quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Samuel - Vivendo com graça ao lado dos filhos de Eli - Sermão entregue nos cultos de ensino - Ad Brás Santo Eduardo

Sermão entregue a AD Brás Santo Eduardo - Série pregada nos cultos de ensino.


 

Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial; não conheciam ao Senhor.
Porquanto o costume daqueles sacerdotes com o povo era que, oferecendo alguém algum sacrifício, estando-se cozendo a carne, vinha o moço do sacerdote, com um garfo de três dentes em sua mão;
E enfiava-o na caldeira, ou na panela, ou no caldeirão, ou na marmita; e tudo quanto o garfo tirava, o sacerdote tomava para si; assim faziam a todo o Israel que ia ali a Siló.
Também antes de queimarem a gordura vinha o moço do sacerdote, e dizia ao homem que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote; porque não receberá de ti carne cozida, mas crua.
E, dizendo-lhe o homem: Queime-se primeiro a gordura de hoje, e depois toma para ti quanto desejar a tua alma, então ele lhe dizia: Não, agora a hás de dar, e, se não, por força a tomarei.
Era, pois, muito grande o pecado destes moços perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor.
Porém Samuel ministrava perante o Senhor, sendo ainda jovem, vestido com um éfode de linho -
1º Samuel 2:12-18

 

A história bíblica é um arquétipo das histórias de todos nós até os dias de hoje, de modo que independente dos tempos, cada um dos relatos se torna não normativos, mas sobretudo exemplos e alertas para todas as eras.

A história de Eli e seus filhos é um retrato do que se vê de tempos em tempos entre o povo de Deus, partindo deste princípio há pelo menos duas implicações:

 

1º - Não creio que o tempo torne as coisas piores do que são em outras eras, desde o passado o mal e o bem existem.

2º - Tendo isto em mente não devemos olhar a história com muita distância dos nossos dias, uma vez que somos propensos a ter os mesmos erros de outros tempos.

 

Tratar de assuntos tão delicados como este, não deveriam de modo nenhum ser um instrumento de correção posterior, mas de prevenção para que não nos tornemos tal qual os maus exemplos que citamos, estas histórias se constituem nos termos bíblicos como provérbios. Na prática, devemos olhar para elas não com o sentimento de distância como quem pensa “isto nunca aconteceria comigo”, nem mesmo com o sentimento de superioridade “eu não faria isto”, mas sobretudo como alertas, a sabedoria constitui no olhar para os erros de outros e não realizar, não é necessário experimentar para atestar que se está com problemas.

 

Tempos sombrios – Bombas de fedor

Emílio Garófalo - Merih Roth, a ciência da guerra.

Durante a segunda guerra mundial, as forças americanas buscaram meios de desenvolver o que chamariam de “bombas de fedor”. A ideia era produzir algo ultrajante, humilhante, repulsivo, com cheiros que seriam universalmente desprezados.

Desta forma isolariam as pessoas em reuniões, uniões para guerra.

A fórmula era composta por um líquido “S”: Escatóli, chulé, enxofre, entre outros.

Toda pessoa atingida ficaria em completo isolamento por pelo menos duas horas, dispersando pessoas, dispersando aglomerações, seria uma grande arma anti-manifestação.

A descrição da escritora é de que o cheiro era como ver “satanás sentado em um trono de cebolas podres”.

A conclusão dos pesquisadores, é que o melhor modo de tornar esta bomba completamente repulsiva, era adicionar tons de “limpeza floral”, pois, desta forma, o primeiro cheiro seria agradável, o cérebro seria programado para sentir algo agradável, mas logo após, o cheiro seria terrível. Esta era a fórmula perfeita.

 

Infelizmente, a bomba de fedor já havia sido feita nos dias de Eli, talvez de modo nenhum, esta história seria tão ruim se fosse entre descrentes, entre pessoas ímpias, o que torna essa história repulsiva é que todos os atos que Eli e seus filhos fazem, são feitos dentro do templo do Senhor.

Isso torna, a bomba com notas “florais”, somos programados a pensar no templo como um lugar de santidade, de separação, mas infelizmente, alguns tornam este lugar terrível.

Ed René diz que muitas vezes a igreja poderia ser considerada em alguns lugares como uma grande arca de Noé,

“se não fosse a tempestade e morte do lado de fora, ninguém aguentaria o cheiro do lado de dentro”.

 

 

 

 

 

Considerações sobre Eli e seus filhos:

- Infelizmente é plenamente possível que pessoas se tornem membros da igreja, exerçam coisas, mas “não conheçam ao Senhor”.

 

Ao considerar isso, devemos levar em conta que não são títulos sinônimos de santidade, moralidade ou coisas assim, antes, há pessoas que não fazem jus a vocação para o qual foram chamados, tornando-se assim uma negação prática e uma contradição ambulante.

O exercer coisas em nome de Deus, sem com ele se relacionar é um risco considerável e que todos nós temos a possibilidade de cometer, mas o primeiro a proceder deste modo foi o diabo representado na serpente:

“Foi isso que Deus disse?” Gênesis 3.1

Não é de forma alguma o ideal que se fale de Deus, ou de suas obras, sem com ele exercer relacionamento.

Este era o problema dos filhos de Eli.

O escritor de propósito faz uso do termo “Filhos de Belial” V.1

Este termo foi aplicado outras vezes na escritura, essa era uma expressão usada com certa frequência para se referir a pessoas que praticam o mal sem restrições. (DT 13.13, JZ 19.22)

 

 

Eles não tinham conhecimento sobre Deus, nem mesmo haviam tido qualquer experiência com ele, de forma que os anos foram passando e tornando banal toda e qualquer atividade sacerdotal. Eles não honraram o fato de que Deus considerava o processo de escolha dos sacerdotes com muito carinho:

·         Dentre todas as nações Deus escolheu Israel

·         Das doze tribos escolheu os levitas

·         Dos levitas tomou os descendentes de Arão e somente estes tornaram-se os sacerdotes.

 

Ofni e Finéias não tinham a consciência de que haviam sido dados em lugar dos primogênitos, de que não possuiriam herdades, não seriam como as demais nações, mas seriam ofertas vivas a Deus e exemplo as demais tribos, ainda mais considerando o fato de serem os que mais se aproximavam das coisas divinas depois de seu pai e seriam eles quem o sucederiam no sumo sacerdócio de seus dias.

Devemos cuidar com o fato de que não devemos passar anos e anos na igreja sem conhecer a Deus, ou do contrário será praticado entre nós atos semelhantes a este.

Conhecer a Deus é algo valorizado na história da igreja  OS. 4.6, Orações de Paulo aos Efésios e Colossenses.

Como disse no começo, há entre nós um sentimento de repulsa por pensar nas coisas que se fez neste contexto, mas ainda hoje há uma constante dessacralização, atos e ritos que considerávamos extremamente importantes vem sendo desprezados e há um sentimento de falta de temor. Ao falar disso não almejamos ser saudosistas, mas considero que este esvaziamento do sagrado nos atingiu em cheio.

Entre nós não causa impacto mais o “Deus está aqui”, afinal acostumamo-nos em lidar com o sagrado sem temores, sem receios, o que tornou o ambiente “igrejeiro” repleto de escândalos das mais diversas naturezas. Entre nós não há o temor de EC. 5.2 ou Ex 3.

Não se guarda o pé ao entrar, não se exige retirada de sandálias diante da presença, a presença que torna os lugares santos é desprezada abertamente pelos filhos de Eli. Além do mais não bastasse o desprezo, há uma atitude profundamente oposta, há uma profanação.

Os filhos de Eli no ambiente considerado sagrado profanavam as ofertas ao Senhor.

Levítico 7.28-36 determina que nos sacrifícios de animais, haveria algumas regras:

1.    A oferta deveria ser queimada no altar, até que a gordura se esvaísse, pois, esta era de Deus.

2.    O peito (sem a gordura) seria dado a família de Arão, no caso os sacerdotes.

3.    Também o ombro direito do animal seria dado ao sacerdote responsável pela queima daquele sacrifício.

O texto conforme lemos, relata que as ofertas eram postas no altar, o servo do sacerdote vinha com um garfo de três pontas e tomava a oferta ainda crua, levando-lhe aos sacerdotes e por conivência a Eli.

 

 

 

 

 

Ainda que houvesse alertas, eles eram por extremo obstinados em ir adiante com seus pecados, assim a bíblia descreve a visão de Deus a cerca destas coisas:

Era, pois, muito grande o pecado destes moços perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor. 1 Samuel 2:17”.

 

Devemos cuidar para não confundir proximidade com intimidade, eles estavam próximos, mas seus corações consideravelmente distantes de Deus.

 

 

2º - O problema da omissão.

Tendo tentado uma repreensão pessoal, pessoas idôneas foram diante de Eli para alertá-lo sobre seus filhos.

Eli não era um sacerdote totalmente ruim, em outros tempos ele declarou palavras positivas:

1º Sm 1.17, 2.20-21

Deus cumpriu as palavras ditas por Eli, de modo que em algumas ocasiões, este exercia certo poder espiritual, inclusive no que diz respeito a discernir após a vocação de Samuel que se tratava da voz do Senhor, além do mais ele não teve ciúmes ou destratou Samuel ao saber o veredito que viria.

Eli, porém, pecou consideravelmente por se omitir com seus filhos, visto que não bastava neste caso um diálogo, este seria um caso de imediata disciplina e afastamento das funções.

 

O mal do pecado é que ele nunca fica no mesmo lugar que o guardamos, nunca fica de todo armazenado, mas se espalha, suas consequências são sempre incontroláveis.

·         Eli tentou administrar a situação colocando o coração nos infratores, desta forma honrou mais aos seus filhos do que a sua vocação e sobretudo ao Deus da vocação – 3.29

·         A consequência disso foi uma duríssima profecia dada por um homem de Deus anônimo – 2.27-36

 

 

 

 

Eli tem três características fundamentais que devemos nos guardar delas:


1º - Velho (Acomodado)

2º - Engordava (usufruía das gorduras roubadas)

3º - Cego (não conseguia ver o que estava diante de si)

 

3º - A falta de temor no que diz respeito as coisas sagradas

Era, porém, Eli já muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel, e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação. 1 Samuel 2:22

 

Os filhos de Eli, não obstante desprezarem as ofertas e o seu ofício, atraiam as mulheres para junto da tenda da congregação, inicialmente estas iam talvez para cuidar das crianças, ou mesmo para estarem mais próximas da arca da presença de Deus, porém estas, eram frequentemente atraídas pelos filhos de Eli.

Tenho a impressão de que todo “sacerdote” quando atrai para si uma mulher que não é a dele comete abuso de autoridade, isso considerando a sua posição, o imaginário dos que se aproximam deles, quando estes que são figuras públicas caem nesta área, geram escândalo sobre escândalo.

Infelizmente não é raro ver pessoas que seriam de Deus cometendo tais atos, o tempo recente mostrou muitos deles. São adúlteros, lascivos, pessoas alheias a tudo que diz respeito a Deus.

 

 

 

 

 

4º As vezes Deus deixa as coisas como está e isso nos inquieta

 

Pensando em todos estes escândalos, a pergunta que fazemos é, onde está Deus nisso tudo?  Acaso ele mudou? Ele deixa tudo isso impune?

Há duas respostas nessa história, a primeira é que quando Deus entrega alguém aos seus desejos, isso não é omissão, mas juízo.

1º SM 2.25 – Não deram ouvidos a voz de seu pai, porque Deus os queria matar.

É digno de nota que o “cair” dos homens nem sempre é um cair da graça, mas é um cair na graça, quando Deus permite que algo seja descoberto, que alguém finalmente seja desvendado, é uma demonstração de misericórdia, de graça, é uma segunda chance de Deus.

·         Do contrário, Deus entrega o homem a sua própria paixão e este vive um sentimento perverso Rm 1. Quando Deus deixa de castigar, a primeira razão é que ele já entregou este alguém ao seu próprio desejo, o que é o mais terrível julgamento de Deus.

·         A segunda razão é que há um tempo certo para este julgamento, Deus alertou a família por meio do povo, do profeta anônimo e por meio de Samuel, mas não ouviram de forma alguma. Neste meio tempo frequentemente a bíblia diz que Samuel crescia. O que pensamos ser um descuido de Deus, na verdade é uma preparação para as mudanças que virão, as vezes Deus permite que coisas aconteçam por um tempo, para que neste interim outras pessoas se desenvolvam e cresçam na obra.

 

5º O contraste – Se há Ofni e Finéias, Deus continua deixando Samuel crescer.

 

Enquanto Deus pune os filhos de Eli os entregando as suas paixões, ele vai deixando Samuel crescer.

2.11, 2.18-19, 2.21, 2.26, 3.19-21.

 

Mesmo diante de um tabernáculo totalmente corrompido, sob as omissões de Eli, Samuel crescia, se desenvolvia, aprendia, ia se vestindo dos seus sonhos ministeriais ano após ano.

Samuel é um contraste por várias razões.

 

1º - Ele não era filho de sacerdote como os demais, mas tinha uma mãe que orava.

Ninguém se agarra a salvação na aba dos pais, pois, Deus não tem netos.

Samuel é fruto das orações de sua mãe (Samuel pedido a Deus).

(Nunca é pobre quem tem uma mãe que ora por ti).

 

2º - Os filhos de Eli desprezavam o sacerdórcio, Samuel sonhava com isso e até se vestia como um.

3º - Mesmo tendo no quarto ao lado homens impuros, Samuel crescia em graça cada vez mais – 2.26

 

6º - Deus suscita os seus antes que a “lâmpada se apague”
E estando também Samuel já deitado, antes que a lâmpada de Deus se apagasse no templo do Senhor, onde estava a arca de Deus, 1 Samuel 3:3

A lâmpada era uma referência ao candelabro, este nunca poderia se apagar, tratava-se de um estatuto perpétuo era uma representação da luz de Deus, da presença de Deus, do fogo.

Era necessário sempre o azeite “Puro” para alimentação das sete pontas do candelabro.

“Ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido, para o candeeiro, para fazer arder as lâmpadas continuamente. Na tenda da congregação, fora do véu que está diante do testemunho, Arão e seus filhos as porão em ordem, desde a tarde até a manhã, perante o Senhor; isto será um estatuto perpétuo para os filhos de Israel, pelas suas gerações.” Êxodo 27:20,21

 

O azeite é símbolo da presença do espírito santo, foi o que faltou as dez virgens.

Antes que as lâmpadas se apaguem, Deus suscitará um Samuel.

7º - Não devemos nos acostumar com a “raridade das palavras e visões de Deus”.

E o jovem Samuel servia ao SENHOR perante Eli; e a palavra do SENHOR era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta. 1 Samuel 3:1

8º - Sempre haverá um Samuel que ouvirá a voz de Deus.

9º - Não é cedo demais para se ter experiências com Deus.

Samuel tinha 12 anos.

 

Joás foi rei com 7 anos

Josias com 8

Samuel vocacionado com 12.

Não é cedo demais para se ter experiências com Deus.

 

10º Samuel vestiu-se de seu futuro, a questão do sonho ministerial.