sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

SERMÃO TEMÁTICO SOBRE DEPRESSÃO

Depressão – O mal do século. 1° Reis 19

- A OMS estimava que em 2030 a população com depressão seria de 9,8%. Infelizmente esse índice foi atingido em 2010, 20 anos antes da previsão.
- Mais de 400 milhões de pessoas sofrem com esse mal, a população em depressão é equivalente a duas vezes o número de pessoas de todo o Brasil.
- Segundo Kofi Annan – (ex-secretário das nações unidas) os gastos anuais diretos e indiretos com depressão são de 800 bilhões de dólares. A estimativa é que nos próximos vinte anos esse custo seja dobrado.
- A depressão é a quarta causa de afastamento do trabalho em todo o mundo, segundo as estimativas da OMS em 2030 será a segunda maior causa de afastamento do trabalho.
- As estimativas da OMS são de quem nesse ano de 2030 a depressão será a maior doença da terra, superando o câncer e qualquer outra doença infecciosa.
- A depressão está relacionada com aproximadamente 50 % dos casos de suicídio.
- 32 Brasileiros morrer por dia devido ao suicídio.
- No mundo ocorre uma morte a cada 40 segundos, decorrente do suicídio, ainda segundo a OMS 9 em cada dez casos poderiam ser evitados.
- São 800 mil mortes por ano.

 Há pelo menos dois olhares sobre a depressão, o primeiro deles é o mais comum.
Entende-se por depressão no senso comum como a vontade de “morrer”, uma tristeza profunda, opcional, que pode ser superada e por poder ser superada não passa de mera escolha de quem vive esse mal.
Isso justifica a posição de muitos irmãos e da grande maioria da sociedade. Há um olhar de preconceito, muitos consideram de certa forma um “vitimismo”. Ou ainda dizem que essas causas são puramente espirituais, são influências de demônios, que devemos repreender, etc.
Isso leva muitos dos que vivem depressão a se isolar cada vez mais, muitas vezes por ter essa primeira ideia as pessoas evitam pedir ajuda, oram em secreto ou tentam não dividir suas dores por achar que são as únicas que passam por isso, ou mesmo por que nas poucas tentativas que tiveram de se expor acabaram sendo criticadas ou não compreendidas.

Porém não devemos ficar restritos ao senso comum. A depressão em primeiro lugar não é uma escolha, ninguém pondera e raciocina sobre o momento que “almeja” ficar triste e deprimido. Ela simplesmente acontece.
E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.
Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo.
Mateus 26:37,38

A depressão é uma doença que altera o sono, apetite, disposição física, e termina nas alterações psicológicas onde há influências sobre a autoestima, autoconfiança, conferindo um tom cinzento e pessimista a tudo o que a pessoa percebe, sente e faz. Ela pode durar dias ou anos, pode ter motivos claros ou não.
Marco André Mezzasalma.
É segundo as palavras de Kay Redfield “um horror privado” “Distinto de qualquer definição arbitrária”. Trata-se de algo que apenas quem vive poderia tentar descrever, a depressão não cabe em definições simples. Somente os que a vivenciaram tem plenas condições de se identificar com seus reais males.
A depressão paralisa nossas forças vitais, arranca a humanidade, trazendo em troca um estado árido, triste, desesperançado, é uma condição de esterilidade emocional, não se pensa em produzir nada, não há ideias, não há perspectivas, o olhar se restringe ao aqui e ao agora, o sono torna-se uma fuga, o acordar é sempre triste, o viver é uma labuta, tudo não passa mais de futilidades, não há razões para mais nada, não há mais beleza, não há esperança.
Segundo Kay Redfield “todos os apoios estão perdidos” não há em que ou quem confiar, não há razões para prosseguir, a vida perde o significado, como dito anteriormente não há mais cor.  Até a força é abalada, nada parece valer a pena, nada parece merecer o mínimo esforço, a alma atrofia. Depressão é beber o cálice da morte em quantidade suficiente para desesperar, mas não matar. É morrer emocionalmente e ter o corpo ainda em atividade. Em casos mais graves a morte torna-se a única alternativa, em busca da vida é que vão até o extremo de abreviar a existência terrena.
Veja as palavras de Neil Barreto o suicida depressivo:
“O suicida não quer acabar com a vida, mas com a dor, com um presente sem sentido. Ele é alguém que grita desesperado pela vida, mas por não conseguir viver, ele prefere morrer”.

A depressão elimina esperança totalmente, nos casos graves o desespero leva as pessoas ao suicídio conforme exposto acima.
Sob a ótica do deprimido toda vida perde o sentido, só há males no presente e há uma tendência de imaginar que o futuro reservará males ainda maiores. Não há esperança no presente nem no porvir.
É natural confundir a depressão com mera tristeza, por se tratar de palavras usadas sem saber o real sentido, usamos o termo “deprimido” quando queremos dizer que estamos tristes. Dizemos que estamos estressados quando queremos dizer que estamos cansados e por aí vai. A tristeza é um sintoma da depressão, visto que a depressão influencia sobre muitos outros fatores na vítima.


Portanto é importante notar os sintomas mais comuns da depressão, veremos abaixo alguns deles:
1. Sintomas afetivos

►Autodesvalorização, sentimento de inutilidade.
►Perda do interesse ou prazer em atividades anteriormente prazerosas.
►Tristeza persistente, choro fácil e/ou frequente.
►Apatia (indiferença afetiva - tanto faz como tanto fez).
►Sentimento de tédio, aborrecimento crônico.
►Desejo de morrer, ideias suicidas.
►Inquietação, irritabilidade.
►Desânimo, sentimento de desespero, desesperança.

2. Sintomas somáticos

►Distúrbio no sono:  insônia, despertar matinal precoce com sonolência excessiva.
►Distúrbio nos hábitos alimentares: perda ou aumento do apetite como consequente emagrecimento ou ganho de peso.
►Cansaço, fadiga excessiva, sensação de corpo pesado.
►Dores físicas persistentes que não respondem a tratamentos (Ex. dores de cabeça, distúrbios digestivos).
►Diminuição do desejo sexual, bem como da resposta sexual (disfunção erétil, orgasmo retardado, etc.).

3. Sintomas psicológicos

►Autocomiseração, baixa autoestima.
►Espírito crítico excessivo, pessimismo.
►Dificuldade para concentrar-se.
►Indecisão, insegurança.
►Desinteresse, apatia.
►Sensação de vazio.
►Ideia de arrependimento com sentimento de culpa exagerado

Em resumo, a depressão é difícil de identificar, não necessariamente o que está listado acima é definitivo, são apenas indícios de alguém que pode ter vivido ou esteja vivendo a depressão.
Silas Malafaia dá uma definição simples sobre depressão:
“É bem semelhante às estradas em que há um declínio, as placas indicam: Depressão abaixo, logo sabemos que a estrada vai descer. De igual modo, nossas emoções são como uma estrada, estável, porém há momentos em que as emoções declinam, nesse declínio a depressão se inicia”.
Acredito que muitos já viveram momentos assim, seja por desemprego, doenças, perdas, ou até sem motivos aparentes.
Lembro de uma amiga da faculdade que alegou ter vivido um momento de depressão justamente no melhor momento da vida dela. Namorando, estudando, trabalhando, já havia superado a separação dos pais. Porém sem motivos aparentes, sem nenhum tipo de mudança drástica na vida ela simplesmente passou a chorar copiosamente, perdeu toda a vontade de sair de casa, de ver familiares e amigos, perdeu o emprego, perdeu o semestre na faculdade e se não fosse uma intervenção da mãe e de um especialista ela teria perdido ainda mais tempo.
As causas são variadas:
Fatores genéticos
Estresse
Decepções contínuas
Fatores econômicos
Alterações no peso
Individualismo

Zigmunt Bauman diz que a liquidez das relações atuais escorrem pelos dedos, a falta de ideais, de pessoas em quem possamos confiar caracteriza nosso modo de viver na geração contemporânea.
Vivemos num mundo de individualismos, a intenção é sempre ser o primeiro, se não conseguir não serve, não há espeço para fragilidades, não há espaço para ajuda comunitária, vale apenas o primeiro, o segundo é coadjuvante, o esforço só é valido se tiver medalha. Não há espaço para fracassos, todos devem ser vencedores e isso influencia até a igreja.
Não demonstramos a mão aberta para ajudar, mas queremos demonstrar o marketing de valor de nossa igreja.
“Seja um vencedor, seja vitorioso, junte-se a nós” transformamos o ide em vinde. Assemelhamo-nos a babel e estamos próximos a um momento em que o próprio Senhor tratará de destruir essas fortalezas.
O pobre é retratado nas grandes mídias das igrejas sendo “exorcizado”, tratado como alguém num estado inferior, a igreja torna-se um lugar para vencedores, para reforçar os slogans das “Eu sou igreja tal, eu sou tal”; O markenting de valor trabalha justamente dessa forma, vende-se valor aos clientes. “Venha para cá e seja um vencedor como eles são”.
Não há espaço para fracassos, não há espaços para maltrapilhos, não há espaço para pedir ajuda, nesse aspecto estamos paulatinamente nos assemelhando aos islâmicos e isso é muito triste.

Vejas a partir de agora alguns exemplos de depressão na bíblia e suas respectivas causas:
Elias.
Vemos no capítulo 19 de primeiro Reis que Elias está dentro de uma caverna, pedindo a morte.
Como isso pode acontecer? Quais foram os sintomas da depressão de Elias?

1° - É uma depressão após um grande sucesso :
Ele matou 450 profetas de Baal – 1° Reis 18. 38 e 39
Segundo a sua palavra não choveu – 1° Reis 17.1
A predição de uma grande chuva -  1° Reis 18.46
Ele havia realizado alguns grandes atos, após fazer tanta coisa, ele viveu um momento sem grandes realizações. É a depressão “pós-sucesso”. Após uma sequência de grandes façanhas as pessoas de certa forma se acostumam a viver no auge, daí vemos casos que ficaram extremamente conhecidos como de artistas que eram famosos e de uma hora para outra se veem no anonimato, ou do nadador americano Michael Phelps.
É uma depressão que atinge pessoas que viveram de modo muito intenso durante um período e que voltam ao seu estado normal posteriormente.
Lembro de um período assim, vivi a chamada “Correria” durante os anos de 2012 e 2013 e por conta de diversos fatores parei os estudos, troquei de emprego e me vi sem condições de voltar. Até que apenas no segundo semestre de 2015 eu voltei.
Todo início de semestre era um tempo de profunda decepção, visto que não era possível retomar o ritmo de outrora em que dormia pouco, trabalhava muito e era conhecido por ser incansável, acostumar-se a um novo padrão, mais calmo por incrível que pareça foi uma das coisas mais difíceis que passei.

2° - Frustração.
Imagine que as razões para que o ministério do profeta Elias existisse era justamente o fato de haver profunda oposição, qualquer um imaginaria que após realizar esses tão grandes atos que já citei as coisas fossem melhorar.
Após os gritos do povo unido dizendo: Só o Senhor é Deus. – 1° Reis 18.39
Após a fala de que não haveria chuva é ordenado ao profeta se esconder – 1° Reis 17.1-3
Agora mesmo após todos os acontecimentos Jezabel se levanta contra Elias, ela já havia matado muitos profetas e os que ela não matou, fez assentar em sua mesa e os comprou.
1° Reis 19.2
Quanto mais se esforçava, pior ficava a situação.
Há momentos em que demonstramos fraquezas, não necessariamente por ser fracos, mas por cansar de ser forte por tanto tempo. Obstáculos maiores já foram ultrapassados por muitos, porém por razões inferiores as pessoas desanimam de tudo e de todos.
Não sabemos ao certo como já foi dito, o dia e a hora do desânimo e depressão, por razões inferiores nos entristecemos por extremo.
3° - Esgotamento físico e emocional.
Após tantas batalhas, Elias já estava cansado, emocionalmente e fisicamente.
Imagine, ele correu a frente dos carros de Acabe, ele andara um dia inteiro até conseguir um lugar junto a caverna, foram 150 KM.

Ele chegou ao ponto de cansar-se emocionalmente e chegar a um esgotamento que lhe levou a praticamente desmaiar junto ao zimbro. 1° Reis 19.4
O mergulho nas atividades consome pessoas ainda hoje, porém podemos chegar ao ponto de achar que não há razões para nada do que estamos fazendo, não há razões para prosseguir. Cansamos de lutar em vão, quando nos damos conta do quanto caminhamos sem êxito podemos cansar a mente, daí para frente a tristeza torna-se fixa, perde-se as razões pra continuar.

4° - Medos sem sentido.
O homem já havia matado 450 profetas, encarado o rei mais mal de toda história Israelita, porém agora está inexplicavelmente com medo de uma mulher.
O que seria uma pessoa só diante de todos os obstáculos que ele já enfrentou?
Porém ainda hoje vemos isso, pessoas que venceram grandes batalhas serem derrubadas por pequenas pedras no caminho, por pequenos obstáculos. Inexplicavelmente há pessoas que vencem vários concorrentes, são gênios em seus negócios, mas ao encarar o escuro, a solidão ou coisas que pessoas comuns encaram acabam tendo medos extremos, verdadeiras fobias. 1° Reis 19.3

5° - Incoerência de sentimentos
Elias fugiu para escapar com vida, porém agora pede a morte.
Como pode alguém ter tamanha incoerência?
A depressão causa isso, em busca da vida as pessoas vão atrás das mais diversas alternativas, sejam drogas, bebidas, movimentos, redes sociais, etc.
É em busca de um alívio de suas dores que as pessoas optam por se matar, é por querer viver.
Marieke Vervoort – ATLETA BELGA.

A atleta infelizmente dia após dia tem visto seu corpo perder movimentos, sua deficiência foi adquirida e não é de nascença. Sua única motivação são as olimpíadas e o esporte, por ver que não será possível prosseguir, ela já marcou sua morte para dias após as olimpíadas.
Há um filme recente em que o protagonista sofre de uma doença degenerativa, por sofrer assim ele opta pela eutanásia, o filme é: Como eu era antes de você.
É em busca da vida que grande parte das pessoas se suicidam, é por não ver nesse plano uma alternativa que elas imaginam que tirar a própria vida será o melhor caminho.
O que Elias quer não é morrer, mas sim pedir socorro.

6° - pois não sou melhor do que meus pais.
1 Reis 19:4
Seu conceito sobre si é baixo, sua autoestima está baixa.
Ele para e pensa no galardão dos profetas antigos, nas recompensas que receberam e as que não receberam e chega a triste conclusão que é apenas mais um sofredor, que não vale a pena profetizar, que não vale a pena viver.

7° - E deitou-se, e dormiu debaixo do zimbro; e eis que então um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te, come.
E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se.
1 Reis 19:5,6
Alteração no sono.
Elias passa a dormir demais e a questão não é mais de cansaço, mas sim de fuga.
Quem geralmente está triste considera o sono uma boa alternativa, pois, ele por algumas horas nos desliga da realidade atual. Jó viveu isso:
 Deitando-me a dormir, então digo: Quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me revolver na cama até à alva.
Jó 7:4

Dizendo eu: Consolar-me-á a minha cama; meu leito aliviará a minha ânsia;
Então me espantas com sonhos, e com visões me assombras;
Assim a minha alma escolheria antes a estrangulação; e antes a morte do que a vida.
Jó 7:13-15

Na depressão as pessoas tendem a dormir demais ou dormir de menos, o sono é um fator relevante no que tange a depressão.
Lembro-me dos tempos de desemprego em que passei virar noites inteiras acordado e passar o dia normalmente, por conta da ansiedade e desespero na procura.

8° - Falta de preocupação com a alimentação – comer demais ou comer de menos:
E o anjo do Senhor tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho.
1 Reis 19:7

Se o anjo do Senhor não lhe interrompesse o sono, Elias sequer iria se alimentar.
Pessoas com depressão podem ainda ficar longos períodos sem se alimentar, ou se estufar de comida como um refúgio para o momento atual.

9° - Sentimento de injustiça, como alguém que acha que tudo e todos conspiram contra si, que seu trabalho não é reconhecido:
E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem.
1 Reis 19:10


10 ° - A persistência na tristeza
Elias já havia sido amparado pelo anjo do Senhor que o alimentou duas vezes, mesmo assim ele opta por fugir.
Normalmente as pessoas deprimidas até recebem uma demonstração de afeto de alguém, porém mesmo assim continuam ficando tristes. Mesmo após uma demonstração de preocupação a pessoa continua optando pelo isolamento afinal quanto menos pessoas compartilharem da própria desgraça melhor.

11° - Falta de confiança nos outros e na vida, sensação de invalidez.

E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?
O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
João 5:6,7
Jesus ofereceu ajuda, mas o homem desconfiante de uma perspectiva melhor e pensando apenas no trabalho que dava simplesmente diz a Jesus que não tem ninguém para lhe ajudar.
Essa sensação de solidão é bem típica de quem vive um quadro depressivo. “Ninguém se importa, ninguém me ama, que falta faria se eu morresse? ”

12° - Instabilidade emocional:
Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?
Salmos 42:1,2
A princípio parece uma grande declaração de fé, porém posteriormente há um intenso desespero.

13° Choro contínuo.
As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?
Salmos 42:3

14° - Saudosismos tristes que impedem de ver a beleza no presente e no futuro.
 Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão. Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava.
Salmos 42:4
Saudosas lembranças de tempos perdidos. Por não ter perspectivas para o tempo atual choramos, nas saudades de bons tempos deixamos de viver o presente.







O que fazer no dia dessas angústias?

1 ° Não fique só, diga a outros o que está passando:
E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.
Mateus 26:37
O monte das aflições só pode ser suportado com a companhia de outros amigos.
O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias.
2 Timóteo 1:16


2° - Fale com o Senhor
E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao Senhor o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.
E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o Senhor, Eli observou a sua boca.
1 Samuel 1:11,12

E disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim a mulher foi o seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste.
1 Samuel 1:18

Só no falar com Deus Ana conseguiu sua solução, nem seu marido, nem o sacerdote lhe entendeu. Após falar com o Senhor seu semblante era outro.
A oração ainda é uma alternativa para corações tristes.
Ver Salmo 116.

3° - Recorde os bons momentos, sem saudades, mas como boas lembranças motivadoras:

Quero trazer a memória aquilo que pode me dar esperança.
Lamentações 3.21

Esse é apenas um pequeno resumo sobre depressão a luz da bíblia.
O assunto é muito mais extenso, não quero ignorar o fato de que há suicídios sob forte influência maligna. Como no caso do Senhor Nabor que faleceu e levou toda sua família consigo no dia 29/08.
Porém há casos tristes como o do motoboy – Carlos Ti On


“Oi, problemas pessoais. Telefone do meu irmão, minha mãe/avó. Bryan filho. Às vezes tem um suicida na sua frente e você não vê.”

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Um homem, Um profeta, O filho de Deus - Conhecendo em prosseguindo em conhecer a Cristo

A cura do cego de nascença
E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
João 9:1,2

Cristo já havia realizado dois milagres tidos como messiânicos, o primeiro deles era a restauração de um leproso, fato que até então não havia acontecido sob vigência da lei mosaica. Posteriormente há uma libertação de um homem possesso por um espírito que lhe tornava cego e mudo. Ou seja: Incomunicável. Por ser um tipo de demônio que não permitia comunicação, era impossível sob a ótica judaica expulsar um demônio dessa natureza.

Cristo já demonstrara sinais quanto a sua missão messiânica, sua ascendência divina e realizado obras consideradas impossíveis a homens comuns, agora já estava sob constante observação por parte dos fariseus e do sinédrio judaico. Todos querem testificar se de fato ele é o messias. Rapidamente todos chegam a conclusão que ele era o que havia de vir, porém era um impasse admitir tais coisas, pois, Cristo fez uma releitura da lei, das tradições e se assentou com pessoas consideradas impuras na visão da elite religiosa da época. Esses fatos geraram uma grande perseguição, pois, Cristo era o cumprimento da profecia, mas de maneira diferente do que esperavam que fosse. Sem se aliar a segmento religioso nenhum ele provoca uma revolução e todos os líderes veem suas posições em jogo.
O próximo acontecimento instigou ainda mais a perseguição por parte das lideranças, Cristo realiza um milagre inédito e posteriormente faz um sermão de extrema confrontação.
Jesus junto de seus discípulos passam por um homem que era cego de nascença.
É provável que esse cego fosse conhecido de todos, além disso o texto informa que ele mendigava. João 9.8
Sua situação era visível, os cegos naquele tempo recebiam uma “licença” do governo para mendigar, foi simbolizada em outra passagem pela capa que de imediato Bartimeu lançou ao chão ao ser curado. Marcos 10.50

E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
João 9:2


O fato mais interessante está na pergunta posterior, há um homem com necessidade de afago e ajuda por parte de seus conterrâneos ou de pessoas que por ele passavam, mas ao invés de se concentrar na necessidade do cego os discípulos se veem presos a questões teólogo-filosóficas: “Quem pecou, o cego ou seus pais?” De quem é a culpa, por certo de Deus não era, na visão deles, tudo tratava-se de justiça retributiva. Você erra e paga, você não faz o que deve fazer é punido. Então apegaram-se a palavra de Deus que diz que o Senhor visita as iniquidades até de gerações posteriores.


Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
Êxodo 20:4,5

E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.
Êxodo 20:6


O texto fala muito mais de misericórdia do que de juízo, se por um lado Deus permite que pecados de pais afetem filhos por até quatro gerações, a misericórdia se estende a milhares.
A pergunta dos discípulos vinha da crença falsa de que as dores do presente são fruto dos atos passados de outras pessoas em relação a nós. Em especial os pais.
O filho paga pelo que o pai fez, ou os próprios pais pagam, tudo depende de Deus. Tal afirmação é absurda. Somos tratados como indivíduos diante de Deus.
Ainda há a hipótese de que o próprio cego tenha pecado para nascer assim, mas como? Ainda bebê? 

Chegam ao absurdo de imaginar que o chute de uma criança no ventre de sua mãe fosse motivo para que essa nascesse cega ou ainda de que durante a gestação a natureza má e a boa estão sob constante conflito, quando a natureza má prevalece a criança nasce com defeito, a saber: Doenças, cegueira, paralisias, etc.

A pergunta é feita no sentido de identificar culpados, procurar bodes expiatórios para lhes atribuir culpa por acontecimentos aleatórios, sempre a culpa é de alguém. Obviamente tudo isso não passava de falácias e especulações. Cristo agora irá se posicionar.

Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.
João 9:3


Como é interessante o fato de que Jesus não tenta dizer quais as origens de tal mal, não é interessante procurar quais os motivos mas sim procurar soluções.
A ineficácia dos discípulos se deu por procurar explicar coisas que iam além de sua alçada sem fornecer ajuda. Não é de discussão que necessitamos hoje, não é problematizar o simples. Precisamos de soluções, não de mais argumentos, o mundo clama por esperança, sobre razões para caminhar. Então Cristo traz a resposta, tudo, absolutamente tudo isso aconteceu para que na vida do cego se manifestem as obras de Deus.

É como o agricultor que poda a videira em João 15. Se as videiras se comunicassem por certo falariam que processo é dolorido e desnecessário, mas é por ter um plano futuro melhor do que o atual que o agricultor continua a cortar tanto quanto for necessário. As videiras se perguntariam quais as razões para esse galho ao lado estar sendo cortado, a videira diria, para que dê mais frutos, para que cresça, para que seu último estado seja melhor do que o primeiro.
Quais as razões para o sofrimento?
“Deus sussurra por meio do prazer, fala em nossa consciência e grita por meio do sofrimento, o sofrimento é o megafone de Deus para demonstrar seu tão grande amor”.
CS Lewis.
Quais as razões pelas quais passamos tantos percalços, é para que em nossas vidas se manifestem as obras de Deus. Somente vidas regadas de sofrimento tendem a ser mais gratas, por não ter sofrido há homens ingratos, enjoados, difíceis de lidar, mas somente quem sabe de onde veio e o quanto cada pessoa sofre e luta para conquistar algo sabe o quanto Deus lhe ajudou até então, o sofrimento elimina o orgulho e a jactância. O sofrimento nos faz entender que há um Deus que traçou nossa história e que do menor ao maior acontecimento, tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus. Estamos em construção. Nossa vida deve ser a manifestação das obras de Deus, por mais dolorido que seja ser o canal para que isso aconteça.


As palavras seguintes são uma demonstração do que era o ministério de Jesus:
Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
João 9:4


O bem que deve ser feito é urgente, o amor que devemos prestar é para agora. Pois o que o texto diz é que o dia representa a vida, a noite vem e com ela a impossibilidade de se fazer o que é necessário fazer. Estamos vivendo na era dos amores póstumos, enquanto ainda em vida nada é feito, mas após a morte textos são escritos, declarações que em vida nunca foram feitas e palavras que alegrariam os dias daquele que se foi são ditas apenas após o óbito.
Lembro-me das palavras de pregador Luo:
“Deem flores enquanto possam aprecia-las porque depois elas só servirão para cobrir sepulturas”
O amor que se dá não é resultado da perda, mas é por demonstrar a quem temos agora o quanto são importantes, amor sem expressão é vazio, amor sem prática é falácia, em alguns casos sequer há uma fala. Dias se passam, oportunidades se perdem, a noite chega e quando se damos conta os bons momentos da vida se passaram sem que fossem de fato aproveitados.
Mortes contemporâneas geraram grande comoção, mas ainda em vida essas pessoas não eram tão valorizadas, os exemplos?
Michael Jackson, Amy Whine House, Cristiano Araujo e inúmeros outros. Exemplos de perto e de longe. O tempo de fazer o nosso melhor é hoje, é agora! Enquanto é dia. Quando a noite chegar nos lamentaremos, pela perda. Não por ter chegado a duríssima conclusão de que poderíamos ter feito mais.


Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
João 9:5
Cristo se apresenta como a esperança do presente, a vida no presente, em Cristo podemos fazer as obras. Em Cristo podemos ser eficazes, em Cristo há possibilidade de amar sem interesses, em Cristo nosso caráter se assemelha ao dele de forma que nosso melhor é feito por tudo e por todos. Enquanto a porta da graça que é Cristo está aberta, podemos entrar, podemos ser melhores do que temos sido até agora. Cristo se apresenta como a possiblidade de fazer tudo o que não foi feito até agora, ele é o novo amanhecer em vidas de trevas, um novo tempo para aqueles que já não podiam trabalhar, o novo significado para quem já perdeu o sentido de viver. Cristo é a porta pela qual podemos entrar e fazer tudo o que não foi feito até então. Cristo é a luz disponível para nos fazer caminhar.


Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.
E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo.
João 9:6,7


Cristo posteriormente cospe no chão, faz lodo nos olhos do cego e lhe envia ao tanque de Siloé.
Há pelos menos duas aplicações quanto a isso. A matéria usada para criação do homem no início foi o barro. Do interior de Deus foi soprado o espírito que nos deu vida. De igual modo agora Jesus usa o barro e ao usar o barro de seu interior joga saliva. Na mistura do interior de Cristo com o barro há uma personificação da encarnação de Cristo. Tal fato é reforçado com o significado do tanque “Siloé” (O Enviado). Cristo é o enviado de Deus em carne para restaurar a cegueira da humanidade.
O outro significado mais simples trata-se do incômodo causado, por certo muitos de nós teríamos ido até um tanque com urgência, não exitaríamos em obedecer para aliviar tão incômodo. Assim são as confrontações que Cristo e no tempo presente o Espírito Santo nos faz. Elas exigem mudanças e na exigência de tais mudanças há incômodo de forma que enquanto não resolvemos a nossa vida e nos adequamos a confrontação é impossível se aquietar. 

É a mesma sensação do peregrino logo no início do livro de John Bunyan:
“Neste estado voltou para sua casa, diligenciando reprimir-se o mais possível, a fim de que sua mulher e seus filhos não percebessem sua aflição. Como, porém, o seu mal recrudescesse, não pôde por mais tempo dissimulá-lo, e, abrindo-se com os seus, disse por esta forma: “Querida esposa, filhos do coração, não posso resistir por mais tempo ao peso deste fardo que me esmaga. Sei com certeza que a cidade em que habitamos vai ser consumida pelo fogo do céu, e todos pereceremos em tão horrível catástrofe se não encontrarmos um meio de escapar. O meu temor aumenta com a idéia de que não encontre esse meio.” Ao ouvir estas palavras, grande foi o susto que se apoderou daquela família, não porque julgasse que o vaticínio viesse a realizar-se, mas por se persuadir de que o seu chefe não tinha em pleno vigor as suas faculdades mentais. E, como a noite se avizinhava, fizeram todos com que ele fosse para a cama, na esperança de que o sono e o repouso lhe sossegariam o cérebro. As pálpebras, no entanto, não se lhe cerraram durante toda a noite, que passou em lágrimas e suspiros. Pela manhã, quando lhe perguntaram se estava melhor, respondeu negativamente, e que a moléstia cada vez mais o afligia. Continuou a lastimarse, e a família, em lugar de se compadecer de tanto sofrimento, tratava-o com aspereza. Esperava, sem dúvida, alcançar por este modo o que a doçura não pudera conseguir até ali: algumas vezes zombavam dele; outras repreendiam-no e quase sempre o desprezavam. Só lhe restava o recurso de se fechar no seu quarto para orar e chorar a sua desgraça, ou o de sair para o campo, procurando na oração e na leitura lenitivo a tão indescritível dor. Certo dia, em que ele andava passeando pelos campos, notei que se achava muito abatido de espírito, lendo, como de costume, e ouvindo-o exclamar novamente: “Que hei de fazer para ser salvo?” O seu olhar desvairado volvia-se para um e outro lado, como em busca de um caminho para fugir; mas, não o encontrando de pronto, permanecia imóvel, sem saber para onde se dirigir. Vi, então, aproximar-se dele um homem chamado Evangelista (Atos 16:30-31; Jó 33:23) que lhe dirigiu a palavra, travando-se entre ambos o seguinte diálogo: Evangelista -- Por que choras? Cristão -- (Assim se chamava ele). -- Porque este livro me diz que eu estou condenado à morte, e que depois de morrer, serei julgado (Heb. 9:27), e eu não quero morrer (Jó 16:21-22), nem estou preparado para comparecer em juízo! (Ezequiel. 22:14). Evangelista -- E por que não queres morrer, se a tua vida é cheia de tantos males? Cristão – Porque temo que este pesado fardo que tenho sobre os ombros, me faça enterrar ainda mais do que o sepulcro, e eu venha a cair em Tofete (Isaías 30:33). E, se não estou disposto a ir para este tremendo cárcere, muito menos para comparecer em juízo ou para esse suplício. Eis a razão do meu pranto. Evangelista – Então, por que esperas, agora que chegaste a esse estado? Cristão – Nem sei para onde me dirigir. Evangelista – Toma e lê. (E apresentou-lhe um pergaminho no qual estavam escritas estas palavras: “Fugi da ira vindoura”). (Mateus. 3:7). Cristão – (Depois de ter lido). E para onde hei de fugir? Evangelista – (Indicando-lhe um campo muito vasto). Vês aquela porta estreita? (Mateus. 7:13-14). Cristão – Não vejo. Evangelista – Não avistas além brilhar uma luz? (Salmo 119:105; II Pedro 1:19). Cristão – Parece-me avistá-la. Evangelista – Pois não a percas de vista; vai direito a ela, e encontrarás uma porta; bate, e lá te dirão o que hás de fazer. ”

O incômodo de Cristão é o mesmo que o nosso quando confrontado com as verdades até que o evangelista nos encontra e fornece uma nova luz. Um novo caminho.

E é no caminhar que vamos descobrindo o quão difícil é a jornada, mas a luz ao fim do horizonte nos motivará a continuar a caminhada:
Eu dou um passo, ela dá dois passos.
Eu dou dois passos, ela dá quatro passos.
Eu dou quatro passos, ela dá oito passos.
Para isso serve a utopia, para eu seguir caminhando.
Autor: Eduardo Galeano

Diante de nós há o incômodo do presente, mas se em obediência prosseguirmos para o alvo será possível ao chegar no destino perceber que a grandiosidade dos resultados compensou todos os esforços do presente.
A ida ao tanque exigia um grande esforço do cego, por não ver o caminho, por ser a época da festa dos tabernáculos e as ruas estarem cheias, por ter um tanque em que havia por certo uma tremenda concorrência na aproximação e uso. 
Mas o apego as promessas nos motivam a continuar dando dois, quatro, oito passos em direção de nosso real objetivo.
Os métodos podem parecer abstratos, mas há um Deus que confunde a sabedoria humana.
A partir de agora há uma sucessão de interrogações por parte daqueles que estavam ao redor do ex-cego.
Gradativamente percebemos a evolução de suas convicções sobre Jesus.

Em primeiro lugar – Um homem.


Então os vizinhos, e aqueles que dantes tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquele que estava assentado e mendigava?
Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu.
Diziam-lhe, pois: Como se te abriram os olhos?
Ele respondeu, e disse: O homem, chamado Jesus, fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Então fui, e lavei-me, e vi.
Disseram-lhe, pois: Onde está ele? Respondeu: Não sei.
João 9:8-12


Havia uma crença antiga entre os judeus que quando o Messias viesse seria capaz de com sua saliva e a orla de seus vestidos curar, eis aí a confirmação. Ao dizer tais palavras o cego talvez não tivesse ideia da grande desse testemunho e tudo o que ele representava.
Ser um cego de nascença era um problema para toda a vida, porém ele era o primeiro cego de nascença curado, não tratava de uma restauração, mas sim de uma reversão completa para um estado que nunca antes ele viveu; por isso vem as perguntas:
“não é este que estava mendigando”? Alguns duvidavam de uma possível substituição tamanha era a importância desse fato e a novidade que foi para todos. Porém ele reafirmava: Sou eu!
A pergunta seguinte é: “Como isso aconteceu?” e daí vem a primeira compreensão do cego sobre Jesus. Um homem. Um homem que fez algo incomum. Cristo é chamado muitas outras vezes de um homem, principalmente por aqueles que conhecem pouco sobre ele.
Para muitos Cristo é apenas um rapaz admirável, um homem fantástico, mas a medida em que lhe conhecemos nossas compreensões sobre Cristo tendem a ir aumentando gradativamente.


Levaram, pois, aos fariseus o que dantes era cego.
E era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.
Tornaram, pois, também os fariseus a perguntar-lhe como vira, e ele lhes disse: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo.
Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.
Tornaram, pois, a dizer ao cego: Tu, que dizes daquele que te abriu os olhos? E ele respondeu: Que é profeta.
Os judeus, porém, não creram que ele tivesse sido cego, e que agora visse, enquanto não chamaram os pais do que agora via.
E perguntaram-lhes, dizendo: É este o vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora?
Seus pais lhes responderam, e disseram: Sabemos que este é o nosso filho, e que nasceu cego;
Mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe tenha aberto os olhos, não sabemos. Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo; e ele falará por si mesmo.
Seus pais disseram isto, porque temiam os judeus. Porquanto já os judeus tinham resolvido que, se alguém confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da sinagoga.
Por isso é que seus pais disseram: Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo.
João 9:13-23

Ao ver tão grande testemunho, as pessoas que estavam próximas ao cego logo chamam os fariseus e lhes declaram o ocorrido. De imediato eles vão até o homem restaurado e lhe perguntam como isso aconteceu.
Ao falar como aconteceu, declarando que Cristo cuspiu no chão, fez lodo e passou nos olhos, os olhares dos fariseus deixam de estar voltados ao milagre, passando a se atentar aos métodos. Por se atentar aos métodos percebem aparentes violações quanto ao sábado.
Cuspir no chão, criar lodo e untar os olhos eram três transgressões subsequentes ao mandamento do sábado e por se atentar a isso e também por dar ouvidos a inveja dizem que Cristo não é o Senhor porque transgrediu a lei.

Segundo - Um profeta 

O relato do homem é tão contundente que há dissenção entre os próprios fariseus, uns reconhecem e se questionam como isso seria possível se não fosse mediante o poder de Deus? Outros preferem manter o status e brigar para desmascarar possíveis tramas de Jesus, estão coando os mosquitos e engolindo os camelos, não entram no caminho e não permitem outros entrarem. Então há uma segunda pergunta: O que você diz sobre Jesus? “Ele é um profeta”.

Já há uma ligeira evolução nos conceitos do homem sobre Jesus. Agora para o rapaz ele é um profeta, alguém que tem a palavra de Deus, tem poder de fazer sinais maravilhosos, tem condições de dizer palavras a cerca do futuro e além disso alguém que tem sobre si o Espírito de Deus.
Vamos notar que gradativamente a compreensão do rapaz sobre Jesus vai crescendo.
Os Judeus agora querem a todo custo invalidar todo o milagre e para isso estão dispostos a recorrer aos pais, mesmo sabendo que era inválido, visto que o rapaz era maior.
Os pais temiam os fariseus e a possível exclusão da sinagoga. Por isso apenas afirmam a paternidade e a cegueira, mas mesmo sabendo de tudo aconteceu eles se recusam a falar e transferem a responsabilidade ao filho. “Ele já tem idade”. Eles se apegaram mais ao que tinham e a segurança da religião, do que correr riscos por Jesus.


Chamaram, pois, pela segunda vez o homem que tinha sido cego, e disseram-lhe: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador.
Respondeu ele pois, e disse: Se é pecador, não sei; uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo.
João 9:24,25


Há uma segunda série de questionamentos, que já se torna maçante, cansativa. As respostas passam a ser mais diretas por parte do rapaz curado.
Quando lhe pedem que declarem que Jesus é pecador o homem traz uma resposta fantástica:
Se era pecador não sei, o que sei é agora vejo. Não importa para os religiosos a alegria dos outros, importa que sejam iguais, que pensem de forma parecida.
Ao cego pouco importa os métodos contato que seu problema foi resolvido. Não é necessário nexo, não é necessárias maiores explicações. Simplesmente está resolvido. Éramos cegos agora vemos, o perdido encontrou perdão.
O que importa é que ele me achou!


E tornaram a dizer-lhe: Que te fez ele? Como te abriu os olhos?
Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós porventura fazer-vos também seus discípulos?
João 9:26,27


Estavam a todo custo querendo lhe acusar de blasfêmia. Lhe perguntam novamente o método, agora o ex-cego passa a ser um evangelista.


Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele sejas tu; nós, porém, somos discípulos de Moisés.
Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos de onde é.
O homem respondeu, e disse-lhes: Nisto, pois, está a maravilha, que vós não saibais de onde ele é, e contudo me abrisse os olhos.
Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve.
Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.
Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.
Responderam eles, e disseram-lhe: Tu és nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-no.
João 9:28-34


O homem é então expulso da sinagoga, Ele abriu mão da estabilidade diferentemente dos pais que optaram por um caminho mais fácil.
Ele fez como Orlando Boyer.
Como a parábola do tesouro escondido.
Optou pela dor de ser expulso da sinagoga, perdeu o mundo e ganhou a Cristo.

Terceiro - O filho de Deus

Jesus ouviu que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus?
Ele respondeu, e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia?
E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo.
Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou.
João 9:35-38


Finalmente há o encontro final com Cristo. A compreensão final foi de que Cristo era o filho de Deus, momentos diferentes fizeram a fé desse rapaz crescer, ele passa a ser um instrumento para que a fé de outros fosse estimulada e não só isso, um cego consegue ver quem é Cristo enquanto os que se consideravam maiorais são confundidos.
A cegueira ainda hoje ocorre, mas essas palavras são incômodos constantes para que nos desloquemos ao enviado e resolvamos de vez o problema de nossa cegueira.


Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados.
Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;
E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são;
Para que nenhuma carne se glorie perante ele.
1 Coríntios 1:26-29



Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!
Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?
Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?
Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.
Romanos 11:33-36

O filho mais velho e a crise dos cabritos

E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;



Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;



O filho mais velho era conforme a lei, herdeiro da maior parte do que o pai possuía, era também um sucessor após sua morte, logo herdaria tudo que o pai tem. 
Os textos acima demonstram o momento que o pródigo voltou,  é feita uma festa, um anel é colocado em sua mão e um bezerro cevado é morto. O bezerro cevado era preparado para momentos especiais, seria equivalente aos animais preparados para as grandes festas em fazendas e cidades interioranas. 
Nesse período de ausência do pródigo, o irmão mais velho permaneceu em casa, tinha direito a tudo, porém ele implica em extremo com o fato de que o pai matou o bezerro cevado ao irmão mais novo, mas nunca lhe deu um cabrito.
O que o irmão mais velho desconsiderou é que as posses do pai também eram suas, ele não levou em conta que se atentar ao cabrito que ele não ganhou, lhe privou de aproveitar das muitas cabeças de gado disponíveis em sua fazenda.
Ainda hoje o filho mais velho vive nas igrejas. Almejamos cabritos tendo fazendas, deixamos de participar das festas para lamentar o cabrito que não recebemos. O que seria esse cabrito? O trivial que nos impede de ver o crucial, as coisas fúteis que nos privam de ver o essencial, sendo ainda mais prático, o cabrito da igreja contemporânea é a "bênção", a "vitória", o "carro", a "Casa", O "deus falar comigo", e por aí vai. A lista é enorme.
Lamento muito por pensar que o que desconsideramos é muito maior e mais importante do que aquilo que almejamos, lamento pensar que estamos dispostos a abandonar a Deus por coisas fúteis, ou servir por um cabrito. 

Precisamos urgentemente deixar de cultuar as bênçãos (Nossos cabritos), para voltar a se relacionar com Deus como pai. precisamos deixar esse cristianismo platônico e frustrado que sempre quer mais, que vive com suas duas filhas "Dá e dá". Um Cristianismo que transforma o cabrito no fim, desconsiderando a grandiosidade da salvação. Que transforma a prosperidade e do dinheiro em deus, sendo que há um pai disposto a nos amar.

Que Deus nos guarde de amar mais cabritos do que irmãos, que Deus nos guarde de desconsiderar o que já temos por "cabritos" diante de nós.
Essa é minha oração.

Amém,

O pregador é uma testemunha de defesa

O mundo está continuamente julgando Jesus,
dando seus vários vereditos a respeito de Jesus. O diabo o
acusa com muitas mentiras e chama centenas de falsas
testemunhas para depor. O Espírito Santo é o Parácletos, o
advogado de defesa, e nos chama como suas testemunhas.
O pregador cristão tem o privilégio de testemunhar para
Jesus e por Jesus, defendendo-o, elogiando-o, colocando
diante da côrte alguma evidência que eles precisam ouvir e
considerar antes de dar seu veredito final.

John Stott - O perfil do pregador

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A variedade nos sermões do mordomo

O mordomo sábio fornece uma
dieta variada à família que serve. Ele procura conhecer as
suas necessidades, e usa o bom senso para decidir o que
eles vão comer. O mordomo não decide o que entra na
geladeira; este direito é de seu patrão. Mas o que sai da
geladeira, quando e em que quantidade, é responsabilidade
sua.

John Stott - O perfil do pregador

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A insistência do arauto

É por causa de Cristo, para o
engrandecimento do seu reino, para a glória do seu nome,
que nós somos embaixadores e rogamos aos homens que
se reconciliem com Deus. Não podemos suportar o
pensamento que ele tenha sofrido em vão. Deus fez,
através da morte de Cristo, tudo o que é necessário para a
reconciliação do ser humano? Então, enfrentaremos todas
as dificuldades para insistir com os homens,
persistentemente, ansiosamente, sobre a necessidade de
serem reconciliados com Deus.

John Stott - O perfil do pregador

O interesse do embaixador se origina em sua salvação.

Seu interesse por nós foi tão grande que o
levou até a cruz; até que ponto vai o nosso interesse por
Cristo? Se o amássemos tanto quanto ele nos amou,
seríamos embaixadores realmente zelosos!

John Stott - O perfil do pregador

A única contribuição humana na redenção é o pecado.

Tudo vem de Deus; a única
contribuição pessoal que eu faço na minha redenção é o
pecado do qual preciso ser redimido".

Willian Temple

O evangelho é alimento e boa notícia

Somos despenseiros das coisas que Deus disse e arautos
das coisas que Deus fez. Como despenseiros, somos
responsáveis por uma revelação plenamente realizada. Mas
é uma redenção plenamente realizada a boa notícia que
proclamamos como arautos.

John Stott - O perfil do pregador

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A utopia de todo pregador

Só esta disciplina de estudo, geral e específico,
manterá a mente do pregador cheia dos pensamentos de
Deus. Ele certamente irá guardar em seus arquivos ou
cadernos de anotações os tesouros que Deus vai lhe
concedendo. Assim, o pregador nunca precisará ter medo
de um dia ficar sem assunto, ou de não ter sobre que
pregar. Na verdade, não há chance disto acontecer. Ao
invés disto, seu problema será como escolher, dentre tanta
riqueza de material, a sua mensagem

John Stott - O perfil do pregador

Pregar expositivamente é fruto de leitura contínua e minuciosa das escrituras

A pregação expositiva é uma disciplina das mais
árduas. Talvez por isto seja tão rara. Só irá realizá-la quem
estiver preparado para seguir o exemplo dos apóstolos,
dizendo: "Não é razoável que nós abandonemos a Palavra
de Deus para servir às mesas. (...) Nós nos consagraremos
à oração e ao ministério da Palavra" (At 6.2,4). E impossível
pregar sistematicamente a Palavra sem estudar
sistematicamente a Palavra. Não basta passar os olhos em
alguns versículos em nossa leitura bíblica diária, ou estudar
uma passagem só quando tivermos que pregá-la. Não.
Precisamos estar saturados das Escrituras. Precisamos não
apenas estudar, como por microscópio, os mínimos
detalhes de alguns versículos nas línguas originais, mas
também tomar nosso telescópio e abranger as grandes
vastidões da Palavra de Deus, assimilando seu tema
principal, da soberania divina na redenção da humanidade.

John Stott - O perfil do pregador

O pregador precisa se aproximar do texto para sua intermediação não adulterar a o alimento.

Eis aqui, portanto, a autoridade do pregador: Ela
depende da proximidade entre ele e o texto que está
expondo, isto é: o quão bem ele o compreendeu e a
intensidade com que o texto falou à sua própria vida. O
ideal no sermão é que a Palavra de Deus fale, ou melhor,
Deus fale através de sua Palavra. Quanto menos o
pregador se interpuser entre a Palavra de Deus e seus
ouvintes, melhor. O que realmente alimenta a família é a
comida que o dono da casa compra, não o mordomo que a
distribui. O pregador cristão fica mais satisfeito quando sua
pessoa é eclipsada pela luz que brilha da Escritura, e
quando sua voz é superada pela voz de Deus.

John Stott - O perfil do pregador

A humildade deslocada

Nosso mal hoje é
ter humildade no lugar errado. A modéstia deixou de atuar
sobre o órgão da ambição. A modéstia reside agora no
órgão da convicção; onde nunca deveria estar. O homem
deveria duvidar de si mesmo e ter certeza da verdade; isto
foi completamente invertido. Estamos a caminho de gerar
uma raça de homens que, de tanta modéstia intelectual,
não conseguem acreditar na "tabuada de multiplicação".
Humildes e modestos nós devemos sempre ser; mas
titubeantes e apologéticos acerca do evangelho, nunca!"

G.K. Chereston

O pregador é um construtor de pontes

O pregador expositor
é um construtor de pontes, buscando vencer a
distância entre a Palavra de Deus e a mente humana. Ele
precisa dar o melhor de si para interpretar a Escritura com
tanta precisão e simplicidade, e aplicá-la com tanta arte,
que a verdade possa atravessar a ponte.

John Stott - O perfil do pregador

Dedicamos 7 anos a entender nossa profissão, porém nenhum dia para as escrituras.

"Se vós apenas desejásseis obter o conhecimento de Deus e
das coisas celestiais tanto quanto desejais saber exercer
vossa profissão, já teríeis vos lançado a este
empreendimento, sem vos importardes com o custo ou as
dificuldades, até que o tivésseis obtido. Mas vós dedicais de
bom grado sete anos a aprender a profissão, e nem um dia,
em cada sete, quereis entregar ao aprendizado diligente
das coisas concernentes à vossa salvação".

Richard Baxter

John Stott - O perfil do pregador

O dispenseiro deve usar todo o conteúdo fornecido por seu senhor.

Costumamos escolher
a dedo passagens da Escritura, ficando com nossas
doutrinas favoritas e deixando de lado aquelas, de que não
gostamos, ou que são difíceis para nós. E nos tornamos
culpados de sonegar algumas das provisões que o divino
Pai, em sua riqueza e sabedoria, destinou à sua família.
Alguns não apenas tiram, mas também acrescentam coisas
à Escritura, enquanto outros ousam contradizer o que está
escrito na Palavra de Deus.

John Stott - O perfil do pregador

A pregação é a manifestação da verdade

Nossa tarefa é a "manifestação
da verdade" (2 Co 4.2; cf. At 4.29, 31; Fp 1.14; 2
Tm 4.2; Hb 13.7). Dentro de seus limites, esta é uma boa
definição de pregação. A pregação é uma "manifestação",
fanerôsis da verdade registrada nas Escrituras. Por isto,
todo sermão deveria ser, de algum modo, expositivo. O
pregador pode usar ilustrações da área política, ética e
social para tornar mais fortes e atraentes os princípios
bíblicos que ele está desenvolvendo, mas o púlpito não é
lugar para o comentário político, exortação ética ou debate
de temas sociais por si. Nosso dever é pregar a "Palavra de
Deus" (Cl 1.25); nada mais do que isto.

John Stott - O perfil do pregador

O dispenseiro alimenta com os recursos de seu senhor.

Como o despenseiro não alimenta a família de
seu senhor do seu próprio bolso, o pregador também não
precisa providenciar a mensagem por sua habilidade
própria. Muitas metáforas do Novo Testamento indicam
esta mesma verdade, que a tarefa do pregador é proclamar
uma mensagem que não é dele mesmo.

John Stott - O perfil do pregador

Administramos mistérios

Os "bens" que o pregador
cristão administra são chamados "mistérios de Deus".
Mystêrion no Novo Testamento não é um enigma, alguma
coisa obscura, mas sim uma verdade revelada, que só pode
ser conhecida porque Deus a expôs, que estava oculta mas
agora foi revelada, e na qual pessoas são iniciadas por
Deus . Assim, os "mistérios de Deus" são os "segredos
públicos" de Deus, a soma total de sua autorevelação
contida nas Escrituras (Cf. o uso que Cristo faz da palavra,
em relação ao Reino de Deus (Mt 13.2).). Destes
"mistérios" revelados, o pregador cristão é despenseiro,
encarregado de torná-los ainda mais conhecidos pela
família.

John Stott - O perfil do pregador

Um despenseiro

O despenseiro é o empregado de confiança que zela pela correta utilização dos bens de outra pessoa. Assim, o pregador é um despenseiro dos mistérios de Deus, ou seja, da auto-revelação que Deus confiou aos homens e é preservada nas Escrituras. Portanto, mensagem do pregador cristão não vem diretamente da boca de Deus - como se ele fosse profeta ou apóstolo - nem de sua própria cabeça - como os falsos profetas - nem das bocas e mentes de outras pessoas, sem reflexão - como o tagarela - mas da Palavra de Deus, uma vez revelada e para sempre registrada, da qual ele tem a honra de ser despenseiro.

John Stott - O perfil do pregador

O tagarela furta a mensagem de outros, sem crítica

 A característica essencial do tagarela é que ele não é capaz de pensar por si. Sua opinião neste momento é certamente a da última pessoa que ele ouviu. Ele depende das idéias dos outros, sem peneirá-las nem pesá-las, e nem apropriar-se delas para si. Como os falsos profetas fustigados por Jeremias, ele usa apenas a "língua", e não a mente ou o coração, e é culpado de "furtar" a mensagem de outras pessoas (Jr 23.30,31).

John Stott - O perfil do pregador

O equilíbrio nas citações

 O "tagarela" repassa idéias como mercadoria de segunda mão, colhendo fragmentos e detalhes onde os encontra. Seus sermões são uma verdadeira colcha de retalhos. É bom dizer que não há nada de errado em citar, no sermão, as palavras ou escritos de outra pessoa. O pregador sábio coleciona mesmo citações memoráveis e esclarecedoras que, usadas com juízo e honestidade, citando a fonte, são capazes de dar luz, importância e força ao assunto em questão.

John Stott - O perfil do pregador

O pregador não pode ser um tagarela

Embora não existam mais hoje, estritamente falando, profetas ou apóstolos, temo que haja falsos profetas e falsos apóstolos. Gente que fala as suas próprias palavras e não a Palavra de Deus. Sua mensagem vem de suas próprias mentes. Gente que gosta de ventilar suas opiniões sobre religião, ética, teologia e política. Eles podem até seguir a tradição de introduzir seus sermões com um texto bíblico, mas o texto tem pouca ou nenhuma relação com a mensagem que se segue, e não há nenhuma tentativa de interpretar o texto dentro de seu contexto próprio. Além disto, com muita freqüência estes pregadores, como os falsos profetas do Antigo Testamento, usam palavras macias, "dizendo: Paz, paz; quando não há paz" (Jr 6.14, 8.11, cf. 23.17). E nem tocam nos pontos menos "agradáveis" do evangelho, para não ofender o gosto dos ouvintes (Jr 5.30-31).

John Stott - O perfil do pregador

Não existem mais apóstolos

Assim, da mesma forma que a palavra "profeta" deve ser reservada para aquelas pessoas no Antigo e Novo Testamentos a quem a palavra de Deus veio diretamente, quer sua mensagem tenha chegado até nós ou não, a caracterização de alguém como "apóstolo" deve ser reservada para os Doze e Paulo, que foram especialmente comissionados e investidos com autoridade por Jesus como seus shaliachim. Estes homens eram únicos. Não deixaram sucessores.

John Stott - O perfil do pregador

As escrituras dispensam as profecias contemporâneas

Agora que a Palavra de Deus escrita está à disposição de todos nós, a Palavra de Deus no discurso profético não é mais necessária. A Palavra de Deus não vem mais aos homens hoje. Ela já veio para todos os homens; agora os homens é que precisam ir até ela.

John Stott - O discípulo radical

O pregador não é um profeta

Portanto, o pregador cristão não é um profeta. Ele não recebe qualquer revelação original; sua tarefa é expor a revelação que já foi definitivamente dada. E muito embora pregue no poder do Espírito Santo, ele não é "inspirado" pelo Espírito no sentido em que os profetas o foram.

John Stott - O perfil do pregador

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Originalidade se vive, não apenas é verbal.

Refiro-me à execrável idéia (comum na crítica literária) de que em cada um de nós existe, oculto, um tesouro chamado personalidade e que expandi-lo, expressá-lo, preservá-lo de influências, ser enfim "original" é o grande objetivo da vida. É um conceito pelagiano, ou pior, autodestrutivo. O homem que valoriza a originalidade jamais será original. Mas tente dizer a verdade tal como você a vê, tente trabalhar com perfeição por amor ao trabalho, e aquilo que os homens chamam de originalidade surgirá espontaneamente.

CS LEWIS - O peso de glória

Não temos valor próprio, mas o recebemos de Jesus

Recuamos diante disso porque, em nossos dias, começamos a pôr toda essa figura de cabeça para baixo. Partindo do princípio de que cada individualidade é de "infinito valor", confundimos Deus com uma espécie de agência de emprego cuja função seria encontrar a carreira adequada para cada alma, a luva certa para cada mão. Mas o valor do indivíduo não está nele. Ele pode receber valor. Ele o recebe pela união com Cristo. Não se trata de encontrar, no templo vivo, um lugar que ponha em relevo o seu valor inerente e lhe dê espaço para as idiossincrasias naturais. O lugar já existia. O homem foi criado para ele. O homem não será ele mesmo enquanto não o preencher. Só no céu seremos pessoas autênticas, eternas e realmente divinas exatamente como, mesmo hoje, nosso corpo só é colorido quando há luz.

CS Lewis - O peso de glória

Nossa verdadeira identidade está no futuro.

 A verdadeira personalidade situa-se no futuro — quão distante, para muitos de nós, nem ouso dizer. E a chave dela não está em nós. Não será atingida por um desenvolvimento de dentro para fora. Virá ter conosco quando ocuparmos aquele lugar da estrutura do cosmo para o qual fomos destinados ou criados. Como a cor, que só se revela em toda sua beleza quando colocada pela excelência do artista no lugar preestabelecido, entre todas as outras; como a especiaria que só revela seu verdadeiro sabor quando adicionada, onde e quando deseja o bom cozinheiro, aos outros ingredientes; como o cão que só manifesta realmente suas qualidades quando toma seu lugar na família do homem, nós também só ganharemos a nossa verdadeira personalidade quando consentirmos em que Deus nos coloque no lugar que nos compete. Somos mármore esperando ser esculpido, metal esperando ser vertido no molde.

CS LEWIS - O peso de glória

Venceremos não como sociedade, mas como parte do corpo.

Não foi pelas sociedades ou pelos estados que Cristo morreu, mas pelos homens. Nesse sentido, pode parecer aos coletivistas seculares que o cristianismo envolve uma afirmação quase desvairada da individualidade. Mas não será o indivíduo como tal que participará da vitória de Cristo sobre a morte. Participaremos dessa vitória estando no Vencedor. A renúncia ou, na linguagem forte das Escrituras, a crucificação do eu é o passaporte para a vida eterna. Nada que não morreu ressuscitará.

CS LEWIS - O peso da glória

A posição estrutural que o mais humilde dos cristãos ocupa na igreja é eterna e mesmo cósmica.

Assim, a vida cristã defende a pessoa em detrimento da coletividade; sem colocá-la em isolamento, mas dando-lhe a posição de um órgão do corpo de Cristo. Como se diz em Apocalipse, o cristão é feito "coluna no santuário de Deus"; e acrescenta-se: "E daí jamais sairá". Essas palavras apresentam um outro aspecto da questão. A posição estrutural que o mais humilde dos cristãos ocupa na igreja é eterna e mesmo cósmica. A igreja sobreviverá ao universo; nela, o indivíduo sobreviverá ao universo. Tudo que se liga ao Cabeça imortal participará de sua imortalidade. Pouco se fala disso nos púlpitos cristãos dos nossos dias.

CS Lewis - O peso de Glória

As almas não tem valor infinito, pelo contrário.

O valor infinito de cada alma humana não é doutrina cristã. Deus não morreu pelos homens por algum valor que neles houvesse. O valor de cada alma humana, considerada de per si, independentemente de Deus, é zero. Como escreve Paulo, morrer por homens bons seria um ato puramente heróico, não divino; mas Deus morreu por homens pecadores. Ele amou-nos, não porque éramos dignos do seu amor, mas porque ele é amor. Pode ser que ele ame a todos igualmente — com certeza, ele amou a todos até a morte — e eu não sei direito o significado da expressão. Se existe igualdade, está no seu amor, não em nós.

CS Lewis - O peso de Glória

Não somos iguais diante de Deus

E agora preciso dizer o que lhe pode parecer um paradoxo. Ouvimos dizer muitas vezes que, embora ocupemos posições diferentes neste mundo, todos somos iguais aos olhos de Deus. De certo modo é assim. Deus não faz acepção de pessoas: o amor que ele nos tem não se mede pela nossa posição social ou pela nossa capacidade intelectual. Mas creio haver um sentido em que essa máxima é oposta à verdade. Aventuro-me a dizer que uma igualdade artificial é necessária na vida de um Estado, mas que na igreja tiramos essa máscara, recuperamos nossas verdadeiras desigualdades e somos, dessa forma, renovados e revitalizados.

CS LEWIS - O peso de glória

Necessidades mútuas no corpo

Todos vivemos ensinando e aprendendo, perdoando e sendo perdoados, representando Cristo para o homem quando por ele intercedemos e representando o homem para Cristo quando outros intercedem por nós. O sacrifício de nossa intimidade egoísta, exigido diariamente de nós, é compensado diariamente, cem vezes, no crescimento pessoal que a vida do corpo estimula. Os que são membros uns dos outros tornam-se tão diferentes quanto a mão o é do ouvido. É por isso que os filhos do mundo têm uma semelhança tão monótona, se comparados com a quase fantástica variedade dos santos.

CS LEWIS - O peso de glória

No batismo somos chamados a um corpo

A sociedade à qual o cristão é chamado no batismo não é uma coletividade, mas um corpo. É o corpo do qual a família é a imagem no nível natural. Alguém que se integrasse nesse corpo com a idéia falsa de que seria membro da igreja no sentido moderno, esvaziado — um aglomerado de pessoas, como se fossem moedas ou fichas — seria corrigido já na entrada, ao descobrir que o Cabeça desse corpo é tão diferente dos membros inferiores, que estes nada têm em comum com aquele, salvo por analogia. Somos chamados, logo de princípio, a associar-nos como criaturas ao Criador; como mortais ao Imortal; como pecadores redimidos ao Redentor sem pecado. Sua presença, a interação entre ele e nós, sempre deve constituir o maior fator dominante da nossa vida dentro do corpo; excluindo qualquer concepção de comunhão cristã que não signifique, em primeiro lugar, comunhão com ele.

Cs Lewis - O peso de glória

A DIFERENÇA DE COLETIVIDADE E MEMBRESIA

O preso ostenta um número no lugar do nome. É o coletivismo levado ao extremo. Mas o homem que vive em sua casa também pode perder o nome, sendo chamado simplesmente de "pai". É a participação num corpo. Os dois casos de perda do nome fazem-nos lembrar que há dois caminhos opostos para sair do isolamento.

CS Lewis - O peso da glória

A alegria está em coisas simples

 Se considerarmos apenas os valores naturais, podemos dizer que nada há melhor debaixo do sol do que uma família que ri à volta da mesa, dois amigos que conversam bebendo café ou um homem só, lendo um livro que lhe interesse; e que toda a economia, a política, o direito, o exército e as instituições, salvo à medida que contribuem para prolongar e multiplicar tais cenas, são como um arado na areia ou uma sementeira no oceano, uma vaidade sem sentido e uma afronta para o espírito.

CS LEWIS - O Peso de glória

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Em Salmos 56:8 diz assim: "Registra, Tu mesmo, o meu lamento; recolhe as minhas lágrimas em teu odre; acaso não estão anotadas em Teu livro?"

Em Salmos 56:8 diz assim:
"Registra, Tu mesmo, o meu lamento; recolhe as minhas lágrimas em teu odre; acaso não estão anotadas em Teu livro?"

Olhando com os olhos de Deus.

Tenho que me ajoelhar diante do Pai, encostar o ouvido ao seu peito e escutar ininterruptamente as palpitações do seu coração. Então, e só então, posso dizer, com sumo cuidado e muito amavelmente, o que oiço. Agora sei que devo falar desde a eternidade para o tempo real, desde a alegria duradoura para as realidades passageiras da nossa curta existência neste mundo, desde a morada do amor para as moradas do medo, desde a casa de Deus para as casas dos seres humanos. Tenho plena consciência da grandeza desta vocação. Mais ainda, estou totalmente certo de que é este, para mim, o único caminho. Poderia chamar-se visão «profética»: olhar as pessoas e este mundo com os olhos de Deus

Henry Nowen - A volta do pródigo

Eu sou casa de Deus

 É um lugar dentro de mim que Deus escolheu para Se hospedar. É um lugar onde me sinto a salvo, no abraço de um Deus todo amor que me chama pelo nome e me diz: «És o meu filho amado que muito me agrada». É o lugar onde saboreio a alegria e a paz que não são deste mundo. Este lugar sempre ali esteve. Eu sempre soube onde ficava a fonte da graça. No entanto, não era capaz de entrar e de ali viver de verdade. Jesus disse: «Se alguém Me ama, guardará a minha palavra; meu Pai amá-lo-á e viremos a ele e faremos nele morada» (Jo 14, 23). Estas palavras sempre me impressionaram muito profundamente. Sou a casa de Deus!

Henry Nowen - A volta do pródigo

Os discursos prontos do pródigo

Ainda sou como o filho pródigo: viajo, preparo discursos, conjecturo como tudo vai ser quando por fim chegar a casa do meu Pai. Mas estou a caminho. Deixei o país distante e sinto-me mais perto do amor. Agora estou preparado para contar a minha história. Descobrir-se-á nela um pouco de esperança, luz, consolação; muito de quanto vivi ao longo destes últimos anos, não como expressão de confusão ou desespero, mas como etapas do meu caminho para a luz.

Henry Nowen - A volta do pródigo

Para viver o amor é necessário entrega

Cada pequeno passo para nele penetrar era como que uma pretensão impossível, uma pretensão que me exigia por a parte, uma vez mais, o desejo de controlar, de adivinhar; uma pretensão a superar o medo de não saber onde tudo aquilo me levaria; uma pretensão a render-me ao amor que não conhece limites. Sabia que nunca seria capaz de viver o grande mandamento de amar sem condições nem requisitos. O percurso entre lecionar sobre o amor e deixar-me amar iria ser mais longo do que supunha.

Henry Nowen - A volta do pródigo



Junto aos pés do pai

É o lugar da luz, o lugar da verdade, o lugar do amor. É o lugar onde quero estar, embora tenha muito medo de chegar a atingi-lo. É o lugar onde receberei tudo o que desejo, tudo o que sempre esperei, tudo aquilo de que vou ter necessidade, mas também é o lugar onde tenho que largar tudo quanto quero reter. É o lugar que me confronta com o facto de que aceitar de verdade o amor, o perdão e a cura, é frequentemente muito mais duro que concedê-lo. É o lugar para além do que cada um, por si mesmo, pode obter ou merecer, das recompensas que possa receber. É o lugar da rendição e da total confiança.
Henry Nowen - A Volta do pródigo

O olhar do espectador ao ver o pródigo

Embora tenha tido, ao longo de toda a vida, o desejo de me sentir interiormente implicado, optei, uma e outra vez, pelo papel de observador distante. Às vezes lançava um olhar curioso, outras um olhar ciumento, outras ainda um olhar inquieto e, de vez em quando, um olhar de amor. Mas abandonar o que, de qualquer maneira, era a posição segura do espectador crítico, parecia-me equivaler a dar um salto para o desconhecido.

Henry Nowen

De volta para casa

O facto de, após uma viagem esgotante, ter vindo para um lugar protegido, significara, para mim, como que voltar para casa; deixar o mundo dos professores e dos estudantes e viver numa comunidade dedicada a cuidar de homens e mulheres com doenças mentais, fez-me sentir outra vez em casa; conhecer o povo de um país que se isolara do resto do mundo por meio de muros e fronteiras fortemente vigiados, era também uma forma de voltar para casa. No entanto, mais que tudo isso, «voltar para casa» significava, para mim, caminhar passo a passo em direcção ao Único que está à minha espera, de braços abertos, e que deseja ter-me ao pé de Si num abraço eterno.

Henry Nowen - A volta do pródigo

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Todas atividades naturais devem ser oferecidas a Deus.

Todas as nossas atividades meramente naturais serão aceitas se forem oferecidas a Deus, mesmo as mais humildes, e todas elas, mesmo as mais nobres, serão pecaminosas se não forem oferecidas a Deus

CS Lewis o peso de glória

Fazei tudo para a glória de Deus.

Não há o que questionar a respeito de conciliação, ou concessão, entre as exigências de Deus e as exigências da cultura ou da política, ou de qualquer outra coisa. A exigência divina é infinita e inexorável. Podemos recusá-la ou podemos começar a tentar cumpri-la. Não há meio-termo. Contudo, apesar disso, é claro que o Cristianismo não exclui nenhuma das atividades humanas ordinárias.
O apóstolo Paulo manda que seus leitores continuem cumprindo suas tarefas. Ele até presume que os cristãos vão a festas e, além do mais, festas pagãs. Nosso Senhor vai a uma festa de casamento e oferece um vinho miraculoso. Sob os auspícios de sua igreja, e na maior parte dos períodos cristãos, vicejaram as artes e a busca do saber. A solução desse paradoxo é, evidentemente, bem conhecida "...Quer vocês comam, quer bebam, ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus".

CS Lewis - O peso de Glória

A entrega deve ser só a Deus.

Quem se entrega sem reservas às exigências temporais de uma nação, ou de um partido, ou de uma classe, está dando a César aquilo que de todas as coisas mais enfaticamente pertence a Deus: Ele próprio.

Cs Lewis

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A conversão não nos tira da cultura

Cristãos e soldados continuam sendo homens. A ideia que o irreligioso tem de uma vida religiosa e a ideia que o civil tem do serviço militar são pura imaginação. Em um ou outro caso, tentar suspender toda a atividade intelectual e estética só será conseguido substituindo-se uma vida cultural pior por uma melhor. Na verdade, não ficamos sem ler nada, quer na igreja, quer no fronte: Se não lermos bons livros, leremos livros ruins.  Se não continuarmos pensando de forma racional; continuaremos a pensar de forma irracional. Se rejeitarmos os prazeres estéticos, cairemos nos prazeres sensuais.

CS Lewis - O Peso de glória

A conversão é mais de motivações do que de atitudes.

Antes de me tornar cristão, acho que não entendia completamente o fato inevitável de a vida de alguém, depois da conversão, consistir em fazer a maior parte das mesmas coisas que fazia antes, agora com novo espírito - espera-se -, mas ainda as mesmas coisas.

CS Lewis - O peso de Glória

O conhecimento e a beleza são para já, independentemente do mundo caindo ao redor.

Jamais faltaram razões plausíveis para se adiarem todas as atividades meramente culturais até que algum perigo iminente seja desviado ou evitado ou que alguma injustiça gritante seja consertada. Entretanto, a humanidade a muito tempo preferiu esquecer essas razões. Quis o conhecimento e a beleza agora, e não ia esperar o momento apropriado que jamais chega.

Cs Lewis - O peso de glória

A arte deve ser cultivada independente das guerras e do ambiente externo

A guerra não cria absolutamente nenhuma situação nova; ela apenas agrava a condição humana permanente de forma que não a possamos ignorar por mais tempo. A vida humana sempre tem sido vivida a beira de um precipício. A cultura humana sempre existiu sob a sombra de algo infinitamente maior que ela. Se os homens tivessem adiado a busca do conhecimento e da beleza até estarem em segurança, essa busca jamais teria começado.

Cs Lewis - O peso da glória

Não beba o cálice do orgulho - Davi e seus valentes

NÓS PRECISAMOS DE MAIS LÍDERES COMO DAVI 

Que não façam questão de reafirmar sua autoridade, pois quando se torna necessário reafirmar "quem manda" significa que a a autoridade já se foi há tempos.

Que não transformem desejos particulares em "ordens divinas e eclesiásticas"

Que não bebam do sangue de seus liderados.

Não suguem suas energias ao seu bel-prazer.

Desenvolvam a capacidade de transformar o esforço dos membros da instituição em algo que glorifique a Deus.

Que não confundam a causa do reino com suas causas pessoais.

Não almejem o crescimento particular na medida que vêem a igreja (instituição) crescendo.

Que transformem até um copo d`água em oferta a Deus.

Que reconheça os esforços e as dificuldades dos seus subordinados.

"E teve Davi desejo, e disse: Quem me dera beber da água da cisterna de Belém, que está junto à porta!
Então aqueles três poderosos romperam pelo arraial dos filisteus, e tiraram água da cisterna de Belém, que está junto à porta, e a tomaram, e a trouxeram a Davi; porém ele não a quis beber, mas derramou-a perante o Senhor.
E disse: Guarda-me, ó Senhor, de que tal faça; beberia eu o sangue dos homens que foram com risco da sua vida? De maneira que não a quis beber; isto fizeram aqueles três poderosos.
2 Samuel 23:15-17"

Finalizo com a fala de John Stott

"O símbolo de uma liderança autenticamente cristã não é a veste de púrpura de
um imperador, mas o avental batido de um escravo; não um trono de marfim e ouro, mas uma bacia de água para
a lavagem dos pés."

Que Deus nos ajude!

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Odiamos esperar

Odiamos esperar, porque a espera é como alguém gritando para nós: "você não está no controle!"
Josemar Bessa

Não se compreende o espirital estando num plano inferior

A crítica feita a partir de um plano inferior contra qualquer experiência, a desconsideração voluntária do significado e a concentração no fato sempre apresentarão a mesma plausibilidade. Sempre haverá provas, provas frescas, todos os meses, de que a religião é apenas psicológica, a justiça, mera autoproteção, a política, simples economia, o amor, pura sensualidade e o pensamento, nada mais que bioquímica do cérebro.

Cs Lewis - O peso da glória