
O acusador põe em dúvida o que Deus diz sobre nós, o que nós sabemos sobre si mesmos e exige que provemos nosso potencial mediante métodos errados.


Em outra ocasião os algozes e zombadores de Jesus diziam:
Se és Filho de Deus, desce da cruz.
Mateus 27:40
Nos tempos atuais o acusador nos lança tais dúvidas, se és filho de Deus quais as razões dessas situações? Se és filho de Deus porque o justo sofre e o ímpio prospera, se és filho de Deus porque você não vê e ouve nada sobrenatural? Acaso a crença lhe deu um privilégio a mais? Aparentemente crer em Deus nos leva muitas vezes a um sofrimento ainda maior. Para provar que se é filho, para provar qual a identidade as pessoas moldam Deus aos seus gostos. Transformam Deus em um mordomo que deve lhes atender, pois, afinal os filhos tem direitos.
As tentações de identidade são de natureza sexual para autoafirmação nessa área, são propostas de adultério para comprovar a masculinidade e vigor masculinos ou a sensualidade feminina, se és de fato querido, teste a todos simulando um suicídio, se és de fato corajoso use essas drogas, se és de fato um homem enfrente tudo e todos, essas tentações de identidade levaram muitas pessoas a queda e o adversário queria fazer o mesmo com Jesus, porém Jesus não precisava provar nada a ninguém e nós também não.
A nosso respeito foi dito que somos sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, santos que estão na igreja, filhos de Deus.
Jesus não atende aos convites do acusador para mostrar quem é, pois, se assim o fizesse teria sido orgulhoso, faria milagre por milagre, se negaria a passar pela cruz e desceria a fim de mostrar a todos que tem poder, porém ele não desce.
A nós basta o que Deus disse que somos, Deus nos ama pois a bíblia assim o diz, Deus nos quer bem pois está em sua palavra, Deus nos escolheu e nos atraiu e é só por essa razão que chegamos a qualquer lugar. Ainda hoje precisamos confiar na palavra de Deus, se Deus me mandou ir até ele sobre as águas manterei meus olhos fitos sobre ele, andarei resoluto, pois, sob a palavra de Cristo e seu chamado é possível andar sobre as águas, sobre a palavra de Cristo após uma noite sem pescar é possível lançar as redes ao outro lado e ter uma pesca milagrosa. Deus me diz que sou filho, isso basta, a palavra disse, isso basta.




5° SOMOS TENTADOS DENTRO DE NOSSO PRÓPRIO POTENCIAL

“Quando Satanás tenta você, não espere ver nem o anzol nem a linha, apenas uma isca perfeitamente adequada ao teu temperamento e gostos, pontos fortes e pontos fracos.” Josemar Bessa
Parte superior do formulário

A tentação era extremamente proporcional ao momento de Jesus, em nenhum outro momento ela teria sido tão atrativa como foi naquela hora.
Uma proposta de comida após quarenta dias de fome era algo a se pensar.
Para tornar a proposta ainda mais tentadora suponha que você tivesse o potencial de fazê-lo, imaginemos que estejamos em uma situação financeira desesperadora e há possibilidade de subtrair um valor do caixa que trabalhamos sem que ninguém descubra até porque somos o supervisor ou tesoureiro. Essa proposta seria tentadora e dentro de nossas possiblidades de fazer.
As tentações que o inimigo propõe são exatamente compatíveis com nossos potenciais, gostos e vontades.
Não é tentador para nós transformar pedras em pães, não é tentador para mim uma proposta de emprego, pois já tenho, não é tentador para mim a proposta de ter uma igreja para pastorear pois já possuo, não é tentador para mim uma moto, pois, não desejo.
O que o inimigo propõe é algo que no momento desejamos, temos a possibilidade de fazer, os recursos para fazer e nossa necessidade é extrema, é perfeitamente compatível com meu perfil.
Era tentador para Jesus naquele momento comer, para piorar a tentação ele realmente tinha poder de transformar as pedras em pães. As tentações sempre serão proporcionais a nossa possibilidade de satisfazer nossos desejos mais mesquinhos sem que ninguém saiba, a não ser Deus e o diabo que a propôs. As tentações nos levarão a fazer o que queremos, mesmo que isso implique em atalhos que não deveriam ser tomados.
A nossa tentação sempre será dentro de nossos dons, para quem fala bem, será de usar sua boa fala para manipular, quem é simpático para poder trazer pessoas após si em lideranças paralelas, para quem é esforçado, uma possibilidade de mérito maior do que por meios convencionais, nos atentemos a isso, toda solução fácil não provém de Deus.
6° SOMOS TENTADOS A USAR NOSSOS DONS EM BENEFÍCIO PRÓPRIO

Toda pessoa um dia será tentada a usar os seus dons em benefício próprio, isso será ofertado cedo ou tarde para qualquer cristão em todas as eras.
Transformar pedras em pães seria usar os milagres para satisfação própria, seria usar os dons para benefício de si mesmo.
Ricardo Gondim diz:
O Valor de uma causa não se dá pelo que os seus seguidores lucram com ela, mas pelo que eles renunciam.
O pregador é constantemente tentado a lucrar muito com suas mensagens, o cantor sempre é tentado a usar os dons que tem para cantar apenas por dinheiro, o homem que possui dons pode ser tentado a usá-los como meio de viver em luxo, glamour, fama e bajulação. A tentação do inimigo de transformar pedras em pães já pegou muitos em várias épocas. Pessoas que deturparam suas reais motivações para pregar e exercer o que sabem fazer. O ministério jamais deveria ser entendido como um meio de transformar as pedras em pães, de suprir as necessidades do aqui e do agora, sem levar em conta a eternidade.
O transformar pedras em pães tem levado muitos pregadores ao pragmatismo, a fazer só o que dá certo e na geração contemporânea o que dá certo é muitas vezes antibíblico, se dá certo e vai me beneficiar não importa os métodos.
A religião contemporânea almeja isso, usa seu poder de influência, usa o poder do nome de Jesus, usam o poder de Deus para dar os pães e assim crescer.
Prometa felicidade, dinheiro, sucesso e você será bem-sucedido sob os moldes atuais. Na bíblia quem confundiu o evangelho com um meio de beneficiar teve fim trágico. Geazi teve a intenção de receber um dinheiro que Eliseu rejeitara, acabou tomando sobre si a lepra de Naamã.
Judas almejou vender Jesus com o salário de escravo, porém acabou lançando as moedas no templo e indo se enforcar, precipitando-se suas entranhas se derramaram.
Ministério não deveria ser visto como um vínculo empregatício na grande maioria dos casos, porém nos tempos atuais tornou-se um bom atalho para quem tem poucos estudos, deseja se esforçar pouco e adquiriu uma oratória compatível ao ambiente pentecostal. Nos tempos atuais, no apogeu das redes sociais, basta gravar um vídeo pregando em qualquer lugar, ainda que por oferecimento, que você consegue alguns seguidores, a medida em que se paga para ser divulgado os convites aumentam ainda mais e com eles as ofertas para que se possa “viver da obra.”
Aos 14 anos um jovem me perguntou com quantos anos comecei a liderar mocidades, informei que aos 16. Ele me disse que aos 16 gostaria de já ter um ministério.
Nesse momento entendi que não se tratava de amor a obra, mas o desejo de ter os benefícios que outros charlatões da fé tiveram.
Qualquer pessoa que almeje pregar o evangelho e apenas o evangelho, deverá seguir o exemplo de Jesus que aguentou a fome mas não usou de seu poder para benefício próprio.
Somos chamados a dar frutos e os únicos beneficiados em dar frutos são os que desfrutam dele, somos galhos na videira e não há benefício para nós mesmos em dar frutos, apenas para o agricultor e que se alimenta dos nossos frutos.
Da mesma maneira devemos servir uns aos outros, trabalhar uns pelos outros para crescimento mútuo do corpo.

7° - HÁ MAIS PEDRAS DO QUE PÃES NO MUNDO – A TENTAÇÃO DA BUSCA POR POPULARIDADE DE FORMA ERRADA
O período de quarenta dias de deserto era fundamental para Jesus pensar qual seria o meio que utilizaria para ter seus seguidores, transformar pedras em pães era algo revolucionário. O povo sempre terá fome e alguém que resolva os problemas do cotidiano como ter pão para comer, será aclamado por todos. Porém jamais foi a intenção de Jesus resolver esse tipo de problema, ser popular por dar pães seria atrair após si pessoas interesseiras, alguém poderia até argumentar que ele multiplicou pães e peixes, porém isso foi feito em consequência de uma busca contínua e após horas de atenção dada a Jesus.
No mundo quem transformar pedras em pães será o mais amado, o mais seguido e aclamado.
Jesus não nos chama a andar com ele pelos pães que pode conceder, não nos chama para estar com ele por conta dos problemas resolvidos. Ele nos chama para ser servos de orelha furada, aqueles que servem por prazer, por amor. Não há garantias junto ao chamado de Cristo no sentido estritamente material, ele apenas diz que devemos buscar seu reino e sua justiça e as outras coisas (comida e vestes) serão acrescentadas. Hoje vivemos uma religião que dá pães, que supre as necessidades do aqui e do agora, um evangelho Behaviorista, um evangelho de Esaú que troca bênçãos por um prato de lentilhas, que quer tudo aqui e agora, pois de que me valerá a primogenitura se morrerei de fome? Quem dá pão é aclamado, quem dá pão é seguido, aplaudido e faz sucesso.

É tentador ainda hoje pregar o evangelho do pão, das necessidades imediatas, de comprar almas por promessas, de comprar almas por milagres, porém Cristo nos chama a um chamado sem maiores pretensões que não sejam a presença dele próprio.
Ceder à tentação de transformar pedras em pães seria resolver os problemas “meio” e não as causas, na prática Jesus continuaria apagando incêndios sem resolver as reais causas dos problemas dos homens, o que o homem de fato precisa não é que seus problemas visíveis sejam resolvidos o tempo inteiro, não precisa de um mordomo disposto a lhe dar tudo o que quer, o que de fato é necessário vai além dos pães que me satisfazem agora. Era isso que Jesus almejava mostrar.

“Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Mateus 4:4

O Jesus que demonstram hoje muitas vezes nada tem a ver com o Cristo da bíblia.
O jesus que apresentam hoje é o dos pães, é o que compra com multiplicação anterior ao discipulado, é o que promete bens e o que o próprio diabo projetou ao acusar Jó.
Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra.
Jó 1:10

O Jesus da bíblia não ganha seus discípulos dando pães, não atrai as pessoas prometendo riquezas e suprimentos momentâneos, o Cristo da bíblia nos chama a uma caminhada em que descobrimos uma vida além dos suprimentos atuais, além de comer e beber.
Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
Romanos 14:17
Os valores do reino de Cristo são diferenciados, sua política não se constitui nos famosos “pão e circo”, pelo contrário, a única garantia ao andar com Jesus é de uma cruz para se carregar.
E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
Lucas 9:23
Se Cristo cedesse a tentação de transformar pedras em pães ganharia as pessoas nos seus interesses. Porém não era essa a sua intenção e é por essa razão que ele responde:
ESTÁ ESCRITO: NEM SÓ DE PÃO VIVERÁ O HOMEM
Ao mencionar essa palavra há uma lembrança do que Deus já havia dito em Deuteronômio.
E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.
Deuteronômio 8:3
Deus fez o povo caminhar quarenta anos sobre o deserto, nesses quarenta anos lhes privou de seu conforto, lhes fez andar em círculos, lhes deixou algumas vezes ter fome, lhes tirou de suas casas no Egito.
Porém ao mesmo tempo Deus lhes deu um maná que nem seus pais conheceram, para que finalmente entendessem que o que de fato eles precisam não é de nada além da palavra de Deus.
Não há carência que supere a necessidade de se ouvir as palavras de Deus.
Como citado anteriormente o evangelho do pão promete encher sua barriga aqui e agora, mas logo você precisará de mais alimento, entrará numa relação de dependência em que os meus interesses se sobrepõe a nobreza dos motivos que me fazem seguir o meu mestre.
Jesus não, ele diz que o que precisamos de fato é das palavras de Deus. Toda a palavra que sai da boca de Deus.
·         Hoje vivemos um conflito, pois, nunca se falou tanto sobre a palavra de Deus, sobre Deus.
·         Há pelo menos 26 rádios evangélicas em atividade no Brasil, sendo que algumas programações tomam espaço em rádios não evangélicas.
·         Há canais na tv aberta com programação 24 Hrs.
·         Por dia são abertas 12 igrejas no Brasil. Em 2014 o jornal Correio Brasiliense divulgou uma pesquisa que aponta que foram abertas 4.000 igrejas em 2013. Considerando as que não regularizam seu CNPJ, devem haver muito mais igrejas abertas anualmente.
·         42,3 milhões era o número de evangélicos no Brasil, hoje somos 22% da população Brasileira.
·         Na população carcerária há muitas pessoas que foram criadas em lares evangélicos.
·         Desses 42,3 milhões 60% são de origem pentecostal.
Nunca o evangelho foi tão propagado, nunca se falou tanto sobre Deus, mas falta-nos ouvir Deus falar. Nem todos que falam sobre Deus, representam a voz de Deus ao povo.
Vivemos como nos dias profetizados por Amós:
Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR.
E irão errantes de um mar até outro mar, e do norte até ao oriente; correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não a acharão.
Amós 8:11,12

Esses dias chegaram, dão pães, mas não palavra. E o povo permanece esperando pães, sendo que sua fome é de ouvir Deus.
Preparamos sermões homileticamente corretos, bem produzimos, repletos de recursos da psicanálise, da oratória, os corações são tocados apenas no momento, mas a necessidade por mais conhecimento, mais novidades leva o povo a mais fome.
Tratamos de um problema que é a fome do momento, sabendo que ela virá novamente e cada vez maior. Porém Deus almeja nos dar a sua palavra, dela viveremos, dela precisamos.
“O coração que ouvir uma boa mensagem continuará o mesmo, mas duvido que depois de ouvir a voz de Deus continue o mesmo” Elias Binja

Entendamos a partir daqui pão como recurso.
As igrejas hoje dão pão, mas não palavra.
Conforto, templos lindos, entretenimento, espaços enormes, poltronas, ar condicionado, prometemos até lanches a fim de que o povo venha.
Mas falta a palavra de Deus! Falta o que sai da boca de Deus, é disso que de fato precisamos.,




Todos milagres que são prometidos e realizados em nome de Deus sem proclamação da palavra não são de Deus.
E ali pregavam o evangelho.
E estava assentado em Listra certo homem leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado.
Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado,
Disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou.
Atos 14:7-10
Os milagres são consequência da exposição bíblica, essa precede as demais atividades da igreja.
A igreja infelizmente tem se tornado milagreira e o pentecostalismo tem forte influência nisso, falamos sobre milagres, pregamos sobre, mas não falamos de arrependimento, sobre o que sai da boca de Deus.
Nós trocamos o ser atalaia por ser milagreiros.
Mas, se quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, e a espada vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniqüidade, porém o seu sangue requererei da mão do atalaia.
Ezequiel 33:6
A igreja do Senhor deve preferir morrer do que comer e não ouvir a voz de Deus.
Pr. Elias Binja

A tentação vem sobre nossa carne o tempo inteiro, nossa vida deverá ser de amaldiçoar o que desagrada a Deus. Assim como Cristo venceu na carne, devemos aprender a renunciar o que for necessário para ouvir a voz de Deus nos tempos atuais.

sexta-feira, 17 de março de 2017

O filho pródigo - Parte 1 - Sermão entregue a Ad Brás Jd. Guarujá 1

E Chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.
Lucas 15:1,2

O público que Jesus atraiu após si não era de forma alguma o mais agradável, tratava-se da escória da sociedade de seus dias, aqueles que os religiosos tinham repulsa. O povo dos quais viravam os rostos, os últimos na escala de “bons moços e boas moças”.
Seus discípulos eram por certo, pessoas inadequadas em sua maioria, homens iletrados, pescadores, braçais e que até então viviam sem nenhuma relevância cultural e religiosa. Dentre os discípulos encontra-se um coletor de impostos, alguém que ninguém queria receber ou manter vínculo. Cristo opta por estar em casas onde as pessoas naturalmente não gostariam de estar, como a de Zaqueu, o publicano de baixa estatura, ao olhar para ele Cristo diz: “Desça porque me convém pousar em sua casa”.
Cristo opta por entrar em casas de publicanos, opta por absorver uma mulher apanhada em adultério, opta por comemorar na festa de conversão de Mateus, uma festa cercada de gente considerada pelos religiosos inadequada. Jesus permite que o leproso lhe dirija a palavra e ele lhe toca, Jesus come sem lavar as mãos, Jesus cura no sábado, cospe no chão, unta os olhos do cego e lhe ordena se lavar, manda um homem carregar sua cama.
Jesus nunca se recusou a estar com esses considerados rejeitados, e sua questão não era de evitar confrontação, mas o que ele buscava era uma honestidade ao ponto de admitir seu pecado e reconhecer a carência de misericórdia divina. Cristo não se agrada do pecado de forma alguma, porém o fato de ser um pecador arrependido é algo que lhe ativa uma misericórdia ativa que provê os meios para a restauração.
Era isso que Cristo buscava. Se os templos não forneciam espaço, com Cristo haveria, se os lugares considerados santos, se afogam em suas ordenanças que nem mesmo seus líderes seguem, há um Cristo com um convite aberto para as bodas.
 Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes.
E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados.
Mateus 22:9,10

Essas atitudes de Jesus causavam extrema repulsa nos Fariseus e escribas, pois, se o reino chegou vindo de um homem maltrapilho, de Nazaré, filho de carpinteiro, um homem que não lava as mãos, pois, informa que o que contamina vem de dentro. Um homem que fala com mulheres samaritanas sem se deixar corromper, um homem que entra em casas de publicanos e os faz restituir quatro vezes mais, era tudo o que eles não esperavam. Tenho pra mim, que os fariseus esperavam um Jesus mais rígido do que eles eram, um Jesus que de tão amargo seria mal como o Deus que projetaram em suas cabeças. Queriam um Messias rei, autoritário, alguém que a qualquer momento poderia exterminar os desobedientes, sob o pretexto de ter lhe desagradado, porém a face de Jesus era sorridente, humilde, simples e totalmente diferente de tudo quanto os fariseus e escribas pensavam.

A postura de Jesus foi duramente criticada, pensando nisso Cristo propõe três parábolas de resgate.
Essas três parábolas receberam nomes usados até hoje, a saber: Ovelha perdida, dracma perdida e filho pródigo.
A ideia desses três prefácios é: Coisas que se perderam. Se olharmos exclusivamente para elas, veremos que o foco estará sobre o que se perde e não de quem busca o que se perdeu.
Em resumo, é como focar o pecador, mas não o Deus perdoador que está disposto a lhe procurar.
Portanto proponho novos nomes a essas parábolas, aliás, nomes que já são usados por aqueles que estudaram mais a fundo o contexto dessa passagem.
O correto seria:

1° Um homem que tinha cem ovelhas e perdeu uma.
O homem (Pastor), é o próprio Deus.
As noventa e nove ovelhas, São os fariseus e escribas.
A ovelha que escapa é o pecador, o publicano, o pagão.

2° Uma mulher que tinha uma dracma.
A mulher representa Deus.
A dracma somos nós.

3° Por último um pai que tinha dois filhos, um mais novo e um mais velho.
O pai representa Deus e seu caráter e postura, o filho mais velho são os judeus com seus preconceitos, o filho mais é o tipo dos pecadores arrependidos.

Warren Wiersbie diz que esse capítulo 15 pode se resumir em três palavras:
Perdido, encontrado e alegria.

O mal dos fariseus foi não enxergar que eles também se perderam, mas não tinham a capacidade de discernir isso e o pior cego é o que se recusa a ver, as evidências estão diante de si, não há o que contestar, porém numa esquizofrenia eles estão se isolando em seu mundo, projetando para si belas imagens sem de fato vive-las.
Jesus queria explicar de vez sua missão, mostrar para todos como podemos nos comportar e essas parábolas são sensacionais pois, de modo claro podemos nos assemelhar na ovelha que se perde, na dracma perdida em casa e principalmente em filhos rebeldes ou ingratos.

                                          E disse: Um certo homem tinha dois filhos;
Lucas 15:11

A parábola é sobre um homem com dois filhos. É o pai, não seus filhos que são o foco.
E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.
E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
Lucas 15:12,13

Não era um fato totalmente incomum um filho receber sua herança em vida, porém quando isso acontecia era por iniciativa do pai, não do filho:
Porém Abraão deu tudo o que tinha a Isaque;
Mas aos filhos das concubinas que Abraão tinha, deu Abraão presentes e, vivendo ele ainda, despediu-os do seu filho Isaque, enviando-os ao oriente, para a terra oriental.
Gênesis 25:5,6

Não foi um ato nada amoroso esse do filho, pois, se não tratava de uma iniciativa do pai, ele deveria se manter junto ao pai até a morte, porém ele antecipa atitudes que deveriam ser póstumas. O pai de modo totalmente gracioso lhe permite ir, sem dizer palavras negativas, sem retrucar, mas num respeito fora do comum lhe permite sair.
Outro fato interessante para se notar é de que o filho opta por sair e o texto dá a entender que essa decisão fora premeditada por alguns anos ou meses. AO receber o que lhe interessava, o filho sai poucos dias depois. Para longe! 

Esse moço mais novo, que representa a primeira parte da parábola trata-se da representação prática dos publicanos e pecadores que comiam com Jesus, ele representa todos os maltrapilhos de ontem e hoje.
Representa a humanidade como um todo, representa o estado deplorável a qual nós chegamos.
Pensemos nas catástrofes atuais, tínhamos tudo, poderíamos viver em paz, porém o homem vive de modo dissoluto, vive de modo totalmente inconsequente.
Hoje há infelizmente abortos acontecendo de modo totalmente irresponsável, pelo simples desejo de não danificar o corpo, homens cometem estupros, mortes violentas, milhares passam fome e inúmeros outros problemas advém de más decisões dos homens.


Pensemos no que nos levou a esse estado atual, olhando para o filho pródigo:

1° Substituição de afetos contínuos por uma pluralidade de afetos momentâneos.
Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence.
Lucas 15:12
O filho tinha o pai de contínuo demonstrando amor por atitudes, cuidado, respeito e segurança, porém numa decisão precipitada ele opta por viver novas sensações, opta por algo que ele ainda não possui, é uma busca contínua, um interesse insaciável. Não bastava ter um pai de amor, era necessário ter mais pessoas, não bastava ter a profundidade de um amor enorme, era necessário ter várias fontes rasas.
"O meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água.
Jeremias 2:13
O filho fez o que Israel fizera no antigo testamento, optou pelas suas cisternas, tendo uma fonte contínua de águas que não se encontrariam em outro lugar.
Ainda hoje os homens fazem o mesmo com suas famílias, trocam histórias por lances, trocam relacionamentos contínuos por aventuras e a busca do novo gera uma satisfação que desacredita num “felizes para sempre”, que desconsidera a família como algo plenamente feliz com base em exceções.
As relações são mutáveis, uma hora se ama, pouco tempo depois já não há mais sentimento.
As paixões são confundidas com afetos e num hedonismo terrível o povo troca a segurança pelo risco.

2° A supervalorização de coisas em detrimento de pessoas
Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence.
Lucas 15:12

Imagine a cena: Um filho, olha para o pai e antecipa o desejo de receber a herança, sob a cultura antiga isso era declarar que o desejo era de que o pai sequer deveria existir.
Uma ingratidão profunda, pois, se havia herança, se havia vida, se o rapaz chegara ao ponto de ter idade e intelecto para tomar suas decisões, tudo isso era devido ao pai.
Porém ao filho pouco importa o que o pai pensa, pouco importa a vergonha posterior de ter um filho ainda vem vida levando suas partes nas heranças, pouco importa a pergunta dos criados e amigos: “Onde está seu filho?” “Por que ele saiu?” Não levou em conta o fato de que os outros também tem sentimentos, mas num egoísmo frenético ele opta por seguir seu caminho com o que de fato lhe importava.
Ele trocou o que tem valor, por aqui que tem preço.
Optou por trocar o eterno pelo temporal.
Amou mais coisas do que pessoas e quando o que se está amando não tem coração, a recompensa do amor doado será a indiferença de algo que nada pode fazer.
É o exemplo de Jonas que amou mais a aboboreira do que as pessoas. Jonas 4.
O exemplo do Jovem Rico Mateus 19.19-22


3° O anseio de viver sem limites: Fuga da culpa

Partiu para uma terra longínqua
Lucas 15:13
O rapaz poderia ter optado por permanecer próximo, mas os choros do pai, as saudades dele, os limites impostos até então, tudo isso ele queria esquecer e viver sem restrições, se permitindo, sem senso de culpa, sem medos, sem nenhum tipo de repulsa.
É típico de quem se afasta da comunhão criar algum tipo de aversão por tudo o que se refere a igreja, dessa forma vemos pessoas que um dia temeram a Deus ficar dez anos sem pisar numa igreja, querem sair e errar à vontade, usam o “não julgueis” como uma permissão para pecar em paz. O rapaz vai para longe com a intenção de não ter com o que se preocupar, queria viver sua liberdade sem limites, sem proibições.
A pior coisa que podemos almejar é uma autonomia. É um viver sem responsabilidades.
Thomas Huxley disse: "As piores dificuldades de um indivíduo começam quando ele tem a possibilidade de fazer o que bem entende".
Após muito tempo sob vigilância do pai, o filho quer reverter os tempos “perdidos”, longe de tudo e de todos e a culpa tem esse efeito. Essa busca por liberdade é um salto para fora da existência, Deus é o todo, viver longe do que Deus quer é não viver.
Para não permitir tal coisa Deus dá passos para trás, mas nós queremos tudo, menos ele, evitamos o diálogo, evitamos vê-lo nas pregações, nos louvores, pegamos até uma certa raiva e o desejo é de viver em paz, a falsa paz que o mundo promete.
O que o rapaz deseja de fato é fugir da culpa, quanto mais longe melhor.
4° Felicidade individualista: Egoísmo
E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu
Lucas 15:13
O filho acreditou de modo espantoso que é possível ser feliz sozinho, que não precisava do pai, de irmãos, de ninguém!
Que poderia se virar só, que poderia conquistar novas amizades, que mesmo em sua pouca idade poderia viver sem os afetos do passado e iniciar uma vida só. Porém a solidão é um verdadeiro demônio, é impossível ser feliz sem ter com quem compartilhar a alegria, é impossível viver em total isolamento, quando se trata de um isolamento por horas, podemos dizer que é agradável, mas tratando-se de uma vida sem ninguém, uma vida sem família, sem amigos, sem pessoas que se preocupam de verdade.
Com quem ele se alegrará nas alegrias? Com quem ele chorará nas tristezas? Rm 12.15
Essa autossuficiência leva muitos ao topo, mas construindo uma vida em forma de pirâmide o espaço para que pessoas compartilhem do topo com você é pequeno, cheio de dinheiro como esse rapaz estava, as relações se tornariam mero interesse, sem afeto, e quando se trata de uma relação movida por interesses, é melhor estar só.
Ele queria crescer, mas crescer só. E isso não é vida, é disputa, é ser campeão olhando para trás e vendo os ex-amigos distantes em nome de um darwinismo emocional, cultural, profissional.
                                 
5° Desconsiderou o futuro para viver de modo hedonista no presente

E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.
Lucas 15:13,14
Ele não levou em conta que o amanhã chegaria e com ele inúmeras dificuldades, não importava o que estava por vir, até porque viver o momento era tudo o que ele queria.
Eles não entenderam que a “vida cobra”. Que cedo ou tarde iria colher a dissolução do presente.
Um sentimento gnosticista que diz que quanto mais se curte, mais se valoriza a carne santifica a alma.  Esse jovem é movido por seus instintos, por certo pagou bebidas, viajou muito, fechou bordeis, fez tudo o que pode.
A busca do prazer era incessante, ele queria atender todos os seus desejos sem restrições e seu destino era a ruína.

6° Buscou solidariedade num mundo que jaz no maligno
E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos.
Lucas 15:15
Ele imaginava que todos seriam bons como o pai era, desconsiderou que esse mundo é um lugar com gente má, gente que se aproveita, gente que se possível envia moças para prostíbulos fora do país, um mundo onde brincam com sonhos de jovens e de velhos.
Um mundo onde cada um atenta somente ao que é seu.
Sobre o materialismo e pessimismo pós-moderno Lillian Hellman diz:

"A única maneira de sobreviver neste ninho de cobras é agarrando-se a um princípio. Um princípio nobre. O mais nobre que você puder. E, enquanto eles estiverem olhando para este princípio, você escapa com o dinheiro"

Trecho do livro: Fim do milênio, os perigos e desafios da pós-modernidade na igreja. Pr Ricardo Gondim;

Cada um por si, Deus por todos. Diriam no senso comum, infelizmente esse é a realidade. O amigo mais solidário forneceu um emprego de apascentador de porcos.
Comer carne de porcos era proibido, o emprego de apascentador era sem dúvidas um dos menos nobres de todos.
E o que restou ao rapaz não foram as noitadas, as festas, os amigos de bar se vão, o que fica é o amor de quem de fato nos ama antes do sucesso, de quem dividiu conosco os pães duros da pobreza, de quem não se importou das roupas que tínhamos ou de não ter dinheiro, de quem valorizou a presença e não os presentes. O mundo é mal, não devemos trocar o amor do pai por tais amizades pois todas são traiçoeiras e interessadas.

7° Ele vivia sob a constante certeza de que iria se superar
E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.
Lucas 15:16
Infelizmente as qualidades que temos, podem nos cegar para viver de modo medíocre acreditando que vamos sempre nos superar.
Procrastinamos mudanças, com aquela sensação contínua e de auto engano de que “estamos no controle”.
Sensação que toma os viciados que nunca admitem seu real estado, que toma os que praticam iniquidades as escondidas e dizem: “eu tenho total controle sobre isso”.
Dos adúlteros que entendem que tudo não passa de um lance, mas não consegue sair.
Ricardo Gondim cita o exemplo de quando era jovem e ia estudar, sempre nas últimas semanas varava noites em claro e se superava em seus limites, e temos sempre a sensação de que vamos conseguir, de que vamos sair, de que é só mais uma situação, eu vou conseguir voltar para casa, ou melhor no caso dele, ele chega ao ponto de pensar que conseguiria sair da situação de apascentador de porcos, para ser um homem honrado como fora na casa de seu pai, porém não.
A única alternativa era o arrependimento, ele já estava num submundo onde desejava comer a mesma comida dos porcos.

É como Sansão em Juízes 16.20

"Deixastes teu primeiro amor" - Uma palavra sobre o amor a Deus

“ Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas , que anda no meio dos sete castiçais de ouro: Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência,e que não podes sofrer os maus; e os que se dizem ser judeus e o não são e tu os achastes mentirosos; e sofrestes e tens paciência; e trabalhaste e não cansaste pelo nome meu nome e não te cansaste. Tenho porém contra ti que deixaste a tua primeira caridade. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o seu castiçal, se não te arrependeres. Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaítas, quais eu também aborreço. Quem tem ouvidos ouça o que o espírito diz às igrejas: Ao que vencer, Dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus.”   
Apocalipse 2.1-7 (Carta a igreja de Éfeso)

As sete cartas tem um padrão de escrita, em todas elas Cristo Jesus se apresenta de uma maneira diferente, demonstra seu conhecimento em relação a igreja, faz promessas aos vencedores.
Em Duas dessas cartas há apenas elogios: Esmirna (AP. 2.8-11) e Filadélfia (Ap. 3. 7-13) e em Laodicéia ( AP 3.14-22) há apenas repreensões.
A conclusão das cartas tem o seguinte trecho: “Quem tem ouvidos ouça o que o espírito diz as igrejas...”
A cidade de Éfeso era a maior da Ásia, a igreja dessa cidade sofreu diversas perseguições, pois, a idolatria era generalizada. O apóstolo Paulo dedicou boa parte de seu ministério a essa igreja, em Atos ele pregou um de seus sermões mais marcantes e emocionados, quando disse: “ E, agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto” (AT. 20.25)
Após essa declaração de Paulo e mais algumas exortações, ele orou com a igreja: “ E, havendo dito isto, pôs-se de joelhos e orou com todos eles, E levantou-se um grande pranto entre todos e lançando-se ao pescoço de Paulo o beijavam.” (AT 20.36-37)
Assim como predito por Paulo eles sofreram muito, na época em que o livro do Apocalipse foi escrito os cristãos estavam sofrendo sobre o império de Domiciano, imperador romano (81-96 d.C.).
O autor do livro estava exilado na ilha de patmos, tudo parecia estar perdido pra João, mas no momento de tristeza Jesus apareceu a João mostrando-se ressurreto, mostrando ao seu servo as coisas que foram, são e estão pra acontecer.
Antes de iniciar a análise das cartas, é importante ressaltar que o livro do Apocalipse utiliza linguagem simbólica, os sete candeeiros (castiçais), representam as sete igrejas.

Jesus apresenta-se a Éfeso como aquele que tem em suas mãos as sete estrelas, que representam Os sete anjos.
Ou seja, ele tem o controle sobre a igreja, Éfeso estava nas mãos de Jesus Cristo.
Após isso a carta diz “Aquele que anda no meio dos sete castiçais”, Jesus não só conhece e tem controle sobre a igreja, como também anda entre ela. Seguindo esse pensamento é possível chegar à conclusão que quem olha pra igreja vê a semelhança de Cristo, tanto que João antes de ver Jesus, viu a igreja.  Somos a imagem e semelhança de Deus, não há como ver Jesus Cristo nos nossos dias sem olhar para a igreja.
Nos versículos 2 e 3, Jesus demonstra conhecer a igreja intimamente, como o esposo conhece sua esposa, ele diz: “Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência,e que não podes sofrer os maus; e os que se dizem ser judeus e o não são e tu os achastes mentirosos; e sofrestes e tens paciência; e trabalhaste e não cansaste pelo nome meu nome e não te cansaste.”
A igreja de Éfeso pode ser um ótimo exemplo para as igrejas dos nossos dias, eles tinham compromisso a ponto de rejeitar falsas doutrinas, sofrer pelo evangelho de Cristo, a filosofia de vida desses cristãos era semelhante à de Paulo: “Pois para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho”. (FP 1.21)
Infelizmente as igrejas dos nossos dias, estão seguindo o evangelho dos sinais, estão sendo levados por qualquer vento de doutrina. São poucos que realmente estão dispostos e sofrer e até mesmo a morrer pelo evangelho verdadeiro.
Mas após essa série de elogios, Jesus traz uma dura repreensão: “Tenho, porém contra ti que abandonaste a tua primeira caridade”. ( AP. 2.4)

A igreja de Éfeso demonstra ser possível que haja um compromisso sem amor, eles eram perfeitos em sua conduta, trabalho, paciência ETC. Mas falharam em um ponto crucial: Passaram a agir de maneira “mecânica”, como um simples costume. Suas motivações já não eram as mesmas, tinham muito zelo no serviço ao Senhor, mas só as obras não garantem a aprovação divina, até então estavam agindo corretamente, não haviam se conformado com o mundo, não mancharam suas vestes como parte da igreja de Sardes, não se deixaram levar por heresias como Pérgamo, mas deixaram de servir a Deus com amor.
Era como se Jesus estivesse dizendo: “Vocês fizeram tudo certo, mas falharam apenas em um ponto, esqueceram que o amor é maior do que os dons, maior que todos os sentimentos, maior do que todas as suas boas obras.”
Paulo escrevendo aos Coríntios diz: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”. (1 Cor. 13.1)
A igreja de Éfeso havia se afogado no mar do ativismo religioso, o famoso: “Fazer por costume”;” cumprimento de rotina”.
O amor, para Deus excede as obras, as motivações pesam mais que os sacrifícios, Míquéias demonstra isso em seu ministério ao questionar-se: “Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus Altíssimo”?
Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros? Darei o meu primogênito pela minha transgressão? O fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma? Ele te declarou ó homem o que é bom; e o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e Andes humildemente com teu Deus?” ( MQ. 6.6-8)
O que Deus espera de nós não é apenas o sacrifício externo e visível, ele espera algo que venha de nosso coração!  Os nossos lábios podem muito bem expressar belas palavras, mas Cristo vê além do exterior.
A igreja de Éfeso estava comprometida, mas sem o amor. Quando falo em primeiro amor, imagino algo puro, um sentimento completamente voluntário, isento de interesses, pretensões, ETC.
O verdadeiro amor foi expresso por Deus através de Cristo : “ Mas Deus prova seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” ( RM 5.8)
“ Porque Deus, amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna” ( JO 3.16)
Deus não espera de nós apenas o zelo no serviço, mais do que a nossa dedicação ele espera nosso amor.  Os Fariseus eram zelosos em relação à lei, porém pouco sabia sobre o amor, jamais compreenderam que a grandeza do evangelho é a Graça de Deus, manifesta em Jesus Cristo. Eles tinham uma boa aparência, mas o importante em nosso relacionamento com Deus é o nosso sentimento e desejo de expressar uma verdadeira adoração, há uma grande distância entre a aparência e essência.
Quando penso em desvio das primeiras obras, lembro-me de dois exemplos bíblicos: Sansão e o filho-pródigo.
Sansão tinha tudo pra ser o maior herói do antigo testamento, seu nascimento foi completamente diferente dos demais juízes, patriarcas e ícones da fé cristã. Sua mãe recebeu a visita de um anjo anunciando seu nascimento, antes de nascer Sansão já recebeu uma ordem, seria nazireu de Deus, ou seja, não teria contato com mortos, não iria ingerir bebida forte, não passaria navalha em sua cabeça, ETC.
Com o passar do tempo ele deveria ter uma vida completamente regrada, correta, sendo assim um exemplo para o povo. Mas o que aconteceu foi justamente o contrário, ele a cada dia foi se afastando de Deus, por diversas vezes o espírito se apoderava de Sansão, ele passou a se conformar com momentos ao lado de Deus e desprezou a comunhão.
Chegou ao ponto de tocar em animais mortos, (JZ 14.6,9) contar seu segredo a uma mulher que tinha a intenção de afligi-lo (JZ 16.6,18)

O Filho pródigo assemelha-se a Sansão pelo fato de sair de sua casa, onde tinha estabilidade, boa comida, servos à sua disposição, boas vestimentas e principalmente um pai exemplar.
Mas ele preferiu arriscar-se saindo de casa e deixar amor de seu pai, mergulhou em uma crise tão grande a ponto de desejar a comida que os porcos comiam.
O versículo seguinte é uma das partes mais importantes da carta a igreja de Éfeso:
“Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o seu castiçal, se não te arrependeres.”
O filho pródigo lembrou-se da casa de seu pai, mas não só lembrou, pois, a simples lembrança do bom estado gera um sentimento chamado remorso.
Cristo não só espera de sua igreja o remorso, mas uma atitude em direção a mudança, a simples lembrança não muda a vida do cristão.
Arrependimento exige atitudes, o filho pródigo diz: “ Levantar-me-ei e irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai pequei contra o céu e perante ti...” (LC 15.18)
O filho volta pra casa e é recebido por seu pai, torna a praticar as primeiras obras.
Sansão da mesma maneira, antes de morrer fez uma oração ao Senhor dizendo: “ Deus, peço-te que lembres de mim, e fortalece-me agora só esta vez ó Deus para que de uma só vez me vingue dos filisteus pelos meus dois olhos” (JZ 16.28)
Houve arrependimento por parte de Sansão e do filho pródigo, Deus sempre está disposto a nos perdoar, e receber-nos de braços abertos, podemos estar como o filho pródigo fedendo a porcos, mas Cristo está disposto a saltar em nosso pescoço e beijar-nos, se movendo de íntima compaixão.
O arrependimento deve fazer parte da conduta Cristã, a igreja de Éfeso se acostumou a olhar para os outros, esquecendo-se que o importante é antes de notar o cisco no olho de nosso irmão, remover a imensa trave que está diante de nossos olhos.
A auto-avaliação é importantíssima na vida de qualquer pessoa, sem a qual ninguém poderá notas as próprias limitações e arrepender-se dos seus erros.
Caso a igreja de Éfeso não se arrependesse eles teriam seu castiçal removido. O castiçal no tabernáculo tinha a função de iluminar o interior.
Paulo nos compara a um tabernáculo quando diz: “ Sabemos que se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício...” ( 2 Cor 5.1a)
Somos habitação de Deus, morada do espírito santo, a diferença entre tabernáculo e templo é na mobilidade.
O tabernáculo sem castiçal perde a luz.  Assim é todo cristão que abandona o seu primeiro amor, Uzias é um exemplo de orgulho e falta de arrependimento. Devido a esses erros ele acabou leproso, longe do templo, da família, do reino. ( 2 Cr. 26)
Cristo nos compara à Luz do mundo (MT 5.14).
O grande problema da falta do castiçal é a ausência do brilho, luz, capacidade de influência da igreja.
Muitas igrejas estão sem o castiçal, ao invés de serem luz e exemplos para o mundo, tem sido motivo de desonra ao evangelho, muitas tem se tornado apenas um museu, cristãos estão vivendo do passado da igreja e não terá no futuro algo a apresentar a seus filhos e sucessores. E quando me refiro ao castiçal no interior do tabernáculo, chego a conclusão que o brilho começa no nosso caráter, a grandeza dos valores cristãos não está baseada em palavras, mas sim em atitudes, o que sai da nossa boca não é maior que nosso caráter, nossa conduta fala mais que as palavras...