terça-feira, 13 de junho de 2023

Comunicação no casamento - Palestra dada aos casais - Ad Brás Santo Eduardo

 

Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida, e no teu trabalho, que tu fizeste debaixo do sol.
Eclesiastes 9:9

 

O casamento na perspectiva cristã é algo que deve ser para sempre. Jesus falou a respeito disso, essa verdade é reafirmada até mesmo no senso comum.

De modo que não é difícil ouvir até mesmo de pessoas não “cristãs” que há sim uma crença de que casamento é para a vida toda.

A declaração mútua e os votos conjugais são sempre seguidos da afirmação: “Até que a morte nos separe”.

O casamento dessa forma é mais do que a relação de amor entre dois indivíduos que escolhem viver juntos. O casamento é uma aliança, é a repetição do modo que Deus escolheu se relacionar com seu povo no decorrer da história.

Dessa forma não é o amor que sustenta a aliança, não é só o bom relacionamento, mas a aliança sustenta todas essas coisas.

Ao declarar publicamente, seja de forma verbal, ou por meio do ato civil, que há o desejo de casar-se com alguém, estamos fazendo uma aliança em que os termos são: Ainda que o tempo passe, ainda que as circunstâncias mudem, ainda que até mesmo o amor se esfrie, ainda que as versões do cônjuge mudem, estamos nos comprometendo a continuar sendo marido e mulher, em todos os tempos, em qualquer circunstância, enquanto essa aliança permanecer intacta.

Ainda que a compreensão de aliança não esteja totalmente clara na mente das pessoas, todas entendem que há uma perpetuidade no casamento.

Dietrich Bonhoeffer quem disse: É a aliança que sustenta o amor, não o amor a aliança.

Porém mesmo com este senso comum a respeito do casamento, o número de divórcios vem crescendo.

Em 2021, foi rompido o recorde histórico de divórcios em um único ano no Brasil, chegando a 77.509. Infelizmente com tendências a piora, por conta de vários fatores.

Quais seriam os principais motivos para isso? O que pode fazer o meu casamento ser destruído?

 

Na presente palestra, pretendo enumerar os principais motivos que levam o casamento ao fracasso.

 

1º - Falta de comunicação

Em 5 anos de ministério pastoral, tenho constatado que uma das maiores dificuldades que os casais têm, é de se comunicar.

Seja pela natureza do homem, seja por correções não feitas em tempo, seja pelo excesso no celular, todas essas coisas dificultam a comunicação no lar.

Os casamentos se desfazem porque a falta de diálogo vai permitindo espaços para expectativas não realizadas, ou mágoas não declaradas que se avolumam e se acumulam.

Atendemos recentemente um casal, o homem nos procurou por conta de sua esposa “repentinamente” ter ido embora.

Ao perguntar constantemente sobre a questão, ele próprio refletiu e disse não haver razões claras para ela sair. Porém por terceiros, soube que algumas vezes sua esposa tinha declarado o desejo de ter filhos, já ele desconversava a respeito do assunto, priorizava outras coisas, até que dada a falta de atenção nesse desejo dela, ela optou por romper o relacionamento.

 

Os casais têm facilidade de falar de seus problemas para parentes, amigos, pastores, mas não conversam entre si, sobre preferências, sonhos, incômodos, mágoas, etc.

 

 

 

Algumas barreiras se interpõe a boa comunicação no casamento:

1º - Dificuldade de uma das partes de falar na hora certa:

O conselho oferecido na hora certa é agradável como maçãs de ouro numa bandeja de prata”. Provérbios 25:11

 

2º - Dificuldade ouvir

 Para quem se dispõe a ouvir, a crítica construtiva é como brinco de ouro ou joia de ouro puro”.  Provérbios 25:12

 

Pr Chico Malaquias conta que houve um dia em que em uma de suas palestras, um senhor, já de idade, pediu a palavra para perguntar ao pastor diante da plateia, qual a razão de que nos dias de intimidade do casal, a sua esposa colocava o dedo no seu ouvido, sendo que ele não gostava.

Obviamente ela ficou indignada com a situação.

 

2º - Incompatibilidades – Diferenças

 

Outro grande problema no casamento são as diferenças, as pessoas são distintas em criação, em hábitos, alguns dão mais importância a determinados assuntos do que outros.

Conheci um casal que levava muito em consideração coisas bem distintas:
O rapaz nunca teve muitas regalias na alimentação, a moça se alimentava muito bem.

O rapaz sempre se vestiu bem em detrimento de ter bons pratos na mesa e presou sempre pela limpeza, para ela ter o que comer ela bem mais importante, foram inúmeros os conflitos por conta disso.

 

 

 

Hernandes Dias Lopes diz que o casamento é como uma MALA:

Uma mala velha, pesada e sem alça

“O casamento é como uma mala velha, pesada e sem alça. A figura parece estranha e negativa, mas é sugestiva. Quando nos casamos, levamos para casa uma mala com nosso enxoval. Nesse enxoval, levamos não apenas vestes e roupa de cama, mesa e banho, mas também nossos hábitos, manias, cultura, idiossincrasias, vícios e deformidades. Quando desfazemos essas malas e ajuntamos nossas tralhas, algumas coisas sobram, e essas coisas incomodam, e muito.

Quando abrimos essa mala velha, pesada e sem alça, percebemos que muitas dessas relíquias incomodarão profundamente nosso cônjuge. Nosso vocabulário, nosso tom de voz, nossas manias, nossos hábitos, nossos costumes, nossos gostos, nossa preferência podem ser um grande incômodo para quem convive conosco debaixo do mesmo teto. Há coisas pequenas que podem irritar um ao outro, como o jeito de mastigar ou de apertar o tubo de creme dental. Deveriamos ser mais sensíveis ao nosso cônjuge e menos apegados a essas relíquias e antiguidades que transportamos nessa mala velha e sem alça”.

 

Todos nós entramos no casamento com bagagens e precisamos ser compreensivos para tirar algumas coisas da nossa mala, também devemos ser compreensivos com as coisas que nosso companheiro (a) quiser manter.

 

 

 

 

 

 

 

 

3º - Expectativa elevada

Temos a tendência de ao procurar alguém para casar, buscar alguém que seja como nós, ou que seja perfeitamente compatível com nossas ideias.

O problema é que essa pessoa perfeita não existe e se existe, ela tende a deixar de ser perfeita.

Ao elevar demais as expectativas há uma grande tendência de frustração. Todos nos casamos achando que conhecemos nosso cônjuge, mas a realidade é bem mais dura do que imaginamos.

A “pessoa certa” como costumamos dizer, não existe. Se você por sorte encontrou essa pessoa a princípio, é bem possível que com o passar dos anos ela se torne outra pessoa, pois, estamos em movimento.

Nenhum de nós é mais a mesma pessoa de 10 anos atrás, nenhum de nós é a mesma pessoa que quando nos casamos.

Eu me casei com 5 mulheres, todas elas eram a minha esposa.

Devemos ter cuidado para não elevar demais nossa expectativa a cerca do cônjuge, pois, de certa forma, nós mesmos não somos a pessoa que ele (a) conheceu.

Isso acontece fisicamente, emocionalmente, financeiramente.
Neste sentido é necessário renúncia da própria expectativa, a chave do casamento não é “subir” a barra, mas renunciar por amor ao outro. Doar, mais do que cobrar.

 

Figura da conta bancária:

“O casamento pode ser comparado a uma conta bancária: precisamos depositar mais do que sacamos. Se tentarmos tirar da nossa conta mais do que depositamos, iremos à falência, perderemos o crédito, e nosso nome irá para o rol dos devedores. Assim também é o casamento: precisamos investir mais do que cobramos; elogiar mais do que criticamos; amar mais do que exigimos ser amado”.


Nós devemos ter cuidado para que não tornemos a relação conjugal numa constante contabilização, isso deve ser mais involuntário, uma doação mútua.

 

Se não houver perdão, ainda que continuem debaixo do mesmo teto as almas se divorciam.Sem perdão dorme-se namesma cama mas não se tem uma cama comum para as mesmasalmas descansarem, para dormirem juntas no repouso psicológico,espiritual e moral da oração. Sem perdão não há unidade quesobreviva numa relação familiar.

Caio Fábio-Perdão: A encarnação da graça

 

 

4º - Dificuldades de viver uma vida compartilhada

Há muitos casais zelando demais por sua individualidade, de modo que tem contas separadas, hábitos a parte, privacidade demasiada, senhas, vidas a parte.

Se a vida que escolhemos foi uma vida a dois, há necessidade de que vivam em união.

 

Há pelo menos 4 benefícios de viver a dois:


“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.

Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante.

Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará?

E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.

Eclesiastes 4:9-12”

 

·      O casamento é melhor do que a vida solitária – Ec 4.9

·      Se conquista mais a dois - Ec 4.9

·      Os dois são fortalecidos - Ec 4.10

·      Os dois são aquecidos – Ec. 4.11

·      Os dois são mais fortes – Ec. 4.12

 

5º - Interferência familiar

Devemos cuidar para fortalecer o conceito de que o casamento é apenas entre 2. Família daí em diante são apenas os dois.

Devemos respeito a família do cônjuge, mas não é razoável as interferências e comparações que acontecem em muitos casamentos.

Há mães e pais que sempre mantém uma porta aberta para o caso dos filhos terem problemas nos casamentos, de modo que a qualquer dificuldade vão para a casa dos seus pais onde tem um “colo” mesmo estando errados.

 

6º - Infidelidade conjugal

O coração do homem é enganoso – Jeremias 17.9

Fundamentar a vida a dois apenas no sentimento é um engodo, pois, somos totalmente propícios a ter os sentimentos voláteis, amamos hoje e aborrecemos amanhã, gostamos hoje e amanhã não gostamos tanto assim.

Devemos cuidar para que este turbilhão de emoções não nos faça ser iludidos em achar que a saída é encontrar algo fora do casamento.

O casamento denota “deveres”, de manter-se fiel, de ter apenas uma pessoa, de ter uma vida íntima apenas com o cônjuge. Quando associamos tudo isso a um condicionante que é a paixão, temos a tendência de não manter-se “apaixonados intensamente” o tempo todo, abrindo precedentes para outras relações.

Em uma de suas defesas Jó declarou “Fiz uma aliança com meus olhos”.

Assim devemos fazer também.

·      A curiosidade não nos favorece.

·      A amizade deve ser muito mais intensa entre o cônjuge do que qualquer outra pessoa.

 

6º - Problemas de intimidade

No nosso ambiente cristão, temos muita dificuldade de lidar com a questão do sexo.

Somos apresentados a pelo menos 3 noções a respeito dele:

1º - Sexo é apenas um apetite

2º - Sexo é algo de natureza inferior no ser humano (Algo sujo)

3º - Satisfação pessoal (busca de identidade)

 

Tendo isso em mente naturalmente há um tabu na mente de muitas pessoas a respeito da própria sexualidade, em que pensam ser o sexo algo criado por satanás, ou uma criação humana.

Sob essa perspectiva, o sexo seria algo que Deus veria de forma negativa, ou algo que ele apenas tolera.

 

Porém Deus é quem criou homem e mulher com genitália, desejos e zonas erógenas, ele não o faria para que não fossem usados.

·      A bíblia ordena a prática do sexo – 1º Coríntios 7.3-5

·      A bíblia ainda ordena que o marido usufrua dos seios da sua esposa – Pv.5.19

·      Todo o livro de Cantares trata da questão abertamente (Exploraremos adiante).

 

 

 

 

 

 

 

O sexo é um meio de renovar a aliança que mencionamos antes:

“Quando você se casa, faz uma aliança solene com seu cônjuge. É um grande dia e seu coração se enche de satisfação. Com o passar do tempo, contudo, é necessário reavivar a chama dentro do coração e renovar o compromisso. É preciso haver oportunidade de relembrar tudo o que a outra pessoa significa para você e de se entregar novamente. O sexo entre marido e mulher é a forma singular de fazê-lo. Aliás, o sexo é, talvez, o meio mais poderoso que Deus criou para ajudar você a se entregar inteiramente a outro ser humano. É o modo designado por Deus para que duas pessoas digam uma à outra: “Pertenço completa, inteira e exclusivamente a você”.

Timothy Keller

 

Em poucas palavras tratemos da questão biblicamente:

 

O marido pague à mulher a devida benevolência (Dê prazer), e da mesma sorte a mulher ao marido.
A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher.
Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.

1 Coríntios 7:3-5

 

Elenco aqui algumas verdades deste texto:

1º - O conceito de sexo cristão exige que o casal proporcione prazer mutuamente

O homem sobe a ladeira em carro 2.0, a mulher sobe de bicicleta. Algumas na primeira pedalada veem a corrente soltar (quem lê entenda).

 

- A primazia do prazer é da mulher

Use de todos os meios possíveis.

 

- O sexo deve acontecer com frequência (privações apenas por consentimento mútuo

Judeus ortodoxos usam cobertas com um furo.

 

- Há barreiras que o sexo levante em torno do casamento

 

Neste sentido o sexo não deve ser procurado para que uma das partes sinta prazer, mas como um presente mútuo.

Ao pensar assim, muitos talvez diriam que a frequência que isso aconteceria com os homens no que diz respeito a procura seria muito maior, mas não é bem assim, há muitas mulheres hoje reclamando da falta de frequência dos homens.

“o maior prazer sexual deve ser o de ver seu cônjuge sentir prazer. Quando você atinge o ponto em que causar excitação no outro é o que mais excita você, está praticando esse princípio.” Tim Keller

 

·      Devemos nos preocupar menos com desempenho e mais com o envolvimento afetivo.

 

·      O sexo afeta diretamente três áreas – Psicológico, físico e espiritual

 

 

 

 

 

 

Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações.
1 Pedro 3:7

 

A ideia do texto é que o marido deve tomar posse do corpo de sua esposa com entendimento, prudência, carinho, porque do contrário, até suas orações são impedidas.

 

A bíblia fala abertamente sobre o relacionamento sexual.

CT. 1.2 – Beijos na boca

 

CT. 1.16 – Gentil e agradável, nosso leito é viçoso

Cap 4.5  - O pescoço, os seios, etc.

5.11 – A descrição da amada

7.7 – Carícias nos seios

 

Falta de vida devocional

9

A vida devocional é uma barreira natural contra o divórcio, nossa natureza caída está cada vez mais se afundando, a escritura é o único meio de nos segurar.

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