O grande banquete – Lucas 14.15-24
As parábolas de Jesus nem sempre eram planejadas, as vezes
Jesus era impelido por uma situação do dia a dia. Jesus estava sensível aos
links, às oportunidades que surgiam, de modo que as parábolas poderiam ser iniciadas
a qualquer momento com Jesus.
Jesus também não costumava recusar convites, a sua vida era
uma vida disponível, ele estava aberto a ouvir as pessoas e assentar-se com
elas. Nesta ocasião, Jesus recebe um convite para jantar com um dos principais
dos fariseus, mesmo sabendo que o faria sob constante avaliação.
Alguns atos ocorrem além da refeição e são narrados por
Lucas:
1º - Jesus cura um homem hidrópico (Acúmulo de líquido
no abdómen)
2º - Inicia uma discussão a respeito de fazer o bem no
sábado
3º - Inicia-se uma parábola sobre os primeiros lugares
nas bodas
4º - Jesus fala também sobre a necessidade de chamar
pessoas que não possam nos retribuir, para se assentar conosco.
Jactância farisaica
Ao falar sobre a necessidade de convidar pessoas indignas e
que não poderiam retribuir, um dos convidados, remete a fala de Isaías sobre um
banquete na eternidade.
Pensando nisso, ele diz:
“E, ouvindo isto, um dos que estavam com
ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado o que comer pão no reino de Deus.
Lucas 14:15”
A intenção de certa forma é ouvir o que Jesus pensa a
respeito do banquete messiânico, segundo Bailey, Jesus era visto como uma
espécie de mestre/pregador itinerante, que ao passar por determinado povoado é
convidado por seus mestres para que estes vejam seus pensamentos. Nessa hora,
um dos principais dos fariseus provoca Jesus para que fale sobre o sue
pensamento a respeito deste grande banquete.
O texto em referência é Isaías 25.6-9
“E o Senhor dos Exércitos dará neste monte
a todos os povos uma festa com animais gordos, uma festa de vinhos velhos, com
tutanos gordos, e com vinhos velhos, bem purificados.
E destruirá
neste monte a face da cobertura, com que todos os povos andam cobertos, e o véu
com que todas as nações se cobrem.
Aniquilará
a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor DEUS as lágrimas de todos os
rostos, e tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra; porque o SENHOR o
disse.
E naquele
dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, e ele nos
salvará; este é o Senhor, a quem aguardávamos; na sua salvação gozaremos e nos
alegraremos.
Isaías 25:6-9”
A resposta ideal seria: “Aqueles que labutam, observam
todos os pontos da lei, os puros, os que não tem defeitos físicos, todos estes
é que vão participar deste banquete”.
O banquete de Deus
Jesus tinha um outro pensamento e frustrando as expectativas
dos seus examinadores ele fala:
Porém, ele lhe disse: Um certo homem fez
uma grande ceia, e convidou a muitos.
E à hora da
ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está
preparado.
Lucas 14:16,17”
É muito interessante essa percepção escatológica de Jesus,
ele está num jantar, em um ato de ceia, mas essa mesma ceia lhe faz refletir
muitos anos a frente, na ceia da eternidade, em que o próprio pai nos servirá.
Ele está num jantar comum, mas já está se alimentando da
eternidade.
Para falar sobre a realidade do Jantar futuro, Jesus
inicia uma parábola.
Um homem fez um grande banquete e convidou pessoas, muitas
pessoas, num dado momento tudo estava pronto, é então que ele envia o seu servo
para avisar que tudo estava pronto.
Chegada a hora do grande banquete, dando a entender que o
convite antecipado tinha sido confirmado, o servo vai.
As desculpas
A questão toda é, há um convite para um grande banquete,
está tudo pronto, é só festejar, mas uma série de desculpas são dadas.
Você já deu desculpas para não ir em algo? Qual foi a última
desculpa que você deu para não estar em alguma coisa?
·
Uma cena famosa de recusa a um convite se deu
num filme conhecido brasileiro, em que a protagonista diz que não irá na
referida data pois “gripaloei” na ocasião.
O banquete está pronto e o servo vai aos convidados para
avisar, então é surpreendido:
“E
todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e
importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado.
Lucas 14:18”
Uma sequência de desculpas sem sentido começa a ser dada, seguindo
um mesmo padrão
·
Fiz isso
·
Preciso fazer isso
·
Peço desculpas
A primeira desculpa é: Comprei um terreno, preciso
vê-lo.
A compra de uma terra em nossa cultura ocidental é um ato
complexo, não se compra uma casa sem ver, um terreno da mesma maneira.
Observa-se se o local é plano, se é bem localizado, se é
legalizado, se há possiblidade de valorização do local, etc.
Nos tempos bíblicos os exames eram ainda mais intensos, uma
vez que nos dias de Jesus a principal atividade era a agricultura, logo, ao
adquirir um campo, deveria ser avaliada a possiblidade de plantar e colher
neste. Logo o processo era complexo.
Poderia durar meses, anos, observava-se se tinha árvores, se
o sol se voltava ao local, se tinha sombra em excesso, se em cada estação
produzia, etc.
Quando o homem diz que comprou um campo e precisa vê-lo, ele
está falando de uma atividade perfeitamente adiável e que é feita com calma.
Não se compra propriedade sem ver.
É uma desculpa um tanto inadequada e que demonstra profundo
interesse e certamente chatearia o anfitrião, o servo então tem de continuar
seus convites.
A segunda desculpa é: Comprei 5 juntas de bois e
preciso experimentá-los.
Do mesmo modo, não se comprava animais para carga sem
testar, só faz sentido ter juntas de bois, como animais de carga, se eles
tiverem a oportunidade de caminhar na mesma velocidade, manter a mesma altura,
são adequados, mas este teste se dá de forma rápida por ver como os bois
trabalham.
Quem em sã consciência compraria bois para carga sem que
antes estes fossem testados?
Ao dizer que comprou sem testar e o faria de forma
posterior, está dando uma desculpa infundada. Provavelmente uma mentira.
A terceira desculpa: Me casei.
Ao se casar, existia uma folga no que diz respeito as guerras, isso se
aplicava por 1 ano.
Mas esta folga não se trata de um salvo conduto para todas
as obrigações sociais. Este homem foi sondado, convidado, aceitou e agora diz
que não pode porque se casou e sequer pede desculpas.
A sua fala dá a entender que tem mais o que fazer com sua
mulher do que atender um jantar.
As três primeiras desculpas são infundadas, o servo
indignado volta e comunica o seu Senhor sobre o que está acontecendo.
A intenção dos convidados era desmoralizar o
anfitrião, tornando seu jantar um fracasso. É um boicote coletivo.
O dono do banquete fica irado, logo, toma uma atitude.
“E, voltando aquele servo,
anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse
ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os
pobres, e aleijados, e mancos e cegos.
Lucas 14:21”
O convite agora é para os judeus, mas não os de puro sangue, mas sim os
rejeitados.
“Degrau por degrau, Jesus desmantelou a escada da hierarquia que marcava
a aproximação de Deus. Convidou pessoas defeituosas, pecadores, estrangeiros e
gentios — os impuros! — para a mesa do banquete divino.
Philip Yancey”
·
Esse convite fala dos mais diversos discípulos
de Jesus
·
Pescadores
·
Coletores de impostos
·
Pessoas nervosas
·
Publicanos
·
Pecadores
·
Doentes
“Não posso moderar minha definição de graça porque a Bíblia me força a
torná-la o mais abrangente possível.
Deus é "o Deus de toda a graça", nas
palavras do apóstolo Pedro.
E graça significa que não há nada que eu possa
fazer para Deus me amar mais, e nada que eu possa
fazer para Deus me amar menos.
Significa que eu, até mesmo
eu que mereço o contrário, sou convidado a tomar o
meu lugar à mesa da família de Deus”
Philip Yancey
“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não
necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos;
Eu não vim
chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.
Lucas 5:31,32”
Motivado com o convite estendido e aos que não eram
“perfeitos”, o servo faz uma nova proposta:
“E disse o servo: Senhor, feito está como
mandaste; e ainda há lugar.
E disse o
senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a
minha casa se encha.
Lucas 14:22,23”
A questão de forçar aqui refere-se muito mais a insegurança
dos convidados, do que uma atitude de violência. Eles ficariam suspeitos quanto
as intenções do anfitrião.
Vamos a algumas lições práticas:
Considerando que esta parábola fala sobre a vida Cristã, nós
entendemos algumas percepções de Jesus sobre o modo como deve ser nosso
relacionamento com Deus:
1º - O meu relacionamento com Deus não é uma prisão,
uma penitência, a minha relação com Deus é uma festa.
Ao pensar deste modo eu não devo entender seus convites como
um peso, como uma obrigação, o convite de Jesus é para celebrar, é para se
alegrar com ele, é para festejar juntos as bençãos da salvação.
Aos que tem uma visão distorcida a este respeito, a vida
Cristã não é uma festa, é antes um açoite, uma penitência, devemos considerar
se nos alegramos de ser convidados para a festa de Jesus.
2º - Para participar deste banquete, o anfitrião só
exige disponibilidade, já está tudo pronto.
Quando somos convidados a um banquete, naturalmente
esperamos que tudo esteja pronto.
Na maioria dos convites que recebemos, por uma questão de
cortesia, perguntamos se é necessário levar algo, até por questões econômicas,
atualmente, tornou-se caro, inviável, assumir tudo sozinho, mas ainda assim, ao
ser convidado para um banquete, subentendemos que há coisas que são obrigação
de quem convida.
Se você é convidado para um banquete mas tem que levar
arroz, óleo, feijão, você está sendo convidado a uma ação comunitária, mas não
a um banquete.
Assim são muitas religiões hoje, elas nos convidam ao
banquete, mas este banquete não está pronto, nós temos que cozinhar,
peregrinar, levar nossos recursos.
O convite de Jesus só pede que você esteja disponível, já
está tudo pronto.
“Ó VÓS, todos os que tendes
sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei;
sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.
Isaías 55:1”
“E no último dia, o grande dia
da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a
mim, e beba.
João 7:37”
3º - Para Deus é importante qualidade e quantidade
4º - As desculpas mudaram, mas as raízes são as
mesmas:
·
Geração dos bens materiais
·
Geração dos afazeres
·
Geração das pendências familiares
5º - O chamado do anfitrião é o mesmo: Tragam os
doentes e os estrangeiros
6º - Ainda há lugar -Há mesmo?
7º - Ninguém pede para entrar nessa festa, só se
entra com o convite, mas você pode dar desculpas para não entrar.
8º - Essa parábola teve cumprimento parcial, mas
Isaías profetizou um tempo em que os gentios seriam unidos ao banquete.
Até aquele momento Jesus estava congregando os de Israel,
nós estamos sendo convidados como os de “fora”
“Também os levarei ao meu santo monte, e
os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios
serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração
para todos os povos.
Assim diz o
Senhor DEUS, que congrega os dispersos de Israel: Ainda ajuntarei outros aos
que já se lhe ajuntaram.
Isaías 56:7,8”
Nós fomos incluídos no banquete:
Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e
assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus;
Mateus 8:11”
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