segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

O Rico e o Lázaro - Não despreze as oportunidades

 

Lucas 16:19-31 - O rico e o Lázaro - Não despreze as oportunidades

 

·      Nem sempre as epígrafes dos textos são a verdade do texto, as vezes elas erram, já a palavra não. (Parábola dos dez talentos, filho pródigo, etc).

·      O texto que lemos é chamado de “parábola do rico e o Lázaro”, porém trata-se de uma história real narrada por Jesus falando sobre a realidade do inferno.

·      Temos algumas razões para acreditar nisso:

1.    Os evangelistas não anunciam a história que se segue como parábola e eles faziam isso.

2.    As parábolas não usam artigos definidos e afirmações tão contundentes sobre a existência de pessoas, especialmente o nome.

3.    Jesus não havia chegado ao momento do ministério que “só lhes falava por parábolas”.

A história que lemos é real, trata-se de uma sequência de ensinamentos de Jesus sobre o modo de usar os recursos que recebemos. Essa sessão inicia-se em Lucas 15 ao falar de dois filhos, um que gasta dissolutamente o que tem, outro que vive de forma mesquinha com o que recebeu.

 

O público alvo – Os fariseus e Saduceus

Jesus tinha como alvo principal os saduceus, que eram um grupo religioso judeu que não cria que existia a ressurreição dos mortos, logo, tratar da realidade da eternidade mesmo após a morte do corpo era algo essencial para Jesus.

Eles eram extremamente ricos, de certa forma, segundo Keneth Bailey, Jesus queria confrontar diretamente o modo como viviam.

Como introdução a essa história Jesus fala uma parábola que se refere a um “mordomo infiel”.

Algumas afirmações finais, dão a entender alguns modos de lidar com o dinheiro:

 

·      O dinheiro é chamado de “riquezas injustas de Mamom”, se você não mantém sua fidelidade a Deus com o dinheiro, como Deus te confiará coisas maiores que o dinheiro? – V.11

·      O dinheiro e as riquezas são bens dados por Deus, logo são de Deus, então, devemos ser fiéis no administrar o que não é nosso, para receber o que é nosso – V.12

·      O dinheiro não é neutro, ele tem poder de tornar-se um Deus! – V.13

 

Os Fariseus zombavam de Jesus ao dizer isso, pois, eram ricos:

“E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam dele.
Lucas 16:14

 

Pensando nisso, Jesus introduz essa história.

Ele deseja confrontar o modo avarento dos fariseus e a inconsequência dos saduceus.

 

O homem Rico

 

O texto apresenta algumas verdades a respeito do rico:

1º - O homem rico se vestia com púrpura – V.19a

O tempo verbal indica que ele usava esse tipo de roupa todos os dias, segundo Keneth Bailey, a púrpura era o material mais nobre para uso de roupas naqueles dias.

“Ele tinha outras roupas, mas a púrpura era caríssima, e só os verdadeiramente ricos podiam tê-la. Esse homem queria garantir que todos soubesse que ele tinha dinheiro”.

Ele era uma espécie de varal de roupas com a necessidade interior de lembrar a todos que ele era rico.

A púrpura era uma espécie de roupa real.

 

2º - Ele usava linho finíssimo – V.19b

 

“Um manto de linho finíssimo às vezes valia mais do que seu próprio peso em ouro” O.S. Boyer

Keneth Bailey acredita que há aqui um toque de humor, visto que ele não usava apenas púrpura para que vissem, mas se alguém quisesse saber, ele usava roupas íntimas de qualidade.

 

3º - Ele vivia de forma regalada e esplendidamente, outras versões usam o termo “vivia no luxo” todos os dias – V.19c

Este rico violava o sábado, pois, se seus banquetes se davam todos os dias, ele colocava seus funcionários para trabalhar no sábado. Ele desprezava abertamente a lei de Deus e fazia seus servos desprezarem também.

 

O Rico não tem seu nome mencionado, já o pobre sim.

 

Agostinho disse: “Não parece que Cristo estava lendo aquele livro onde se encontra o nome desse pobre, mas não do rico?”

 

Quem era Lázaro?

 

O nome Lázaro significa “aquele que Deus ajuda”.

O impacto dessa história foi tão forte, que a partir daí veio termo “Lazarento” que é alguém miserável, pobre, leproso.

 

1º - Lázaro era um mendigo – Ele era levado por amigos ou familiares para a porta da casa do rico, na esperança de que se compadecessem dele, lhe dessem alguma esmola e ele pudesse sobreviver.  Ele era colocado à porta do rico para receber algumas migalhas que lhe lançavam, mas sempre estava faminto, ele desejava ser alimentado.

2º - Ele sequer conseguia ficar em pé – Keneth Bailey diz que ele estava doente demais para andar, os membros da comunidade então o levavam para a porta do rico todos os dias e voltavam para buscá-lo a noite.

 

3º - Ele desejava comer o que caia da mesa dos ricos

Coberto de chagas, sem poder andar, sem poder trabalhar, sua única esperança é que o rico e seus irmãos sentissem compaixão por ele. Ele desejava comer o que caia da mesa dos ricos.

Há uma forte alusão ao desejo da Cananéia que como os cachorrinhos desejava comer o que caia da mesa, ele desejava comer e não conseguia.

Na história, o rico jogava comida fora, mas não se dava nada ao pobre. No oriente, os restos de comida sempre são dados aos cachorros da casa. Lázaro de certa forma valia menos do que eles.

 

 

“Lázaro estava doente, faminto, coberto de feridas, mas seu sofrimento mais profundo era psicológico, os vilarejos tradicionais do oriente médio são compactos, de onde Lázaro estava, ele ouvia os convidados do rico, sentia o cheiro da comida, eles não precisavam de alimento, Lázaro sim, a ajuda estava sempre perto dele, mas era sonegada.

 

4º - O único consolo na vida de Lázaro era ter suas feridas lambidas pelos cães do rico –

Os cães lambem suas feridas, eles também lambem pessoas como prova de carinho, mas além disso, há pesquisas que demonstram que a lambida do cachorro tem certas propriedades curadoras, segundo Bailey, elas contém alguns antibióticos que facilitam a cicatrização.

 

Lázaro todos os dias ficava exposto as moscas, as humilhações, dependia de todos, não recebia nada, os cães ao menos se uniam para ajudá-lo.

 

O rico se vestia de púrpura x Lázaro aqui estava seminu

O rico fazia banquetes todo dia x Lázaro passava fome todo dia

O Rico tinha afago de convidados x Lázaro só tinha afago dos cachorros

O rico gozava de Saúde x O Lázaro sofria miseravelmente

 

Os contrastes desse lado da existência eram individuais, o rico era culpado pelo que fez, mas principalmente pelo que ele não fez.

 

Os contrastes continuam, mas agora a favor do Lázaro e numa perspectiva muito melhor.

·      Lázaro morreu e não tinha certamente recursos para ser sepultado, logo, os anjos o levaram ao seio de Abraão onde esteve em paz -   V.22

·      Quando o rico morre ele tem um funeral, ainda que o texto oculte, considerando seu modo de viver, até na morte ele teve extravagâncias, muita gente, muitas palavras.

 

Os contrastes daí em diante se seguem mais intensamente:

 

1 - Lázaro estava descansando no seio de Abraão x O rico estava no Hades

 

2 Lázaro estava sendo consolado x o Rico Estava sendo atormentado

 

3 – Lázaro foi saciado com a riqueza do lugar onde estava x O rico estava assolado pela sede

 

4 – O rico viveu coisas boas aqui x Lázaro viveu coisas boas lá.

 

5 – Lázaro estava eternamente garantido x O Rico estava eternamente perdido

 

 

A doutrina do inferno

 

Tem sido extremamente negligenciado em nossos dias a realidade da eternidade, infelizmente nós estamos ensinando as pessoas a buscar viver como o rico.

A religião cristã tornou-se um meio de nos ensinar a viver aqui, estamos criando raízes aqui e no fundo no fundo estamos perdendo totalmente a noção de eternidade.

O nosso modo de lidar com céu e inferno tem constituído um ateísmo prático, em que confessamos Jesus, cantamos sobre Jesus, mas negamos quem ele é para nós com nossas práticas.

 

·      A entrada no reino dos céus não é determinada pelo que eu tenho, é determinada pelo que eu sou.

(Com dinheiro posso ir a locais exclusivos, a passeios a restaurantes, mas no céu o dinheiro não conta).

 

 

O destino do rico foi o “inferno”.

 

Jesus fez uso de três palavras para falar sobre o inferno:

 

1º - Hades – “Sepultura” – Morada dos mortos

2º - Apollumi – “lugar de destruição” –  É um conceito da mitologia grega que fala sobre o lugar para onde vai o infiel. O Inferno neste sentido é um lugar de densas trevas, mas não só isso, é um lugar com gritos horripilantes, você sente o cheiro da carne queimar o lugar de fogo e enxofre danifica todo o sistema respiratório mas você não enxerga nada.

 

3º - Geena – Vale do tormento, a palavra Geena tem um equivalente no hebraico a “Gê Bem Hinon”  que é traduzido por vale dos filhos de Hinon que ficava na extremidade sul de Jerusalém, onde ficava o lixão da cidade.

Lá havia uma fornalha que funcionava ininterruptamente para diminuir a quantidade de lixo na cidade. Era possível encontrar restos de cadáveres de pessoas amaldiçoadas que não eram sepultadas do modo usual, estavam em estado avançado de decomposição. Era comumente chamado de vale dos amaldiçoados; Jesus se referiu a este lugar como “Onde o fogo não se apaga e o bicho nunca morre”.

 

Jonatas Edwards fez o famoso sermão “pecadores na mão de um Deus irado”, uma das citações mais impressionantes é essa:

 

“Oh! pecador, pense no perigo terrível em que se encontra! sobre uma grande fornalha de furor, sobre um abismo imenso e sem fim, cheio do fogo da ira, que você está pendurado, seguro pela mão de Deus, cujo furor acha-se tão inflamado contra você, como contra muitas pessoas já condenadas no inferno. Você está suspenso pôr uma linha tênue, com as chamas da cólera divina lampejando à tua volta, prontas para atearem fogo e queimar-te pôr inteiro. E você continua sem interesse no Mediador, sem nada onde se agarrar para poder se salvar, nada que possa afastar as chamas da cólera divina, nada de teu próprio intelecto, nada que tenha feito ou possa vir a fazer, para persuadir o Senhor a poupar tua vida pôr um minuto sequer.”

 

 

No meio desse cenário aterrador, O Rico faz uma oração.

 

 

A oração dos perdidos

 

A oração dos perdidos contém três verdades principais ditas pelo Rico:

 

1º - Quem está lá desejava estar aqui:

 

E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.

Lucas 16:24

 

 

O que para nós é algo extremamente banalizado, para quem está no inferno é essencial.

 

Nós reclamamos dos privilégios que temos, porque o privilégio concedido pode ser não valorizado frequentemente.

 

Nós reclamamos de duas horas de culto, eles queriam ao menos uma hora para se arrepender.

 

O maior desejo de quem está lá é estar no nosso lugar.

 

2º - Quem está no inferno se preocupa com quem está aqui

 

E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai,
Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.
Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.

Lucas 16:27-29

 

A maior preocupação de quem está lá, é avisar os seus para que não tomem o mesmo caminho, o rico tinha 5 irmãos, ele não queria que eles fossem para lá.

Então ele pede que Abraão mande alguém, peça para alguém anunciar.

 

Nós não podemos nos conformar em perder os nossos de forma tão indiferente.

 

 

3º - Quem está lá, espera que anunciemos:

 

E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam.
Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.

Lucas 16:30,31

 

 

Eles querem muito que alguém vá, mas não podem.

A nós foi dado a lei e os profetas, cabe a nós ir.

 

 

4º - Quem não ouve Moisés e os profetas ouvirá quem?

 

A palavra deve ser um instrumento para conversão, nós temos a lei e os profetas, temos a mensagem do evangelho, vamos levar a mensagem.

 

 

5º - Cuidado com a fadiga da compaixão

 

 

6º - O único tempo oportuno para o arrependimento é hoje!

 

Em vida, O rico recusou-se a ser o Lázaro ( o que Deus ajuda), mas morto queria ser ajudado por Deus sem poder.

 

Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados,
mas tão-somente uma terrível expectativa de juízo e de fogo intenso que consumirá os inimigos de Deus.
Quem rejeitava a lei de Moisés morria sem misericórdia pelo depoimento de duas ou três testemunhas.
Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, que profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça?
Pois conhecemos aquele que disse: "A mim pertence a vingança; eu retribuirei"; e outra vez: "O Senhor julgará o seu povo".
Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo!

Hebreus 10:26-31

 

 

Alguns versículos sobre o inferno:

 

O inferno é o lugar do diabo e seus anjos:

"Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: 'Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos.
Mateus 25:41

 

Jesus é o agente do Juízo de Deus também:

Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno.
Mateus 10:28

 

É necessário abrir mão de coisas aqui:

 

Se a sua mão o fizer tropeçar, corte-a. É melhor entrar na vida mutilado do que, tendo as duas mãos, ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. E, se o seu pé o fizer tropeçar, corte-o. É melhor entrar na vida aleijado do que, tendo os dois pés, ser lançado no inferno, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. E, se o seu olho o fizer tropeçar, arranque-o. É melhor entrar no Reino de Deus com um só olho do que, tendo os dois olhos, ser lançado no inferno, onde
" 'o seu verme não morre,
e o fogo não se apaga'.
Marcos 9:43-48

 

 

O inferno é lugar de choro e ranger de dentes:

 

O Filho do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do seu Reino tudo o que faz cair no pecado e todos os que praticam o mal. Eles os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes.
Mateus 13:41-42

 

RM 2.9 tribulação e angústia,MT 22.13pranto e ranger de dentes, 2TS 1.9 eterna perdição, Mt 13.42cadeias da escuridão,2 Pe 2.4 Eterna perdição, Mt25.46 fogo que não se apaga, Mc 9.43 ardente lago de fogo.

 

 

7º - Vale a pena ser fiel