quarta-feira, 2 de maio de 2018

2° Timóteo - Exortações aos "Timóteos" de hoje


Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
Procura vir ter comigo depressa,
2 Timóteo 4:6-9

O LEGADO DE PAULO A UM JOVEM INSEGURO - Sermão entregue a ADSM CHÁCARA SANTANA EM 01/05/2018

O contexto em que a segunda carta de Paulo a Timóteo se dá é extremamente desesperador.
Nero estava no auge de suas maldades, já havia causado o incêndio de Roma e atribuído esse fato aos Cristãos, levando o povo a uma extrema revolta contra os cristãos, que segundo ele eram uma organização partidária que poderia abalar seu império. Por mero desconhecimento ele passa a perseguir os Cristãos em todas as partes, ordenando sua morte, martírio e vitupério.
O fato de os cristãos não se prostrarem nos cultos realizados aos imperadores, bem como de realizarem suas reuniões a portas fechadas, gerou diversas suspeitas de conspiração, como se o povo Cristão estivesse tramando algo contra o império e o povo romano.
Até o dia em que Nero no ano 64 D.C. ordenou o incêndio de Roma, enquanto tocava flauta, na famosa cena que é citada até os dias de hoje.
Durante o período do incêndio que foi de 6 dias o povo estava unânime na intenção de descobrir o mandante ou os responsáveis pelo imenso prejuízo causado, as suspeitas inicialmente caíram sobre o próprio imperador, porém, esse por sua vez, desviou o foco das acusações e as atribuiu aos cristãos, que permaneceram (boa parte) intactos durante esse incêndio. Assim uma revolta sem precedentes tomou conta de todos, Nero em busca de mais popularidade passou a usar a revolta do povo contra os cristãos como trampolim para promover seu império e seu controle sobre todos.
A história afirma que os Cristãos eram entregues aos leões no Coliseu Romano, sob imensa plateia que os via constantemente e de modo indiferente. Há relatos de Cristãos que foram vestidos de peles de animais e cachorros selvagens foram soltos a fim de mata-los.
Uma perseguição sem precedentes se entendeu sobre todos, os cristãos passaram a ser caçados em todos os lugares e entre a primeira prisão de Paulo e a segunda ele foi capturado e preso.
Anteriormente Paulo estava sob prisão domiciliar em Roma, onde recebia visitas, fabricava suas tendas, escrevia cartas e toda a guarda pretoriana se revezava na intenção de saber mais sobre o evangelho que Paulo pregava. Foram dois anos preso, mas de relativa calmaria.
Após os dois anos Paulo é liberto e envia Timóteo para contar a boa notícia aos irmãos, de Roma vai a Creta onde deixa Tito, de lá vai a Éfeso e a Colossos (cidade que ainda não conhecia mesmo tendo escrevido uma carta), lá encontra-se com Timóteo e o ordena a administrar a igreja de Éfeso. Pouco tempo depois Paulo é novamente capturado, isso ocorre após o incêndio já citado nesse estudo.
A prisão que Paulo é submetido é bem mais severa que a primeira, Paulo estava sob um lugar subterrâneo, uma masmorra fria, úmida, com apenas uma única saída para cima, sem ver a luz do dia, sob constante solidão, esquecimento e preocupações.
Quais são os sofrimentos que Paulo está submetido?

1° A MORTE É IMINENTE E BREVE
Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
2 Timóteo 4:6

Saber que algo ruim está por vir é péssimo, saber que será em breve é de causar uma ansiedade extremamente negativa. Nesse caso Paulo via tudo o que estava acontecendo ao seu redor, sabia que ia morrer não muito depois daqueles dias. Muitos cristãos já haviam morrido estando nas masmorras vizinhas as de Paulo, as notícias sobre o coliseu, sobre os cristãos acesos para iluminar a cidade, eram constantemente ouvidas por ele, Paulo no fundo sabia que dessa vez não haveria espacatória.

2° A DOR DO ABANDONO
Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica, Crescente para Galácia, Tito para Dalmácia.
Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério.
2 Timóteo 4:10,11

Para piorar, além de estar preso e saber que vai morrer, Paulo percebe que seus amigos estão pouco a pouco se afastando, simplesmente apostatando da fé. Uma lista de pessoas próximas vai se afastando e evitando a presença de Paulo, bem como a continuidade do evangelho.
Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado.
2 Timóteo 4:16
Em sua audiência preliminar talvez Paulo esperou muitos amigos, mas o tempo passou, a audiência começou e talvez a expectativa pouco a pouco diminuiu, até que se ao menos aparecesse a festa estaria completa, mas não vieram.

3° FRIO E VAZIO EMOCIONAL
 Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.
2 Timóteo 4:13

Paulo está suportando também um frio horrível, pois, ele clama a Timóteo que traga sua capa, provavelmente esquecida em Trôade, a capa que também representava suas lembranças e que durante tempos ele carregou consigo. É um fato digno de nota que a essa altura Paulo não almeja sequer uma capa nova, ou muitas coisas, seus pedidos são simples: Sua velha capa, para não morrer de frio.
Procura vir antes do inverno.
2 Timóteo 4:21
O segundo pedido de Paulo é que ele traga seus pergaminhos, pois, neles estavam contidas anotações importantes, pensamentos que ele não gostaria que se perdessem, além disso os pergaminhos seriam de alguma maneira uma distração para Paulo em dias de extrema solidão e tristeza.

4° APOSTASIA DAS IGREJAS
Bem sabes isto, que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim; entre os quais foram Figelo e Hermógenes.
2 Timóteo 1:15
A Ásia que se tratava do lugar onde Paulo passou boa parte de sua vida, pregando, plantando igrejas, lugar onde Paulo labutou em extremo a fim de ter êxito no cumprimento de seu ministério lhe abandonou totalmente. As acusações estão sendo feitas contra Paulo e diferentemente de outras vezes ele não poderá ir até lá para se defender, não poderá vê-los novamente, os dias eram de perseguição, apostasia e engano entre as igrejas, Paulo vê seu trabalho em jogo, pois, tudo o que lutara para fazer está se desmoronando ao seu redor.

5° TIMÓTEO (SEU SUCESSOR) ESTAVA PRESTES A SUCUMBIR
Imaginemos que até então Timóteo já havia visto o sofrimento de perto, as perseguições ministeriais de perto, porém nunca antes ele estivera só.
Sempre que as pessoas iam refutar a pregação o faziam com Paulo, ainda que Timóteo estivesse junto, ele sofria bem menos do que seu “pai na fé”.
Paulo já tinha costas largas, já tinha suportado açoites, afogamentos, tristezas, perseguições, mas se manteve firme, inabalável. Durante os anos de ministério junto a Paulo, Timóteo adquiriu seus traços, de modo que quem olhava para o jovem Timóteo, via Paulo, logo toda a perseguição contra Paulo não o atinge, pois, ele está longe da Ásia, está encarcerado em Roma. A perseguição vem contra um jovem pastor, que deveria lhe suceder, continuar a obra.
Todas as agressões, acusações e confrontos que antes vinham sobre Paulo, estão vindo agora sobre um jovem pastor, que tem sob si a responsabilidade de uma enorme igreja, a continuidade do evangelho, bem como a manutenção de sua pureza.
Paulo está preocupado, pois, além de todos da Ásia lhe abandonarem, há também o fato de que seu sucessor está pouco a pouco o evitando. A dor era muito grande, de forma que Timóteo está negando a fé em pequenas atitudes, não está mais com o vigor do início, na primeira defesa de Paulo ele não aparece e isso preocupa o coração do velho apóstolo. O evangelho estava sofrendo um dos mais duros golpes da história nesse exato momento, o que aconteceria com as igrejas se Timóteo não se mantivesse firme? O que aconteceria com Paulo sem sucessor? Como o evangelho iria continuar?
Paulo carregava consigo todas essas dificuldades e indagações, considerando isso, do alto de seus sessenta e poucos anos ele escreve essa carta para chamar Timóteo de volta ao evangelho e a missão proposta.

Devemos considerar quais eram as limitações de Timóteo:
Timóteo era um rapaz jovem demais para a função.
Acredita-se que Timóteo tinha pouco mais de trinta anos quando iniciou o ministério como pastor na igreja de Éfeso, essa era a principal igreja da Ásia. Igreja onde Paulo esteve três vezes, sendo que a na primeira teve um bom espaço de tempo para ensinar ao povo, apesar da rejeição de alguns judeus.
Numa segunda ocasião Paulo prega aos Efésios que rasgam os livros de Diana, queimam-nos, porém posteriormente alguns alvoroçam a multidão e a fazem gritar novamente por Diana dos Efésios.
Um povo idólatra e com as dificuldades culturais e regionais, pois, a crença em Diana rendia dinheiro aos artesãos e todos os envolvidos na sua crença.
Na terceira vez que esteve lá, Paulo teve a oportunidade de se despedir dos irmãos de Éfeso, dizendo que essa seria a última vez que veriam seu rosto, todos choraram e comovidos com o discurso de Paulo se lamentaram profundamente.
Essa igreja grande, com muitos opositores ao evangelho infiltrados, pessoas que não concordavam com Paulo, estão intimidando o jovem Timóteo, que tinha 30 anos. Uma idade curta para quem tem uma responsabilidade enorme como essa. 

Que ninguém despreze sua mocidade – 1° Timóteo 4.12
Que fuja das paixões da mocidade – 2° Timóteo 2.22

2° Timóteo tinha problemas de Saúde
Além de muito jovem, Timóteo tinha fragilidades na saúde, de modo que Paulo o exortou a não mais beber apenas água, mas também a beber um pouco de vinho. 1° Tim. 5.23

3° Timóteo tinha uma timidez que foi digna da exortação de Paulo.
Timóteo é constantemente exortado por Paulo a despertar o dom de Deus que já estava sobre ele, pois, Timóteo se via incapaz de realizar as tarefas, Paulo as vezes abria caminho para ele nas cartas:
E, se Timóteo for, vede que esteja sem temor convosco; porque trabalha na obra do Senhor, como eu também.
Portanto, ninguém o despreze, mas acompanhai-o em paz, para que venha ter comigo; pois o espero com os irmãos.
1 Coríntios 16:10,11
Provavelmente ele tinha dificuldades em se posicionar, se levantar, exercer seu ministério, pois, se via incapaz, tímido e com muito mais tendências a ser liderado do que liderar.
Era um jovem frágil que chegou ao ponto de chorar na última vez que Paulo havia lhe visto.

Agora Paulo considerando todos esses fatores, bem como suas próprias restrições vai escrever essa carta, de pastor para pastor, de mestre para aprendiz, de apóstolo para jovem obreiro, essa carta sem dúvidas tem ensinamentos fantásticos para todos nós.
Podemos ver nela uma figura de um  Paulo que também se preocupa, que também tem medo, também sente frio.
Vemos a figura de um jovem que suporta os problemas de dentro:

Ansiedade
Insegurança
Solidão (após a prisão de Paulo)
Falta de orientação
Problemas de saúde
Bem como os problemas de fora:

Perseguição
Responsabilidade pela continuidade do evangelho
A ausência de seu pai na fé
Os inimigos da própria igreja
As constantes heresias e tentações.

Essa carta é para todos nós que no contexto da pós-modernidade estamos vendo os ataques de fora acontecendo, em escolas, televisão, cultura e todos se posicionam contra a igreja de Deus.
Somos odiados tal como a bíblia diz em Mateus 5.11-12.
As pressões de dentro também continuam sobre nós:
Tentações da juventude, insegurança profissional, sentimental, incertezas quanto ao futuro, medo por conta da pressão da sociedade contemporânea, bem como as incertezas naturais da adolescência e juventude.

Paulo almeja chamar Timóteo de volta para o seu lado, para o caminho do discipulado, ele usará alguns artifícios para isso, veremos alguns deles.




1° A LEMBRANÇA DA FÉ DE TIMÓTEO
Desejando muito ver-te, lembrando-me das tuas lágrimas, para me encher de gozo;
Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há,
2 Timóteo 1:4,5

Como se deu a fé de Timóteo?
Durante a primeira viagem missionária de Paulo, ele esteve junto com Barnabé em Icônio, onde pregaram a palavra e foram rejeitados pelos  judeus e gentios, haviam muitos divididos, alguns a favor de Paulo, outros a favor dos Judeus.
Um motim é armado e Paulo foge para a cidade de Listra.
Atos 14. 1-5.

Ao chegarem em Listra, pregaram o evangelho, Lucas relata que durante um sermão de Paulo, um homem que era paralítico de ambos os pés fitou os olhos nele, Paulo vendo que esse tinha fé para ser curado ordenou que se levantasse e andasse ele passou a saltar e se alegrar, pois, nunca antes tinha andado.
A multidão fica espantada e grita entre si que os Deuses estavam entre eles, pois, havia uma crença antiga de que os deuses um dia os visitaria, como o milagre aconteceu, eles ficaram convictos de que se tratava do cumprimento dessa antiga profecia.
Trazem animais, ofertas e almejam entrega-las ao apóstolo e a Barnabé, eles rasgam suas vestes, atribuem a glória a Deus e conseguem impedir o sacrifício.
O momento imediatamente posterior indica que os judeus de Icônio, que já haviam feito um motim em sua cidade, desceram a Listra.
Esses convenceram a multidão, que acabou apedrejando a Paulo, de forma tão brutal que ele foi retirado da cidade como um morto.
Os discípulos rodearam Paulo, oraram por ele e ele foi ressuscitado, voltou a cidade pela porta da frente para pregar novamente o evangelho, agora em Derbe.
Essa cena por certo foi contemplada pelo jovem Timóteo, que ao ver o exemplo do apostolo, sua abnegação e paixão pelo evangelho, logo sonhou em um dia ser um dos tais, ainda que muito jovem, Timóteo passou a ter desejos ministeriais. Acredita-se que ele tinha provavelmente 13 anos de idade.
Pouco tempo depois Paulo voltou e o testemunho entre todos obreiros a respeito de Timóteo era positivo, havia um comum sentimento de admiração pelo jovem rapaz e também as expectativas em torno de seu ministério provavelmente eram grandes, Paulo se anima ao ouvir o testemunho dos habitantes de Listra:
E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego;
Do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio.
Atos 16:1,2

Pensando nesse testemunho Paulo o convida para ir ter com ele:
Paulo quis que este fosse com ele; e tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego.
Atos 16:3
Seis anos haviam se passado e o jovem Timóteo agora estava apto a seguir o apostolo, seu antigo sonho ministerial finalmente se concretizaria e ele estaria envolvido de vez na causa do evangelho.
Com aproximadamente 19 anos Timóteo começou efetivamente a caminhada junto ao apóstolo Paulo.
Paulo queria trazer a memória a fé não fingida que havia em Timóteo, a lembrança desses momentos do início, a lembrança de quando as responsabilidades ministeriais não lhe roubavam a fé, não afetavam sua vida devocional era pura, no auge de um coração de 18 anos que ainda queima com o evangelho. O serviço ministerial, as perseguições, os muitos cuidados não roubaram a espiritualidade de Paulo, porém Timóteo ao contemplar toda a perseguição, as demandas do ministério, as demandas do lugar onde ele estava, as acusações contra seu pai na fé, passou a evitar o apóstolo, passou a ter uma fé mecânica e fingida, a exortação de Paulo a Timóteo era: Eu lembro de quem você foi, de como era nos tempos de sinceridade, lembre-se também disso!
Cabe então a pergunta para os tempos atuais, será que a atividade ministerial não nos roubou o amor? Não nos tornou técnicos ao ponto de que a nossa fé se tornou fingida? Eu quero trazer a memória a fé não fingida que havia em você.







2° UMA FÉ HERDADA
a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti.
2 Timóteo 1:5
Tratava-se de uma fé herdada, que vinha da avó, da mãe e que deveria se manter na geração atual. Timóteo era a demonstração de uma fé que se dá mediante herança, ou seja, filho de crentes que lhe instruíram desde cedo na lei de Deus. Timóteo fora orientado quanto aos sacrifícios, foi notificado sobre a história dos hebreus e do Deus dos céus que sempre estaria com eles.
A fé que ele recebeu além de não ser fingida, era uma fé que trazia consigo a história de uma avó, de uma mãe que não obstante ter uma marido grego, orientou seu filho e se esforçou a comunicar a sua fé ao jovem, para Timóteo, manter a fé era algo que não envolvia apenas a si mesmo e ao seu pai na fé, mas sim a honra e esforço de toda a família que haviam investido tempo, energia e afeto a fim de lhe firmar na fé em Deus.
Para Timóteo, não tratava-se apenas de uma decisão que envolvia a si mesmo, as sobre ele estava o peso da mãe e da avó, bem como de todos os mártires e aqueles que haviam se esforçado para que a palavra chegasse aos seus dias.
Boa parte de nós temos uma fé herdada dos pais, ou mesmo uma fé que foi implantada mediante a pregação de alguém que se esforçou a fim de lhe ver bem, considerando isso devemos levar sempre em conta o peso do sangue dos mártires, dos que nos comunicaram a fé e torcem para que a conservemos, Paulo falou há muito tempo sobre isso, mas esse sermão torna-se uma ocasião propícia para nos perguntarmos: Estamos honrando a fé dos nossos pais? Estamos considerando o sangue dos mártires e de todos que se esforçaram pela pregação do evangelho?
Essa fé foi de mãos em mãos e precisa ser comunicada para a geração posterior através de nós.
A figura que Paulo usa no capítulo dois pode ser aplicada aqui:
Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.
E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.
2 Timóteo 2:1,2

A ideia desse texto é de uma tocha olímpica que é repassada de mão em mão, do país que sediou a última olimpíada, até o país que sediará a próxima, a responsabilidade de Timóteo era entregar a tocha acesa para a geração posterior. Seu desafio era que sua caminhada não lhe impedisse de manter acesa a chama do evangelho em sua vida e comunicar essa chama acesa à geração posterior.
Há entre nós o consenso de que o evangelho foi entregue aceso em nossas mãos, a nossa pergunta é: Estamos mantendo acesa essa chama? Como a geração posterior receberá essa tocha?
A nossa geração não pode ser marcada pelo esfriamento do evangelho, pela tocha que se apagou, pelo término da pregação das escrituras, despertemos o dom de Deus que há em nós.

3° O EXEMPLO DO PRÓPRIO APÓSTOLO

Quando se está inseguro no ministério há pelo menos duas tentações, envergonhar-se do Senhor e deu seu testemunho e depois envergonhar-se da própria igreja:
Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus,
2 Timóteo 1:8

Paulo estava sendo caluniado e como dito anteriormente todos os ataques que até então vinham sobre Paulo estavam vindo sobre um jovem de trinta anos que tinha problemas de saúde e insegurança e a timidez.
Timóteo passa a se envergonhar e evitar Paulo, as convicções que até então eram firmes, passam a não ser tanto assim, a fé que era inabalável como uma rocha está em momentos de crise, de forma que Timóteo passa a se envergonhar do testemunho do Senhor e deu seu antigo pai na fé, a saber Paulo.
O velho apóstolo está agora propondo um desafio a Timóteo lhe dizendo: Não se envergonhe, não se envergonhe de Deus, não se envergonhe de mim, não se envergonhe do evangelho!
Paulo tinha motivos para ter relativa vergonha, ele dedicara anos ao ministério na Ásia, se dedicou a muitas igrejas e pessoas que lhe abandonaram.
Sob a perspectiva de sucesso mundana Paulo era um fracasso, estava preso como um malfeitor, estava humilhado e fadado a morar numa masmorra até a morte, seria exterminado como um criminoso qualquer. Sob a perspectiva da teologia da prosperidade Paulo era um fracasso, conforme as palavras de Hernandes Dias Lopes.
Paulo porém diversas vezes citou sua biografia de sofrimentos:
São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.
Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um.
Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;
Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos;
Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.
Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.
2 Coríntios 11:23-28

Paulo pelo contrário, convida Timóteo a ser coparticipante nesse sofrimento, nas aflições do evangelho segundo o poder de Deus, pois, esta é uma santa vocação.
Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.
2 Timóteo 1:12

Quando Paulo é tentado a se envergonhar ele brada da prisão dizendo, “eu sofro essas coisas, mas não me envergonho”
Timóteo, um jovem iniciante no ministério estava sendo levado a vergonha por amor a essa causa, mas ele deveria se lembra que o tempo que ele tinha de vida, Paulo tinha de ministério e não se envergonhava do fim que estava tendo, não se envergonha de estar preso como um bandido qualquer, pois, sua prisão era de Cristo. Ele sabia que a sua esperança estava para além da masmorra.
Quando somos tentados a desistir, devemos olhar para os exemplos vigentes a nossa volta e veremos que há pessoas que batalham a mais tempo, sofreram mais e tem muito mais vigor do que nós tempos, pessoas que são lições vivas de como lidar com a vida e o ministério. Paulo convidou Timóteo a fazer isso:
“Olhe para mim, tenho mais tempo de ministério, sofri muito mais, mas ainda estou de pé, estou prestes a morrer, mas eu sei em quem eu tenho crido”.
As palavras eram um convite a se atentar ao seu exemplo.



O CONVITE FINAL DO APÓSTO PAULO AO SEU JOVEM OBREIRO E A TODOS NÓS

Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino,
Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.
2 Timóteo 4:1,2

Paulo em suas últimas palavras, em seu último registro, deixa uma convocação solene, devemos nos atentar de agora em diante sobre tudo o que foi dito, mas a fala de agora é com um peso maior, devemos pensar nessa fala levando em conta um Deus há de julgar vivos e mortos na sua vinda e no seu reino.
O olhar para o julgamento futuro nos leva a refletir sobre algumas coisas:
1° O trabalho deve ser feito com zelo, pois, quem há de avaliar é Deus.
2° Devemos nos apresentar a Deus aprovados, não apenas ser aprovados diante de homens. 2 Tm. 2.15
2° Devemos levar em conta que esse trabalho nos livra do medo dos outros, pois, nosso juiz é Deus.
3° Por ser algo que será avaliado no futuro, podemos com o olhar futuro batalhar no presente seguros com o fato de que Deus levará em conta tais obras. 1°Co. 15.58

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