sexta-feira, 17 de março de 2017

João 5 - A cura do inválido em Betesda

O inválido em Betesda – O cenário de uma igreja sem Cristo

Depois disto havia uma festa entre os judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres.
Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados, esperando o movimento da água.
Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.
E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo.
E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?
O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda.
Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado.
João 5:1-9

A ineficácia da igreja contemporânea

Qual dentre nós teria coragem de perguntar aos vizinhos de nossa igreja a relevância que ela possui no contexto atual?
Qual dentre nós ousaria parar para pensar em quê a igreja local tem sido útil para a comunidade onde ela está inserida?
Quem ousa fazer uma comparação entre a igreja primitiva e a atual de modo frio e realista e se expor?
Quais são os projetos que a bancada evangélica tem apresentado atualmente para a educação?
Em quê nosso políticos e líderes têm sido relevantes para a diplomacia nacional e internacional?
Qual o nosso nível de semelhança com Jesus? E com os apóstolos?

Essas perguntas, se respondidas honestamente demonstram que sem dúvidas há uma deturpação na igreja contemporânea, e entendamos igreja organização (prédios).
Diariamente são abertas 12 igrejas no Brasil, considerando dias úteis, podemos estimar 2.880 igrejas abertas por dia.
69 deputados hoje compõe a bancada evangélica. Seus projetos em sua maioria se restringe a não permitir que os gays exijam o que chamam de “privilégios”.
Os programas de rádio e Tv tem servido como meios de propagar a igreja, atraindo mais membros e mais ofertantes para bancar os grandes templos construídos em nome dessas igrejas.
As suspeitas sobre envolvimento de igrejas em escândalos como o da lava jato só crescem. Em linhas gerais, é muito triste o que tem acontecido nos tempos atuais, grandes referências se rendem a alianças políticas em troca de favores, grandes líderes se vendem por pratos de lentilhas fornecidos por pessoas extremamente corruptas.
Todos problemas que citei são em nível macro, em uma visão mais específica, vemos os reformados brigando entre si por detalhes das doutrinas, pisando nos pentecostais e carismáticos, que por sua vez lhes rotula de carnais e sem o “espírito”.
As brigas entre as igrejas mais pobres são ainda mais grotescas, usa-se as redes sociais para se atacar entre si, para criticar os ministérios uns dos outros e enquanto isso o número de desigrejados só cresce.
AW. Tozer disse há tempos atrás em seu livro “Resgatando o cristianismo” que o problema da geração de seus dias é que eles mantinham a doutrina dos apóstolos, mas não suas atitudes e seu caráter. Hoje infelizmente nem a doutrina e nem o caráter tem sido seguido, faltam referências e por mais estranho que pareça o Cristão mais relevante é um papa sul-americano. Enquanto entre os evangélicos os bons exemplos continuam desconhecidos, sem relevância, pois são ofuscados pelas próprias igrejas.
As igrejas não admitem mais pessoas que tenham erros, ainda mais líderes, eles devem entrar na tendência atual, que não é mais de teologia da prosperidade, mas sim de Coaching. Não é a atoa que empresas com sistema de pirâmide atrai cada vez mais cristãos, empresas que prometem ganhos fáceis dizendo aos seus consultores que eles são exímios vendedores, pessoas fantásticas, talentosas diferenciadas. Na verdade vivemos o cúmulo do humanismo: “Você é capaz, você vai vencer, você tem potencial”.
Isso atinge nossa música, nossos sermões, nosso modo de servir.
Como é triste olhar e perceber que assim como Tozer disse:
A diferença entre nós e os não cristãos se dá na seguinte ilustração:
Imagine dois homens doentes, ambos estão precisando de ajuda, ambos estão mal, ambos estão prestes a morrer no hospital, mas um é cristão e o outro não.
O Cristão diz que a única diferença entre ele e o não crente é que ele tem um Deus.
Nesse momento não há tanta diferença, ambos estão doentes, ambos precisam de ajuda.
Tratando essa doença em níveis de caráter, podemos dizer que hoje os cristãos querem dizer que são diferentes por ter um Deus, mas seu proceder é de um ateísmo prático. Não há diferenças entre o justo e o injusto, ambos doentes, um dizendo ter fé, outro sem máscaras.

É triste pensar que em muitos aspectos a igreja se assemelha ao texto que lemos, almejo nas próximas páginas analisar isso:

Depois disto havia uma festa entre os judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
João 5:1
Israel possuía sete festas oficiais, a saber:
Páscoa
Pães Ásmos
Primícias
Pentecostes
Trombetas
Expiação
Tabernáculos

Não se sabe ao certo em qual festa Jesus subiu, isso na verdade não é o fato principal do texto e qualquer tentativa de escolher não passa de uma suposição sem bases sólidas.
Pensemos, qual era a razão de Cristo estar interessado em subir a cidade para uma festa?
A primeira delas era porque seu primeiro milagre ocorre justamente numa festa de casamento, demonstrando que Jesus era alguém social, que se envolvia com as pessoas.
Cristo almejava continuar seu ministério público, a ocasião de uma festa entre o povo era perfeita para demonstrar seus reais propósitos.
Era a segunda vinda de Jesus a Jerusalém, a primeira fora recebida com extrema hostilidade, essa segunda de igual modo seria conturbada, pois, aquele dia era sábado.

Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres.
João 5:2

Há pelo menos duas interpretações quanto ao nome “Betesda”, a primeira delas era é que significa “Casa da misericórdia” e é a mais usual.
A segunda é “Betezata” “Casa da oliveira”.
Pensemos nesse texto como Betesda, casa da misericórdia.
Ela estava posicionada junto ao templo, na porta das ovelhas, certamente havia para João um significado mais profundo quanto a isso, pois, Cristo é o cordeiro que tira o pecado do mundo, logo ele iria adentrar pela porta das ovelhas, porém não há como afirmar, pois, o risco de transformar isso numa alegoria é grande.

Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados, esperando o movimento da água.
Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.
João 5:3,4

Em Betesda há uma multidão, de cegos, coxos, mancos, ressicados.
O último trecho de João 5.3 nem mesmo aparece nos originais, na verdade trata-se de uma adição posterior para explicar a razão das pessoas aguardarem tanto tempo à beira de um tanque.
Um anjo descia de tempos em tempos para agitar as águas, o primeiro a entrar no tanque após o movimento das águas era curado.

É triste pensar que nunca houveram evidências de que esse anjo de fato agitava as águas, de que talvez, digo talvez; isso nunca tenha acontecido e não passou de superstição.
De que pessoas como esse homem passaram trinta e oito anos a beira de um tanque, esperando por algo místico, por coisas que não iam acontecer, esperando manifestações sobrenaturais.
A igreja descentralizada em Cristo, a igreja mercantilista, a igreja como empresa familiar e não como corpo, a igreja como organização e não organismo, encontra-se de igual modo hoje em dia.
Pessoas cegas, paralisadas, mancas, esperam manifestações sobrenaturais, esperam trocar ofertas por curas, esperam “movimentos” em que o mais espiritual recebe.
Porém anos estão se passando e o número de frustrados crescendo, anos estão passando e as prometidas curas não acontecem, anos tem passado e as pessoas morrem sem ver os “sinais” prometidos.
Pessoas pagam penitências, se humilham para tocar em “apóstolos” atuais, se espremem para se aproximar de seus bezerros de ouro, pensando que eles podem fazer alguma coisa.
Há cultos hoje de troca de anjo, há cultos hoje a anjos, há lugares em que se é afirmado que “vemos um varão de branco”, querubins voando, etc. O frenesi causado excede qualquer palavra.
As pessoas creem tanto nos misticismos que estão à beira de falsas casas de misericórdia a anos. Estão esperando que coisas maravilhosas aconteçam nesses lugares, não é à toa que os feridos em nome de Deus só crescem, seus filhos crescem com raiva de tudo que diz respeito a Deus.
Há um pragmatismo que faz com que as lideranças que faz com que se as igrejas se adequem cada vez mais as necessidades do povo, não basta pregar, é necessário ter revelações ao final, não basta falar que Deus é bom, é preciso falar línguas e profetizar em nome de Deus.
Se dá certo, faça!
Se atrai o povo, esse é o método.
Há muitas Betesdas ainda hoje, onde a propaganda é “Casa do misericórdia”.
Mas a vida se torna cada um por si.
Há muita propaganda quanto a igreja ser um lugar de amor, porém a demonstração prática das igrejas contemporâneas é do contrário, individualismo, cada um por si, não há misericórdia, tampouco justiça, há desigualdade, há exploração, há darwinismo cultural e religioso.
Se estás doente é porque está pecando, é porque em algum momento você mereceu, se você orar o suficiente, se você clamar o suficiente, você será alcançado.
Isso não é Cristão, isso não é casa de misericórdia, mas sim uma negação prática do nome atual.
E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo.
João 5:5

A identificação inicial é genérica: “Um homem”, esse homem na verdade nos representa, religiosos ou não, somos fracos tratando-se de autoajuda.
Nossas tentativas de se ajudar são terríveis, buscamos refúgios de muitas formas e podemos cair no ativismo, ou ainda em outros casos cair na inércia.
Trinta e oito anos parado num mesmo lugar, trinta e oito anos a espera de coisas que não vão se concretizar.
Eu acredito piamente que devemos parar de falar de milagres, se acontecerem, maravilha! Mas a grande maioria nunca os verá, a grande maioria via sim perder os pais para doenças degenerativas, até porque a vida é assim.
A grande maioria terá muitas orações não respondidas. Porém achamos que a lógica é de que a oração é uma alavanca que “move” a mão de Deus.
Deus não é inerte, Deus não é indiferente as nossas dores, Deus não é um sádico assistindo dos autos céus as barbáries da terra de modo indiferente.
Não tenho dúvidas quanto ao fato de que Deus se entristece ao ver a deturpação contemporânea, que Deus se entristece por pessoas estarem apegadas a promessas falsas.
Esse homem por certo fora abandonado por família, amigos e até as relações em volta do tanque eram falsas.

E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?
João 5:6

O fato mais fantástico a cerca dessa passagem é que estão esperando movimentos, estão esperando coisas fantásticas, brigam por isso, querem os apóstolos e os cafetões da fé.
Mas Jesus está ali, Jesus fala conosco, Jesus está de contínuo presente, Jesus está ainda hoje conosco cumprindo sua promessa de acompanhamento contínuo até a consumação dos séculos.
Jesus tem total compaixão, pois, quem iria deixar de ir a uma festa para chegar a um lugar cheio de cegos, coxos, paralíticos?
Nem mesmo a família desse homem faria isso, nem amigos. Mas Cristo vai onde ninguém vai.
O natural seria desfrutar da festa, se atentar ao templo que estava ao norte e era grandioso, o natural é buscar cada um que é seu.
Mas Cristo se compadece de inválidos, de drogados, de pessoas com reputação duvidosa, de mulheres apanhadas no ato adulterando, Jesus se compadece até dos algozes ao dizer “Pai perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem”.
A graça de Cristo nessa passagem é fantástica, perceba em alguns passos:

1° Ir propositalmente a um lugar de doentes.
2° Falar com um homem inválido a trinta e oito anos.
3° Se compadecer ao ver alguém sofrer por muitos anos.
4° Propor definições em lugar de provisões rápidas.

Houve um dia que um homem chamado Saduh Sundar Singh fora confrontado por um professor em sua faculdade.
Esse professor lhe perguntou qual sua religião e Saduh respondeu: “Cristo.”
Após muita insistência do professor Saduh lhe disse:
“Eu não tenho uma religião, eu tenho uma pessoa:
“A pessoa fantástica, a pessoa maravilhosa, a pessoa excelente, a pessoa incomparável de Cristo”.

Ricardo Gondim disse: Se alguém um dia descobrir que Cristo é uma farsa eu diria pior pra você, pois, se isso é uma farsa eu diria, bendita farsa.
Ela me deu significado, ela me deu esperança quando faltou, ela me deu um norte nos dias em que estava perdido.
Cristo é incomparável!

Agostinho disse: Eu já li muitas coisas boas em Aristóteles, Sócrates e Platão.
Mas nenhum deles disse, venham a mim todos os que estais cansados e eu vos aliviarei.

É essa compaixão maravilhosa que caracteriza o texto, é a compaixão de um Cristo que faz como em Laodicéia.
“Estou a porta e bato” .
Um Cristo que se abaixa para conquistar, um Cristo que vai onde ninguém quer ir, que faz o que ninguém quer fazer, que toca em leprosos com amor, compaixão e ternura.
É esse que está diante do homem e lhe propõe definições:
“Queres ficar são”?

O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
João 5:7
Os traumas de alguém esquecido lhe levam a ser totalmente pessimista.
Cristo está lá, a solução está lá, mas ele diz que não tem quem o ponha na água.
Esse é o problema da religiosidade contemporânea.
Nós estamos considerando Cristo insuficiente, estamos esperando algo mais, estamos esperando mais algo sobrenatural além da cruz.
E não há nada mais eficaz do que saber que se é amado, quem alguém se importa, que alguém me amou.
Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda.
João 5:8

Cristo tem respostas definitivas, Cristo não trata com jeitinhos, ele tem o que precisamos.

Pedi calor, Deus me deu verão
Pedi voz, Deus me deu canção

Pedi resposta, Deus me deu solução
Pedi que olhasse, Deus me deu a mão
Pedi amigos, Deus me deu irmãos

Porque ele tem mais do que eu consigo pedir
E sempre sabe o que é melhor para mim
Não dá o que eu quero, nem o que mereço
Mas o que preciso para ser feliz
Me ensina a te agradecer

Pedi pão, Deus me deu sabor
Pedi bens, Deus me deu valor
Pedi sorriso, Deus me deu humor
Pedi vida, Deus me deu vigor
Pedi carinho, Deus me deu amor

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