quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Liderança cordial - Gideão e os Efraimitas

Liderança cordial - Gideão e os homens de Efraim.
Então os homens de Efraim lhe disseram: Que é isto que nos fizeste, que não nos chamaste, quando foste pelejar contra os midianitas? E contenderam com ele fortemente.
Porém ele lhes disse: Que mais fiz eu agora do que vós? Não são porventura os rabiscos de Efraim melhores do que a vindima de Abiezer?
Deus vos deu na vossa mão os príncipes dos midianitas, Orebe e Zeebe; que mais pude eu fazer do que vós? Então a sua ira se abrandou para com ele, quando falou esta palavra.
Juízes 8:1-3
Gideão acabara de voltar da batalha com os Midianitas, aparentemente o maior inimigo estava vencido, porém nas nossas batalhas os opositores internos são mais problemáticos do que os de fora. Os Efraiminitas aparecem após a guerra e questionam o fato de não terem sido convidados, isso após o término.
O que você responderia? Como reagiria diante de alguém que no momento oportuno não apareceu e agora deseja tirar satisfação por não ter participado, pessoas que não fazem e questionam o que os outros fizeram? Alguém reclamaria, falaria mal, diria que foram covardes, enfim...
Gideão apenas olhou para eles e se autodiminuiu a fim de valorizar o outro.
Gideão entendeu que vencer o povo Midianita de fato era uma virtude, mas que as lideranças foram derrotadas pelos homens de Efraim e isso também tem relevância, é essa capacidade de maximizar os pequenos atos do próximo, sem fazer questão de expor os seus, que torna essa passagem um grande exemplo para nós.
Precisamos de lideranças que se autodiminuam para valorizar o outro (a começar de mim), de pessoas que saibam reconhecer os pequenos atos dos que estão a sua volta, ainda que sejam pessoas difíceis. Precisamos entender sobretudo que eu posso vencer um grande exército com as estratégias que Deus me dá, mas há inimigos que são vencidos com métodos diferentes dos meus.
Há certo embate atualmente entre os “tradicionais” e os “pentecostais” no ambiente assembleiano, ambos se alfinetam entre si, porém precisamos olhar para Gideão e ver que de modos diferentes os dois são eficazes, o ensinador chega onde o avivalista não pode chegar e vice-versa. Não há uma única linguagem certa, um único método, uns vencem trezentos, outros vão pras cabeças, o importante mesmo é que venceremos.
Que reconheçamos os que batalham de modo diferente, sem criar embates, que os elogios sejam mais frequentes que as repreensões, que os inimigos sejam apenas de fora, não de dentro e assim teremos de fato uma liderança cordial.
No texto disseram: “Pelo Senhor e por Gideão”
Nós diremos “ Por Cristo e por sua glória”.
Amém

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

A graça preciosa

Essa graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus Cristo; é preciosa por custar a vida ao ser humano, e é graça, por assim, lhe dar a vida; é preciosa por condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador. Essa graça é sobretudo preciosa por ter sido preciosa para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho - "vocês foram comprados por preço" - e porque não poder ser barato para nós aquilo que custou caro para Deus.

Dietrich Bonhoeffer - O preço do discipulado

A graça preciosa

A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o ser humano sai e vende com alegria tudo quanto tem; a pérola preciosa, para cuja aquisição o comerciante se desfaz de todos os seus bens; o senhorio régio de Cristo, por amor do qual o ser humano arranca o olho que o faz tropeçar, o chamado de Jesus Cristo, pelo qual o discípulo larga as redes e o segue.
A graça preciosa é o evangelho que se deve procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater.

Dietrich Bonheffer - A graça preciosa

Graça barata

Graça barata significa justificação do pecado, e não do pecador. Como a graça faz tudo sozinha, tudo também pode permanecer como antes. "Afinal, a minha força nada faz." O mundo continua sendo mundo, e nós continuamos sendo pecadores "mesmo na vida mais piedosa".
Viva pois o crente como vive o mundo, coloque-se, em tudo, em pé de igualdade com o mundo, e não se atreva - sob pena de ser acusado de heresia entusiasta" - a ter, sob a graça, uma vida diferente da que tinha sob o pecado! Que se guarde de encolerizar-se contra a graça, de envergonhar essa graça grande e barata e de instituir um novo culto ao literalismo tentando ter uma vida de obediência de acordo com os mandamentos de Jesus Cristo!

Dietrich Bonhoeffer - O preço do discipulado

Graça barata

Graça barata significa a graça como doutrina, como princípio, como sistema; significa perdão dos pecados como verdade geral, significa o amor de Deus como conceito cristão de Deus.

Dietrich Bonhoeffer - O preço do discipulado

Graça barata

Graça barata é graça como refugo, perdão malbaratado, consolo malbaratado, sacramento malbaratado, é graça como inesgotável tesouro da igreja, distribuído diariamente com mãos levianas, sem pensar, sem limites; a graça sem preço, sem custo.

Dietrich Bonheffer - O preço do discipulado

Qual o destino ao seguir Jesus?

Aonde o chamado ao discipulado conduzirá as pessoas que lhe obedecem? Que decisões e separações acarretará esse chamado? Temos de levar essa pergunta àquele que é o único que a conhece a resposta. Somente Jesus Cristo, que nos ordena que o sigamos sabe aonde o caminho conduz. Nós, porém sabemos que esse caminho será, sem dúvida, caminho de misericórdia sem limites. O discipulado é alegria.

Dietrich Bonheffer - O preço do discipulado

Jesus exige e dá os meios para cumprir as exigências

Jesus nada nos exige sem nos dar forças para o realizar. O mandamento de Jesus jamais pretende destruir a vida, mas a conservar, fortalecer e curar.

Dietrich Bonheffer - O preço do discipulado


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

A depressão e os sentimentos

A primeira coisa que vai embora é a felicidade.
Não é possível ter prazer em nada. Isso é notoriamente o sintoma cardeal da depressão
severa.5 Mas logo outras emoções caem no esquecimento com a
felicidade: a tristeza como você a conhecia, a tristeza que parecia tê-lo conduzido
até esse ponto, o senso de humor, a crença no amor e na sua própria capacidade
de amar. Sua mente é sugada a tal ponto que você parece um total imbecil, até
para si próprio. Se seu cabelo sempre foi ralo, parece mais ralo ainda; se você tem
uma pele ruim, ela fica pior. Você cheira a azedo até para si mesmo. Você perde a
capacidade de confiar nas pessoas, de ser tocado, de sofrer. Posteriormente,
ausenta-se de si.

Andrew Solomon - O Demônio do meio dia

A depressão é morte e vida

O nascimento e a morte que constituem a depressão ocorrem simultaneamente.
Há pouco tempo, voltei a um bosque em que brincara quando criança e vi
um carvalho, enobrecido por cem anos, em cuja sombra eu costumava brincar
com meu irmão. Em vinte anos, uma enorme trepadeira grudara-se a essa árvore
sólida e quase a sufocara. Era difícil dizer onde a árvore terminava e a trepadeira
começava. Esta enrolara-se tão completamente em torno da estrutura dos galhos
da árvore que suas folhas pareciam à distância ser as da árvore. Só bem de perto
podia-se ver como haviam sobrado poucos ramos vivos e quão poucos gravetos
desesperados brotavam do carvalho, espetando-se como uma fileira de polegares
do tronco maciço, suas folhas continuando o processo de fotossíntese ao modo
ignorante da biologia mecânica.
Tendo acabado de sair de uma depressão severa, na qual eu dificilmente
acolhia os problemas de outras pessoas, me senti cúmplice daquela árvore. Minha
depressão havia tomado conta de mim como aquela trepadeira dominara o
carvalho. Ela me sugou, uma coisa que se embrulhara à minha volta, feia e mais
viva do que eu. Com vida própria, pouco a pouco asfixiara toda a minha vida. No
pior estágio de uma depressão severa, eu tinha estados de espírito que não reconhecia
como meus; pertenciam à depressão, tão certamente quanto as folhas
naqueles altos ramos da árvore pertenciam à trepadeira. Quando tentei pensar
claramente sobre isso, senti que minha mente estava emparedada, não podia se
expandir em nenhuma direção. Eu sabia que o sol estava nascendo e se pondo,
mas pouco de sua luz chegava a mim. Sentia-me afundando sob algo mais forte
do que eu. Primeiro, não conseguia usar os tornozelos, depois não conseguia controlar
os joelhos e em seguida minha cintura começou a se vergar sob o peso do
esforço, e então os ombros se viraram para dentro. No final, eu estava comprimido
e fetal, esvaziado por essa coisa que me esmagava sem me abraçar. Suas gavinhas
ameaçavam pulverizar minha cabeça, minha coragem e meu estômago,
quebrar-me os ossos e ressecar meu corpo. Ela continuava a se empanturrar de
mim quando já parecia não ter sobrado nada para alimentá-la.
Eu não era suficientemente forte para parar de respirar. Sabia que jamais poderia
matar essa trepadeira da depressão. Assim, tudo que eu queria era que ela
me deixasse morrer. Mas ela se apoderara de minha energia. Eu precisaria me
matar, ela não me mataria. Se meu tronco estava apodrecendo, essa coisa que se
alimentava dele estava agora forte demais para deixá-lo cair. Ela se tornara um
apoio alternativo para o que destruíra. No canto mais apertado da cama, rachado
e atormentado por essa coisa que ninguém parecia ver, eu rezava para um Deus
no qual nunca acreditara inteiramente e pedia libertação. Teria ficado feliz com
uma morte dolorosa, embora estivesse letárgico demais até para conceber o suicídio.
Cada segundo de vida me feria. Porque essa coisa drenara tudo que fluía de
mim, eu não podia sequer chorar. Até a minha boca estava ressecada. Eu pensava
que, quando nos sentimos muito mal, as lágrimas jorrassem, mas a pior dor possível
é a dor árida da violação total que chega depois de todas as lágrimas já terem
se exaurido. A dor que veda cada espaço através do qual você antes entrava em
contato com o mundo, ou o mundo com você. Essa é a presença da depressão
severa.

Andrew Solomon - O demônio do meio dia

Precisamos olhar para as estrelas

Tudo passa — sofrimento, dor, sangue, fome, peste. A
espada também passará, mas as estrelas ainda permanecerão
quando as sombras de nossa presença e nossos feitos
se tiverem desvanecido da Terra. Não há homem que
não saiba disso. Por que então não voltamos nossos olhos
para as estrelas? Por quê?
MIKHAIL BULGAKOV - Citado por Andrew Solomon - "O demônio do meio dia"

A depressão é gradual

A depressão começa do insípido, nubla os dias com
uma cor entediante, enfraquece ações cotidianas até que suas formas claras são
obscurecidas pelo esforço que exigem, deixando-nos cansados, entediados e obcecados
com nós mesmos — mas é possível superar isso. Não de uma forma feliz,
talvez, mas pode-se superar. Ninguém jamais conseguiu definir o ponto de
colapso que demarca a depressão severa, mas quando se chega lá, não há como
confundi-la.

Andrew Solomon - O demônio do meio dia

O Deus indefinível

Mas não há como aplicar a lógica e a justiça humanas ao Deus vivo. A
lógica humana está baseada na experiência humana e na natureza
humana. Iavé não se encaixa nesse modelo. Se Israel é infiel, Deus
permanece fiel contra toda a lógica e contra todos os limites de justiça,
apenas porque ele é. O amor explica a feliz irracionalidade da conduta de
Deus. O amor tende a ser irracional às vezes. Ele persevera a despeito da
infidelidade. Ele floresce em ciúme e ira — que delatam um interesse
sincero. Quanto mais complexa e emocional torna-se a imagem de Deus
na Bíblia, maior ele se torna, e mais nos aproximamos do mistério da sua
indefinibilidade.

O evangelho Maltrapilho - Brennam Manning

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Vinde - O convite de Jesus

"No último julgamento Cristo nos dirá: 'Vinde, vós também! Vinde, bêbados! Vinde, vacilantes! Vinde, filhos do opróbrio!' E dir-nos-á: "Seres vis, vós que sois à imagem da besta e trazem a sua marca, vinde porém da mesma forma, vós também!' E os sábios e prudentes dirão: 'Senhor, por que os acolhes?' E ele dirá: 'Se os acolho, homens sábios, se os acolho, homens prudentes, é porque nenhum deles foi jamais julgado digno*. E ele estenderá os seus braços, e cairemos a seus pés, e choraremos e soluçaremos, e então compreenderemos tudo, compreenderemos o evangelho da graça! Senhor, venha o teu reino!".

Fiodor Dostoiévski

As feridas da instituição

A igreja institucional tornou-se alguém que inflige feridas nos que curam, em vez de ser alguém que cura os feridos

Brennam Manning - O evangelho maltrapilho

O monergismo - iniciativa de Deus

Embora as Escrituras insistam que é de Deus a iniciativa na obra da salvação — que pela graça somos salvos, que é o Formidável Amante quem toma a iniciativa — freqüentemente nossa espiritualidade começa no eu, não em Deus. A responsabilidade pessoal substituiu a resposta pessoal. Falamos sobre adquirir a virtude como se ela fosse uma habilidade que pudesse ser desenvolvida, como uma bela caligrafia ou um bom gingado numa tacada de golfe.

Brennam Manning - O evangelho Maltrapilho

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Confissões de um pregador

Confissões de um pregador
Uma das coisas que mais me apaixona é pregar. Pregar mexe comigo como nenhuma outra coisa. O esforço para encontrar a passagem adequada, o sentido da passagem, e depois colocar este sentido em um formato fácil de explicar e de ser entendido; e o mais importante, poder espiritual para entregar a mensagem de maneira clara, direta, que fira as consciências, que levante os ânimos e que instrua as mentes; enfim, que seja instrumento na mão do Espírito Santo para glorificar a Deus e exaltar a Jesus Cristo.
Apesar de toda a preparação, é no momento da entrega que a verdade aparece. Quando estou no púlpito, com a Bíblia aberta, e centenas derostos olhando pra mim em expectativa. Ali eu me sinto trêmulo, vacilante e frequentemente tímido. Tenho que superar o meu medo natural para anunciar com clareza e alta voz o sentido do texto bíblico e fazê-lo chegar até os corações e as mentes.
Durante a pregação, manter contato visual com as pessoas, perceber se estão seguindo, sendo encorajadas, se estão sendo abençoado ou se estão simplesmente se sentindo enfadonhas. Em seguida, ajustar ohorário, as palavras, o tom, o timbre da voz, até que a palavra penetre finalmente por entre as barreiras, obstáculos e dificuldades que as pessoas levantam em suas mentes e aí seus corações quando vem a igreja.
E quando o sermão termina, não termina a minha tarefa. Sinto-me geralmente arrasado, fracassado, como quem fez um péssimo trabalho.Não poucas vezes vou pra casa procurando um buraco pra me esconder. E aí que tenho que orar, pedindo perdão a Deus, e suplicar que a palavra pregada, mesmo de forma imperfeita, seja usada por ele para converter e santificar. Um sentimento de vazio com frequência entra em meu coração, como alguém que não fez o que deveria ter feito direito.
As noites de domingo, na cama, são aquelas em que a insônia torna-se minha companheira.

Augustus Nicodemus

O pródigo era obrigado a voltar

O filho pródigo estava obrigado a voltar para sua casa tal como estava, pois não havia nada que pudesse fazer. Estava reduzido a tais extremos de pobreza que não podia comprar uma peça nova de pano para remendar suas roupas, nem um pedaço de sabão com que pudesse limpar-se; e é uma grande misericórdia quando um homem está tão espiritualmente reduzido que não pode fazer nada a não ser ir até Deus como um mendigo, quando ele está tão falido que não pode pagar nem um centavo, quando ele está tão perdido que não é capaz nem de crer ou se arrepender longe de Deus, e mais sente que está eternamente arruinado a não ser pela intervenção do Senhor. Nossa sabedoria consiste em ir a Deus para tudo.
Além disso, não se necessitava nada do filho pródigo

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

A oração como fuga

“Mas eu tenho a intenção de orar,” diz um. O que você pediria? Acaso espera que o Senhor lhe ouça quando você não quer ouvi-lo? Você orará melhor no colo do Pai – mas as orações de um coração orgulhoso, desobediente, cético, são zombarias! Suas próprias orações lhe arruinarão se são convertidas em um substituto para ir de uma vez a Deus.
Suponham que o filho pródigo tivesse sentado perto dos porcos e tenha dito: “vou orar aqui”? De que lhe teria servido? Ou suponha que ele tenha orado ali, que bem o teria lhe acometido? A oração e o pranto eram muito bons uma vez que tivesse ele ido até seu pai, mas poderiam ter substituído seu regresso.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Afogue-se na graça

“Oh, mas eu quero vencer minha inclinação para o pecado, quero controlar minhas fortes tentações‖. Eu sei o que você quer. Você quer a melhor roupa sem a necessidade de que o Pai te dê, e calçado para teus pés que você tenha conseguido sozinho. Você não quer ir com roupas de mendigo e receber tudo da amorosa mão do Senhor! Mas tem que renunciar a esse seu orgulho e vir a Deus ou morrerás para sempre! Deve esquecer-se de si mesmo, só lembrando-se de ti para sentir que és mal por completo, e que és indigno de ser chamado filho de Deus. Renuncie a si mesmo como um barco que afunda e não vale a pena ser resgatado, mas tem que deixar que se afunde, e tem que subir ao bote salva-vidas da Graça imerecida. Pense em Deus como seu Pai, n‘Ele, lhe digo, e em Seu amado Filho, o único Mediador e Redentor para os filhos dos homens! Ali está sua esperança; corre de você mesmo e aproxime-se a seu Pai.

O Retorno do pródigo - Charles Spurgeon

"Venha para casa"

Há um tempo para os pecadores quando seus velhos companheiros parecem dizer: “não queremos estar ao seu lado. Estás demasiadamente abatido e melancólico. Por que você não vai para casa?”. O enviaram a alimentar porcos, e parecia que os próprios animais gruniam: “vá para casa!” quando recolhia as alfaborras, e queria comer elas, esas alfaborras crepitavam: “volte para casa”. Olhava seus trapos e esses abriam suas bovas dizendo: ―vá para casa!‖ Sua barriga faminta e sua fraqueza clamavam: ―vá para casa‖. Logo ele pensou no rosto de seu pai e quão amavelmente havia olhado para ele, e parecia dizer-lhe: ―venha para casa!‖. Ele se lembrava da abundância de pão, e cada bocado parecia dizer: “venha para casa!”. Ele imaginou os servos setandos para jantar e festejando plenamente – e cada um parecia olha-lo de longe, sobre o deserto, e dizendo: “venha para casa. Seu pai nos alimenta bem. Venha para casa!”. Cada coisa lhe dizia : “venha para casa!”. Só o diabo sussurrava: “nunca volte. Tem que lutar até o fim! Melhor é morrer de fome que render-se! é um jogo de azar!”. Mas dessa vez ele fugiu do diabo, pois caindo si e disse: “não! Me levantarei e irei a meu pai!”.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

As vezes o único meio do pródigo voltar é como mendigo

O filho pródigo estava obrigado a voltar para sua casa tal como estava, pois não havia nada que pudesse fazer. Estava reduzido a tais extremos de pobreza que não podia comprar uma peça nova de pano para remendar suas roupas, nem um pedaço de sabão com que pudesse limpar-se; e é uma grande misericórdia quando um homem está tão espiritualmente reduzido que não pode fazer nada a não ser ir até Deus como um mendigo, quando ele está tão falido que não pode pagar nem um centavo, quando ele está tão perdido que não é capaz nem de crer ou se arrepender longe de Deus, e mais sente que está eternamente arruinado a não ser pela intervenção do Senhor. Nossa sabedoria consiste em ir a Deus para tudo.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Tratar os pecados longe de Deus

Toda vez que um pecador se detém longe de Deus para ficar melhor não está fazendo mais que agregando mais pecado a seu pecado, pois o maior de todos os pecados é estar longe de Deus, e quanto tempo permaneça nesse estado, mais ele peca. A intenção de fazer boas obras, fora de Deus, é como o esforço de um ladrão para manter em ordem os bens roubados, enquanto seu único dever é devolvê-los imediatamente.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Fé na bondade de Deus

“ainda que Ele estivesse segurando
uma espada em Suas mãos, eu teria corrido contra sua ponta ao invés de manter-me longe d‟Ele”.

John Bunyan

A fé leva o pródigo a chamar o pai de "pai"

O penitente da parábola veio a seu pai tão indigno de ser chamado de filho, e, no entanto, disse: “Meu pai”. A fé tem um jeito de ver a escuridão do pecado e ainda crer que Deus pode converter nossa alma branca como a neve! Não é fé que diz: “eu sou um pequeno pecador então Deus pode me salvar”, mas antes a fé clama: ―Sou um grande pecador! Um pecador maldito e condenado, e, no entanto, apesar disso tudo, a misericórdia de Deus pode me perdoar e o sangue de Cristo pode me limpar”.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Precisamos romper com o pecado

“E, levantando-se, foi para seu pai”. Agora observe que essa ação do pródigo foi imediata e sem discussões adicionais. Ele não chegou ao dono dos porcos e perguntou: “ah, você poderia subir meu salário? Se não puder, terei que partir”. Se ele tivesse negociado, estaria completamente perdido! Ele não deu nenhum aviso a seu antigo patrão e cancelou o contrato de trabalho, fugindo.
Queria eu que os pecadores aqui presentes rompessem sua aliança com a morte e violassem seu pacto com o inferno, escapando até Jesus Cristo para salvar suas vidas, pois Ele recebe a todos os „fugitivos‟ que assim o fazem. Não precisamos de nenhuma permissão nem licença para renunciar o serviço do pecado e de Satanás, nem tão pouco é um assunto que requer uma consideração de um mês: nesta matéria, a ação instantânea é a mais sábia.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Só há música no céu quando há arrependimento

Alegramo-nos quando ouvimos a resolução de vocês: “me voltarei para Deus‟‟, mas os anjos no céu não se regozijam por causa das resoluções, já que eles reservam sua música para os pecadores que efetivamente se arrependem.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Promessas não cumpridas

Cada sermão sincero, cada morte em sua família, cada tom fúnebre por seu vizinho, cada remorso na consciência, cada visita da enfermidade te dá uma resolução de emenda, mas suas notas promissórias nunca estão honradas e teu arrependimento termina
em palavras. Sua bondade é como o orvalho, que ao amanhecer adorna com jóias cada folha do chão, porém logo quando o sol ardente chega sobre o prado, deixa o chão seco e quente.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Amor não correspondido

O amor não deve perguntar se é correspondido, mas procurar quem carece dele. Quem mais necessita de amor se não aquele que, sem amor vive no ódio? Quem, portanto, seria mais digno de amor que meu inimigo? Onde seria o amor mais glorificado do que entre seus inimigos?

Dietrich Bonhoeffer - Discipulado

terça-feira, 8 de agosto de 2017

O que é a salvação?

O termo "salvação" precisa ser urgentemente libertado do conceito medíocre e pobre com o qual tendemos a degradá-lo. "Salvação" é um termo majestoso, que evidencia todo o amplo propósito de Deus, pelo qual ele justifica, santifica e glorifica o seu povo: primeiramente, perdoando as nossas ofensas e aceitando-nos como justos ao nos olhar através de Cristo; depois transformando-nos progressivamente, pelo seu Espírito, para sermos conforme a imagem do seu Filho, até que finalmente nos tornemos iguais a Cristo no céu, com novos corpos, num mundo novo. Não devemos minimizar a grandeza de "tão grande salvação" (Hb 2:3).

Tu porém - John Stott

Coisas que não devemos ter vergonha

Estes continuam ainda sendo os três modos mais importantes pelos quais os cristãos, como Timóteo, são tentados a envergonhar-se: ora do nome de Cristo, do qual somos chamados a dar testemunho; ora do povo de Cristo, ao qual também pertencemos, se é que pertencemos a Ele; ora do evangelho de Cristo, cuja propagação nos foi confiada.

Tu porém - John Stott

Soberania divina e responsabilidade humana no ministério

Em princípio, acontece o mesmo com todo o povo de Deus. Talvez a coisa mais impressionante seja a combinação, tanto em Paulo como em Timóteo, da soberania divina com a responsabilidade humana. São duas realidades, de revelação e de experiência, que consideramos difícil subsistirem ao mesmo tempo, e impossível serem sistematizadas numa acurada doutrina. Paulo podia escrever sobre a vontade de Deus e assegurar que a graça divina fizera dele o que ele era. Mas Paulo imediatamente acrescentou: "e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus comigo" (1 Co 15: 10). Ou seja, ele acrescentou o seu esforço à graça de Deus; contudo, na verdade, foi a graça de Deus que inspirou o seu esforço. Com Timóteo acontecia o mesmo. Sua mãe e sua avó puderam ensinar-lhe as Escrituras e levá-lo à conversão. Foi Paulo que o levou a Cristo, tornou-se seu amigo, orou por ele, escreveu-lhe, treinou-o e exortou-o. Timóteo recebeu de Deus um dom especial, em sua ordenação. Mas o próprio Timóteo teve que desenvolver sozinho o dom divino, sem Paulo. Ele teve de acrescentar a sua própria autodisciplina aos dons de Deus.

Tu porém - John Stott

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

O evangelho é a promessa da vida

E o evangelho é a boa nova para os pecadores agonizantes, é a notícia de que Deus lhes promete vida em Jesus Cristo. É muito interessante que, quando a morte lhe parece mais evidente, o apóstolo define aqui o evangelho como sendo uma "promessa de vida". E é realmente isso. O evangelho oferece vida aos homens, vida verdadeira, vida eterna, tanto aqui como depois. Ele declara que a vida está em Cristo Jesus, o qual não somente afirmou ser ele mesmo a vida (João 14: 6) mas, como Paulo logo adiante revela, "destruiu a morte e trouxe a luz da vida e a imortalidade mediante o evangelho" (v. 10).

Tu porém - John Stott

A relevância da segunda carta de Paulo a Timóteo

A igreja de nossos dias precisa urgentemente atentar para a mensagem desta segunda carta de Paulo a Timóteo, já que à nossa volta vemos cristãos e igrejas abrindo mão do evangelho, manuseando-o desajeitadamente, incorrendo no perigo de finalmente vê-lo escorrer por entre os dedos. Precisa-se de uma nova geração de jovens Timóteos, que queiram guardar o sagrado depósito do evangelho, que estejam determinados a proclamá-lo e preparados para sofrer por ele; e que o compartilharão puro e incorrupto à geração que, cm seu devido tempo, se levantará em seguida.

Tu porém - John Stott

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

O mundo que devemos abandonar

O mundo que precisamos abandonar é aquele
que se organiza e se preenche de incredulidade.
O mundo que passa a se divertir, a se edificar
sobre dúvidas, incredulidade e justiça própria. Jesus
estava no mundo, mas não era do mundo.
Não há contradição aqui no que estou dizendo.
Há uma distinção entre aquela parte do mundo
que é dada por Deus, na qual os cristãos plantam,
colhem, semeiam, trabalham e vivem seguindo os
mandamentos de Deus. Deus queria que assim
fosse, e isso não é "mundanismo". Mundanismo é
a soberba da vida e o desejo daquilo que os olhos
veem e o anseio da alma ambiciosa por posições
e por tudo o que o mundo faz em razão do
pecado que existe nele. Isso inclui tudo o que é o
mundo que transborda em milhares de coisas que
a Igreja tradicionalmente rejeita.

A. W. Tozer - A Vida Crucificada

Orações que não passam do teto

Se você sente que tuas orações não estão passando do teto, não se preocupe, Deus não está no telhado, Ele está no quarto de oração contigo.

Josemar Bessa

"Fazendo para Jesus"

Aviso que você não pode fazer para Jesus
algo que ele mesmo não faria. Você não pode
fazer por Deus algo que o próprio Deus proibiu e
contra o qual voltou os cânones do julgamento. A
única coisa que posso fazer para Deus é aquilo
que é santo como ele, e a única coisa que posso
fazer por Jesus é o que Jesus consentiu, permitiu
e ordenou que eu fizesse.

A. W. Tozer - A vida Crucificada

É necessário abandonar o mundo

Acho que não existe
em nenhum lugar algum prazer mundano em
que você não encontre um participante cristão. E
possível ser religioso e não abandonar o mundo.
E possível abandonar o mundo no corpo, sem
nunca o abandonar no espírito. É possível abandonar
o mundo exteriormente e ainda ser
mundano por dentro. Mas ninguém pode ser
cristão no sentido correto da palavra sem ter
abandonado o mundo.

A. W. Tozer -  A Vida Crucificada

Os conflitos entre reputação e a vida crucificada

Esse
desejo de obter seguidores, de ser conhecido, de
ter reputação, não é para os que estão vivendo a
vida crucificada. Os que andam e vivem segundo
a vida crucificada não desejam essas coisas e estão
dispostos a perder a reputação, se preciso,
para continuarem com Deus e prosseguir rumo à
perfeição. Eles não buscam nenhum lugar, nenhum
valor, nenhuma coisa. Os que têm sede de
Deus não voltarão a cabeça para serem eleitos em
algum lugar para alguma coisa. Só cristãos estáticos
buscam posições eclesiásticas elevadas. Eles
querem ser alguém antes de morrer.

A.W. Tozer - A vida Crucificada

terça-feira, 1 de agosto de 2017

A vida cristã deve ser mais interior do que exterior

Como Israel antigamente, a Igreja hoje está
satisfeita com palavras, cerimônias e formas. As
palavras que os profetas disseram aos israelitas
são igualmente verdadeiras para nós hoje: Deus
quer que tenhamos contentamento, amor e adoração
— a realidade espiritual interior daquele
fogo divino interno.
Quando esse fogo da interiorização se apaga,
a exterioridade começa a se desenvolver. E nesse
momento que Deus envia profetas e videntes para
censurarem a forma vazia de culto que é meramente
ritual e pleitearem aquilo que chamamos
de vida mais profunda ou vida crucificada. Essa
vida cristã é mais profunda que a vida da média
dos cristãos e está mais perto do cristianismo
ideal do Novo Testamento, que devia ser a
norma.

A. W. Tozer - A vida crucificada

A vontade de Deus

A vontade de Deus e que você
entre no Santo dos Santos, viva à sombra do
trono ela graça e saia dali e sempre volte para ser
renovado, recarregado e realimentado. A vontade
de Deus é que você viva no trono da graça,
vivendo uma vida separada, limpa, santa, sacrificial
— uma vida de contínua diferença espiritual.
Isso não seria melhor que o caminho em que você
anda agora?

A. W. Tozer - A vida crucificada

Cristãos que não avançam

Recuso-me a ficar desanimado por qualquer
coisa, mas o meu coração pesa de andar entre
cristãos que estão rodando há quarenta anos no
deserto, sem voltar para o pecado, mas sem também
entrar na vida santa. Vagando em círculos
sem propósito, às vezes um pouco mais quentes,
às vezes um pouco mais frios, às vezes um pouco
mais santos e às vezes muito profanos, mas
nunca avançando. Adquiriram hábitos difíceis de
quebrar, é quase certo que viverão e morrerão
como fracassos espirituais. Para mim isso é
terrível.

A. W. Tozer - A vida crucificada

A maior herança de um homem é sua memória

Esse é sempre o argumento do homem não
espiritual: "Preciso pensar na minha família. Afinal,
tenho uma família, irmão, e Deus quer que
eu seja sábio; não posso exagerar. Não posso ser
espiritual demais porque preciso cuidar da minha
família. Não posso sujeitar a minha esposa e os
meus filhos a dificuldades. Não posso jogar cargas
sobre eles". Sempre agradando a esposa e a
família, esse homem se esquece de que a melhor
herança que um marido pode deixar para a
família é a memória de que ele foi uma pessoa.
Uma mulher espiritual também enfrenta pedras
de tropeço. Sua família pode atacá-la com linguagem
agressiva, censurá-la com palavras
sarcásticas, opor-se a ela e fazê-la sentir-se como
boba. Entretanto, uma mulher espiritual se
afastará quieta, mais triste, porém mais sábia, e
concordará que a melhor herança que pode deixar
para a família é ter sido uma pessoa boa.

A. W. Tozer - A vida crucificada

O homem natural não compreende o Espírito

Não importa quem você é ou quanto você é
culto ou religioso, se não foi regenerado, renovado,
reconstruído, trazido à luz pelo impulso
do Espírito Santo, não consegue entender Deus.
Você não consegue entender as coisas espirituais
de modo algum; só consegue entender a história
das coisas espirituais. Qualquer entusiasmo que
você possa ter por religião não passa de ilusão.

A. W. Tozer - A vida crucificada

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Sobre testemunhos pessoais

Deus salva um criminoso não para falar a respeito
disso uma vez por ano pelos próximos
quarenta anos, mas para que esse homem possa
tornar-se um santo. Deus o tira da escravidão
para poder conduzi-lo à terra prometida. E,
quanto mais longe ele chega, menos precisará
falar a respeito de onde estava. Não é marca de
espiritualidade quando falo longamente acerca de
quem eu era. Israel queria esquecer o que era e só
lembrava ocasionalmente de agradecer a Deus
por seu livramento.,

A. W. Tozer - A vida crucificada

Pare de pensar que é alguém

Livre-se de si mesmo. Quando você ficar tão
atolado na lama que só Deus o conseguirá resgatar,
haverá um som que poderá ser ouvido a
uma quadra de distância. Pare de pensar que você
é alguém. Pare de pensar que vai conseguir ser
um teólogo abençoado. Isso é tudo o que você
sabe. Como disseram certa vez: "Pelo amor, é
possível amar a Deus e ser santo, mas jamais ensinado".
Tenha o cuidado de não tentar entrar na
vida mais profunda por sua inteligência ou imaginação.
Não tente olhar para Deus por si mesmo
e mantê-lo no seu próprio coração. Não estou
dizendo que não é bom chegar ao altar para orar.
A questão é outra. Estou falando sobre a solidão
da alma tirada da multidão.

A. W. Tozer - A vida crucificada

Esvaziamento do homem

Enquanto um recipiente está
cheio de algo, nada mais pode entrar. E é aqui
que uma lei espiritual entra em cena. Enquanto
houver algo na minha vida, Deus não pode
preenchê-la.
Se eu esvaziar metade da minha vida, Deus
só pode encher essa metade. E a minha vida espiritual
seria diluída com as coisas do homem
natural. Essa parece ser a condição de muitos
cristãos hoje. Eles estão dispostos a se livrarem
de algumas coisas na vida, e Deus vem e os
preenche o máximo que consegue. Mas até que
eles estejam dispostos a renunciar a tudo e a entregar
tudo no altar, de certo modo Deus não
pode preencher sua vida inteira.

A. W. Tozer - A vida crucificada

O orgulho teológico

Ainda que tenha ocorrido de modo não intencional,
as Escrituras se tornaram para alguns o
substituto de Deus. A Bíblia tornou-se uma barreira
entre eles e Deus. "Temos a Bíblia", dizem
com certo orgulho, "e não precisamos de mais
nada". Examine a atitude deles, e você descobrirá
que a Bíblia não causou impacto real no estilo de
vida. Lembre-se que uma coisa é acreditar na
Bíblia; outra, totalmente diferente, é permitir que
a Bíblia, pelo ministério do Espírito Santo, exerça
impacto e mude sua vida.

A. W. Tozer - A vida Crucificada

sexta-feira, 28 de julho de 2017

O Cristão é um ganso

De certa forma, pertencemos ao alto. A nossa
cultura pertence ao alto. O nosso pensamento
pertence ao alto. Tudo pertence ao alto. É claro
que, quando você está aqui embaixo, as pessoas o
reconhecem e dizem: "Bem, aquele sujeito pertence
ao céu". Conheço muitas pessoas que pertencem
ao céu. Acho que uma das coisas mais
feias no mundo inteiro é ver um ganso andando
pela terra. Mas uma das visões mais graciosas
nos céus é ver um ganso selvagem com as asas
abertas rumando para o sul ou para o norte. Acho
que agimos de modo desengonçado aqui porque
pertencemos ao alto.

A. W. Tozer - A vida Crucificada

Precisamos de tempo para Deus

É muito comum dedicarmos a Deus só os restos
cansados do nosso tempo. Se Jesus Cristo nos
tivesse dado só o resto de seu tempo, estaríamos
todos rumando para as trevas. Cristo não nos deu
as sobras esfarrapadas de seu tempo; ele nos deu
todo o tempo que tinha. Mas alguns de nós só lhe
damos as sobras do nosso dinheiro e dos nossos
talentos, nunca entregando o nosso tempo pleno
para o Senhor Jesus Cristo que nos deu tudo.
Porque ele deu tudo, temos o que temos; e ele
nos convoca: "neste mundo somos como ele" (l
João 4.17).

A. W. Tozer - A vida crucificada

A igreja é algo a parte

A Igreja cristã é algo à parte. Não é negra
nem branca, não é vermelha nem amarela. A
Igreja cristã não é para canadenses ou americanos,
alemães, britânicos ou japoneses. A Igreja
cristã é uma nova criação nascida do Espírito
Santo, daquilo que saiu do lado ferido de Cristo,
e é uma raça totalmente distinta. É um povo que
está acima da raça presente, e devemos ser diferentes
do mundo porque fomos ressuscitados com
Cristo. "Procurem as coisas que são do alto, onde
Cristo está assentado à direita de Deus" (Colossenses
3.1). Esse é o centro da verdade.

A. W. Tozer - A vida Crucificada

A igreja vive porque Cristo vive

As Escrituras ensinam que Cristo está fora do
túmulo, vivo para sempre e presente de maneira
constante para aqueles que têm fé. Ele se junta a
seu povo onde quer que ele se reúna, toda vez
que se encontra — até numa gruta, escondido da
perseguição. Pode ser na cocheira da mula ou
numa catedral, mas seja lá onde o povo de Deus
se reúne, Deus está com ele. Eles ministram para
Deus e oram. Assim, a Igreja de Cristo vive,
porque Cristo vive, não importam as estações do
ano. Cristo está fora do túmulo e jamais voltará
para lá. A morte não tem domínio sobre ele.
Assim, porque ele se levantou do túmulo, nós
também seremos levantados com ele para buscar
as coisas do alto.

A. W. Tozer - A vida Crucificada

Jesus ressuscitou, a grande mensagem cristã

O grito de guerra daqueles primeiros cristãos
era "Ele ressuscitou", e esse grito se tornou para
eles coragem absoluta. Nos primeiros duzentos
anos, centenas de milhares de cristãos morreram
como mártires. Para aqueles primeiros cristãos, a
Páscoa não era um feriado, nem mesmo um dia
santo. Não era apenas uma data comemorativa.
Era um fato consumado que vivia com eles o ano
inteiro e se tornara a razão para sua conduta
diária. "Ele vive", diziam, "e nós vivemos. Ele
triunfou, e nele triunfamos. Ele está conosco e
nos conduz, e nós o seguimos".


A. W. Tozer - A vida crucificada

O sucesso na vida cristã não é automático

O sucesso na vida cristã não é automático. A
alma precisa ser cultivada como um jardim, e a
vontade precisa ser santificada e feita cada vez
mais cristã. Os tesouros celestiais precisam ser
buscados, e nós precisamos buscar as coisas do
alto e mortificar as coisas de baixo. Isso talvez
não esteja escrito nos anais das igrejas
evangélicas modernas, mas está escrito no Novo
Testamento.

A. W. Tozer - A vida cruficicada

É NECESSÁRIO NASCER DE NOVO - 1° PARTE

É NECESSÁRIO NASCER DE NOVO
E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.
João 2:23

Após o milagre da transformação da água em vinho, Jesus fez ainda muitos outros sinais, na bíblia estão relatados 53 milagres de Jesus, além de muitos outros que João fez questão de dizer que se anotados o mundo seria insuficiente para comportar a biblioteca.
Jesus fez muitos sinais durante a páscoa, sinais que são ocultados de nós, porém não menos impactantes para as testemunhas daqueles dias. A crença dos que testemunhavam era aguçada na medida em que comparavam ao poder de seus líderes, Cristo fazia o que nenhum outro costumava fazer. Por ser tão eficaz ele foi reconhecido, logo creram em seu nome.
Não se tratava de uma fé na pessoa, no caráter, mas sim um mero convencimento inicial, por ele ser quem está demonstrando ser, por fazer os sinais que faz, o povo crê. De forma que se outro demonstrasse mais poder, logo seria o admirado, não era uma fé no caráter, mas um mero reconhecimento.

Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia;
João 2:24

Jesus nunca se iludiu quanto a esses aplausos, nunca contou com a crença de quem apenas o admira, de quem apenas é de alguma forma convencido por ele.
Por essas razões Jesus não confiava neles, pois, de todo os conhecia. Cristo no fundo sabe quais as reais motivações de todos, sabe se a fé é uma fé de “leite”, ou seja, uma fé que precisa amadurecer, que resiste ao desafio da vida cristã que é crer sem ver, pois, andamos por fé e não por vista. 2° Coríntios 5.7.
A fé de “leite” é uma fé baseada em sinais de modo que invertem as palavras de Jesus:
“Esses sinais seguirão os que crêem” Marcos 16.17.
Estamos em tempos em que os que creem seguem os sinais.
Onde há um sinal, ali está o povo, onde há um mover diferenciado a popularidade tende a aumentar. Ainda hoje há muitos seguidores de sinais, que vivem uma fé insólita, infrutífera. Quando não há sinais logo se enfraquecem e a necessidade por novos e mais fortes sinais geram uma obsessão por tudo que é diferente.
Jesus de todo os conhecia, sabia as reais motivações de todos.
Desde os tempos mais remotos até agora a humanidade tem uma fascinação pelo sobrenatural, por coisas que principalmente possam ser vistas, por deuses que povoem o céu e a terra.
E não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.
João 2:25
Cristo não necessitava de alertas humanos para saber que as motivações do povo eram diversas, de que essa fé era apenas temporária, que o povo não necessariamente gostaria de crer e passar por um discipulado, pelo contrário, eles estavam crendo como quem é convencido, mas as atitudes não mudariam, continuariam em seus devidos lugares, continuariam levando as mesmas vidas.
Jesus bem sabia o que havia neles, seus pensamentos e suas intenções foram sondadas por Cristo.
E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.
João 3:1
Na separação posterior de capítulos e versículos, esse texto ficou fragmentado. O assunto de João 2.23-25 é o mesmo de João 3.
A fim de contar sobre essa “fé” que na verdade é mero convencimento e a verdadeira fé bem como seus resultados, João cita a história de um fariseu chamado Nicodemos.
Era como uma continuação, o ideal seria uma escrita semelhante a:
“Porque ele bem sabia o que havia no homem. Para reforçar isso Jesus lhes contou uma história: Havia entre os fariseus um homem....”
Há quatro características em especial sobre Nicodemos que são dignas de nota:

1° - Os fariseus eram a “elite” religiosa dos tempos de Jesus, eram extremamente zelosos quanto a lei, acredita-se que a origem dos fariseus se deu durante o período de exílio babilônico, em quem alguns buscaram manter a lei, copiar e reforçar os ensinos ao povo. Com o posterior retorno do povo a Jerusalém e a valorização da religião naqueles tempos eles acabaram pouco a pouco se tornando soberbas, julgavam ser os principais da religião de sua época, instituindo ainda outros 613 mandamentos para de alguma forma preencher as lacunas da lei.
Nicodemos era um deles, nunca haviam mais de 6.000 fariseus em Israel. Eles eram dedicados exclusivamente ao cumprimento de toda a lei, estavam sempre dispostos a fazer o que for preciso a fim de agradar a Deus por suas obras.
Os fariseus acreditavam que a lei era a coisa mais importante que poderiam possuir, de modo que todos esforços deveriam ser empregados em preservar e cumprir toda ela. Os fariseus juravam total fidelidade diante de três testemunhas segundo Willian Barclay. Segundo eles a lei possuía tudo que precisavam para serem felizes. Mesmo que não de forma explícita, estaria implícito, na intenção de descobrir o que estava implícito é que os escribas criaram esses mandamentos a mais. O significado de fariseu é “separado”.

2° - Nicodemos não só era um fariseu, mas era um dos chefes dos fariseus. Um membro do sinédrio. O sinédrio tinha um número fixo de 70 pessoas, eles constituíam uma espécie de júri sobre Israel, a suprema corte. Seu poder até que o império romano dominasse era sob questões civis, penais e religiosas. Sob domínio de Roma seu poder se restringiu a questões religiosas. Todos os judeus se submetiam a eles.
Quando um profeta surgia, eles julgavam suas palavras, atitudes e possíveis milagres.
Com a promessa iminente de que o Messias estaria com eles, o sinédrio avaliava as profecias e comparavam com o proceder de Jesus. Quando Jesus fez milagres que em outros tempos não se realizaram, eles logo fizeram questão de estar mais próximos e acompanhar cada passo dele.  Jesus curou um leproso, expulsou um demônio mudo e cego e posteriormente curou um cego de nascença. Na casa de Jesus conforme Marcos 2.1 o Sinédrio foi presenciar sua fala e possíveis milagres, a fim de atestar sua autenticidade.
O sinédrio foi um dos principais culpados pela morte de Jesus, quando lhe apresentam ao sumo sacerdote do ano “Caifás”, ele é julgado e condenado sem provas, apenas com falsos testemunhos. Quando alguns dos chefes dos fariseus ordenam a prisão de Jesus, os homens que receberam essa ordem não conseguiram fazê-la e acabam defendendo que Jesus era de fato diferenciado. Os chefes dos fariseus ficaram irritados, até que há uma intervenção de Nicodemos para que ao menos ouçam o que ele tem a dizer. Em resumo, tudo o que diz respeito a religião e questões espirituais era julgado pelo sinédrio judaico, entre eles estava Nicodemos.
3° - Nicodemos certamente era um homem de posses, pois, após a morte de Jesus ele providenciou junto a José de Arimatéia um Túmulo para Jesus bem como um composto de diversas especiarias para preparar o corpo de Jesus.



E foi também Nicodemos (aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis de um composto de mirra e aloés.
João 19:39
Tratava-se de algo restrito a pessoas de posses, pois, essas especiarias custavam caro.

Nicodemos por certo era parte da aristocracia judaica nos tempos de Jesus, um homem de posses, um homem bem visto na sociedade, um homem honrado por onde passava, membro do sinédrio. Ele estava no topo. Por certo quando passava na rua ou quando ministrava na sinagoga todos queriam se assemelhar a ele. Era um homem digno de ser copiado, um exemplo a ser seguido. Alguém a quem todos que conheciam, tinham orgulho de conhecer. Um homem que de forma alguma iria se submeter a procurar um outro a fim de pedir conselhos. Apenas diria e todos ouviriam. Um homem que não se humilharia ao ponto de dizer que desconhece algo. Um homem que não tinha do que se envergonhar, Nicodemos era a personificação do homem ideal, do religioso perfeito.

4° - Nicodemos significa “vitorioso sobre o povo”
Nicodemos era um representante do melhor que o povo tinha a oferecer, ele representava a nação, seus anseios, suas perguntas e tudo que os religiosos sempre foram e buscam ser.

Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
João 3:2
Qual a razão de Nicodemos ir ter com Jesus de noite?
Muito tem se discutido sobre essa parte em especial.
Nicodemos teria vergonha?
Ou ainda poderia se sentir receoso com Jesus?
Ou estava apenas em buscas de respostas que não conseguira no judaísmo?

Uma primeira hipótese seria a do orgulho.
Por saber que Jesus conhecia de fato muitas coisas, Nicodemos pode ter optado por ir ter com Jesus a noite na intenção de que não o vissem e notassem que ele conhecia mais, que o rabino Nicodemos tinha dúvidas e estava em busca de um Galileu. Ir até lá de dia, era a demonstração de que Nicodemos também é limitado, de que mesmo um homem filho de carpinteiro poderia contribuir para o crescimento dele.

A segunda hipótese era a do medo
Por temer represálias Nicodemos pode ter optado por ir a noite de forma “oculta”. Assim o sinédrio não saberia desse encontro, tampouco sobre seu interesse em ouvir o homem chamado Jesus. O medo lhe impediu de ir sob a vista de todos, por isso ele foi de noite.

A terceira hipótese é de mera curiosidade
Por ver os sinais e o povo cada vez mais fascinado por Jesus, ele opta por ir a noite a fim de não causar tumultos e ver finalmente quem é esse tal “Jesus” que dizem ser o Messias, apenas para fins de o conhecer, analisar seus ensinos, suprir a curiosidade que a fama dele causou em Nicodemos.

A quarta Hipótese era de que Nicodemos queria um tempo a sós com Jesus, por isso optou pela noite.
Essa com certeza é a mais plausível, Nicodemos notou que Jesus tinha algo em especial que ele não encontrara até então, notou que os anseios mais profundos de sua alma poderiam ser respondidos pelo Galileu Jesus.  Porém como se aproximar em meio a tantas pessoas? Tanto as que lhe cercavam como os adeptos dos pensamentos de Nicodemos? De dia, Nicodemos seria tentado a se orgulhar, a buscar exclusividade, a esbanjar seu poder como fariseu e membro do sinédrio. Considerando todos esses fatores e o anseio pessoal por respostas que ele vai até Jesus de novo, para ter um tempo para conversar, para ouvir suas palavras, para de alguma maneira poder desabafar coisas que tinha vontade de dizer, poder confessar a culpa contínua e o peso de ser alguém a quem todos respeitam. Nicodemos vai em busca de Jesus porque buscava um tempo a sós com alguém que conseguia ser apenas ele mesmo, sem precisar dos cerimonialismos sacerdotais e rituais da lei. Talvez até chegar junto a Jesus seu anseio era de mostrar quem de fato ele era e finalmente remover os pesos de si.
Porém ao se aproximar de Jesus, novamente os títulos lhe sobem a cabeça, a posição social e religiosa para ele é impossível de ser deixada. A partir daí vem sua afirmação que não é a totalidade do que está em seu coração:

Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
João 3:2

Nicodemos a princípio reconhece que Jesus é um grande mestre, um Rabi e é por essa razão que usa esse termo.
Nicodemos fala no plural “bem sabemos” na verdade ele representava parte do próprio sinédrio que mesmo não admitindo, reconhecia que Jesus era o Cristo. Ao se expressar dessa forma ele declara acreditar em Jesus com base no que ele fez.
Sabemos que és vindo de Deus porque ninguém faz o que ele faz, ele de alguma forma é convencido pelos sinais, é atraído pelo que ele fez, ao calcular as profecias e o que Jesus fazia ele traz a conclusão: Você é vindo da parte de Deus.
Como 1+1 é igual a 2.
Como o amanhã vem depois de hoje.
Conclusões óbvias, alguém que diz o que ele diz, faz o que ele faz, só pode vir da parte de Deus, pois, ninguém pode fazer isso se Deus não for com ele.
Com essas respostas Nicodemos de alguma forma elogia Jesus, mas não revela os reais motivos de ir ter com ele, ao ver Jesus ele não consegue admitir seu real estado, não se desnuda totalmente para dizer que almejava respostas que não encontrava no judaísmo, ele busca a Jesus do seu jeito, ao seu modo. Não há entrega, não são declarados os reais anseios, a posição inicialmente fala mais alto, como admitir que o membro do Sinédrio tinha dúvidas?
Assim somos nós, a aproximação de boa parte das pessoas em relação a Cristo ocorre sob os mesmos moldes, é difícil admitir os pecados, dizer que precisa de Deus, temos dificuldades em admitir que devemos e que alguém pagou por nós, gostamos da sensação de mérito, de ser digno.
A sua relação com o Senhor Jesus é de alguém que forja falas, de quem premedita todas as atitudes. As falas são muito bem pensadas de modo que ele almeja causar boas impressões.
Quando a adoração é forjada na intenção de esconder quem realmente ele é, elogios feitos para esconder o desespero.
“O fariseu em mim usurpa meu eu verdadeiro sempre que prefiro as aparências à realidade, que tenho medo de Deus, que entrego o controle da alma às regras em lugar de me arriscar a viver em união com Jesus, quando escolho parecer bom e não ser bom, quando prefiro as aparências à realidade”
Brennam Manning – O impostor que vive em mim

A partir daí Jesus começa seu sermão ao mestre Nicodemos:
Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
João 3:3

Jesus poderia ter simplesmente agradecido os elogios de Nicodemos, ter dito que era uma grande honra ser reconhecido por alguém de tão alto escalão. Mas Jesus não se relaciona com nossos impostores, não se engana com a beleza das palavras e não se contamina com o sucesso. O impostor que há em Nicodemos lhe faz dizer: “Bem sabemos que és mestre”, mas o coração no fundo diz: “Como posso ser salvo”?
E Jesus examina os corações: RM 8.27
Sonda o nosso coração Salmo 139
Conhece nossa estrutura e sabe que somos pó – Salmo 103.14
Por saber a estrutura de Nicodemos ele interpretou o que seu coração de fato queria dizer, pois, antes de ouvir as palavras, ou melhor dizendo, maior que a importância das palavras proferidas são os gritos do coração para Deus.
Nicodemos se apresenta a Jesus com elogios vazios, pois, seu coração estava com anseios, mas adiando totalmente os passos que ele precisava dar, Nicodemos continuava com o jogo da religiosidade demonstrada, é muito difícil deixar a imagem do membro do sinédrio, o que vão pensar se ele finalmente disser tudo o que tem vontade? Se ele simplesmente disser o que todos no fundo sentem? Nicodemos tem medo de ser mais um, sua busca por ser diferente, por não ter fraquezas, ser alguém perfeito, pouco a pouco lhe sufocam e cada vez mais torna-se difícil ser apenas ele mesmo.
Até que Jesus lhe diz: “Quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus”.
Uma coisa é dizer isso a um traficante, um político todo sujo, um bêbado qualquer, mas quando se trata de um doutor da lei, principal dos fariseus, maioral da religião, as coisas tendem a se complicar mais. Dizer para um corrupto nascer de novo é algo fácil, mas como dizer isso a alguém que é exemplo para toda a sociedade? Porque essa era a visão que as pessoas tinham de Nicodemos. Ele não poderia errar, admitir falhas, muito menos ser repreendido por um judeu qualquer, mas agora um homem lhe diz que ele deve nascer de novo, que deve recomeçar tudo, que o modo atual está incorreto e um novo começo se faz necessário. Dizer isso a Nicodemos era algo ousado que ninguém teria coragem de fazer.
Ele precisa resgatar seu eu verdadeiro, precisa se desfazer dos velhos costumes sem sentido, precisa viver uma nova realidade, sem fingimentos ou aparências.
Jesus almeja se relacionar com alguém disposto a aprender, a descobrir no caminhar diário as grandes novidades de ser seu discípulo, seu filho. As descobertas de aprender a falar, aprender a andar, enfim, desaprender para aprender certo.

Nicodemos precisava experimentar esse novo começo, essa nova história, que nos faz ser crianças, discípulos novamente, transforma o fariseu letrado em alguém que considera tudo o que viveu como refugo, que faz o homem vender as propriedades por um terreno, a fim de encontrar o tesouro escondido.
Ninguém se torna apto a enxergar o reino sem nascer de novo, é necessário se despir dos velhos olhares e opiniões antigas, todos preconceitos logo vão sendo removidos dando lugar ao coração puro da criança que cresce dia após dia desejando afetuosamente o leite racional para crescer. 1° Pedro 2.2

Brennam Manning expôs perfeitamente as diferenças entre o fariseu e a criança.
“Para o fariseu, a ênfase está sempre no esforço e na conquista pessoal. O evangelho da graça enfatiza a primazia do amor de Deus. O fariseu saboreia a conduta impecável; a criança se delicia na ternura implacável de Deus
O fariseu precisa usar a máscara religiosa o tempo todo. O apetite voraz do fariseu por atenção e admiração o obriga a apresentar uma imagem edificante e evitar, com muito cuidado, os erros e as falhas. Não censurar as emoções pode render grandes problemas.
Livro – O impostor que vive em mim
O nascer de novo implica num processo posterior ao chamado mediante a proclamação da palavra, a palavra é o instrumento que Deus usou para criar o mundo, na palavra as pessoas são regeneradas, tornam a viver, estavam mortas em seus delitos e pecados e agora passam a compreender seu real estado, lamentam-se por seu pecado. Somente os regenerados enxergam o reino de Deus, se não houver novo nascimento mediante a palavra é impossível por mais que se esforce, compreender integralmente a palavra. Daí vem a afirmação de Jesus “Quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus”.
O estado natural do ser humano é de um coração petrificado, indiferente, fingido, tingido, não legítimo, essa é a ideia do inimigo aos homens desde o antigo testamento.
Conhecendo superficialmente o próprio coração Nicodemos se aproxima de Cristo na intenção de se declarar, dizer o que de fato sente, mas quando se apresenta elogia.
Jesus começa a responder a pergunta implícita, a mesma feita pelo jovem rico.
“O que devo fazer para ser salvo?”
Essa na verdade era uma dúvida que pairava sobre muitos, já reconheciam quem Jesus de fato era, mas estavam envolvidos demais para simplesmente largar suas vidas, abraçar um discipulado radical que deixa tudo e todos na intenção de seguir exclusivamente a Cristo.
Nicodemos almeja respostas mais concretas, almeja uma experiência mais profunda, a criança de seu interior grita enquanto o fariseu externamente permanece lhe privando da comunhão.
Que devo fazer para ser salvo? A questão fundamental a partir daqui é que ele pensa numa religião meritocrática, porém o evangelho trata-se de algo que Deus fez por nós, e não algo que nós faremos para alcança-lo. Essa realidade só será de fato compreendida a partir do momento que renascermos em Cristo, desaprender o errado para aprender o certo. Só se enxerga isso nascendo novamente mediante a palavra de Cristo.
Não se alcança salvação por méritos, não se alcança salvação quando se está morto, quem está morto não pensa, não vive, mas em Cristo fomos vivificados.
Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
Efésios 2:4-6
Ainda estando mortos o amor, a palavra de Cristo nos vivificaram, pois, pela graça somos salvos.
O nosso estado se assemelha (ainda que o sentido inicial da palavra não seja esse), ao vale de ossos secos descrito por Ezequiel.
A visão fala de um vale de ossos sequíssimos, que mediante o “Ruah” (vento) de Deus, se reuniu e junto ao Espírito profetizado através de Ezequiel transformou o que até então era um vale de ossos secos em um exército forte.

A palavra de Deus tem esse poder de trazer vida aos corações mortos em delitos e pecados, só ela pode fazer isso, convidar quem está morto ao discipulado, para caminhar junto a Cristo.
Mortos não enxergam, mortos não conseguem avançar em nada, estão estáticos, apodrecendo, essa é a condição do homem sem Deus, está preso a sua morte, às suas limitações, mas a palavra de Cristo tem o poder de trazer vida.
A partir daí o homem vê o reino de Deus.
Outro exemplo perceptível é o do homem descrito em João Cap. 9.
Ele é cego de nascença, não é uma cegueira adquirida.
Jesus abre seus olhos, ele enxerga Jesus como um homem fantástico, posteriormente um profeta, por fim o filho de Deus. 9.35.
Só a partir do momento que enxergou esse homem pode ver o reino de Deus, o rosto de Jesus e todos os seus feitos.
Os fariseus assim como Nicodemos estavam cegos, mortos, eram chamados por Jesus de sepulcros caiados, mortos internamente e exteriormente belos.
Essa era a situação de Nicodemos, nesse mesmo capítulo 9 Jesus fala sobre a condição espiritual dos fariseus. Esses eram os verdadeiros cegos. Loucos não errariam o caminho, porém eles estavam errando, estavam cegos, não queriam ver.
Não importava a condição de Nicodemos, ele estava cego, só nascendo de novo veria a Deus. Essa questão de nascer de novo não se aplica só aos maltrapilhos, talvez eles sendo isentos de justiça própria estejam mais propícios a recomeçar. Mas quando se constrói a identidade baseando-se no impostor que vive em nós, no fariseu externo, é necessário nascer de novo, pois, com as máscaras atuais não se vê o reino de Deus, com os vícios e velhas manias do escriba não se enxerga o reino de Deus, esse reino fala de desaprender tudo que se sabe para ouvir apenas a palavra de Cristo.
Para ver o reino minhas faculdades não ajudam, para ver o reino não dependo de cargos ou relevância social.
Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.
Filipenses 3:7

Paulo rejeitou tudo o que possuía até então, deixou o velho homem, os costumes do “desejado” (Saulo) para voltar a ser “pequeno” (Paulo).
Só quando tornou-se pequeno viu o reino, só quando Zaqueu desceu recebeu Cristo em sua casa, só quando largou o barco Pedro viveu a plenitude de Deus, só quando deixou a coletoria de impostos Mateus abraçou o discipulado, só após matar os bois Eliseu viveu a porção dobrada. Ainda hoje somos chamados pela palavra a nascer de novo para ver o reino, para enxergar a Cristo.
O coração do fariseu é petrificado, mas sem méritos, por estarmos mortos no pecado ele troca o coração por um de carne
E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Ezequiel 36:26

E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne; Ezequiel 11:19

Essa obra é exclusivamente de Deus, ele muda nosso coração na pregação da palavra. Não há méritos nossos, após essa mudança o poder da decisão é restaurado.
O reino de Deus passa a ser visto, estando diante de nós o tempo todo.
Só com um novo coração eu posso enxerga-lo, quando as escamas caem tal como Paulo em sua conversão.
“Quem não vive na luz não sabe o que é escuridão” Lorena Chaves.

Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
João 3:4

Estava claro de qual Nascimento Jesus falava, não se trata de nada físico.  O nascimento do qual Jesus fala ocorre no espírito, na mente, é a renovação no nosso entendimento Rm 12.2.
Porém temos dificuldades com simplesmente obedecer, gostamos de questionar e problematizar coisas que estão claras, patentes diante de nós.
Gostamos de perguntar: E se eu fizesse assim? E quem é meu próximo? Quais são as situações de brecha nessa lei?
São os conflitos éticos com os quais esbarramos o tempo todo, gostamos de adiar o início da obediência, a adaptação necessária a partir do momento em que a vontade de Deus fica clara para nós.
Assim como o jovem rico que pergunta, o que devo fazer para ser salvo? E no fundo sabe que sua “salvação” não estava na justiça própria, nem na observância dos mandamentos. Nada disso era suficiente, ele deveria largar seu “deus” a saber as riquezas, deixar tudo e seguir Jesus. Mas antes disso ele adia a conversa, pergunta mais coisas, quer saber se de fato precisa ser tão radical e não há discipulado sem radicalidade, sem mudanças, sem obediência simples.
Deus falou, eu farei.  Deus mandou, eu vou!
Como Abraão que cheio de fé leva seu filho ao Moriá, como Josué que sem ver nada simplesmente dá voltas numa cidade.
Obedecer sem questionar, confiando na palavra do que chama.
Não fazia sentido descer do barco e ir andando sobre as águas, mas como Jesus autorizou a ida, Pedro foi.
Da mesma maneira, dizer a um homem já velho que ele precisa nascer de novo deve ser entendido não sob a ótica de um novo parto, até porque isso era inútil, sem sentido, mas Nicodemos quer adiar a obediência. Apela ao conflito ético para que Deus providencie outro meio de salvá-lo, que não exija reaprender e recomeçar tudo como uma criança, porém Deus não vai mudar de ideia.
“Como pode um homem renascer sendo velho”?
Como pode Deus me separar ao ministério se eu não almejo?
Como posso pregar se não quero?
Como posso ser líder se sou pesado de língua?
Como posso ser separado profeta com lábios impuros?
O conflito ético talvez seja o maior inimigo da real conversão, sempre tememos parecer fanáticos demais, obedecer demais, o que antes era nossa preocupação:
“Não espiritualizar tudo”.
Se tornou nosso problema, questionamos tudo, não obedecemos nada!
Precisamos resgatar a obediência simples, de doar sem questionar, de simplesmente partir ainda que por cima das águas para encontrar Jesus, de sair da terra, do meio da parentela para ir a uma terra que o Senhor vai mostrar.
Confiando em sua palavra para lançar uma rede no lado oposto do barco, tendo pescado a noite inteira.
Almejo que resgatemos a obediência simples, que diante dela a nossa inteligência e experiência se prostre.
Nicodemos provavelmente fingiu não entender, se sua primeira pergunta fosse feita sozinha seria compreensível, mas ele almeja coagir Jesus com sua segunda pergunta:
“Porventura voltará ao ventre de sua mãe”?
Essa não era a única alternativa que ele tinha. Mas ele propõe a mais óbvia como quem demonstra superioridade intelectual.
Os que são chamados ao discipulado muitas vezes tendem a ser confrontados nas áreas que dominam, pois, não há ciência da qual Cristo não entenda.
Até a teologia de Nicodemos, um membro do Sinédrio, fora confrontada pela obediência simples que Jesus propõe.
Daí em diante vem a segunda afirmação de Jesus.

Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
João 3:5

Jesus especifica mais sua fala, se a obediência simples é desviada de Nicodemos ele opta por tornar ainda mais claro seu chamado e o que se exige.
E Jesus almeja reafirmar com veemência: “Na verdade, na verdade te digo”
Essa é uma verdade absoluta.
Nascer da água refere-se ao Batismo. O batismo é a demonstração pública do discipulado. Seja por imersão ou por aspersão.
O batismo é a demonstração da morte do velho homem, do nascimento de “cima”.
O batismo segundo Dietrich Bonhoeffer é a comunhão na cruz de Cristo, somos chamados ao sepultamento da natureza terrena, somos chamados ao sepultamento do velho homem.
Esse é o fardo que devemos levar e colocar aos pés da cruz. O batismo é a demonstração externa do discípulo de que se dispôs a amaldiçoar seus desejos mesquinhos, de que ele almeja agora transformar o que era um fardo pesado em algo suave e leve pois o discipulado lhe permite isso. A cruz que Cristo carregou é pesada, a do discípulo é leve, o batismo na água é a comunhão do discipulado. É a cruz do discípulo.

O batismo indica que o pecado já não tem poder sobre mim, pois, morri para o pecado.
Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?
De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.
Romanos 6:3,4

Somos batizados na morte, na comunhão da cruz. No Batismo nos apropriamos do sacrifício de Cristo e tomamos nossa cruz para o seguir.
No batismo somos imersos em Deus, em sua morte, e na morte do batismo deixamos sobre as águas o velho homem e seus pecados, para que assim como Cristo foi ressuscitado, renasçamos agora sob nova condição, pois, o pecado não tem poder sobre mortos ou ressurretos. Na ressureição de Cristo encontra-se a vitória contra o pecado, assim andamos em novidade de vida. Nisso consiste o nascimento da água.
Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.
E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas,
Colossenses 2:12,13

Estávamos mortos, como dito anteriormente aos Efésios, agora reforçado em Colossenses, Paulo explica a condição anterior do pecador sem Cristo. Estávamos mortos nos pecados, mas em Cristo fomos sepultados e ressuscitados para viver em novidade de vida e vivificados na com ele, mediante a nossa parte da “cruz” que é o batismo.
O Batismo é o sinal externo, porém é por si só insuficiente. É a demonstração de que alguém viu o reino. Porém Jesus diz, não basta ver, é necessário entrar no reino. Essa entrada se dá mediante o nascer do espírito.
O nascer do espírito é o agir do próprio Deus nos inclinando diariamente ao bem, nos separando para um fim específico, a saber a chamada divina.
Quando Jesus se referiu a água e espírito, também falava da água como o lavar externo comum dos fariseus.
Eles se higienizavam a cada saída, a cada refeição e sua preocupação não era mais com saúde, mas apenas mero formalismo sem sentido.
O lavar da água são as nossas atitudes externas, são as lavagens de pés após as viagens, são as lavagens das mãos antes das refeições. São nossas tentativas de ser santo, de parecer puro.  São as obras decorrentes da fé, porque a fé só é confirmada mediante as obras que exerço. Fé que não é vista, é morta.
O nascer do espírito é a mudança radical da vida, que não se dá de outra forma que não seja nascendo de novo. É algo tão gritante que não se pode comparar com nenhum outro acontecimento na vida, se não com um novo nascimento. É um reinício nas atitudes, nos pensamentos, nas motivações, é o desaprender para aprender certo.
O nascer da água era alcançado pelo proselitismo, quando um homem era convertido ao Judaísmo lhe consideravam uma nova pessoa, seu passado de pecado ficou para trás. Esse pode ser um dos sentidos de nascer da água. Porém o nascimento do Espírito depende só de Deus. Nascer de cima não é um privilégio que outorgo a mim mesmo, trata-se de uma dádiva exclusivamente divina.
É impossível que um homem nasça de novo por si só, apenas na mortificação da natureza terrena e na regeneração o homem pode viver o nascimento de cima. Mortos não renascem. Mas o mesmo poder criativo de Deus nos garante o novo nascimento.
Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.
2 Coríntios 4:6
O nascer do espírito é a lavagem interna de caráter. Novos pensamentos e atitudes que são impulsionados pelo espírito.
Só se torna discípulo, quem nasceu do alto. Nasceu em Cristo.

Há uma diferença entre ver o reino de Deus e entrar no reino de Deus, na verdade o novo nascimento fala da única possibilidade de enxergar o reino inicialmente. Porém o novo nascimento não é um evento realizado uma única vez e de modo totalmente definitivo, o novo nascimento é um processo contínuo. É um norte que se dá e o que foi direcionado deve manter-se caminhando em direção ao destino proposto.
É possível ver o reino de Deus e não entrar nele, é possível enxergar, compreender, entender o certo, ver a terra e não a possuir.
Ainda hoje há pessoas que viram o reino de Deus, já sabem o caminho, foram alcançadas e enxergaram seu real estado pecaminoso, frequentam igrejas, fazem parte de grupos, participam dos sacramentos (ceia e batismo), porém infelizmente apenas viram o reino e deixaram de caminhar. Se entregaram a Cristo, viram o que lhe estava obscuro até o presente momento, enxergaram seus pecados e pontos em que deviam melhorar. Mas se satisfizeram em ver sem andar, em sentir e não ter comunhão, em ouvir sem praticar, em professar a fé sem de fato exercê-la.
Todos cristãos viram o reino de Deus, é por essa razão que se encontram na igreja e tem interesse em ouvir a palavra. Todos enxergaram o reino, mas nem todos estão na caminhada para entrar. A regeneração se deu em um nascimento do alto, mas falta a mortificação da antiga natureza. Carne e espírito militam entre si, mas para os que apenas viram o reino sobre a culpa ou o cinismo, a carne acaba prevalecendo.
São “cristãos”, mas sua conversão não mudou seu viver diário, bem como sua mente. O que mudou de antes para agora, é que eles têm uma consciência do caminho, ainda que ofuscada com o passar do tempo. Precisam crescer em graça e conhecimento, precisam correr prosseguindo para o alvo.
Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
Colossenses 3:1

Precisamos pensar na conversão como um processo contínuo, uma vez que fomos ressuscitados com Cristo, devemos buscar as coisas dessa nova natureza que assumimos. Devemos pensar nas coisas de origem da nossa natureza que agora é de “cima”.
“Cima” se refere a uma ordem superior, ao céu, a pensamentos que excedem, devemos buscar não mais o interesse do velho adão que está arraigado em nossa natureza, mas os pensamentos do alto.
Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;
Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;
Nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas.
Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca.
Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos,
E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
Colossenses 3:5-10

Devemos mortificar os próprios membros que inclinam-se para o mal. Pecados de natureza sexual, moral, desejos indevidos, altivez e idolatria. Somos tentados continuamente a cair nesses erros, é nossa natureza. Paulo nos aconselha a despojar de tudo isso, para nos revestir do novo.
Há irmãos que viram o novo, mas não querem se despojar e os dois extremos são propostos, sem meio termo, ou se caminha ou paramos, e parar implica em não entrar no reino de Deus.
Há irmãos parados, pessoas que deveriam progredir na sua fé, em santificação, em novas atitudes. Mas não mudam, o mesmo proceder dos tempos em que não conheciam a verdade tornaram a acontecer.
Irmãos que se asseguram da salvação em um culto, mas permanecem na imoralidade.
Pessoas com graves problemas morais, mas que julgam ser servas de Cristo.
Pessoas cheias de ira, cólera, palavras torpes, mas que dizem ser de “Deus”, esses precisam de um novo nascimento.

Muitos anualmente se entregam a Cristo, aceitam a fé e até iniciam bem, mas os velhos desejos estão a porta lhes convidando a voltar para a antiga maneira de viver. Infelizmente boa parte das pessoas dá ouvidos a isso e não avança na regeneração. Estão prestes a tornar a morrer