terça-feira, 13 de junho de 2023

O Espírito Santo e a igreja - Sermão entregue no culto de ensino - Ad Brás Santo Eduardo

 


E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.
E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.
E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.
E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.
Atos 2:36-47

 

 

Sinais de uma igreja viva

 

Aprendemos até aqui sobre quem é o Espírito Santo, como ele atuou no A.T, suas promessas na bíblia, seu derramamento e o dia de pentecostes, a manifestação das línguas na bíblia.

Aprendemos que os discípulos ficaram acuados após a morte de Jesus, alguns foram tentados a voltar pra sua vida pregressa, outros a duvidar de sua ressurreição, mas Jesus os comissionou, condicionando sua grande comissão a um único requisito: Ficar em Jerusalém até que fossem revestidos de poder.

Passados 10 dias de sua ascensão, os discípulos receberam o Espírito Santo e isso foi seguido por alguns sinais como o falar em línguas idiomáticas, outros sinais externos como o som do vento e todos foram cheios do Espírito Santo.

O primeiro ato é apologético, Pedro chama os curiosos e lhes faz uma exposição iniciada no A.T e terminando em Jesus, falando sobre o derramamento prometido, sobre o sacrifício de Jesus que era seu requisito e chamando o povo ao arrependimento.

Dali em diante, inicia-se a era da igreja.

O derramamento do Espírito é a inauguração da era da igreja.

 

Considerações sobre a igreja primitiva

Muito se diz a respeito dessa igreja dos dias apostólicos, pensamos nela como uma igreja perfeita, mas não era, pelo simples fato de termos nela os homens imperfeitos que constituem a igreja até hoje.

Pensamos na igreja de Atos dos Apóstolos como um lugar sem erros, sem pontos por ajustar, tendo quase uma idolatria pelos relatos desses dias.

Grande parte dessa confusão está em torno de discernir a igreja invisível da igreja visível.

Igreja visível e invisível

A igreja invisível, a igreja de Deus, a igreja eclesiológica é perfeita e sempre vai muito bem. Ela é irrepreensível, sem mácula, sem rugas, ela é santa, ela é intocável, as portas do inferno não prevalecem contra ela. A igreja corpo de Cristo sempre está indo muito bem, mas a igreja enquanto corpo visível não vai tão bem assim.

A igreja perfeita só está descrita na “eclesiologia” do novo testamento, é o povo de Deus, é o sal da terra, é a luz do mundo, são os astros deste mundo conforme Fp.2.15.

A igreja perfeita é descrita, mas não historiada. É idealizada, mas não materializada.

Em atos não temos um modelo 100% perfeito, nessa igreja há problemas para alimentar viúvas, nessa igreja há problemas de hipocrisia como o caso de Ananias e Safira. Mas é o modelo mais próximo já visto na história do “Ideal”.

É inegável que há sim, inúmeras qualidades nessa igreja influenciada pelo Espírito Santo em sua originalidade e coisas das quais temos que refletir como um modelo que nos fala de como é uma igreja verdadeiramente espiritual e cheia do Espírito Santo.

 

 

A igreja em Atos responde à pergunta: Quais são as marcas de uma igreja viva?

 

Essa era uma igreja cheia do Espírito Santo

 

·      Os discípulos estavam com medo, mas agora anunciam de forma ousada a palavra.

·      Os discípulos tinham atritos, mas agora vão Juntos ao templo – Atos 3.

·      Os discípulos não compreendiam as coisas, agora expõe a palavra com entendimento.

·      Os discípulos tinham características pessoais que foram mudadas após o derramamento do Espírito, exemplo: Pedro e João.

·      O Espírito Santo é o agente capacitador da igreja em sua missão.

·      O Espírito Santo é o doador da virtude para pregar, foi só após seu derramamento que a igreja rompeu o silêncio pós cruz e passou a ser militante do reino de Deus.

 

 Como consequência, na primeira pregação, a igreja ganha três mil novas almas e essa nova comunidade de fé, com 3000 pessoas tem algumas características muito fortes:

 

1º - Perseverança na doutrina dos apóstolos – V.42

“A primeira característica de uma igreja viva, é algo que não muitas igrejas teriam hoje, é uma igreja que está aprendendo, é uma comunidade que estuda” – John Stott

 

No dia de pentecostes Deus abriu uma escola e os professores eram os apóstolos, essa escola já nasceu com 3000 estudantes.

A experiência sobrenatural dos 120 discípulos, mais os 3000 que ouviram a palavra não substituiu o desejo de aprender a palavra.

É triste a constatação que temos, mas estamos num tempo em que as experiências estão substituindo a exposição, não importa muito o que você prega, contanto que haja um mover do Espírito. As pessoas querem sentir arrepios, sensações novas, moveres diferenciados e não há limites na criatividade humana para isso.

EX. Josias

 

A igreja apostólica, tinha desejo de sentar-se aos pés dos apóstolos para conhecer mais de Jesus, para compreender mais da sua palavra.

“A plenitude do Espírito Santo é incompatível com o antiintelectualismo, o Espírito Santo é o Espírito da verdade, a palavra é a verdade”.

 

A doutrina dos apóstolos é o novo testamento.

“Uma igreja cheia do Espírito é uma igreja bíblica. Uma igreja neotestamentária, uma igreja apostólica. Nela se ensina as escrituras. Os pais ensinam aos filhos, os membros da igreja leem e refletem sobre as escrituras todos os dias. O Espírito de Deus dirige seu povo a submeter-se a palavra de Deus, e quando o faz, essa igreja se renova com a presença do Espírito Santo”.

 

Há muitos movimentos hoje alheios a palavra, esses movimentos são por assim dizer bizarros e assustadores, o misticismo está sobreposto sobre a palavra, usa-se até alguns fundamentos para isso, em busca de “bases bíblicas” se distorcem textos das mais diversas naturezas.

Já vi óleo da chave da bênção, já vi água da vida, laranja como ato profético, etc.

 

 

 

2 – Comunhão e ajuda mútua – V.42,44-45

A palavra grega para comunhão é Koinonia, indica um cuidado mútuo, um envolvimento para além das reuniões.

A igreja tinha aqui comunhão em alguns aspectos:

 

·      Vertical – Comunhão com Deus

·      Horizontal – Comunhão com os irmãos

·      Social – Compartilhamento de bens

 

Se a nossa comunhão é apenas vertical, temos uma espiritualidade isoladora

Se a nossa comunhão for apenas horizontal tornamo-nos um clube de encontros

Se a nossa comunhão for apenas social, constituímos uma ong.



Devemos lutar para atingir cada um dos três níveis.


Os versículos seguintes retratam como essa comunhão se dava:

“E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.

E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister”.

Atos 2:44,45

 

Nesse nível de comunhão, a ordem de suprimento não é a disponibilidade, mas a necessidade.

A maior preocupação da igreja hoje é o dinheiro, naqueles dias é o que menos pensavam, pois, se o sentimento de cuidado é mútuo, não há por que sobrar para um e faltar para outro.

Alguns doavam como podiam AT.11.29, outros recebiam conforme precisavam 2.44.

As pessoas ainda continuavam tendo casas – V.46

Alerta quanto ao Marxismo

 

3º - Adoração formal e informal – V.46

Uma das marcas da distorção do nosso tempo é a “informalidade”, pensamos que avivamento é antônimo a formalidade e as mais diversas bizarrices são feitas neste sentido.

Os Cristãos eram fiéis a doutrina dos apóstolos e também aos sacramentos estabelecidos na palavra.

Eles frequentavam as reuniões formais de oração no templo, mas também tinham reuniões informais em casa.

Nós devemos encontrar este equilíbrio enquanto igreja.

 

O formal não pode ser engessante, nem o informal sem regra alguma.


Lembro-me de um movimento iniciado por jovens que lutavam por um evangelho informal, batizavam pessoas com garrafa de água e achavam estar sendo efetivos, mas o movimento totalmente informal é sem identidade, sem ordem, abre precedentes pra desordem coríntia.

O movimento demasiadamente formal é limitador por si só.

Devemos encontrar este equilíbrio. Reuniões formais e sacramentos, mas momentos informais nas casas, nas ruas, etc.

 

A igreja viva une formalidade e informalidade.

“Creio que aqui há uma lição importante para a igreja contemporânea. Algumas igrejas são demasiado conservadoras. Resistem a mudanças, parecem feitas de cimento; seu lema parece ser a expressão litúrgica, ‘para sempre, pelos séculos dos séculos, amém...’ Nesse tipo de congregação os adultos precisam escutar os jovens, e estes deveriam estar representados na direção da igreja. Não é necessário que estejamos sempre de acordo com eles, porém devemos escutá-los com respeito. Os jovens, por sua vez, entenderam que a maneira com que Deus transforma a igreja institucional é mais pela reforma paciente do que pela revolução violenta. Não precisamos nos opor ao formal através do informal; cada um é apropriado no seu momento. Precisamos dos serviços dignos e solenes no templo, mas também precisamos nos encontrar nos lares, onde podemos ser mais informais e espontâneos. A adoração se enriquece tanto com a dignidade como com a espontaneidade”.

Devemos cuidar para que nossos encontros não sejam como os de Corinto “Se reúnem não para melhor, se não para pior”.

 

 

4º - Uma igreja alegre e reverente

“Com alegria e singeleza de coração”.
Atos 2:46

 

Nós devemos deixar a espiritualidade carrancuda, deixar de pensar que santidade é o mesmo que amargura, que autoridade é o mesmo que cara fechada.

Mas o fruto do Espírito é amor e alegria.

Alegria era uma das marcas inclusive de Jesus.

“Mas a glória e a graça de Jesus nos mostram que ele é, e sempre será, uma alegria indestrutível. Eu digo glória de Jesus porque a tristeza não é gloriosa. E digo graça de Jesus porque a melhor coisa que ele tem para nos dar é a sua alegria. "Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa" (Jo 15.11 — v. também 17.13; grifo do autor). Jesus não seria totalmente misericordioso se simplesmente aumentasse minha alegria até o seu ponto máximo e, depois, deixasse de conservar dentro de mim essa alegria.

Minha capacidade de me manter alegre é muito limitada. Assim, além de se oferecer para ser o objeto divino de minha alegria, Cristo derrama sua própria alegria em meu ser, para que eu possa alegrar-me nele com a verdadeira alegria de Deus. Isto é glória, e isto é graça”.

 

Podemos imaginar naqueles crentes um gozo muito menos inibido do que as tradições costumam nos permitir. Algumas reuniões de adoração parecem mais funerais. Todos estão vestidos de preto, ninguém sorri, ninguém diz nada, tocam-se hinos com muita lentidão e toda atmosfera é lúgubre. Por quê? Alegremo-nos no Senhor! Cada reunião deve ser uma celebração alegre. Contudo, a adoração da igreja primitiva também se caracterizava pela reverência. Seus cultos não eram irreverentes. Se em algumas reuniões o ambiente é funerário, em outros é demasiado leviano. Não refletem a presença solene e soberana de Deus. Os primeiros cristãos não conheciam esse erro. Quando o Espírito Santo renova a igreja, a enche de alegria e também de reverência ante Deus.

 

Precisamos encontrar o equilíbrio de uma alegria reverente.

 

5º - Uma igreja que evangeliza e cresce – V.27

 

Você acha que Deus se preocupa com qualidade ou quantidade? O que é mais importante para ele?

Uma vez fui confrontado com essa pergunta, mas a resposta é os dois.

 

igreja iniciou-se com 12 –Lucas 9.1

Depois 70 –Lucas 10.1

Em Atos 1.15 tinha -120

Em Atos 2.14 –3.000

Em Atos 4.4 – 5.000

O número continua crescendo ao ponto de perder a conta (Atos 5.14)

Mais crescimento inclusive conversão de sacerdotes (Atos 6.1 e 7)

Cristãos se espalham devido à perseguição e iam pregando pelas cidades (Atos 8.1 e 4)

Muitas Igrejas fundadas (Atos 9.31)

Aldeias inteiras tornam-se cristãs (Atos 9.35)

 Outras conversões significativas ocorreram, como a dos Samaritanos em Atos 8.

A conversão de Saulo em Atos 9

A conversão de Cornélio – O primeiro Gentio – Atos 10

 

Uma igreja viva é uma igreja que cresce e cresce por meio da evangelização.

 

Segundo Hernandes Dias Lopes as igrejas estão se enforcando em seu próprio cordão umbilical, estão com uma síndrome de mar morto em que só recebem e não fazem nada para além de seu espaço. Há ainda um sentimento oposto ao da mulher da parábola da dracma perdida, ao invés de buscar a moeda que se perdeu, há uma expectativa em torno de polir as moedas que estão em mãos, não se busca o que se perdeu, mas se dá atenção demasiada ao que está sob seu controle.
O avivamento acontecerá na medida em que o povo novamente estiver disposto a assumir sua identidade e sair das quatro paredes do templo, quando fizermos como Felipe que ao ver o convite do Espírito Santo lhe dizendo “Ajunta-te a essa carruagem” foi e atendeu.

 

·      Jesus acrescentava as pessoas

·      Jesus as salvava e acrescentava mutuamente

·      Jesus fazia isso todos os dias, tudo isso através da igreja.

 

6º Uma igreja com relações renovadas

·      Com os apóstolos

·      Com Deus

·      Com os irmãos

·      Com o mundo

 

No fim o que todos queremos é uma igreja com pregação bíblica, comunhão forte, adoração viva (dentro e fora do templo) e que seja relevante.

 

Que Deus nos avive como igreja para isso.

 

7º - Uma igreja com maravilhas e sinais

 

O elemento sobrenatural pra nós é um diferencial enquanto igreja, ainda mais pentecostal, cremos que há coisas que acontecem quando nos reunimos, que não acontecem em outros lugares.

 

Ex – Oração por Paulo em Listra

 

A comunhão da igreja é um ambiente de cura coletiva, de orações respondidas, de milagres.

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