“E
todos os servos do rei, que estavam à porta do rei, se inclinavam e se
prostravam perante Hamã; porque assim tinha ordenado o rei acerca dele; porém
Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava.
Ester
3:2”
Representando
algo maior - Mardoqueu
Vimos no último sermão que Ester, a
jovem judia, órfã, chegou ao reino, aprendemos muito sobre como é viver na
Pérsia. Aprendemos sobre como devemos estar atentos para não sermos
prejudicados nessa casa da Pérsia.
Ester chega a cidadela por meio de saber
enxergar caminhos, oportunidades e então torna-se a rainha do império.
Seu primo, que é seu pai adotivo, estava
assentado a porta, de certa forma, informado de tudo quanto acontecia no
palácio – V.19
Essa posição era equivalente ao tribunal
de hoje em dia, era uma posição honrosa.
É estando assentado a porta que
Mardoqueu descobre uma conspiração contra o rei Assuero – 2.21-23.
Bigtã e Teres, eunucos do rei e guardas
da porta, estavam revoltados talvez com os últimos acontecimentos, a rainha
deposta talvez tivesse aprovação entre todos do reino, a notícia da injustiça
contra ela provavelmente correu e gerou revolta entre as pessoas da casa da
pérsia.
Havia também a crença de que o rei só
poderia casar com uma mulher das sete famílias mais nobres da pérsia, fato que
ele ignorou ao convocar mulheres de todas as províncias, bem como ter escolhido
uma plebéia judia órfã.
O Fato é que esses homens se revoltaram
e fazendo assim, tramavam matar o rei e acabar com essa sequência de atos
impensados. Mardoqueu que estava no lugar certo e na hora certa, sabe dos
planos e informa Ester, que diz ao rei e os planos são frustrados.
Bigtã e Teres foram enforcados (Ou
empalados) e este ato foi registrado, sem maiores méritos para Mardoqueu.
Talvez a descoberta chocou tanto o império que não tomaram nenhuma atitude de
honrarias, apenas trataram da questão e um cronista a registrou, sem dar nenhum
crédito a quem trouxe tudo à tona.
Passado este ato, o rei decide instituir
uma espécie de “primeiro ministro”, é aí que entra o maior vilão dessa
história, a saber Hamã. O inimigo dos Judeus:
“Depois destas
coisas o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, e o
exaltou, e pôs o seu assento acima de todos os príncipes que estavam com ele.
Ester
3:1”
Hamã era a
pior pessoa possível para assumir o reino.
1º - Ele era Agagita,
um descendente de Agague, rei dos Amalequitas.
Quem eram os
Amalequitas?
No momento de
maior fragilidade de Israel, ao sair do Egito, quando estava a procura de água
de todas as formas, desesperados, fragilizados, os Amalequitas atacaram Israel
pelas costas, sem razões aparentes.
Um ato
desleal, feito com maldade, que exigiu uma intervenção divina, o ato dos
Amalequitas foi tão maldoso que Deus tomou partido na situação:
“Então disse o Senhor a Moisés: Escreve
isto para memória num livro, e relata-o aos ouvidos de Josué; que eu totalmente
hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos céus.
Êxodo
17:14”
“Lembra-te do
que te fez Amaleque no caminho, quando saías do Egito;
Como te
saiu ao encontro no caminho, e feriu na tua retaguarda todos os fracos que iam
atrás de ti, estando tu cansado e afadigado; e não temeu a Deus.
Será, pois,
que, quando o Senhor teu Deus te tiver dado repouso de todos os teus inimigos
em redor, na terra que o Senhor teu Deus te dá por herança, para possuí-la,
então apagarás a memória de Amaleque de debaixo do céu; não te esqueças.
Deuteronômio 25:17-19”
A sentença
estava dada, eles seriam extintos como povo em breve pela sua covardia.
2º - Ele era
descendente de Agague. O rei que Saul não exterminou.
Deus deu a
Saul a missão de cumprir a ordem de EX.17.14, em 1º Samuel 15.2 Deus ordena que
Saul extermine tudo, até mesmo os animais de Amaleque por conta de seu ato
anterior.
Saul cumpriu
parcialmente a ordem, exterminou tudo que era vil, secundário e poupou o melhor
de Amaleque. Inclusive ao próprio rei, cujo nome era Agague, que foi o pai dos
Agagitas. Foi por este ato que Deus decidiu depor Saul do trono.
Daí em vem a
famosa afirmação de que obedecer é melhor do que sacrificar.
Os próprios
Amalequitas que mataram posteriormente a Saul no campo de Batalha – 2º
Sm 1.1-10
Provavelmente
ele não poupou apenas o rei, mas alguns outros fugiram ou fizeram acordos.
Esses
descendentes de Agague, formaram os Agatitas, que foram os “pais” de Hamã. Quem
está sob autoridade é alguém que é totalmente alheio aos judeus. Que sabe
existir um conflito histórico entre eles.
Que na chance
que tiver, não hesitará em exterminar a todos, pois, sabe que nem deveria mais
existir caso estes tivessem obedecido a palavra de Deus.
É exatamente
este homem que é posto para ser o primeiro ministro sobre as 127 províncias. Em
seu primeiro ato, ele arma com o rei uma estratégia para reforçar sua
“autoridade”.
Onde quer que
Hamã passasse, havia uma ordem para todos se prostrassem perante ele.
É neste
momento que Mardoqueu volta aparecer na história, todos estão se dobrando, se
prostrando, mas Mardoqueu opta por ficar em pé:
“Porém Mardoqueu não se inclinava nem se
prostrava.
Ester 3:2”
Mardoqueu
estava consciente que Hamã era um Agatita, que teoricamente ele nem deveria
estar lá, tampouco reinar sobre eles.
É considerando
isso que Mardoqueu num ato de desobediência civil se mantém de pé.
Até aqui,
Mardoqueu não tinha declarado quem ele era, inclusive tinha incentivado Ester a
permanecer assim, para de alguma forma “crescer” na casa da Pérsia. Mas dada a
insistência de seus companheiros que lhe questionavam continuamente, ele
finalmente declara sua nacionalidade – V.3-4
Mardoqueu já
tinha se prostrado diante de outras coisas, se escondeu até aqui, manteve-se
oculto, aceitou enviar sua filha adotiva para se tornar rainha, aceitou ser
mais um na porta do rei.
Porém quando
um Agagita se levanta pedindo adoração, ele opta por desobedecer, enfrentar,
qual razão disso?
Mardoqueu
tinha a consciência de que não representava mais apenas a si, mas o seu povo.
Representava algo maior do que ele mesmo, até aqui, tudo dizia respeito apenas
a ele, mas ter um primeiro-ministro Agagita era demais, prostrar-se a ele era
inconcebível.
Mardoqueu sabe disso e não vai se prostrar, mas a história vai continuar:
A trama de Hamã
“Vendo, pois, Hamã que Mardoqueu não se inclinava nem
se prostrava diante dele, Hamã se encheu de furor.
Porém teve
como pouco, nos seus propósitos, o pôr as mãos só em Mardoqueu (porque lhe
haviam declarado de que povo era Mardoqueu); Hamã, pois, procurou destruir a
todos os judeus, o povo de Mardoqueu, que havia em todo o reino de Assuero.
Ester 3:5,6"
Perceba que os
inimigos do povo de Deus, pensam como povo, por isso Hamã deseja exterminar
todos.
O poder é um risco,
ainda mais nas mãos de seres desprezíveis como Hamã:
“O poder é uma
espada que poucos manejam com graça. É fácil errar a mão. É fácil cair na
tentação de manipular.
Marília de
Camargo Cesar”
Hamã tem todas as características que Deus odeia:
“Estas
seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina:
Olhos
altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente,
O coração
que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, A testemunha falsa que profere mentiras, e o
que semeia contendas entre irmãos.
Provérbios
6:16-19”
Os judeus anualmente comemoram a festa de Purim, festa essa que será explorada
na presente série, Warrem Wiersbie diz que o mal que Hamã fez foi tão intenso,
que até hoje é lembrado:
“A cada ano, na festa de Purim, o livro de Ester élido publicamente na sinagoga
e, sempre que o leitor cita o nome de Hamã o povo bate os pés e exclama: “Que
esse nome seja apagado” Para os judeus de toda parte, Hamã personifica todos
aqueles que tentaram exterminar o povo de Israel”
Os judeus até hoje comem um doce chamado: “Oznei Haman” traduzindo:
Orelhas de Hamã.
O plano em execução – Ester 3.7-15
Hamã é uma espécie de figura escatológica – Anticristo e Satanás
Hamã escolheu o dia para matar os judeus, recorrendo aos deuses:
“No primeiro mês (que é o mês de Nisã), no ano duodécimo do rei Assuero,
se lançou Pur, isto é, a sorte, perante Hamã, para cada dia, e para cada mês,
até ao duodécimo mês, que é o mês de Adar.
Ester 3:7”
Assuero lança as sortes de falar com Assuero, Wiersbie diz que naquele
tempo os povos do Oriente tomavam poucos passos importantes sem consultar as
estrelas e agouros. O nome “Pur” vem de “Puru” que significa “sortes”.
O Mês que ele escolhe é Nisã – Equivalente a nosso janeiro, para lançar
as sortes.
Ao lançar sortes mês a mês, dia a dia, os astrólogos chegam a conclusão
de que haverá 1 ano para que o plano seja levado para frente:
O dia escolhido é 13 de Adar – 13 de dezembro.
Hamã talvez se decepcionou com a data, uma vez que ficou distante, mas
era tempo suficiente aos seus olhos para aparelhar os algozes do povo de Deus,
tempo suficiente também para o povo de desesperar enquanto ele assistia de
camarote.
O pedido ao rei
1º Argumento – Leis diferentes
2º - Não cumpre a lei do rei – Generalização
3º - Não convém deixa-los ficar – Ameaça
4º - Dez mil talentos de prata – Renda
para o império
A renda anual do reino era de 15 Mil talentos de prata, Hamã ofereceu
dois terços disso e ainda o livraria de um povo mal.
Ele pensava em recuperar o dinheiro com os despojos dos judeus.
Assuero entrega o anel nas mãos de Hamã, autorizando assim a
possibilidade de redigir qualquer decreto tendo o selo do anel do rei. – V.
9-11
O Estado é aparelhado para enviar o decreto – V.12
Wiersbie observa que as palavras usadas no termo, são muito semelhantes a
ordem que havia para destruir os Amalequitas anteriormente – V.13
Num ato de total indiferença eles bebem enquanto todos estão consternados
e os civis preparando suas espadas.
Enquanto isso, os civis estão se aparelhando para ganhar dinheiro, para
matar a vontade num determinado dia, tal qual o dia do crime. Era um cenário de
total destruição, de total Desolação entre os judeus, como a história se
desenrolará? Veremos no próximo capítulo.
Quais são as lições desse capítulo?
1º - Devemos ter zelo para levar a cabo alguns
relacionamentos, eles podem ser muito custosos para nós.
O mesmo Saul
que optou por poupar Agague, vê agora alguns de seus descendentes lhe
exterminando no campo de batalha. O ato de ter poupado alguns poucos, deu a
eles a oportunidade de voltarem com mais forças e mais maldades, agora muitos
anos depois, está o povo de Deus diante de Hamã, o inimigo dos judeus, por
conta de Saul ter poupado o pai de todos eles.
· A confiança
deve ser algo muito precioso para ser entregue a qualquer pessoa.
· Existem
rompimentos que são imediatos.
O custo de ter
mantido Agague vivo é que anos depois, aquilo que não foi resolvido está se
voltando contra nós.
As poupamos
lobos e sacrificamos ovelhas por usar de mais misericórdia do que deveria, por
isso Deus disse para Samuel não ter mais dó de Saul, devemos cuidar para não
ser seres sem misericórdia, mas também para não sermos mais misericordiosos do
que Deus.
2º - Devemos manter a
consciência que mesmo na casa da Pérsia, sendo absorvidos em parte pela cultura
da Pérsia, ainda somos parte de algo maior: O povo de Deus.
Até aqui
Mardoqueu havia se prostrado, havia aceitado muita coisa, mas quando a ameaça é
contra todo o povo ele decide desobedecer, ele decide lutar pela sua crença.
Nós também
deveríamos considerar os riscos contínuos que a casa da Pérsia causa a nós povo
de Deus. Nos dividimos em inúmeros nichos irreconciliáveis e brigamos entre
nós.
Não há
divisões em torcidas, não há divisões em movimentos, mas entre o povo de Deus
há uma espécie de guerra interna, que deveríamos reconsiderar no que diz
respeito aos perigos que este mundo impõe contra nós. Mardoqueu sabe disso,
sabe que está sob ameaça, sabe que está sob um homem que não terá misericórdia
deles, por isso opta por enfrentar, é o momento definitivo em que ele diz
“chega”.
Nós precisamos
de sensibilidade para perceber o momento de dizer um “basta”, a casa da Pérsia
tenta nos absorver e ser absorvido é sumir definitivamente.
Ainda há uma
diferença, ainda há áreas que somos incompatíveis com eles, para nós ainda há
um só Deus, ainda há absolutos, ainda há coisas que não se dividem, que são
inegociáveis, por isso o “manter-se de pé” de Mardoqueu é mais do que isso.
Mardoqueu está
representando um povo, pensando como povo ele não será absorvido.
Ele está
consciente de uma grande nuvem de testemunhas que o rodeia, são seus
antepassados, seu povo:
“Portanto nós
também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas,
deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos
com paciência a carreira que nos está proposta, Olhando para Jesus, autor e
consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando
a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Hebreus 12:1,2”
Mardoqueu sabe que não trata-se apenas de si, mas de algo bem maior:
Imagine se Pedro parasse após o primeiro espancamento?
Imagine se Paulo se cala diante dos tribunais?
Imagine se Savonarola se calasse diante da fogueira?
Imagine se Lutero aceita retratar-se?
Nós, conscientes que não representamos apenas a nós, precisamos receber
força para continuar a carreira.
3º - Cuidado com
quem te bajula
Hamã não chega
ao poder por ser alguém bom ou inteligente, ele é apenas um bajulador e sua
bajulação faz o rei cometer uma série de erros:
1º - Elevar
alguém sem qualidade alguma
2º - Elevar
alguém que só promoveu o mal
3º - Cometer
injustiças diversas por um aparente bem pessoal
Paulo estava
atento a isso por duas vezes:
1º - Diante da
moça que elogiava ele e Silas em Troade.
2º - Diante da
multidão em Listra que queria sacrificar para ele
Devemos
atentar e passar a observar, nem todos que estão ao nosso lado, estão por bem, alguns
só conseguem enxergar network.
4º - Somos
assimilados pela Pérsia até certo ponto, mas chega uma hora em que é necessário
dizer: Basta!
· Foi isso que
Lutherking fez ao cometer seu ato em SELMA
· Foi o que Nelson
Mandela fez ao recursar-se a ser solto em Soweto
· Foi o que Rosa
Parks fez no ônibus
· Ler – Emílio
Garófalo – Pag. 89
5º - Deus está
agindo, mesmo quando não vemos
Entre tantos meses possíveis, Deus fez com que a
sorte caísse no mês de Adar, 12 meses depois, muito tempo após o planejado por
Hamã.
Era tempo suficiente para reagir, para tomar ações,
para trabalhar de alguma forma.
A história não contém oráculos, grandes milagres, manifestações ou algo assim,
mas Deus está lá.
Agindo num império, levantando uns, abatendo outros,
fazendo o favor vir sobre outros, mexendo com as sortes, Deus age mesmo quando
não vemos nessa casa da Pérsia;
“Para fazer um sorteio são lançados os dados, mas
toda decisão procede do Senhor .
Provérbios 16:33”
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