terça-feira, 13 de junho de 2023

Jesus, o Deus de respostas (A ressurreição do filho da viúva) - Sermão Entregue a Ad Brás Santo Eduardo - Culto de ceia

 

“E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores”.

Lucas 7:13

 

O Luto

O luto é uma dor das mais terríveis, perder pessoas queridas é um desgosto que ninguém merece passar. A medida em que nos tornamos mais velhos, vamos conhecendo mais pessoas e infelizmente vemos mais de nossos amigos e irmãos sendo sepultados. A morte é fria, a morte é implacável, a morte é uma separação definitiva, apesar de ser um processo natural, ela é devastadora, ainda que esperada, a morte causa a sensação de que a pessoa querida não está em lugar algum do mundo. Nessa existência você nunca mais vai ouvir a voz da pessoa que ama, não poderá vê-la, ainda dói a sensação da separação do corpo e a decomposição que se segue.

De todos os lutos possíveis, alguns são mais intensos, mais delicados de lidar, a perda dos pais por exemplo, alguns amigos que já vivenciaram a experiência descrevem uma sensação de separação indescritível.

Ainda que seja um processo natural, perder os pais é uma dor indescritível.

Mas há duas dores incomparáveis, ao meu ver, são: A perda do Cônjuge amado e de um filho.

 

C.S Lewis casou-se e pouco depois perdeu a esposa, ao descrever seu luto, ele usa os seguintes termos:

"Talvez aqueles
que se viram privados de alguém devessem ser isolados em
lugares especiais, como acontece com os leprosos."

"Para alguns, sou pior do que um embaraço. Sou uma caveira.
Toda vez que deparo com um casal feliz, sou capaz de
notá-los pensando: “Um de nós algum dia vai ser como ele
é agora”.

 

Considere também a dor da perda de um filho, a perda de um filho é a negação da história, é a negação do processo natural da vida.

É descrito por muitas pessoas como o pior momento da vida, os filhos são a esperança do amanhã, os filhos são uma promessa de descanso e segurança, os filhos são as heranças.

 

A viúva de Naim

A mulher do texto que lemos, em algum momento teve seu marido e seu filho, naturalmente projetando sobre eles alguns sentimentos: Proteção, provisão, alegrias, descanso.

Porém ela viveu as duas dores mais intensas que alguém pode viver, ela primeiro perdeu seu marido, o que a caracterizava como alguém necessitada.

Sempre que a bíblia se refere a viúvas, refere-se a pessoas necessitadas, pessoas que precisam de toda a assistência.

·      A instituição dos diáconos se deu por conta das viúvas.

·      A oferta mais significativa do ministério de Jesus foi dada por uma viúva “pobre”.

·      Elias foi levado a casa de uma viúva que iria preparar sua última refeição e esperar a morte.

·      A viúva que Eliseu ajudou perderia seus filhos, por conta de dívidas.

·      Viúvas são naturalmente necessitadas.

 

A partir do momento em que essa mulher perde o marido, todas as expectativas dela, da lei e sociais são projetadas sobre seu filho, que tem sobre si a responsabilidade de ser o futuro provedor da família e assumir a responsabilidade de levar adiante o nome de seu pai.

Quando ela perde o filho, ela perde tudo o que tem. Perde suas expectativas de futuro.

 

 

O Luto Judaico

Lawrence Richards descreve alguns detalhes de um velório judaico:

 

Preparação do corpo - As unhas e os cabelos do morto eram cortados, o corpo era lavado, ungido e enrolado com o melhor tecido que a viúva podia oferecer, por ser viúva possivelmente ele foi envolto no linho mais barato.

Jejuns e prantos - Neste momento, ao envolver o filho em tecidos, a mãe iniciava seu período de choro, não comeria carne e nem beberia vinho. Qualquer refeição que ela fizesse, deveria ser realizada fora do cômodo onde o morto estava, ou quando muito, de costas para ele.

Carpideiras e flautistas - Ainda se diz em seu comentário que o judeu pobre deveria providenciar pelo menos dois flautistas e uma carpideira para chorar. Essa era uma das suas últimas provas de afeição.

As carpideiras entoavam a canção “Oh herói, oh leão”. Esse cântico visava homenagear o falecido, era entoado em tom baixo, como uma canção fúnebre de lamento.

 

A mobilização coletiva - Tratando-se de uma vila que tinha pouco mais de 180 pessoas, num local como esse, uma morte mobilizava toda a vila.

 

Os cemitérios neste tempo eram fora das cidades, por questões de assepsia, logo, o último ato, era tendo envolto o corpo em tecidos, coloca-lo em um esquife, que era uma espécie de maca, aberta, que servia para condução dos corpos até o local do sepultamento.

Toda a vila estava mobilizada, já haviam conduzido o corpo do marido daquela mulher, agora teriam novamente que se movimentar para levar para fora da cidade o corpo.

 

 

“Normalmente, as pessoas deixavam suas atividades e se uniam ao fim da fila da procissão fúnebre quando ela passava. A morte do filho da viúva enquanto ela ainda estava via era terrivelmente trágica. Nesse caso a viúva passaria a depender da caridade do povo para o seu sustento”.

 

A mulher estava sepultando seu descanso, seu futuro, sua provisão, sua companhia, seu sonho de ser avó, seu sonho de ter um final de vida tranquilo, tudo aquilo estava agora estava em cima do esquife para ser enterrado. Ela vai à frente levando o corpo de seu filho com todas essas dores dentro de si.

 

A peregrinação de Jesus

Um dia antes Jesus tinha curado o servo de um centurião, o rapaz estava à beira da morte. Mas não estava morto.

Jesus dorme em sua casa que era nessa cidade e segue viagem logo cedo, o corpo de um judeu era sepultado no mesmo dia para evitar as impurezas da decomposição, Cafarnaum estava a 45 Km de Naim, ou seja, Jesus levou aproximadamente 10 horas para chegar até lá. Ainda soma-se a isso o fato de Cafarnaum ser uma cidade baixa quando comparada a Naim, a caminhada foi de longas horas numa subida.

Kent Brow diz que ele tinha pouco mais de 20 anos e não tinha outros parentes, logo, as posses daquela mulher seriam

É o fim da tarde quando Jesus e apresenta na porta da cidade junto aos seus discípulos e multidão que o seguia.

Essa era a primeira vez que Jesus ia lidar com a morte no sentido de detê-la. A morte era um adversário implacável, levou todos que foram antes de Jesus, à exceção de Enoque e Elias, Jesus chega pelo local onde o corpo iria sair, na hora exata, nem antes e nem depois.

 

 

 

As atitudes de Jesus diante da morte

E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.

Lucas 7:13

 

1 – Jesus viu aquela mulher com um olhar de graça – V.13

As pessoas viam um corpo, uma mulher chorando, uma pessoa acabada. A visão das pessoas é extremamente limitada desde o início da história, o problema do homem é a cegueira crônica, a cerca de Deus, a cerca do próximo e a cerca da sua própria condição.

O grande problema do ser humano é enxergar

Jesus olhou muito mais do que isso, Jesus lançou sobre ela um olhar de compaixão, Jesus moveu-se de compaixão por ela, Jesus é diferente de nós, Jesus enxerga.

A procissão de Jesus vem com sorrisos no rosto, vem com júbilos pelos milagres vividos no caminho, mas ao avistar a situação, Jesus retira o sorriso do rosto e desce ao nível de tristeza da mulher, ao sentir suas próprias dores.

Jesus se compadeceu, ou seja, padeceu com a mulher na mesma intensidade.

 

Sempre somos tentados a chegar resolvendo, mas Jesus é diferente, Jesus primeiro chora, primeiro se compadece, para depois curar; Jesus não cura só pelo poder, mas pelo choro e compadecimento. Jesus não é um curandeiro indiferente.

·      Diante de Lázaro, tendo todo poder ele chorou!

·      Diante do leproso, ele tocou!

·      Diante de Elias ele perguntou: O que fazes aqui?

·      Diante dos discípulos com medo, ele disse: Tende bom ânimo, sou eu, não temas!

Porque para Jesus ressuscitar é simples, para Jesus acalmar o mar é simples, antes de acalmar o mar, antes de ressuscitar os mortos, ele desce ao fundo do poço onde estamos, nos cura lá e nos traz de volta.

 

Jesus está lançando um olhar sobre nossas dores, não como um sumo sacerdote que não se compadece, mas como Hebreus o descreve:

“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.

Hebreus 4:15

 

Jesus sabe o que é sentir dor, Jesus sabe o que é chorar, Jesus sabe o efeito devastador da morte, Jesus sabe o quanto dói passar por algumas coisas.

Sua dor dói em Deus!

 

“Os olhos do Senhor percebem nossa tristeza, seu coração se compadece de nossas enfermidades. Seus pés são velozes para nos socorrer. Sua boca pronuncia palavras de verdadeira consolação e de fiéis promessas. Suas mãos nos transmitem vida abundante”.

O.S. Boyer

 

O milagre na vida dessa mulher não se deu por um clamor, não se deu por orações, não se deu por insistência, a única razão foi a misericórdia de Deus, o olhar gracioso de Jesus.

 

Hoje Jesus lança um olhar de graça sobre alguns de nós e demonstra sua compaixão.

Nem todo milagre de Jesus se deu por respostas, as vezes a sua misericórdia é totalmente ativa: Bodas de Caná, Betesda, Pródigo.

 

 

2 – Só Jesus pode dizer não chores sem ser insensível - 13

Todo psicólogo reconhece a grande relevância do espaço para vivenciar o luto, o natural aqui seria Jesus abraçar a mulher, oferecer um lenço, um abraço, um copo de água, talvez algumas palavras de consolo e permitir que ela exteriorizasse toda a sua dor.

Há um grande valor em ouvir, em oferecer um ombro para chorar, em permitir o lamento.

 

Jesus aparentemente nada entende de psicologia, pois, seu compadecimento não o leva a este tipo de consolo, o compadecimento que temos é de carregar conosco uma farmácia, lenços, coisas dessa natureza.

O compadecimento de Jesus é dizer: Não chores!


Nos lábios de qualquer pessoa, dizer não chores é de uma insensibilidade sem tamanho, nos lábios de qualquer homem mortal é praticamente a negação das ciências humanas.

 

·      Se eu disser não chores, sou insensível, se Jesus disser é porque ele sim pode deter o choro.

·      Se eu disser basta, não estou fazendo nada além de tentar abreviar a dor, Jesus estanca a dor.

·      Se eu lidar com o enlutado, o máximo que consigo é oferecer consolos, mas Jesus traz respostas e essa é a diferença fundamental de Jesus.

 

Jesus não dá só consolos que a religião dá, Jesus dá respostas.

·     
Jairo pede oração pela filha, no caminho dizem que ela morreu, Jesus diz duas coisas: Eu vou lá e ela está dormindo! Só ele pode dizer isso!

·     
Lázaro morto a 4 dias, tem suas irmãs dizendo: Se o Senhor estivesse aqui ele não teria morrido, mas Jesus diz: Eu sou a ressurreição e a vida!

 

O homem com todos seus esforços faz terapias, remédios, distrações, são métodos de consolo humano, mas o método de Jesus é de respostas definitivas!

Não chore!

 

O homem não pode abrir os selos da história, mas o ancião diz:

“E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos.

Apocalipse 5:5-14

 

Foi Deus que prometeu a respeito da vinda do Messias:

Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor DEUS as lágrimas de todos os rostos, e tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra; porque o SENHOR o disse.
Isaías 25:8

 

No ambiente em que Jesus está, não oferecemos apenas as terapias humanas e os métodos humanos de consolo, neste ambiente temos respostas!

·      Aqui não tratamos demônios com conversas, aqui se expulsa em nome de Jesus.

·      Aqui não se trata o pecado com leituras alternativas, aqui cremos num Jesus que toca os leprosos e eles ficam limpos.

·      Aqui não tratamos desvios morais com conselhos, aqui cremos num Jesus que transforma o caráter e o homem numa nova criatura.

 

·      Jesus é o Deus de respostas, só ele pode dizer: Não chores!

 

3 – Jesus é poderoso para interromper o ciclo de morte – Do que perdemos e de como nos perdemos na perda.

 

A procissão dos habitantes de Naim era dos que levavam o jovem à morte, ao seu sepultamento, quando Jesus toca o esquife, ele interrompe o ciclo da morte.

A morte reinou até certo ponto, mas não seria sempre assim.

O príncipe da vida chegou, tocou o esquife e a deteve finalmente.

Ariovaldo Ramos conta que um dia um espírita lhe descreveu como cria na reencarnação. Foi então que o Pr Ariovaldo Ramos declarou que uma religião que se morre várias vezes, te condena a se entristecer inúmeras vezes.

Nós morreremos apenas uma vez, mas seremos ressuscitados com um corpo sem dor, sem doenças sem nada dessa natureza.

 

Jesus interrompeu o ciclo da morte.

 

O natural era a impureza da morte contaminar Jesus por sete dias, mas a força da graça de Jesus interrompe o poder da morte do pecado.

 

4 –Jesus nos enxerga diferente

Nunca Jesus se referiu aos mortos como mortos, os discípulos, se referiam a ele como defunto, mas Jesus o chamou de Jovem.

·      Lázaro estava morto a 4 dias, mas Jesus o chamou pelo nome.

·      A filha de Jairo estava morta, ele diz Talita Cumi – Menina a ti te digo: Levanta-te.

·      Jesus não enxerga o drogado como drogado.

·      Jesus não enxerga o pecador apenas como pecador.

·      Jesus nos vê como seremos.

 

5 – Jesus preserva nossa identidade em suas mãos – Ressurreição eterna

Quando Jesus chama o jovem de volta a vida, o jovem volta falando, com consciência, não volta como quem retoma os sentidos aos poucos, ele guarda a consciência da pessoa, ele guarda a mente da pessoa, é um presságio do que virá no futuro em breve.

Um dia todos seremos ressuscitados num abrir e fechar de olhos, quando isso acontecer, voltaremos com os sentidos, veremos nossos antepassados, seremos ressuscitados com um corpo semelhante ao do Cristo ressurreto.

A nossa consciência está guardada nas mãos de Jesus.

Jesus tem poder para além da vida.

 

6 - O que Jesus vai fazer não será útil em cemitérios – Jesus está nos mandando continuar

Jesus o levanta e o envia de volta a sua mãe, ao fazê-lo, está comunicando um novo começo para ambos.

Não seria útil este rapaz ser ressuscitado e permanecer no cemitério, ele é devolvido a sua mãe para conceder a ela uma oportunidade de recomeçar.

Jesus é o Deus dos recomeços.

Jesus estava dizendo a essa mulher que a história dela ainda iria mais longe.

Ela achou que aquele seria seu fim, mas Jesus deu uma oportunidade de ser novamente avó, novamente ser mãe, novamente sonhar, novamente viver.

Ainda há muitos livros por serem escritos, ainda há muitas pregações para se fazer, ainda há muitos lugares para você chegar, ainda há promessas para se cumprir, ainda há alegrias para você desfrutar.

Jesus está nos chamando hoje a continuar.

 

O contraste de multidões – A multidão da vida e da morte

Quero tomar parte na multidão da vida.

 

7 – Todos se maravilharam do poder de Jesus

Todos se lembraram dos profetas Elias e Eliseu, que operaram ressurreições.

Há uma sequência de fatos a respeito de Jesus constatados pelo povo:

1º - Todos temeram diante dele:

·      Os homens sempre temem diante da presença de Deus!

·      Quando Daniel viu a presença de Deus caiu com o rosto em terra.

·      Quando João o viu caiu aos seus pés

·      A visão de João a respeito dele era de fato espantosa

·      Os discípulos ao verem ele acalmar a primeira tempestade perguntaram quem é este que até o vento e o mar obedece? Depois entenderam, verdadeiramente é o filho de Deus!

Quando Jesus fizer sua obra, conheceremos uma dimensão dele que não sabíamos antes.

 

2º - Glorificaram a Deus

Descobrir uma nova dimensão de Jesus nos eleva a um novo teor de adoração.

Uma coisa é falar do que se pensa saber, outra diferente é descobrir quem ele de fato é.

 

3º - Constataram que diante deles estava um profeta verdadeiro

 

Cansados da monotonia dos seus dias, eles viram agora diante de si um verdadeiro profeta, fazia 400 anos que não viam mensagens profetas seguidas de milagres e sinais. Quando Jesus se apresenta o povo o reconhece como um verdadeiro profeta.

Jesus de fato é incomparável.

 

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