sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

As Sete máscaras que Jacó Usou

E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó.
Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste.
Gênesis 32:27,28

Jacó inicia a vida com grandes responsabilidades, aliás, antes de seu nascimento grandes acontecimentos lhe cercavam.
Vimos inicialmente um Abraão que é vocacionado por Deus e que leva muitos anos até conceber seu primeiro filho, quando esse fato ocorre ele já tem 100 anos, não à toa o nome da criança é Isaque que tem por significado o termo “riso”. A alegria da resolução da esterilidade de Sara foi motivo de Riso para Abraão.
Isaque cresceu, se casou, sua esposa da mesma maneira não podia ter filhos. Isaque ora ao Senhor e finalmente recebe a sua resposta, na falta de uma criança o Senhor concede duas, após 20 anos de casamento.
Há uma briga constante no ventre, Rebeca nota que seus movimentos não são normais, que sua gravidez tinha diferenças das demais, pensando nisso ela fala com Deus e recebe a resposta a cerca de seu problema. Em seu ventre haviam duas nações, o mais velho serviria ao mais novo. A primogenitura era fator relevante entre o povo judeu, ainda mais naquela época.
Após a morte do pai, o primogênito governava a família, ele poderia tomar as rédeas de todos os bens do pai, as decisões familiares ficariam sob sua responsabilidade bem como o sustento em alguns casos, o primogênito era um sucessor.
Tratando-se de um descendente de Abraão, a primogenitura era ainda mais importante, pois, tratava-se da continuidade da promessa, ser o primogênito era contribuir para o cumprimento da promessa, era fazer parte da ascendência de Jesus. Visto que Abraão viu de longe o dia do Senhor e se alegrou. Se em Abraão seriam benditas todas as nações da terra, então a promessa do messias estava em sua semente, ser parte dessa semente era um privilégio glorioso, esse fato era o mais importante, mas ainda havia a questão das possessões materiais e as bem-aventuranças que estavam inseridas nas palavras de Deus a Abraão e sua semente.
O Senhor falar diretamente a uma mulher, lhe revelar quais eram os sexos de seus bebês, não dizer nada disso a ao marido, ia na contramão de tudo que havia acontecido até então, o Senhor falara com os maridos e confirmara suas palavras às mulheres, neste caso, o fato é ocultado de Isaque que fica sabendo pela esposa.
Além disso, de antemão se sabia que o filho menor ou mais novo, governaria sobre o mais velho, tal fato até então era incomum. O primeiro ultrassom da história foi dado pelo próprio Senhor, sem máquinas, sem erros, foi certo e preciso. Nasceriam dois meninos!
Quando as crianças nascem, o primeiro é ruivo, peludo, e recebe o nome de Esaú. Justamente por esse fato, as circunstâncias do nascimento eram fundamentais nas escolhas dos nomes. Considerando essas características batizam o primeiro menino com esse nome. Esaú quer dizer peludo. Também foi chamado posteriormente de Edom por conta da cor e pelo fato de almejar muito um guisado vermelho que seu irmão produziu.
O segundo menino (o que recebeu a promessa) naturalmente sairia depois, ou mesmo teria uma atitude tranquila como todos os bebês, saindo apenas com choro. Essa criança foge a todos os padrões, pois, nasce agarrada ao calcanhar de seu irmão, os dois tem diferenças de alguns segundos e alguns centímetros, porém, regra é regra. O primogênito nascera com o seu irmão agarrado ao calcanhar.
Ao observarem o menino lhe chamam de Jacó (yaacob) no hebraico que significa “Que Deus proteja”. Porém outras formas do mesmo nome dariam outro significado (aqueb) “Calcanhar” e aqab “suplantador, surpreender”. O seu nome passa a ser um apelido “agarrador de calcanhar, ou suplantador”.
Já antes de nascer a briga existia, no nascimento, os bebês ainda eram minúsculos, mas já demonstravam os conflitos que viriam a partir daí.
Os dois crescem, Esaú segundo o texto é homem da caça.
“E cresceram os meninos, e Esaú foi homem perito na caça, homem do campo"
Gênesis 25:27a
Isaque sempre foi um homem extremamente calmo e passivo, tal fato lhe rendeu algumas dores de cabeça. Portanto não é de se admirar que ter um filho na caça, vivendo aventuras, repleto de coragem, fosse atrativo a Isaque. Tudo aquilo que ele queria ser, seu filho era. Tudo o que ele gostaria de fazer, seu filho fazia. Esaú se torna o motivo da satisfação do pai, enquanto não é mencionado nenhum afeto entre Isaque e Jacó.
Considerando isso, a mãe se apega ao filho mais novo que era mais ligado a casa e não tinha atividades tão robustas como as de Esaú.
Mas Jacó era homem simples, habitando em tendas.
Gênesis 25:27b
O amor que Jacó recebe é da mãe, cada um se apega a um. Os interesses individuais não deveriam de forma alguma estar acima do bem comum, certamente muitos problemas seriam evitados com um melhor proceder nessa família.
Jacó como foi dito, era homem mais de casa, discreto, sem grandes feitos como os de Esaú. Porém suas qualidades estavam no intelecto.
Esaú era braçal, Jacó era estratégico; Esaú era bruto, Jacó sentimental; Esaú era a força, Jacó a inteligência; Esaú era inocência, Jacó era a sagacidade.
Jacó tinha sob si a promessa, ele poderia ficar em paz e esperar que as coisas aconteceriam pouco a pouco, porém a ansiedade fez com que ele tomasse atitudes que não deveria tomar.
Sua mãe provavelmente lhe contou que havia uma promessa sobre ele, anterior ao seu nascimento. Tal fato gerou ansiedade no coração de Jacó e ele certamente esperava uma oportunidade para finalmente notar o cumprimento de tais palavras, sendo segundo filho e vendo a preferência do pai pelo irmão mais velho, Jacó deixa de acreditar nas promessas como deveria e sua fé é abalada, agora qualquer oportunidade que surgisse lhe faria deixar de ser o sentido inicial de seu nome “Aquele que Deus cuida” para poder abraçar o sentido mais vulgar “Agarrador de calcanhar”. Ele se sentia sempre atrás, suas conquistas passam a ser em cima de erros ou imprudências dos outros, calcanhares seriam puxados para Jacó subir.

Jacó, consciente da promessa, opta por tomar seus próprios rumos. A falta de fé se manifestou no fato de que ele fazia questão de ser primogênito para de alguma forma facilitar as coisas para que as promessas se cumprissem.
Jacó passa a usar algumas máscaras, alguns caminhos desnecessários, a inocência de criança aos poucos vai se esvaindo por perceber um pai que não lhe dá a devida atenção, por ver que as promessas se distanciavam de seu cumprimento, por ter um coração agora sedento por reconhecimento, por ascensão. E já foi dito por mano Brow “A frustração é uma máquina de fazer vilão”.
Talvez Jacó e todos daquela casa poderiam tomar um rumo bem melhor, porém, o fato de o pai optar por um filho e a esposa não o confrontar por estar em desacordo com a vontade de Deus, fez com que todos sofressem as consequências.

A primeira máscara de Jacó é a projeção sobre as fraquezas, a exploração – Maquiavealismo, os fins justificam os meios.

Ao ver seu irmão chegar do campo, cheio de fome e exausto, de forma não proposital Jacó havia preparado uma refeição. Esaú pede para comer, porém Jacó aproveita a fragilidade de seu irmão para poder conseguir a primogenitura.
Esaú não levou em conta o valor das negociações que estava prestes a fazer, então ele topa essa proposta que é desproporcional, era possível que o primogênito oficial por algum motivo repassasse seu direito a um irmão mais novo, porém era algo totalmente incomum, ainda mais tratando-se de um alimento como moeda de troca.
Esaú chega a dizer: “De que me vale ser primogênito, se vou morrer de fome”?
Jacó é maquiavélico, aproveita a necessidade do irmão para conseguir o que quer, é inegável o fato de que Esaú também foi extremamente imprudente ao agir dessa forma.
A atitude de Esaú foi tão infantil e movida por extintos que até no NT ele é citado negativamente, há uma comparação que o autor de Hebreus faz, ao falar sobre a graça de Deus há um conselho de que ninguém se prive dela, que ninguém seja devasso, profano, como Esaú que trocou sua primogenitura por um prato de lentilhas.
Hebreus 12.15-16.
Jacó da mesma maneira tem sua parcela de erro, pois, seu desejo deve ser satisfeito, independentemente dos meios que se utilize, ele é eficiente, mas não eficaz. Usa as situações ao seu favor sem levar em conta os princípios.
Jacó fora suplantado diversas vezes, pelas circunstâncias com as quais fora criado, falta de afeto do pai, as preferências por um irmão mais velho, o desejo de ser abençoado, levaram Jacó a um caminho totalmente desnecessário, ele usa as fragilidades dos outros para se projetar, ao menos nesse momento é um aproveitador. Os traumas passados fazem com que ele tenha a necessidade de se projetar sobre a fraqueza do outro, aproveitar as situações adversas dos demais para se promover, suas relações não são sinceras, mas são apenas escadas as quais ele usa para galgar lugares ainda mais altos. Será que isso acontece hoje?
Com frequência vemos pessoas que usam a fraqueza de outras para se promover, não há honestidade nas amizades, apenas o lado bom é demonstrado e qualquer pessoa que demonstre um pouco de fraqueza é aproveitada, a honestidade emocional é inaceitável, todos são mascarados, todos devem evitar se expor para não ser aproveitado, aos poucos as crianças vão dando espaço aos fariseus, até que chegamos em um ponto em que não sabemos sequer quem somos.
As relações são para aproveitar, não tratamos bem os que não podem dar nada a nós, tudo é um grande jogo de interesses. Eu tiro selfie com quem pode me fornecer like, eu me relaciono com quem pode me fazer crescer, o crescimento pessoal não seria o problema, mas queremos o status que as amizades podem fornecer e esse é o problema. Nunca viram um ao outro mais se chamam de amigos, não por simpatia, mas por status, lembremos do caso da Anita que tentou tirar uma foto com a Rihana e foi severamente ignorada.

2° - Falta de fé para fazer o certo.
A sede por ser aceito, por se enquadrar nos padrões exigidos pela cultura fez Jacó tomar esse caminho, lhe faltou fé para tomar o rumo certo, no fundo todas as vezes que transgredimos estamos confessando que não temos fé suficiente para fazer o certo, todas as vezes que optamos por um caminho mais cômodo, há uma confissão oculta de que é mais fácil errar do que acertar e que optamos pelo fácil em detrimento do certo e estreito caminho, a estrada larga é cômoda para se trilhar, é mais habitada, o caminho estreito é menos trilhado e cheio de dificuldades, mas nesse espaço há certezas! A palavra do Senhor é a garantia.

“Sonhamos o voo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o voo só acontece se houver o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.”- Rubem Alves
Jacó trocou a garantia da palavra divina, que não se via, não estava concretizada, por algo palpável, agradável aos olhos, o que se vê ou está mais “racional” aos nossos olhos é totalmente agradável, porém depender da fé exige esforço, exige viver dias incertos, mas com apenas a palavra do Senhor que é a rocha cuja obra é perfeita.
Abraão quis dar um jeito em relação a continuidade de suas promessas, então se deitou com Agar e teve Ismael, essa atitude deu inúmeros problemas a Abraão posteriormente.
Barjesus quis os dons espirituais de Paulo por dinheiro, o resultado foi a cegueira.
Deus não depende de nossos jeitinhos, no fundo, os atalhos da vida são falta de fé, são alternativas ao caminho, são pequenas distorções que mostram nosso ateísmo prático, não confessamos, mas boa parte do tempo falta-nos fé para fazer o certo, tomar o caminho largo é mais cômodo, é mais seguro.



3° - A falta de capacidade de dizer não.

Jacó recebe uma proposta totalmente indecente da mãe. Ele deveria enganar o pai a fim de ganhar a bênção da primogenitura, ela ouvira toda a conversa de Isaque com seu filho Esaú, então convida Jacó a pegar um cabrito no rebanho, leva-lo a mãe, ela faria a comida como ele pedira.
Jacó sabia que seu pai já tinha planos quanto a isso, novamente a falta de fé para fazer o certo, bem como a falta de coragem para dizer não prejudicaram Jacó.
Ele indaga a mãe, sobre a mentira, sobre os pelos do irmão, a maldição iminente, com uma simples palavra a mãe leva Jacó a fazer o mal novamente. A falta de coragem para dizer não é uma máscara que usamos hoje em dia, o medo de não ser aceito tira a coragem e a autenticidade para poder afirmar nossos gostos, não conseguimos mais dizer que não vamos fazer algo, por mais que seja errado, o importante é estar no grupo, ser alguém de “dentro”, em nome disso aceita-se usar drogas, participar de confrarias como o povo de Tiatira, falta garra para dizer não, para dizer que não concorda, para dizer que não sabe, para dizer que não vai. Dizemos sim para coisas que jamais deveríamos dizer, mas a aceitação é nossa opção na maioria das vezes:

Os impostores se preocupam com a aceitação e a aprovação. Por causa da sufocante necessidade de agradar outros, não conseguem dizer não com a mesma confiança que dizem sim. Por isso fazem das pessoas, dos projetos e das causas uma extensão de si mesmos, motivados não pelo comprometimento pessoal, mas pelo medo de não atingir as expectativas dos outros. – Brennam Maning – O impostor que existe em mim.

4° - Mentiras sucessivas
1° - Mentiu sobre sua identidade – “Eu sou Esaú”.
2° - Mentiu sobre sua obra – “Tenho feito como me disseste”.
3° - Mentiu sobre a ajuda de Deus – “Porque o Senhor teu Deus a mandou ao meu encontro”.
Até Deus é envolvido nas mentiras de Jacó, percebe-se que para sustentar uma primeira mentira, várias outras são necessárias, até que em um momento da vida a casa cai.
Quantas pessoas mentirosas já vimos? E quando são descobertas? As reações são as mais inusitadas, tentam criar teorias, irmãos gêmeos aparecem, se justificam... A mentira é um atraso, a mentira é a máscara mais comum. Em muitos aspectos é impossível não mentir. Mas Jacó estava lidando com algo muito sério, estava lidando com seu futuro, sua família e envolveu até Deus na mentira.
Tudo é possível quando se usa a máscara da mentira.

5° Endeusamento das relações. Raquel
6° Ativismo – Trabalho em excesso

7° O sentimento de que todos têm seu preço – Perdão de Esaú

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