quarta-feira, 2 de maio de 2018

2° Timóteo - Exortações aos "Timóteos" de hoje


Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
Procura vir ter comigo depressa,
2 Timóteo 4:6-9

O LEGADO DE PAULO A UM JOVEM INSEGURO - Sermão entregue a ADSM CHÁCARA SANTANA EM 01/05/2018

O contexto em que a segunda carta de Paulo a Timóteo se dá é extremamente desesperador.
Nero estava no auge de suas maldades, já havia causado o incêndio de Roma e atribuído esse fato aos Cristãos, levando o povo a uma extrema revolta contra os cristãos, que segundo ele eram uma organização partidária que poderia abalar seu império. Por mero desconhecimento ele passa a perseguir os Cristãos em todas as partes, ordenando sua morte, martírio e vitupério.
O fato de os cristãos não se prostrarem nos cultos realizados aos imperadores, bem como de realizarem suas reuniões a portas fechadas, gerou diversas suspeitas de conspiração, como se o povo Cristão estivesse tramando algo contra o império e o povo romano.
Até o dia em que Nero no ano 64 D.C. ordenou o incêndio de Roma, enquanto tocava flauta, na famosa cena que é citada até os dias de hoje.
Durante o período do incêndio que foi de 6 dias o povo estava unânime na intenção de descobrir o mandante ou os responsáveis pelo imenso prejuízo causado, as suspeitas inicialmente caíram sobre o próprio imperador, porém, esse por sua vez, desviou o foco das acusações e as atribuiu aos cristãos, que permaneceram (boa parte) intactos durante esse incêndio. Assim uma revolta sem precedentes tomou conta de todos, Nero em busca de mais popularidade passou a usar a revolta do povo contra os cristãos como trampolim para promover seu império e seu controle sobre todos.
A história afirma que os Cristãos eram entregues aos leões no Coliseu Romano, sob imensa plateia que os via constantemente e de modo indiferente. Há relatos de Cristãos que foram vestidos de peles de animais e cachorros selvagens foram soltos a fim de mata-los.
Uma perseguição sem precedentes se entendeu sobre todos, os cristãos passaram a ser caçados em todos os lugares e entre a primeira prisão de Paulo e a segunda ele foi capturado e preso.
Anteriormente Paulo estava sob prisão domiciliar em Roma, onde recebia visitas, fabricava suas tendas, escrevia cartas e toda a guarda pretoriana se revezava na intenção de saber mais sobre o evangelho que Paulo pregava. Foram dois anos preso, mas de relativa calmaria.
Após os dois anos Paulo é liberto e envia Timóteo para contar a boa notícia aos irmãos, de Roma vai a Creta onde deixa Tito, de lá vai a Éfeso e a Colossos (cidade que ainda não conhecia mesmo tendo escrevido uma carta), lá encontra-se com Timóteo e o ordena a administrar a igreja de Éfeso. Pouco tempo depois Paulo é novamente capturado, isso ocorre após o incêndio já citado nesse estudo.
A prisão que Paulo é submetido é bem mais severa que a primeira, Paulo estava sob um lugar subterrâneo, uma masmorra fria, úmida, com apenas uma única saída para cima, sem ver a luz do dia, sob constante solidão, esquecimento e preocupações.
Quais são os sofrimentos que Paulo está submetido?

1° A MORTE É IMINENTE E BREVE
Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
2 Timóteo 4:6

Saber que algo ruim está por vir é péssimo, saber que será em breve é de causar uma ansiedade extremamente negativa. Nesse caso Paulo via tudo o que estava acontecendo ao seu redor, sabia que ia morrer não muito depois daqueles dias. Muitos cristãos já haviam morrido estando nas masmorras vizinhas as de Paulo, as notícias sobre o coliseu, sobre os cristãos acesos para iluminar a cidade, eram constantemente ouvidas por ele, Paulo no fundo sabia que dessa vez não haveria espacatória.

2° A DOR DO ABANDONO
Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica, Crescente para Galácia, Tito para Dalmácia.
Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério.
2 Timóteo 4:10,11

Para piorar, além de estar preso e saber que vai morrer, Paulo percebe que seus amigos estão pouco a pouco se afastando, simplesmente apostatando da fé. Uma lista de pessoas próximas vai se afastando e evitando a presença de Paulo, bem como a continuidade do evangelho.
Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado.
2 Timóteo 4:16
Em sua audiência preliminar talvez Paulo esperou muitos amigos, mas o tempo passou, a audiência começou e talvez a expectativa pouco a pouco diminuiu, até que se ao menos aparecesse a festa estaria completa, mas não vieram.

3° FRIO E VAZIO EMOCIONAL
 Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.
2 Timóteo 4:13

Paulo está suportando também um frio horrível, pois, ele clama a Timóteo que traga sua capa, provavelmente esquecida em Trôade, a capa que também representava suas lembranças e que durante tempos ele carregou consigo. É um fato digno de nota que a essa altura Paulo não almeja sequer uma capa nova, ou muitas coisas, seus pedidos são simples: Sua velha capa, para não morrer de frio.
Procura vir antes do inverno.
2 Timóteo 4:21
O segundo pedido de Paulo é que ele traga seus pergaminhos, pois, neles estavam contidas anotações importantes, pensamentos que ele não gostaria que se perdessem, além disso os pergaminhos seriam de alguma maneira uma distração para Paulo em dias de extrema solidão e tristeza.

4° APOSTASIA DAS IGREJAS
Bem sabes isto, que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim; entre os quais foram Figelo e Hermógenes.
2 Timóteo 1:15
A Ásia que se tratava do lugar onde Paulo passou boa parte de sua vida, pregando, plantando igrejas, lugar onde Paulo labutou em extremo a fim de ter êxito no cumprimento de seu ministério lhe abandonou totalmente. As acusações estão sendo feitas contra Paulo e diferentemente de outras vezes ele não poderá ir até lá para se defender, não poderá vê-los novamente, os dias eram de perseguição, apostasia e engano entre as igrejas, Paulo vê seu trabalho em jogo, pois, tudo o que lutara para fazer está se desmoronando ao seu redor.

5° TIMÓTEO (SEU SUCESSOR) ESTAVA PRESTES A SUCUMBIR
Imaginemos que até então Timóteo já havia visto o sofrimento de perto, as perseguições ministeriais de perto, porém nunca antes ele estivera só.
Sempre que as pessoas iam refutar a pregação o faziam com Paulo, ainda que Timóteo estivesse junto, ele sofria bem menos do que seu “pai na fé”.
Paulo já tinha costas largas, já tinha suportado açoites, afogamentos, tristezas, perseguições, mas se manteve firme, inabalável. Durante os anos de ministério junto a Paulo, Timóteo adquiriu seus traços, de modo que quem olhava para o jovem Timóteo, via Paulo, logo toda a perseguição contra Paulo não o atinge, pois, ele está longe da Ásia, está encarcerado em Roma. A perseguição vem contra um jovem pastor, que deveria lhe suceder, continuar a obra.
Todas as agressões, acusações e confrontos que antes vinham sobre Paulo, estão vindo agora sobre um jovem pastor, que tem sob si a responsabilidade de uma enorme igreja, a continuidade do evangelho, bem como a manutenção de sua pureza.
Paulo está preocupado, pois, além de todos da Ásia lhe abandonarem, há também o fato de que seu sucessor está pouco a pouco o evitando. A dor era muito grande, de forma que Timóteo está negando a fé em pequenas atitudes, não está mais com o vigor do início, na primeira defesa de Paulo ele não aparece e isso preocupa o coração do velho apóstolo. O evangelho estava sofrendo um dos mais duros golpes da história nesse exato momento, o que aconteceria com as igrejas se Timóteo não se mantivesse firme? O que aconteceria com Paulo sem sucessor? Como o evangelho iria continuar?
Paulo carregava consigo todas essas dificuldades e indagações, considerando isso, do alto de seus sessenta e poucos anos ele escreve essa carta para chamar Timóteo de volta ao evangelho e a missão proposta.

Devemos considerar quais eram as limitações de Timóteo:
Timóteo era um rapaz jovem demais para a função.
Acredita-se que Timóteo tinha pouco mais de trinta anos quando iniciou o ministério como pastor na igreja de Éfeso, essa era a principal igreja da Ásia. Igreja onde Paulo esteve três vezes, sendo que a na primeira teve um bom espaço de tempo para ensinar ao povo, apesar da rejeição de alguns judeus.
Numa segunda ocasião Paulo prega aos Efésios que rasgam os livros de Diana, queimam-nos, porém posteriormente alguns alvoroçam a multidão e a fazem gritar novamente por Diana dos Efésios.
Um povo idólatra e com as dificuldades culturais e regionais, pois, a crença em Diana rendia dinheiro aos artesãos e todos os envolvidos na sua crença.
Na terceira vez que esteve lá, Paulo teve a oportunidade de se despedir dos irmãos de Éfeso, dizendo que essa seria a última vez que veriam seu rosto, todos choraram e comovidos com o discurso de Paulo se lamentaram profundamente.
Essa igreja grande, com muitos opositores ao evangelho infiltrados, pessoas que não concordavam com Paulo, estão intimidando o jovem Timóteo, que tinha 30 anos. Uma idade curta para quem tem uma responsabilidade enorme como essa. 

Que ninguém despreze sua mocidade – 1° Timóteo 4.12
Que fuja das paixões da mocidade – 2° Timóteo 2.22

2° Timóteo tinha problemas de Saúde
Além de muito jovem, Timóteo tinha fragilidades na saúde, de modo que Paulo o exortou a não mais beber apenas água, mas também a beber um pouco de vinho. 1° Tim. 5.23

3° Timóteo tinha uma timidez que foi digna da exortação de Paulo.
Timóteo é constantemente exortado por Paulo a despertar o dom de Deus que já estava sobre ele, pois, Timóteo se via incapaz de realizar as tarefas, Paulo as vezes abria caminho para ele nas cartas:
E, se Timóteo for, vede que esteja sem temor convosco; porque trabalha na obra do Senhor, como eu também.
Portanto, ninguém o despreze, mas acompanhai-o em paz, para que venha ter comigo; pois o espero com os irmãos.
1 Coríntios 16:10,11
Provavelmente ele tinha dificuldades em se posicionar, se levantar, exercer seu ministério, pois, se via incapaz, tímido e com muito mais tendências a ser liderado do que liderar.
Era um jovem frágil que chegou ao ponto de chorar na última vez que Paulo havia lhe visto.

Agora Paulo considerando todos esses fatores, bem como suas próprias restrições vai escrever essa carta, de pastor para pastor, de mestre para aprendiz, de apóstolo para jovem obreiro, essa carta sem dúvidas tem ensinamentos fantásticos para todos nós.
Podemos ver nela uma figura de um  Paulo que também se preocupa, que também tem medo, também sente frio.
Vemos a figura de um jovem que suporta os problemas de dentro:

Ansiedade
Insegurança
Solidão (após a prisão de Paulo)
Falta de orientação
Problemas de saúde
Bem como os problemas de fora:

Perseguição
Responsabilidade pela continuidade do evangelho
A ausência de seu pai na fé
Os inimigos da própria igreja
As constantes heresias e tentações.

Essa carta é para todos nós que no contexto da pós-modernidade estamos vendo os ataques de fora acontecendo, em escolas, televisão, cultura e todos se posicionam contra a igreja de Deus.
Somos odiados tal como a bíblia diz em Mateus 5.11-12.
As pressões de dentro também continuam sobre nós:
Tentações da juventude, insegurança profissional, sentimental, incertezas quanto ao futuro, medo por conta da pressão da sociedade contemporânea, bem como as incertezas naturais da adolescência e juventude.

Paulo almeja chamar Timóteo de volta para o seu lado, para o caminho do discipulado, ele usará alguns artifícios para isso, veremos alguns deles.




1° A LEMBRANÇA DA FÉ DE TIMÓTEO
Desejando muito ver-te, lembrando-me das tuas lágrimas, para me encher de gozo;
Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há,
2 Timóteo 1:4,5

Como se deu a fé de Timóteo?
Durante a primeira viagem missionária de Paulo, ele esteve junto com Barnabé em Icônio, onde pregaram a palavra e foram rejeitados pelos  judeus e gentios, haviam muitos divididos, alguns a favor de Paulo, outros a favor dos Judeus.
Um motim é armado e Paulo foge para a cidade de Listra.
Atos 14. 1-5.

Ao chegarem em Listra, pregaram o evangelho, Lucas relata que durante um sermão de Paulo, um homem que era paralítico de ambos os pés fitou os olhos nele, Paulo vendo que esse tinha fé para ser curado ordenou que se levantasse e andasse ele passou a saltar e se alegrar, pois, nunca antes tinha andado.
A multidão fica espantada e grita entre si que os Deuses estavam entre eles, pois, havia uma crença antiga de que os deuses um dia os visitaria, como o milagre aconteceu, eles ficaram convictos de que se tratava do cumprimento dessa antiga profecia.
Trazem animais, ofertas e almejam entrega-las ao apóstolo e a Barnabé, eles rasgam suas vestes, atribuem a glória a Deus e conseguem impedir o sacrifício.
O momento imediatamente posterior indica que os judeus de Icônio, que já haviam feito um motim em sua cidade, desceram a Listra.
Esses convenceram a multidão, que acabou apedrejando a Paulo, de forma tão brutal que ele foi retirado da cidade como um morto.
Os discípulos rodearam Paulo, oraram por ele e ele foi ressuscitado, voltou a cidade pela porta da frente para pregar novamente o evangelho, agora em Derbe.
Essa cena por certo foi contemplada pelo jovem Timóteo, que ao ver o exemplo do apostolo, sua abnegação e paixão pelo evangelho, logo sonhou em um dia ser um dos tais, ainda que muito jovem, Timóteo passou a ter desejos ministeriais. Acredita-se que ele tinha provavelmente 13 anos de idade.
Pouco tempo depois Paulo voltou e o testemunho entre todos obreiros a respeito de Timóteo era positivo, havia um comum sentimento de admiração pelo jovem rapaz e também as expectativas em torno de seu ministério provavelmente eram grandes, Paulo se anima ao ouvir o testemunho dos habitantes de Listra:
E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego;
Do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio.
Atos 16:1,2

Pensando nesse testemunho Paulo o convida para ir ter com ele:
Paulo quis que este fosse com ele; e tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego.
Atos 16:3
Seis anos haviam se passado e o jovem Timóteo agora estava apto a seguir o apostolo, seu antigo sonho ministerial finalmente se concretizaria e ele estaria envolvido de vez na causa do evangelho.
Com aproximadamente 19 anos Timóteo começou efetivamente a caminhada junto ao apóstolo Paulo.
Paulo queria trazer a memória a fé não fingida que havia em Timóteo, a lembrança desses momentos do início, a lembrança de quando as responsabilidades ministeriais não lhe roubavam a fé, não afetavam sua vida devocional era pura, no auge de um coração de 18 anos que ainda queima com o evangelho. O serviço ministerial, as perseguições, os muitos cuidados não roubaram a espiritualidade de Paulo, porém Timóteo ao contemplar toda a perseguição, as demandas do ministério, as demandas do lugar onde ele estava, as acusações contra seu pai na fé, passou a evitar o apóstolo, passou a ter uma fé mecânica e fingida, a exortação de Paulo a Timóteo era: Eu lembro de quem você foi, de como era nos tempos de sinceridade, lembre-se também disso!
Cabe então a pergunta para os tempos atuais, será que a atividade ministerial não nos roubou o amor? Não nos tornou técnicos ao ponto de que a nossa fé se tornou fingida? Eu quero trazer a memória a fé não fingida que havia em você.







2° UMA FÉ HERDADA
a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti.
2 Timóteo 1:5
Tratava-se de uma fé herdada, que vinha da avó, da mãe e que deveria se manter na geração atual. Timóteo era a demonstração de uma fé que se dá mediante herança, ou seja, filho de crentes que lhe instruíram desde cedo na lei de Deus. Timóteo fora orientado quanto aos sacrifícios, foi notificado sobre a história dos hebreus e do Deus dos céus que sempre estaria com eles.
A fé que ele recebeu além de não ser fingida, era uma fé que trazia consigo a história de uma avó, de uma mãe que não obstante ter uma marido grego, orientou seu filho e se esforçou a comunicar a sua fé ao jovem, para Timóteo, manter a fé era algo que não envolvia apenas a si mesmo e ao seu pai na fé, mas sim a honra e esforço de toda a família que haviam investido tempo, energia e afeto a fim de lhe firmar na fé em Deus.
Para Timóteo, não tratava-se apenas de uma decisão que envolvia a si mesmo, as sobre ele estava o peso da mãe e da avó, bem como de todos os mártires e aqueles que haviam se esforçado para que a palavra chegasse aos seus dias.
Boa parte de nós temos uma fé herdada dos pais, ou mesmo uma fé que foi implantada mediante a pregação de alguém que se esforçou a fim de lhe ver bem, considerando isso devemos levar sempre em conta o peso do sangue dos mártires, dos que nos comunicaram a fé e torcem para que a conservemos, Paulo falou há muito tempo sobre isso, mas esse sermão torna-se uma ocasião propícia para nos perguntarmos: Estamos honrando a fé dos nossos pais? Estamos considerando o sangue dos mártires e de todos que se esforçaram pela pregação do evangelho?
Essa fé foi de mãos em mãos e precisa ser comunicada para a geração posterior através de nós.
A figura que Paulo usa no capítulo dois pode ser aplicada aqui:
Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.
E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.
2 Timóteo 2:1,2

A ideia desse texto é de uma tocha olímpica que é repassada de mão em mão, do país que sediou a última olimpíada, até o país que sediará a próxima, a responsabilidade de Timóteo era entregar a tocha acesa para a geração posterior. Seu desafio era que sua caminhada não lhe impedisse de manter acesa a chama do evangelho em sua vida e comunicar essa chama acesa à geração posterior.
Há entre nós o consenso de que o evangelho foi entregue aceso em nossas mãos, a nossa pergunta é: Estamos mantendo acesa essa chama? Como a geração posterior receberá essa tocha?
A nossa geração não pode ser marcada pelo esfriamento do evangelho, pela tocha que se apagou, pelo término da pregação das escrituras, despertemos o dom de Deus que há em nós.

3° O EXEMPLO DO PRÓPRIO APÓSTOLO

Quando se está inseguro no ministério há pelo menos duas tentações, envergonhar-se do Senhor e deu seu testemunho e depois envergonhar-se da própria igreja:
Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus,
2 Timóteo 1:8

Paulo estava sendo caluniado e como dito anteriormente todos os ataques que até então vinham sobre Paulo estavam vindo sobre um jovem de trinta anos que tinha problemas de saúde e insegurança e a timidez.
Timóteo passa a se envergonhar e evitar Paulo, as convicções que até então eram firmes, passam a não ser tanto assim, a fé que era inabalável como uma rocha está em momentos de crise, de forma que Timóteo passa a se envergonhar do testemunho do Senhor e deu seu antigo pai na fé, a saber Paulo.
O velho apóstolo está agora propondo um desafio a Timóteo lhe dizendo: Não se envergonhe, não se envergonhe de Deus, não se envergonhe de mim, não se envergonhe do evangelho!
Paulo tinha motivos para ter relativa vergonha, ele dedicara anos ao ministério na Ásia, se dedicou a muitas igrejas e pessoas que lhe abandonaram.
Sob a perspectiva de sucesso mundana Paulo era um fracasso, estava preso como um malfeitor, estava humilhado e fadado a morar numa masmorra até a morte, seria exterminado como um criminoso qualquer. Sob a perspectiva da teologia da prosperidade Paulo era um fracasso, conforme as palavras de Hernandes Dias Lopes.
Paulo porém diversas vezes citou sua biografia de sofrimentos:
São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.
Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um.
Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;
Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos;
Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.
Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.
2 Coríntios 11:23-28

Paulo pelo contrário, convida Timóteo a ser coparticipante nesse sofrimento, nas aflições do evangelho segundo o poder de Deus, pois, esta é uma santa vocação.
Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.
2 Timóteo 1:12

Quando Paulo é tentado a se envergonhar ele brada da prisão dizendo, “eu sofro essas coisas, mas não me envergonho”
Timóteo, um jovem iniciante no ministério estava sendo levado a vergonha por amor a essa causa, mas ele deveria se lembra que o tempo que ele tinha de vida, Paulo tinha de ministério e não se envergonhava do fim que estava tendo, não se envergonha de estar preso como um bandido qualquer, pois, sua prisão era de Cristo. Ele sabia que a sua esperança estava para além da masmorra.
Quando somos tentados a desistir, devemos olhar para os exemplos vigentes a nossa volta e veremos que há pessoas que batalham a mais tempo, sofreram mais e tem muito mais vigor do que nós tempos, pessoas que são lições vivas de como lidar com a vida e o ministério. Paulo convidou Timóteo a fazer isso:
“Olhe para mim, tenho mais tempo de ministério, sofri muito mais, mas ainda estou de pé, estou prestes a morrer, mas eu sei em quem eu tenho crido”.
As palavras eram um convite a se atentar ao seu exemplo.



O CONVITE FINAL DO APÓSTO PAULO AO SEU JOVEM OBREIRO E A TODOS NÓS

Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino,
Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.
2 Timóteo 4:1,2

Paulo em suas últimas palavras, em seu último registro, deixa uma convocação solene, devemos nos atentar de agora em diante sobre tudo o que foi dito, mas a fala de agora é com um peso maior, devemos pensar nessa fala levando em conta um Deus há de julgar vivos e mortos na sua vinda e no seu reino.
O olhar para o julgamento futuro nos leva a refletir sobre algumas coisas:
1° O trabalho deve ser feito com zelo, pois, quem há de avaliar é Deus.
2° Devemos nos apresentar a Deus aprovados, não apenas ser aprovados diante de homens. 2 Tm. 2.15
2° Devemos levar em conta que esse trabalho nos livra do medo dos outros, pois, nosso juiz é Deus.
3° Por ser algo que será avaliado no futuro, podemos com o olhar futuro batalhar no presente seguros com o fato de que Deus levará em conta tais obras. 1°Co. 15.58

terça-feira, 6 de março de 2018

O inimigo nos afasta da oração incentivando a informalidade

A melhor coisa a fazer, se possível, é afastar completamente o paciente em questão da intenção de rezar. Se o paciente é um adulto, recém-convertido para o lado do Inimigo, como é o caso do nosso homem, conseguimos tal feito quando o encorajamos sempre a lembrar-se, ou a pensar que se lembra, do quanto suas preces na infância eram automáticas. Em contrapartida, você talvez possa persuadi-lo a almejar algo totalmente espontâneo, introspectivo, informal, livre de regras; e isso na verdade significará, para um iniciante, o esforço para produzir em si mesmo um estado de espírito vagamente devocional no qual a verdadeira concentração de vontade e inteligência não desempenham nenhum papel.

C. S. Lewis - Cartas de um diabo ao seu aprendiz

segunda-feira, 5 de março de 2018

O diabo luta para manter o senso de justiça própria nos crentes.

Tudo o que você terá de fazer é nunca deixá-lo fazer a si mesmo a seguinte pergunta: "Se eu, sendo o que sou, me considero em algum nível um Cristão, por que os defeitos das pessoas sentadas no banco ao lado seriam prova de que a religião delas é pura convenção e hipocrisia?" Talvez você fique se perguntando se é possível até mesmo uma mente humana não conseguir pensar em algo tão óbvio. Mas é, Vermebile, é! Manobre o seu paciente da maneira certa e esse pensamento jamais lhe  ocorrerá. Ele está muito longe ainda de ter passado tempo suficiente com o Inimigo para ter verdadeira humildade. O que ele diz, mesmo de joelhos, sobre seus pecados não passa de conversa fiada. No fundo, ele ainda acredita que tem bastante crédito junto ao Inimigo por ter-se convertido, e pensa que demonstra grande humildade e condescendência ao ir à igreja com aqueles conhecidos vulgares e presunçosos. Mantenha-o nesse estado de espírito o máximo que puder.

C. S. Lewis - Cartas de um diabo ao seu aprendiz

As investidas do inimigo contra novos-convertidos

Portanto, esforce-se para alcançar a decepção ou o anticlímax que certamente o acometerá durante suas primeiras semanas na igreja. O Inimigo permite que essa decepção aconteça no limiar de todo empreendimento humano. Ela acontece quando o menino que ficava encantado no maternal com as histórias da Odisséia começa a estudar seriamente a língua grega. Acontece quando os recém-casados dão início à missão de aprender a viver juntos. Em todas as instâncias da vida, essa decepção marca a transição da aspiração sonhadora para a ação laboriosa. O Inimigo prefere assumir esse risco porque Ele tem essa fantasia absurda de transformar todos esses repugnantes vermezinhos humanos naquilo que chama de Seus servos e adoradores "livres" - "filhos" é a palavra que utiliza, com seu gosto particular pela degradação de todo o mundo espiritual através das ligações anormais com os animais bípedes. Ao desejar sua liberdade, Ele não aceita conduzi-los, por meio de suas afeições e atos, até alguma das metas que Ele mesmo estabeleceu para eles: Ele deixa que eles "tentem sozinhos, por seus próprios méritos". E é aí que está a nossa chance. Mas lembre-se de que aí também jaz o perigo. Se conseguirem atravessar essa aridez inicial com sucesso, eles se tornarão bem menos dependentes das emoções e, assim, bem mais difíceis de se tentar.

C. S. Lewis - Cartas de um diabo ao seu aprendiz

As distrações na igreja são um agente do inimigo

O seu paciente, graças ao Nosso Pai nos Infernos, é um tolo. Se alguma dessas pessoas cantar desafinado, ou usar botas com solados barulhentos, ou tiver queixo duplo, ou roupas deselegantes, o paciente facilmente acreditará que a religião deles deve ser de algum modo ridícula. Perceba que, em seu estágio atual, ele considera "espiritual" a idéia que faz dos "Cristãos", mas essa idéia é, na verdade, em grande parte, pictórica. Sua imaginação está cheia de togas e sandálias e armaduras e pernas nuas, e o mero fato de as pessoas na igreja usarem roupas modernas é um verdadeiro obstáculo para ele - embora, claro, isso seja inconsciente. Nunca deixe que esse obstáculo se manifeste completamente, nunca o deixe perguntar-se como ele esperava, afinal, que elas se vestissem. Por enquanto, deixe tudo confuso em sua mente, e você terá toda a eternidade para desfrutar do poder de proporcionar-lhe a peculiar clareza que o Inferno traz.

C. S. Lewis - Cartas de um diabo ao seu aprendiz

A igreja instituição é muitas vezes aliada do inimigo

Hoje em dia, um de nossos aliados é a própria Igreja. Mas não me compreenda mal: eu não estou falando da Igreja que se propaga através do tempo e do espaço, ancorada na Eternidade, terrível como um exército agitando seus estandartes. Isso, devo confessar, é um espetáculo que incomoda até nossos mais audazes tentadores. Felizmente, é algo praticamente invisível aos humanos. Tudo o que o seu paciente vê é o prédio gótico ainda pela metade, em construção, um simulacro.

C. S. Lewis - Cartas de um diabo ao seu aprendiz

A ciência trabalha a favor do cristianismo

 Acima de tudo, não tente usar a ciência (digo, as ciências verdadeiras) como defesa contra o Cristianismo, pois as ciências certamente o encorajarão a pensar sobre as realidades que ele não pode ver ou tocar. Já houve casos lamentáveis entre os cientistas modernos. Se ele precisa mesmo se interessar por alguma ciência, deixe-o lidar 4 1 Cartas de um diabo a seu aprendiz 1 com economia e sociologia; não o deixe afastar-se da preciosa "vida real". No entanto, o melhor a fazer é evitar que ele estude qualquer ciência, e dar-lhe a impressão generalizada de que ele sabe tudo, e de que o que quer que ele aprenda com simples conversas ou com a leitura é "resultado das pesquisas modernas".

C. S. Lewis - Cartas de um diabo ao seu aprendiz

Ao diabo "os jargões" são melhores do que a argumentação

O jargão, e não a argumentação, é o seu melhor aliado para afastá-lo da Igreja. Não desperdice seu tempo tentando fazê-lo pensar que o materialismo é verdadeiro. Faça-o pensar que é algo sólido, ou óbvio, ou audaz - enfim, que é a filosofia do futuro. É com esse tipo de coisa que ele se importa.
O problema da argumentação é que ela leva a batalha para o campo do Inimigo. Ele também pode argumentar. Mas, graças ao tipo de propaganda realmente prática que sugiro, durante séculos foi possível provar que Ele é inferior a Nosso Pai nas Profundezas. Pelo próprio ato de argumentar, você desperta a razão de nosso paciente; uma vez desperta, como saberemos o que daí poderá resultar? Mesmo se uma cadeia de pensamentos puder ser distorcida a nosso favor, você logo descobrirá que fortaleceu no seu paciente o hábito fatal de atentar para questões universais e ignorar o fluxo de 2 1 Cartas de um diabo a seu aprendiz 1 experiências sensoriais imediatas. O seu dever é fazer com que ele fixe a atenção nesse fluxo. Ensine-o a chamá-lo de "vida real", e não o deixe indagar-se sobre o que você quer dizer com "real".

C. S. Lewis - Cartas de um diabo ao seu aprendiz

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Liderança cordial - Gideão e os Efraimitas

Liderança cordial - Gideão e os homens de Efraim.
Então os homens de Efraim lhe disseram: Que é isto que nos fizeste, que não nos chamaste, quando foste pelejar contra os midianitas? E contenderam com ele fortemente.
Porém ele lhes disse: Que mais fiz eu agora do que vós? Não são porventura os rabiscos de Efraim melhores do que a vindima de Abiezer?
Deus vos deu na vossa mão os príncipes dos midianitas, Orebe e Zeebe; que mais pude eu fazer do que vós? Então a sua ira se abrandou para com ele, quando falou esta palavra.
Juízes 8:1-3
Gideão acabara de voltar da batalha com os Midianitas, aparentemente o maior inimigo estava vencido, porém nas nossas batalhas os opositores internos são mais problemáticos do que os de fora. Os Efraiminitas aparecem após a guerra e questionam o fato de não terem sido convidados, isso após o término.
O que você responderia? Como reagiria diante de alguém que no momento oportuno não apareceu e agora deseja tirar satisfação por não ter participado, pessoas que não fazem e questionam o que os outros fizeram? Alguém reclamaria, falaria mal, diria que foram covardes, enfim...
Gideão apenas olhou para eles e se autodiminuiu a fim de valorizar o outro.
Gideão entendeu que vencer o povo Midianita de fato era uma virtude, mas que as lideranças foram derrotadas pelos homens de Efraim e isso também tem relevância, é essa capacidade de maximizar os pequenos atos do próximo, sem fazer questão de expor os seus, que torna essa passagem um grande exemplo para nós.
Precisamos de lideranças que se autodiminuam para valorizar o outro (a começar de mim), de pessoas que saibam reconhecer os pequenos atos dos que estão a sua volta, ainda que sejam pessoas difíceis. Precisamos entender sobretudo que eu posso vencer um grande exército com as estratégias que Deus me dá, mas há inimigos que são vencidos com métodos diferentes dos meus.
Há certo embate atualmente entre os “tradicionais” e os “pentecostais” no ambiente assembleiano, ambos se alfinetam entre si, porém precisamos olhar para Gideão e ver que de modos diferentes os dois são eficazes, o ensinador chega onde o avivalista não pode chegar e vice-versa. Não há uma única linguagem certa, um único método, uns vencem trezentos, outros vão pras cabeças, o importante mesmo é que venceremos.
Que reconheçamos os que batalham de modo diferente, sem criar embates, que os elogios sejam mais frequentes que as repreensões, que os inimigos sejam apenas de fora, não de dentro e assim teremos de fato uma liderança cordial.
No texto disseram: “Pelo Senhor e por Gideão”
Nós diremos “ Por Cristo e por sua glória”.
Amém

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

A graça preciosa

Essa graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus Cristo; é preciosa por custar a vida ao ser humano, e é graça, por assim, lhe dar a vida; é preciosa por condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador. Essa graça é sobretudo preciosa por ter sido preciosa para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho - "vocês foram comprados por preço" - e porque não poder ser barato para nós aquilo que custou caro para Deus.

Dietrich Bonhoeffer - O preço do discipulado

A graça preciosa

A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o ser humano sai e vende com alegria tudo quanto tem; a pérola preciosa, para cuja aquisição o comerciante se desfaz de todos os seus bens; o senhorio régio de Cristo, por amor do qual o ser humano arranca o olho que o faz tropeçar, o chamado de Jesus Cristo, pelo qual o discípulo larga as redes e o segue.
A graça preciosa é o evangelho que se deve procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater.

Dietrich Bonheffer - A graça preciosa

Graça barata

Graça barata significa justificação do pecado, e não do pecador. Como a graça faz tudo sozinha, tudo também pode permanecer como antes. "Afinal, a minha força nada faz." O mundo continua sendo mundo, e nós continuamos sendo pecadores "mesmo na vida mais piedosa".
Viva pois o crente como vive o mundo, coloque-se, em tudo, em pé de igualdade com o mundo, e não se atreva - sob pena de ser acusado de heresia entusiasta" - a ter, sob a graça, uma vida diferente da que tinha sob o pecado! Que se guarde de encolerizar-se contra a graça, de envergonhar essa graça grande e barata e de instituir um novo culto ao literalismo tentando ter uma vida de obediência de acordo com os mandamentos de Jesus Cristo!

Dietrich Bonhoeffer - O preço do discipulado

Graça barata

Graça barata significa a graça como doutrina, como princípio, como sistema; significa perdão dos pecados como verdade geral, significa o amor de Deus como conceito cristão de Deus.

Dietrich Bonhoeffer - O preço do discipulado

Graça barata

Graça barata é graça como refugo, perdão malbaratado, consolo malbaratado, sacramento malbaratado, é graça como inesgotável tesouro da igreja, distribuído diariamente com mãos levianas, sem pensar, sem limites; a graça sem preço, sem custo.

Dietrich Bonheffer - O preço do discipulado

Qual o destino ao seguir Jesus?

Aonde o chamado ao discipulado conduzirá as pessoas que lhe obedecem? Que decisões e separações acarretará esse chamado? Temos de levar essa pergunta àquele que é o único que a conhece a resposta. Somente Jesus Cristo, que nos ordena que o sigamos sabe aonde o caminho conduz. Nós, porém sabemos que esse caminho será, sem dúvida, caminho de misericórdia sem limites. O discipulado é alegria.

Dietrich Bonheffer - O preço do discipulado

Jesus exige e dá os meios para cumprir as exigências

Jesus nada nos exige sem nos dar forças para o realizar. O mandamento de Jesus jamais pretende destruir a vida, mas a conservar, fortalecer e curar.

Dietrich Bonheffer - O preço do discipulado


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

A depressão e os sentimentos

A primeira coisa que vai embora é a felicidade.
Não é possível ter prazer em nada. Isso é notoriamente o sintoma cardeal da depressão
severa.5 Mas logo outras emoções caem no esquecimento com a
felicidade: a tristeza como você a conhecia, a tristeza que parecia tê-lo conduzido
até esse ponto, o senso de humor, a crença no amor e na sua própria capacidade
de amar. Sua mente é sugada a tal ponto que você parece um total imbecil, até
para si próprio. Se seu cabelo sempre foi ralo, parece mais ralo ainda; se você tem
uma pele ruim, ela fica pior. Você cheira a azedo até para si mesmo. Você perde a
capacidade de confiar nas pessoas, de ser tocado, de sofrer. Posteriormente,
ausenta-se de si.

Andrew Solomon - O Demônio do meio dia

A depressão é morte e vida

O nascimento e a morte que constituem a depressão ocorrem simultaneamente.
Há pouco tempo, voltei a um bosque em que brincara quando criança e vi
um carvalho, enobrecido por cem anos, em cuja sombra eu costumava brincar
com meu irmão. Em vinte anos, uma enorme trepadeira grudara-se a essa árvore
sólida e quase a sufocara. Era difícil dizer onde a árvore terminava e a trepadeira
começava. Esta enrolara-se tão completamente em torno da estrutura dos galhos
da árvore que suas folhas pareciam à distância ser as da árvore. Só bem de perto
podia-se ver como haviam sobrado poucos ramos vivos e quão poucos gravetos
desesperados brotavam do carvalho, espetando-se como uma fileira de polegares
do tronco maciço, suas folhas continuando o processo de fotossíntese ao modo
ignorante da biologia mecânica.
Tendo acabado de sair de uma depressão severa, na qual eu dificilmente
acolhia os problemas de outras pessoas, me senti cúmplice daquela árvore. Minha
depressão havia tomado conta de mim como aquela trepadeira dominara o
carvalho. Ela me sugou, uma coisa que se embrulhara à minha volta, feia e mais
viva do que eu. Com vida própria, pouco a pouco asfixiara toda a minha vida. No
pior estágio de uma depressão severa, eu tinha estados de espírito que não reconhecia
como meus; pertenciam à depressão, tão certamente quanto as folhas
naqueles altos ramos da árvore pertenciam à trepadeira. Quando tentei pensar
claramente sobre isso, senti que minha mente estava emparedada, não podia se
expandir em nenhuma direção. Eu sabia que o sol estava nascendo e se pondo,
mas pouco de sua luz chegava a mim. Sentia-me afundando sob algo mais forte
do que eu. Primeiro, não conseguia usar os tornozelos, depois não conseguia controlar
os joelhos e em seguida minha cintura começou a se vergar sob o peso do
esforço, e então os ombros se viraram para dentro. No final, eu estava comprimido
e fetal, esvaziado por essa coisa que me esmagava sem me abraçar. Suas gavinhas
ameaçavam pulverizar minha cabeça, minha coragem e meu estômago,
quebrar-me os ossos e ressecar meu corpo. Ela continuava a se empanturrar de
mim quando já parecia não ter sobrado nada para alimentá-la.
Eu não era suficientemente forte para parar de respirar. Sabia que jamais poderia
matar essa trepadeira da depressão. Assim, tudo que eu queria era que ela
me deixasse morrer. Mas ela se apoderara de minha energia. Eu precisaria me
matar, ela não me mataria. Se meu tronco estava apodrecendo, essa coisa que se
alimentava dele estava agora forte demais para deixá-lo cair. Ela se tornara um
apoio alternativo para o que destruíra. No canto mais apertado da cama, rachado
e atormentado por essa coisa que ninguém parecia ver, eu rezava para um Deus
no qual nunca acreditara inteiramente e pedia libertação. Teria ficado feliz com
uma morte dolorosa, embora estivesse letárgico demais até para conceber o suicídio.
Cada segundo de vida me feria. Porque essa coisa drenara tudo que fluía de
mim, eu não podia sequer chorar. Até a minha boca estava ressecada. Eu pensava
que, quando nos sentimos muito mal, as lágrimas jorrassem, mas a pior dor possível
é a dor árida da violação total que chega depois de todas as lágrimas já terem
se exaurido. A dor que veda cada espaço através do qual você antes entrava em
contato com o mundo, ou o mundo com você. Essa é a presença da depressão
severa.

Andrew Solomon - O demônio do meio dia

Precisamos olhar para as estrelas

Tudo passa — sofrimento, dor, sangue, fome, peste. A
espada também passará, mas as estrelas ainda permanecerão
quando as sombras de nossa presença e nossos feitos
se tiverem desvanecido da Terra. Não há homem que
não saiba disso. Por que então não voltamos nossos olhos
para as estrelas? Por quê?
MIKHAIL BULGAKOV - Citado por Andrew Solomon - "O demônio do meio dia"

A depressão é gradual

A depressão começa do insípido, nubla os dias com
uma cor entediante, enfraquece ações cotidianas até que suas formas claras são
obscurecidas pelo esforço que exigem, deixando-nos cansados, entediados e obcecados
com nós mesmos — mas é possível superar isso. Não de uma forma feliz,
talvez, mas pode-se superar. Ninguém jamais conseguiu definir o ponto de
colapso que demarca a depressão severa, mas quando se chega lá, não há como
confundi-la.

Andrew Solomon - O demônio do meio dia

O Deus indefinível

Mas não há como aplicar a lógica e a justiça humanas ao Deus vivo. A
lógica humana está baseada na experiência humana e na natureza
humana. Iavé não se encaixa nesse modelo. Se Israel é infiel, Deus
permanece fiel contra toda a lógica e contra todos os limites de justiça,
apenas porque ele é. O amor explica a feliz irracionalidade da conduta de
Deus. O amor tende a ser irracional às vezes. Ele persevera a despeito da
infidelidade. Ele floresce em ciúme e ira — que delatam um interesse
sincero. Quanto mais complexa e emocional torna-se a imagem de Deus
na Bíblia, maior ele se torna, e mais nos aproximamos do mistério da sua
indefinibilidade.

O evangelho Maltrapilho - Brennam Manning

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Vinde - O convite de Jesus

"No último julgamento Cristo nos dirá: 'Vinde, vós também! Vinde, bêbados! Vinde, vacilantes! Vinde, filhos do opróbrio!' E dir-nos-á: "Seres vis, vós que sois à imagem da besta e trazem a sua marca, vinde porém da mesma forma, vós também!' E os sábios e prudentes dirão: 'Senhor, por que os acolhes?' E ele dirá: 'Se os acolho, homens sábios, se os acolho, homens prudentes, é porque nenhum deles foi jamais julgado digno*. E ele estenderá os seus braços, e cairemos a seus pés, e choraremos e soluçaremos, e então compreenderemos tudo, compreenderemos o evangelho da graça! Senhor, venha o teu reino!".

Fiodor Dostoiévski

As feridas da instituição

A igreja institucional tornou-se alguém que inflige feridas nos que curam, em vez de ser alguém que cura os feridos

Brennam Manning - O evangelho maltrapilho

O monergismo - iniciativa de Deus

Embora as Escrituras insistam que é de Deus a iniciativa na obra da salvação — que pela graça somos salvos, que é o Formidável Amante quem toma a iniciativa — freqüentemente nossa espiritualidade começa no eu, não em Deus. A responsabilidade pessoal substituiu a resposta pessoal. Falamos sobre adquirir a virtude como se ela fosse uma habilidade que pudesse ser desenvolvida, como uma bela caligrafia ou um bom gingado numa tacada de golfe.

Brennam Manning - O evangelho Maltrapilho

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Confissões de um pregador

Confissões de um pregador
Uma das coisas que mais me apaixona é pregar. Pregar mexe comigo como nenhuma outra coisa. O esforço para encontrar a passagem adequada, o sentido da passagem, e depois colocar este sentido em um formato fácil de explicar e de ser entendido; e o mais importante, poder espiritual para entregar a mensagem de maneira clara, direta, que fira as consciências, que levante os ânimos e que instrua as mentes; enfim, que seja instrumento na mão do Espírito Santo para glorificar a Deus e exaltar a Jesus Cristo.
Apesar de toda a preparação, é no momento da entrega que a verdade aparece. Quando estou no púlpito, com a Bíblia aberta, e centenas derostos olhando pra mim em expectativa. Ali eu me sinto trêmulo, vacilante e frequentemente tímido. Tenho que superar o meu medo natural para anunciar com clareza e alta voz o sentido do texto bíblico e fazê-lo chegar até os corações e as mentes.
Durante a pregação, manter contato visual com as pessoas, perceber se estão seguindo, sendo encorajadas, se estão sendo abençoado ou se estão simplesmente se sentindo enfadonhas. Em seguida, ajustar ohorário, as palavras, o tom, o timbre da voz, até que a palavra penetre finalmente por entre as barreiras, obstáculos e dificuldades que as pessoas levantam em suas mentes e aí seus corações quando vem a igreja.
E quando o sermão termina, não termina a minha tarefa. Sinto-me geralmente arrasado, fracassado, como quem fez um péssimo trabalho.Não poucas vezes vou pra casa procurando um buraco pra me esconder. E aí que tenho que orar, pedindo perdão a Deus, e suplicar que a palavra pregada, mesmo de forma imperfeita, seja usada por ele para converter e santificar. Um sentimento de vazio com frequência entra em meu coração, como alguém que não fez o que deveria ter feito direito.
As noites de domingo, na cama, são aquelas em que a insônia torna-se minha companheira.

Augustus Nicodemus

O pródigo era obrigado a voltar

O filho pródigo estava obrigado a voltar para sua casa tal como estava, pois não havia nada que pudesse fazer. Estava reduzido a tais extremos de pobreza que não podia comprar uma peça nova de pano para remendar suas roupas, nem um pedaço de sabão com que pudesse limpar-se; e é uma grande misericórdia quando um homem está tão espiritualmente reduzido que não pode fazer nada a não ser ir até Deus como um mendigo, quando ele está tão falido que não pode pagar nem um centavo, quando ele está tão perdido que não é capaz nem de crer ou se arrepender longe de Deus, e mais sente que está eternamente arruinado a não ser pela intervenção do Senhor. Nossa sabedoria consiste em ir a Deus para tudo.
Além disso, não se necessitava nada do filho pródigo

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

A oração como fuga

“Mas eu tenho a intenção de orar,” diz um. O que você pediria? Acaso espera que o Senhor lhe ouça quando você não quer ouvi-lo? Você orará melhor no colo do Pai – mas as orações de um coração orgulhoso, desobediente, cético, são zombarias! Suas próprias orações lhe arruinarão se são convertidas em um substituto para ir de uma vez a Deus.
Suponham que o filho pródigo tivesse sentado perto dos porcos e tenha dito: “vou orar aqui”? De que lhe teria servido? Ou suponha que ele tenha orado ali, que bem o teria lhe acometido? A oração e o pranto eram muito bons uma vez que tivesse ele ido até seu pai, mas poderiam ter substituído seu regresso.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Afogue-se na graça

“Oh, mas eu quero vencer minha inclinação para o pecado, quero controlar minhas fortes tentações‖. Eu sei o que você quer. Você quer a melhor roupa sem a necessidade de que o Pai te dê, e calçado para teus pés que você tenha conseguido sozinho. Você não quer ir com roupas de mendigo e receber tudo da amorosa mão do Senhor! Mas tem que renunciar a esse seu orgulho e vir a Deus ou morrerás para sempre! Deve esquecer-se de si mesmo, só lembrando-se de ti para sentir que és mal por completo, e que és indigno de ser chamado filho de Deus. Renuncie a si mesmo como um barco que afunda e não vale a pena ser resgatado, mas tem que deixar que se afunde, e tem que subir ao bote salva-vidas da Graça imerecida. Pense em Deus como seu Pai, n‘Ele, lhe digo, e em Seu amado Filho, o único Mediador e Redentor para os filhos dos homens! Ali está sua esperança; corre de você mesmo e aproxime-se a seu Pai.

O Retorno do pródigo - Charles Spurgeon

"Venha para casa"

Há um tempo para os pecadores quando seus velhos companheiros parecem dizer: “não queremos estar ao seu lado. Estás demasiadamente abatido e melancólico. Por que você não vai para casa?”. O enviaram a alimentar porcos, e parecia que os próprios animais gruniam: “vá para casa!” quando recolhia as alfaborras, e queria comer elas, esas alfaborras crepitavam: “volte para casa”. Olhava seus trapos e esses abriam suas bovas dizendo: ―vá para casa!‖ Sua barriga faminta e sua fraqueza clamavam: ―vá para casa‖. Logo ele pensou no rosto de seu pai e quão amavelmente havia olhado para ele, e parecia dizer-lhe: ―venha para casa!‖. Ele se lembrava da abundância de pão, e cada bocado parecia dizer: “venha para casa!”. Ele imaginou os servos setandos para jantar e festejando plenamente – e cada um parecia olha-lo de longe, sobre o deserto, e dizendo: “venha para casa. Seu pai nos alimenta bem. Venha para casa!”. Cada coisa lhe dizia : “venha para casa!”. Só o diabo sussurrava: “nunca volte. Tem que lutar até o fim! Melhor é morrer de fome que render-se! é um jogo de azar!”. Mas dessa vez ele fugiu do diabo, pois caindo si e disse: “não! Me levantarei e irei a meu pai!”.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

As vezes o único meio do pródigo voltar é como mendigo

O filho pródigo estava obrigado a voltar para sua casa tal como estava, pois não havia nada que pudesse fazer. Estava reduzido a tais extremos de pobreza que não podia comprar uma peça nova de pano para remendar suas roupas, nem um pedaço de sabão com que pudesse limpar-se; e é uma grande misericórdia quando um homem está tão espiritualmente reduzido que não pode fazer nada a não ser ir até Deus como um mendigo, quando ele está tão falido que não pode pagar nem um centavo, quando ele está tão perdido que não é capaz nem de crer ou se arrepender longe de Deus, e mais sente que está eternamente arruinado a não ser pela intervenção do Senhor. Nossa sabedoria consiste em ir a Deus para tudo.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Tratar os pecados longe de Deus

Toda vez que um pecador se detém longe de Deus para ficar melhor não está fazendo mais que agregando mais pecado a seu pecado, pois o maior de todos os pecados é estar longe de Deus, e quanto tempo permaneça nesse estado, mais ele peca. A intenção de fazer boas obras, fora de Deus, é como o esforço de um ladrão para manter em ordem os bens roubados, enquanto seu único dever é devolvê-los imediatamente.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Fé na bondade de Deus

“ainda que Ele estivesse segurando
uma espada em Suas mãos, eu teria corrido contra sua ponta ao invés de manter-me longe d‟Ele”.

John Bunyan

A fé leva o pródigo a chamar o pai de "pai"

O penitente da parábola veio a seu pai tão indigno de ser chamado de filho, e, no entanto, disse: “Meu pai”. A fé tem um jeito de ver a escuridão do pecado e ainda crer que Deus pode converter nossa alma branca como a neve! Não é fé que diz: “eu sou um pequeno pecador então Deus pode me salvar”, mas antes a fé clama: ―Sou um grande pecador! Um pecador maldito e condenado, e, no entanto, apesar disso tudo, a misericórdia de Deus pode me perdoar e o sangue de Cristo pode me limpar”.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Precisamos romper com o pecado

“E, levantando-se, foi para seu pai”. Agora observe que essa ação do pródigo foi imediata e sem discussões adicionais. Ele não chegou ao dono dos porcos e perguntou: “ah, você poderia subir meu salário? Se não puder, terei que partir”. Se ele tivesse negociado, estaria completamente perdido! Ele não deu nenhum aviso a seu antigo patrão e cancelou o contrato de trabalho, fugindo.
Queria eu que os pecadores aqui presentes rompessem sua aliança com a morte e violassem seu pacto com o inferno, escapando até Jesus Cristo para salvar suas vidas, pois Ele recebe a todos os „fugitivos‟ que assim o fazem. Não precisamos de nenhuma permissão nem licença para renunciar o serviço do pecado e de Satanás, nem tão pouco é um assunto que requer uma consideração de um mês: nesta matéria, a ação instantânea é a mais sábia.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Só há música no céu quando há arrependimento

Alegramo-nos quando ouvimos a resolução de vocês: “me voltarei para Deus‟‟, mas os anjos no céu não se regozijam por causa das resoluções, já que eles reservam sua música para os pecadores que efetivamente se arrependem.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

Promessas não cumpridas

Cada sermão sincero, cada morte em sua família, cada tom fúnebre por seu vizinho, cada remorso na consciência, cada visita da enfermidade te dá uma resolução de emenda, mas suas notas promissórias nunca estão honradas e teu arrependimento termina
em palavras. Sua bondade é como o orvalho, que ao amanhecer adorna com jóias cada folha do chão, porém logo quando o sol ardente chega sobre o prado, deixa o chão seco e quente.

O retorno do pródigo - Charles Spurgeon

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Amor não correspondido

O amor não deve perguntar se é correspondido, mas procurar quem carece dele. Quem mais necessita de amor se não aquele que, sem amor vive no ódio? Quem, portanto, seria mais digno de amor que meu inimigo? Onde seria o amor mais glorificado do que entre seus inimigos?

Dietrich Bonhoeffer - Discipulado

terça-feira, 8 de agosto de 2017

O que é a salvação?

O termo "salvação" precisa ser urgentemente libertado do conceito medíocre e pobre com o qual tendemos a degradá-lo. "Salvação" é um termo majestoso, que evidencia todo o amplo propósito de Deus, pelo qual ele justifica, santifica e glorifica o seu povo: primeiramente, perdoando as nossas ofensas e aceitando-nos como justos ao nos olhar através de Cristo; depois transformando-nos progressivamente, pelo seu Espírito, para sermos conforme a imagem do seu Filho, até que finalmente nos tornemos iguais a Cristo no céu, com novos corpos, num mundo novo. Não devemos minimizar a grandeza de "tão grande salvação" (Hb 2:3).

Tu porém - John Stott

Coisas que não devemos ter vergonha

Estes continuam ainda sendo os três modos mais importantes pelos quais os cristãos, como Timóteo, são tentados a envergonhar-se: ora do nome de Cristo, do qual somos chamados a dar testemunho; ora do povo de Cristo, ao qual também pertencemos, se é que pertencemos a Ele; ora do evangelho de Cristo, cuja propagação nos foi confiada.

Tu porém - John Stott

Soberania divina e responsabilidade humana no ministério

Em princípio, acontece o mesmo com todo o povo de Deus. Talvez a coisa mais impressionante seja a combinação, tanto em Paulo como em Timóteo, da soberania divina com a responsabilidade humana. São duas realidades, de revelação e de experiência, que consideramos difícil subsistirem ao mesmo tempo, e impossível serem sistematizadas numa acurada doutrina. Paulo podia escrever sobre a vontade de Deus e assegurar que a graça divina fizera dele o que ele era. Mas Paulo imediatamente acrescentou: "e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus comigo" (1 Co 15: 10). Ou seja, ele acrescentou o seu esforço à graça de Deus; contudo, na verdade, foi a graça de Deus que inspirou o seu esforço. Com Timóteo acontecia o mesmo. Sua mãe e sua avó puderam ensinar-lhe as Escrituras e levá-lo à conversão. Foi Paulo que o levou a Cristo, tornou-se seu amigo, orou por ele, escreveu-lhe, treinou-o e exortou-o. Timóteo recebeu de Deus um dom especial, em sua ordenação. Mas o próprio Timóteo teve que desenvolver sozinho o dom divino, sem Paulo. Ele teve de acrescentar a sua própria autodisciplina aos dons de Deus.

Tu porém - John Stott

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

O evangelho é a promessa da vida

E o evangelho é a boa nova para os pecadores agonizantes, é a notícia de que Deus lhes promete vida em Jesus Cristo. É muito interessante que, quando a morte lhe parece mais evidente, o apóstolo define aqui o evangelho como sendo uma "promessa de vida". E é realmente isso. O evangelho oferece vida aos homens, vida verdadeira, vida eterna, tanto aqui como depois. Ele declara que a vida está em Cristo Jesus, o qual não somente afirmou ser ele mesmo a vida (João 14: 6) mas, como Paulo logo adiante revela, "destruiu a morte e trouxe a luz da vida e a imortalidade mediante o evangelho" (v. 10).

Tu porém - John Stott

A relevância da segunda carta de Paulo a Timóteo

A igreja de nossos dias precisa urgentemente atentar para a mensagem desta segunda carta de Paulo a Timóteo, já que à nossa volta vemos cristãos e igrejas abrindo mão do evangelho, manuseando-o desajeitadamente, incorrendo no perigo de finalmente vê-lo escorrer por entre os dedos. Precisa-se de uma nova geração de jovens Timóteos, que queiram guardar o sagrado depósito do evangelho, que estejam determinados a proclamá-lo e preparados para sofrer por ele; e que o compartilharão puro e incorrupto à geração que, cm seu devido tempo, se levantará em seguida.

Tu porém - John Stott

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

O mundo que devemos abandonar

O mundo que precisamos abandonar é aquele
que se organiza e se preenche de incredulidade.
O mundo que passa a se divertir, a se edificar
sobre dúvidas, incredulidade e justiça própria. Jesus
estava no mundo, mas não era do mundo.
Não há contradição aqui no que estou dizendo.
Há uma distinção entre aquela parte do mundo
que é dada por Deus, na qual os cristãos plantam,
colhem, semeiam, trabalham e vivem seguindo os
mandamentos de Deus. Deus queria que assim
fosse, e isso não é "mundanismo". Mundanismo é
a soberba da vida e o desejo daquilo que os olhos
veem e o anseio da alma ambiciosa por posições
e por tudo o que o mundo faz em razão do
pecado que existe nele. Isso inclui tudo o que é o
mundo que transborda em milhares de coisas que
a Igreja tradicionalmente rejeita.

A. W. Tozer - A Vida Crucificada

Orações que não passam do teto

Se você sente que tuas orações não estão passando do teto, não se preocupe, Deus não está no telhado, Ele está no quarto de oração contigo.

Josemar Bessa

"Fazendo para Jesus"

Aviso que você não pode fazer para Jesus
algo que ele mesmo não faria. Você não pode
fazer por Deus algo que o próprio Deus proibiu e
contra o qual voltou os cânones do julgamento. A
única coisa que posso fazer para Deus é aquilo
que é santo como ele, e a única coisa que posso
fazer por Jesus é o que Jesus consentiu, permitiu
e ordenou que eu fizesse.

A. W. Tozer - A vida Crucificada

É necessário abandonar o mundo

Acho que não existe
em nenhum lugar algum prazer mundano em
que você não encontre um participante cristão. E
possível ser religioso e não abandonar o mundo.
E possível abandonar o mundo no corpo, sem
nunca o abandonar no espírito. É possível abandonar
o mundo exteriormente e ainda ser
mundano por dentro. Mas ninguém pode ser
cristão no sentido correto da palavra sem ter
abandonado o mundo.

A. W. Tozer -  A Vida Crucificada

Os conflitos entre reputação e a vida crucificada

Esse
desejo de obter seguidores, de ser conhecido, de
ter reputação, não é para os que estão vivendo a
vida crucificada. Os que andam e vivem segundo
a vida crucificada não desejam essas coisas e estão
dispostos a perder a reputação, se preciso,
para continuarem com Deus e prosseguir rumo à
perfeição. Eles não buscam nenhum lugar, nenhum
valor, nenhuma coisa. Os que têm sede de
Deus não voltarão a cabeça para serem eleitos em
algum lugar para alguma coisa. Só cristãos estáticos
buscam posições eclesiásticas elevadas. Eles
querem ser alguém antes de morrer.

A.W. Tozer - A vida Crucificada

terça-feira, 1 de agosto de 2017

A vida cristã deve ser mais interior do que exterior

Como Israel antigamente, a Igreja hoje está
satisfeita com palavras, cerimônias e formas. As
palavras que os profetas disseram aos israelitas
são igualmente verdadeiras para nós hoje: Deus
quer que tenhamos contentamento, amor e adoração
— a realidade espiritual interior daquele
fogo divino interno.
Quando esse fogo da interiorização se apaga,
a exterioridade começa a se desenvolver. E nesse
momento que Deus envia profetas e videntes para
censurarem a forma vazia de culto que é meramente
ritual e pleitearem aquilo que chamamos
de vida mais profunda ou vida crucificada. Essa
vida cristã é mais profunda que a vida da média
dos cristãos e está mais perto do cristianismo
ideal do Novo Testamento, que devia ser a
norma.

A. W. Tozer - A vida crucificada

A vontade de Deus

A vontade de Deus e que você
entre no Santo dos Santos, viva à sombra do
trono ela graça e saia dali e sempre volte para ser
renovado, recarregado e realimentado. A vontade
de Deus é que você viva no trono da graça,
vivendo uma vida separada, limpa, santa, sacrificial
— uma vida de contínua diferença espiritual.
Isso não seria melhor que o caminho em que você
anda agora?

A. W. Tozer - A vida crucificada

Cristãos que não avançam

Recuso-me a ficar desanimado por qualquer
coisa, mas o meu coração pesa de andar entre
cristãos que estão rodando há quarenta anos no
deserto, sem voltar para o pecado, mas sem também
entrar na vida santa. Vagando em círculos
sem propósito, às vezes um pouco mais quentes,
às vezes um pouco mais frios, às vezes um pouco
mais santos e às vezes muito profanos, mas
nunca avançando. Adquiriram hábitos difíceis de
quebrar, é quase certo que viverão e morrerão
como fracassos espirituais. Para mim isso é
terrível.

A. W. Tozer - A vida crucificada

A maior herança de um homem é sua memória

Esse é sempre o argumento do homem não
espiritual: "Preciso pensar na minha família. Afinal,
tenho uma família, irmão, e Deus quer que
eu seja sábio; não posso exagerar. Não posso ser
espiritual demais porque preciso cuidar da minha
família. Não posso sujeitar a minha esposa e os
meus filhos a dificuldades. Não posso jogar cargas
sobre eles". Sempre agradando a esposa e a
família, esse homem se esquece de que a melhor
herança que um marido pode deixar para a
família é a memória de que ele foi uma pessoa.
Uma mulher espiritual também enfrenta pedras
de tropeço. Sua família pode atacá-la com linguagem
agressiva, censurá-la com palavras
sarcásticas, opor-se a ela e fazê-la sentir-se como
boba. Entretanto, uma mulher espiritual se
afastará quieta, mais triste, porém mais sábia, e
concordará que a melhor herança que pode deixar
para a família é ter sido uma pessoa boa.

A. W. Tozer - A vida crucificada

O homem natural não compreende o Espírito

Não importa quem você é ou quanto você é
culto ou religioso, se não foi regenerado, renovado,
reconstruído, trazido à luz pelo impulso
do Espírito Santo, não consegue entender Deus.
Você não consegue entender as coisas espirituais
de modo algum; só consegue entender a história
das coisas espirituais. Qualquer entusiasmo que
você possa ter por religião não passa de ilusão.

A. W. Tozer - A vida crucificada