quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Devemos evitar a relação de dependência entre membros e pastores e pregadores

Não temos o menor desejo de
manter os membros de nossa igreja perpetuamente
agarrados à barra da saia do pastor, sempre correndo ao
nosso redor como as criancinhas fazem com sua mãe. Em
toda igreja há aquelas pessoas fracas que adoram paparicar
o pastor, e estão constantemente marcando entrevistas
com ele para consultá-lo sobre problemas espirituais. Isto
deve ser combatido, energicamente. Com delicadeza e
firmeza, devemos dizer claramente que a vontade de Deus
para seus filhos é que eles dependam dele como Pai, e não
de outros homens.

O perfil do pregador - John Stott

O pregador local é um pai

A pregação envolve um relacionamento pessoal
entre o pregador e sua congregação. O pregador não é um
artista que declama do palco enquanto a audiência
permanece passiva. Nem é apenas um arauto, que prega
como se estivesse "gritando dos eirados", um intermediário
entre o Rei e um povo que ele não conhece, e que não o
conhece também. Ele é um pai com seus filhos. Entre eles
existe um relacionamento de amor familiar. Eles pertencem
um ao outro. E antes, durante e depois do sermão, o
pregador é (ou deveria ser) consciente deste
relacionamento em que está envolvido. Isto pode não ser
tão visível nas pregações evangelísticas, como numa
campanha ao ar livre, quando a maioria dos seus ouvintes
são desconhecidos. Mas torna-se evidente para o pregador
que tem o inestimável privilégio de ministrar a uma
congregação fixa.

O perfil do pregador - John Stott

Pregador local também é pastor

"o pregador precisa ser pastor, para que esteja pregando a homens de carne e osso. O pastor precisa ser pregador, para que mantenha viva a dignidade de seu ofício. O pregador que não é pastor, torna-se distante; o pastor que não é pregador, torna-se mesquinho"

Brooks Phillips

O bom pregador deve ter relacionamento profundo com Deus

Não há necessidade mais urgente para um
pregador do que conhecer Deus. Nem quero saber se ele
não consegue falar com eloqüência e arte, se suas frases
são mal construídas, ou sua fala é confusa, desde que Deus
seja evidentemente real para ele, e ele tenha aprendido a
permanecer em Cristo. O preparo do coração tem uma
importância muito maior do que o preparo do sermão. As
palavras da mensagem, por mais claras e poderosas que
sejam, não terão o som da verdade, a não ser que brotem
da convicção que vem da experiência. Muitos sermões que
são homileticamente excelentes, mesmo assim soam ocos.
Há um ar de profissionalismo estéril sobre quem prega este
tipo de sermão. O conteúdo de sua mensagem evidencia
uma mente bem desenvolvida e disciplinada; ele tem uma
boa voz, aparência distinta e gestos bem medidos. Mas por
algum motivo, o seu coração não está na mensagem

O perfil do pregador - John Stott

A necessidade da oração para o pregador

Tudo isto coloca sobre nós, que fomos chamados
para ser testemunhas de Cristo, a solene obrigação de
cuidar de nós mesmos, sem negligenciar o cultivo de nossa
vida espiritual, sob pena de nos tornarmos testemunhas
mudas que não têm o que dizer. Os apóstolos estavam
realmente certos em se consagrar à oração e ao ministério
da Palavra, pois a pregação sem oração torna-se um
simulacro vazio.

O perfil do pregador  - John Stott

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Eu sou a videira verdadeira


EU SOU A VIDEIRA VERDADEIRA  - RELACIONAMENTOS

Introdução:
O Evangelho segundo João

O evangelho de João fora escrito 80 anos após a morte e ascensão de Cristo é o último evangelho escrito. Sabemos do fato de que João era extremamente próximo a Cristo, com certeza uma biografia de alguém tão íntimo seria diferenciada. Os tempos eram difíceis, alguns anos após a ressurreição de Jesus um novo movimento surgiu, eram os gnósticos, para eles era inconcebível o fato de Cristo ter vindo em carne e de ter se submetido a diversas coisas, para os gnósticos vir em carne lhe desqualificava no que diz respeito a sua deidade. Era impossível alguém estar em carne e ser perfeito. Os gnósticos contestavam a deidade de Cristo, em termos práticos lhe consideravam um grande ensinador, mas não o Senhor, um grande profeta mas nada sobrenatural. João como amigo íntimo de Jesus tem a responsabilidade de escrever sob sua ótica os fatos que comprovavam a deidade de Cristo. Essa responsabilidade torna o evangelho de João diferente dos demais, ele é apologético, profundo e preciso.
Há quem diga que o Evangelho segundo João é o livro mais espiritual da bíblia. Declarações sobre a personalidade e a vocação de Cristo são constantemente expostas, há diversas vezes afirmações de Jesus sobre si mesmo.

Eu sou o messias – João 9.26
O pão da vida – João 6.35
“De cima” – João 8.23
Eterno – João 8.58
A luz do mundo – João 9.5
A porta – João 10.7
Filho de Deus – João 10.36
A ressurreição – João 11.25
Mestre e Senhor – João 13.13
Caminho verdade e vida – João 14.6






A alegoria da videira:
Há uma última e igualmente fantástica palavra a respeito de Jesus no evangelho de João: “Eu sou a videira verdadeira” vejamos abaixo:

Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
João 15:1,2

Jesus usa uma metáfora que nos compara a ramos e a amigos e se auto define uma videira verdadeira.
O cultivo das videiras era essencial para a economia nos tempos de Jesus, o vinho que era produzido animava as festas, era exportado a muitos lugares e por diversas vezes vemos passagens na bíblia falando sobre isso. O próprio vinho era sinal de alegria, na festa em que Jesus fez seu primeiro milagre, o vinho havia acabado e esse fato era uma vergonha aos anfitriões e aos pais dos noivos. - João 2
As videiras sempre fizeram parte do imaginário do povo judeu, de modo que havia em frente ao templo de Jerusalém uma videira, dentro do templo segundo Willian Barclay havia uma videira de ouro, que dava de frente ao lugar santíssimo, as moedas dos macabeus traziam consigo o emblema de uma videira e essa durante muito tempo foi o próprio símbolo de Israel.

A videira do passado
Israel era uma videira para Deus no antigo testamento, videira que fora tão bem tratada que ele a transportou do Egito de volta a sua terra com todo o cuidado. A videira Israelita por muitas vezes foi podada, sofreu algumas coisas que lhe apertaram em extremo, mas o processo da poda estava ocorrendo com todo o cuidado do agricultor, feito isso ele esperava que Israel se tornasse uma vide frondosa, uma arvore frutífera, porém o fato é que inúmeras vezes os galhos se ocupavam com espinhos e se tornavam infrutíferos, Deus podou com o sofrimento o seu povo, 430 anos no Egito e 40 anos no deserto, a intenção era lapidar as arestas e tornar o povo produtivo.

Trouxeste uma vinha do Egito; lançaste fora os gentios, e a plantaste.
Salmos 80:8-8
A poda fora feita ao arrancar os gentios do meio do povo, pois, eles trariam costumes que poderiam quebrar a aliança entre o Senhor e os israelitas.


“Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil.
E cercou-a, e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas bravas.
Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.
Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas?
Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derrubarei a sua parede, para que seja pisada;
E a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela.
Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor”.
Isaías 5:1-7

Deus arrancara o povo do Egito com braço forte, porém agora mesmo após ter dado todo o cuidado, a nação Israelita passou a ser o oposto do que Deus almejava, mesmo cercado de todos os cuidados os galhos produziram uvas bravas, Deus então se questiona das razões pelas quais o povo não se acertara, foram muitos cuidados em vão, toda a estrutura foi fornecida, porém ainda assim nasceram uvas bravas. O Que Deus deixou de fazer? Nada! Qual a falha? Nenhuma. Tudo o que era necessário para o bom andamento fora feito, porém ainda assim falharam.  

Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada como vide estranha?
Jeremias 2.21.

Israel é uma vide estéril que dá fruto para si mesmo; conforme a abundância do seu fruto, multiplicou também os altares; conforme a bondade da sua terra, assim, fizeram boas as estátuas.
Oséias 10:1



Tua mãe era como uma videira no teu sangue, plantada junto às águas; ela frutificou, e encheu-se de ramos, por causa das muitas águas.
Ezequiel 19:10

A videira seria derrubada, seu lugar seria aberto para ser pisado e a intenção era julgar o povo.  Os anos se passaram e o povo mergulhou na apostasia, os inúmeros deuses a sua volta fizeram o povo israelita ser atraído pelo que era inadequado. Deixaram de frutificar as boas uvas e Deus permitiu que os babilônios os derrubassem para exercer o juízo.
A videira do passado é um exemplo do amor do agricultor, que se esforçou, a tirou de um lugar deserto, lhe plantou junto a ribeiros, lhe podou quando necessário, mas ainda assim deu problemas, é a frustração semelhante à de um pai que concede os melhores estudos ao filho, porém ao ver suas provas e tentativas de aprender, passa a notar que está muito aquém do que deveria ser.
O próprio Cristo veio ao mundo cuidar da videira, e sobre isso há uma palavra em especial:


Ouvi, ainda, outra parábola: Houve um homem, pai de família, que plantou uma vinha, e circundou-a de um valado, e construiu nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se para longe.
E, chegando o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos.
E os lavradores, apoderando-se dos servos, feriram um, mataram outro, e apedrejaram outro.
Depois enviou outros servos, em maior número do que os primeiros; e eles fizeram-lhes o mesmo.
E, por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu filho.
Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-Alo, e apoderemo-nos da sua herança.
E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha, e o mataram.
Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?
Mateus 21:33-40


A parábola que Cristo compõe é muito semelhante à de Isaías, na verdade há uma citação indireta das mesmas palavras. Porém agora a ênfase é agora nos trabalhadores da vinha, a saber Israel, tratando mal a videira do presente que é Cristo, a videira estava disponível, a videira estava pronta a frutificar, porém o fato é que os trabalhadores feriam os servos do dono da videira, outros até matavam, fora enviado um segundo e maior grupo, sem resultado, até que o filho do dono vem e é levado para fora da vinha e morto, fica a pergunta final: O que o senhor fará aos lavradores?



Os israelitas eram extremamente nacionalistas e se orgulhavam do fato de serem uma “videira verdadeira”, sempre se estribaram nas palavras dos antigos profetas e nas promessas feitas aos seus pais, eles se sentiam um ramo da videira de Deus pelo simples fato de terem a nacionalidade que tem, agora Jesus aponta que não basta fazer parte dessa videira, essa videira foi denunciada por Oséias, Jeremias, Isaías e pelo próprio Jesus. A videira verdadeira não é um povo, não é uma instituição, é o próprio Cristo, ele é o autentico, a videira do antigo testamento (Israel) era uma figura da videira verdadeira. Os galhos da nova e verdadeira videira não são exclusivos de uma nacionalidade terrena, mas é todo aquele que é nascido de Deus.

Há pelo menos quatro figuras nesse texto:

A VIDEIRA - CRISTO
AS VARAS - DISCÍPULOS
O AGRICULTOR – DEUS
OS FRUTOS – SENTIMENTOS, ATITUDES E PALAVRAS ADVINDAS DA FÉ.

Está claro inicialmente quem é a videira, a videira não é Israel, não é o templo, não é a instituição, não é a religião, não são os sacrifícios. A videira é Cristo, a salvação, o crescimento a vitalidade estão em Cristo. Cristo sendo um Caule da árvore e plantado no lugar certo não tem defeito algum. A questão fundamental da videira está em seus galhos, considerando que os galhos se referem a todos os discípulos de Jesus falaremos de agora em diante sobre isso.

AS VARAS
Essa metáfora se refere a crentes. O tempo inteiro é tratado sobre galhos que já estão na videira, com ou sem frutos. Essa parábola se refere ao relacionamento entre nós e Deus e como ele trabalha em nossas vidas.

Hernandes Dias Lopes imaginou o pai com 4 cestas.
Uma vazia
Uma com poucos frutos
Uma com mais frutos
Outra com muitos frutos.

A intenção de Deus é que possamos produzir e produzir muitos frutos, não só com quantidade, mas com qualidade.
Para isso é necessário cuidado, observar as varas que não produzem, observar as que crescem para baixo, observar as que produzem uvas bravas ou em excesso e finalmente usufruir dos bens de cada galho.

Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.
João 15:16-16
Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
João 15:2-2

Vejamos algumas realidades sobre os galhos:

1° - Os galhos só tem utilidade se produzir:

A madeira das videiras curiosamente não tinha utilidade para móveis, não servia para produzir algum outro artefato, pois, era fina, não poderia ser usada nos sacrifícios, pois, havia leis específicas a respeito disso, a única utilidade de uma videira se dava quando ela produzia, seus galhos não tinham outro fim, a não ser para acender fogueiras, o que era uma utilidade banal, da mesma maneira ao nos tornarmos discípulos de Jesus não nos resta mais opção, precisamos produzir, precisamos gerar frutos, precisamos avançar de modo que não nos tornemos um peso inútil na árvore. Ao se tornar discípulo as opções se tornam apenas duas: Abraçar a causa ou ser excluído; andar outra milha, carregar a cruz, deixar tudo, são algumas das condições necessárias para que se produzam frutos.
Assim como em outras metáforas fica claro que o “seguir Jesus” tira as opções, ou você é sal e salga ou é pisado pelos homens, ou você é luz e brilha ou não tem utilidade alguma em local escondido. Não há mais opções, se somos discípulos, teremos que produzir, é um imperativo divino.




2° Os galhos naturalmente crescem de forma desordenada.

A maior punição que poderíamos pedir para Deus é que ele deixasse de controlar a história e nos deixasse entregues as nossas próprias vontades. Quando os viticultores se descuidavam e deixavam as videiras crescerem a vontade, os galhos pouco a pouco iam se inclinando para baixo, de forma que com o passar do tempo os galhos estavam no chão, se misturando a terra e não produziam mais nada. Além disso, quando os galhos cresciam por conta própria acabavam sendo sujos pela poeira do terreno, as folhas uma vez misturadas à água da chuva e ao barro, ficavam cobertas de poeira e impossibilitadas de produzir. Algumas vezes também os galhos produziam cachos de forma desordenada, as uvas produzidas eram ruins, amargas e até mesmo produzir cachos com uvas em formatos mal feitos.
Se o nosso crescimento for feito ao nosso modo, por nosso meio, nos sujaremos, nos misturaremos a terra, deixaremos de produzir e seremos um galho inútil, essa infelizmente tem sido a realidade de muitas pessoas, elas crescem pra baixo, crescem desordenadamente, crescem ao seu próprio modo, com seus atos de justiça, não produzem, ou quando produzem algo, produzem amargura.

Hernandes Dias Lopes fala que cada ramo pode fazer Deus trazer 4 cestas:
Nenhum fruto
Poucos frutos
Mais frutos
Muitos frutos

Falemos sobre os que não produzem fruto, como dito anteriormente.










Os que não produzem fruto

Os que não produzem fruto representam os que até então tem professado uma fé nominal, são ateus práticos, são simples membros de carteirinhas, sem que sua religião tenha mudado mais coisas do que sua rotina aos domingos, são os que não têm intenção alguma de produzir fruto. São os que geralmente dão mais trabalho, causam certo “peso” na videira, pois, não tem utilidade em sua madeira, não produzem nada.
O que se pode fazer com esse galho? O texto nos responde:
Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira;
João 15:2
Em primeira análise o texto dá a entender que o agricultor corta e descarta os galhos que nada produzem. Porém devemos considerar que caso isso seja feito seria operada apenas a Justiça. Seria operada apenas uma chance e uma vida sem segundas chances é impossível de se viver, logo devemos considerar que o agricultor não tem apenas justiça e zelo, mas tem além delas bondade, paciência e amor pelos galhos.
A palavra grega empregada é “Airo”, essa palavra segundo A.W. Pink (citado por Hernandes Dias Lopes), indica com frequência não apenas remover ou cortar, mas sim “levantar”, aliás o sentido inicial dessa palavra no grego é erguer. O que o agricultor faz com os galhos que não produzem? A ele restam duas opções: Deixar o galho como está e prejudicar os demais, ou ainda submetê-lo a um cuidado e erguê-lo.
O “Airo” indica que os agricultores naquele tempo costumavam pegar os galhos que cresciam para baixo e não produziam e faziam algumas coisas, lavavam suas folhas, amarravam a outros galhos, para isso o agricultor se abaixava ao estado em que o galho se encontrasse num ato de profunda humildade e amor.
O que o agricultor faz com os que não produzem é exatamente isso, ele demonstra misericórdia ao não cortar.
Não quebrará o caniço rachado, não apagará o pavio fumegante, até que leve à vitória a justiça.
Mateus 12:20


Qual seria nossa atitude diante de um galho infrutífero? Podemos agir como Paulo inicialmente com Marcos e desistir desses galhos.
Mas a Paulo parecia razoável que não tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os acompanhou naquela obra.
E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre.
Atos 15:38,39

Mas Deus tem misericórdia incessante:
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, novas são cada manhã, grande é a tua fidelidade”. Lamentações 3.22-23.

É importante notar que nesse primeiro versículo são mencionados alguns que não produziram fruto, porém de forma alguma há uma desistência imediata.
C.S. Lewis fez uma figura a respeito de um quadro, em que o autor adquire amor por sua obra, faz todo o necessário para que essa obra seja a melhor, porém por falha de sua superfície a própria adquire borrões, erros e se suja, os constantes ajustes, usos de apagador seriam ruins para a superfície e o próprio quadro pediria para não ser tratado assim, mas o escultor almeja vê-lo bem, por isso insiste sem sua obra, o nosso anseio de que não sejamos apagados e reescritos demonstra não mais amor, mas sim menos.

A mesma figura pode se empregada na visão de Jeremias sobre o Oleiro.
Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.
Jeremias 18:4
O vaso quebrou-se e naturalmente ninguém iria querer mais nada com os cacos, mas mesmo sendo inútil o oleiro torna a fazer um novo vaso aproveitando os restos do outro.

Hoje há muitos que não dão frutos, mas não obstante a isso permanecem na árvore, porém não é essa a vontade do pai. Deus permitiu nossa existência na intenção de que fôssemos geradores de frutos.
Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
João 15:8


O processo para que um Cristão comece a frutificar é a disciplina.
E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido;
Porque o Senhor corrige o que ama,E açoita a qualquer que recebe por filho.
Hebreus 12:5,6
Ao contrário do que se pensa o amor se dá na disciplina e não na mera permissão para o divertimento.
C.S. Lewis usou a figura de um avô no céu, essa é a intenção de alguns crentes.
Cristo não nos trata como filhos bastardos. Cristo não nos trata como simples conhecidos, poderíamos simplesmente dizer a um filho, seja feliz ao seu modo, faça o que quiser contanto que se divirta, esse “amor” é benevolência irresponsável, o pai está disposto a podar tanto quanto for necessário afim de que nossa vida seja conforme seu desejo.
Ao admitir que Deus é pai devemos entender que não somos simples filhos bastardos.
Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?
Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.
Hebreus 12:7,8
Deus se abaixa, vai até onde o galho seco está, lava-o, trata-o e o põe diante de outros galhos a fim de produzir, sua intenção não é deixa-lo amarrado para sempre, mas sim que ele finalmente produza frutos:
E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.
Hebreus 12:11

A disciplina é um ato de amor de Deus para que frutifiquemos.
“Quando o cristianismo diz que Deus ama o homem, isso significa que Ele o ama realmente; não se trata de um interesse indiferente quase um "desinteresse" em nosso bem estar, mas que, numa verdade terrível e surpreendente, somos os objetos do seu amor. Você pediu um Deus de amor, e já tem”.

CS Lewis – O problema do sofrimento




Há pelo menos três níveis de disciplina:
“A Palavra de Deus menciona três graus da disciplina divina: 1) A correção (Hb 12.5). A correção ou repreensão e uma advertência verbal. Deus nos adverte por meio de sua Palavra e de sua providência. 2) A reprovação (Hb 12.5). A reprovação é um grau mais avançado na disciplina. Quando o filho não atende à repreensão verbal, ele é reprovado. 3) O açoite (Hb 12.6). Quando o filho não atende à advertência nem se corrige após ser reprovado, o próximo passo é o açoite, o chicote, o castigo físico.” – Hernandes Dias Lopes (Comentário de João).
Deus não descarta seus filhos.


Os que produzem pouco fruto
A segunda figura desse texto são os que produzem pouco. Esses já tem seus frutos, já iniciaram sua mudança, mas ainda estão em primeiros passos e esses não estão relacionados ao tempo de permanência na árvore, pois, já tem tempo suficiente para frutificar mais, tanto quanto outros galhos de seu tempo.
São os que desenvolvem pouco, os que avançam pouco, são os que precisam se aprofundar mais, que tiveram uma ligeira e rasa mudança. O seu crescimento ainda é desordenado, ele pode produzir muito mais do que no tempo atual.
Se de algum modo há alguém que represente a cesta daqueles que dão fruto “poucos frutos”, o pai almeja podar para que cresçam e avancem a um próximo estado, dando mais frutos.
Como isso se dá?

1° - Removendo pequenos braços mortos no galho.
São velhas atitudes, são velhas práticas, são coisas que podemos facilmente renunciar mas que insistimos em carregar conosco, são atitudes vazias que no dia em que optarmos por deixar, ou for nos imposto deixar, não farão diferença alguma afetivamente falando, são simples mudanças de rotina e procedimento.
O agricultor quer ver os frutos, para isso removerá as coisas mortas de todos nós.

2° - Removendo alguns cachos vivos, a fim de que cresçam outros melhores.

A partir daí o processo é dolorido, pois, são mudanças drásticas, são amizades, são afetos que por amor a Cristo devem ser deixados, são atitudes antigas e que se deixar de fazê-las haverá sofrimento, choro, tristeza, mas que o agricultor está disposto a cortar para ver o fruto crescer, são os excessos de folhagem que impedem o sol da justiça de brilhar, são os excessos de ornamentos que nós mesmos produzimos para impedir o vento do espírito de soprar produzindo vida, são nossos orgulhos, nossas próprias vontades, coisas vivas, ativas e que gostamos muito.
O agricultor está disposto a cortar isso tudo, a fim de que se produza mais, pois, no reino de Deus há muitas vezes uma lógica inversa de perder para ganhar.
Nisso consiste a poda: O aperfeiçoamento de coisas que já possuímos, é a correção para crescimento. É um ato de amor e carinho, um amor que se necessário vai ferir.

C.S. Lewis disse certa vez que o sofrimento é algo necessário para caminhar com Cristo:
"Deus sussurra em nossos ouvidos por meio de nosso prazer, fala-nos mediante nossa consciência, mas clama em alta voz por intermédio de nossa dor; este é seu megafone para despertar o homem surdo."
Os cristãos que mais crescem são os que são mais podados, são os que mais sofrem e os que vivem mais renúncia. Se queremos de fato passar do estado de produzir pouco, devemos estar dispostos a ser podados diariamente pelo Senhor Jesus.

Warren Wiersbie diz: “Se os ramos pudessem falar, confessariam que o processo de poda é doloroso, mas também expressariam sua alegria por produzir com mais abundância e qualidade.

Quanto aos frutos é interessantíssimo o fato de que eles não são produzidos para o bem da árvore. Mas sim para seus cultivadores e os que estão a sua volta.
A árvore não se beneficia dos frutos, já a comunidade a sua volta sim.
Os frutos que produzimos não são para nós, do início ao fim os méritos são de Cristo, para o bem de outros.

E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
2 Coríntios 5:15


Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
Filipenses 2:4,5

Há muitas implicações do que poderiam ser os frutos, tanto podem se referir a boas obras, pessoas que levamos a Cristo, o crescimento em Cristo, Porém almejo tratar do aspecto mais imediato: O fruto do Espírito.
Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
Gálatas 5:22

O fruto do Espírito é o caráter de Deus de presente para a humanidade, estando em Cristo mergulhamos em seu sangue e adentramos de vez em sua carne. Sua vida é a nossa, somos parte de seu corpo, temos sua mente. Como isso é fantástico!


Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.
Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
João 15:4,5
Há uma relação mútua, nós em Cristo, ele em nós. É esse contato que nos leva a produzir.
A videira como já identifiquei no início do texto é Cristo.  Apenas nele podemos produzir e  ter a consciência de que sem Cristo nada poderá ser feito nos faz pensar em o quão impotente somos. Não é raro ver pessoas se gloriando de fatos que independem delas, do início ao fim a salvação é obra de Deus. Por mais eloquente que eu seja, mais fiel as escrituras, mais eficaz, sou apenas o instrumento, apenas a caneta na mão do escritor, o pincel nas mãos de um pintor. Se não for um desígnio de Deus salvar quem quer que seja, meus esforços serão em vão.
Seria como uma tesoura querer os méritos pela eficácia de uma cirurgia, atribuindo a si o sucesso pelo bom andamento e não ao médico que a realizou. Nós somos meros instrumentos, sem a videira não há o que fazer.

Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.
João 15:6

Finalizo, reafirmando que a madeira da videira servia apenas para duas coisas. A primeira delas era para produzir uvas, a segunda era para ser lançada ao fogo e gerar combustão. Não havia outra utilidade para os galhos da videira.
Essa passagem não se refere a um juízo final, mas a disciplina de Deus da qual já falei acima.
Cristo não fornece opções, ou produzimos, ou produzimos! Uns menos, outros mais. Porém a vontade do pai é que produzam e produzam muito com qualidade.
Permanecer em Cristo nos traz felicidade, permanecer em Cristo nos livra da ira vindoura, permanecer em Cristo garante a salvação, permanecer em Cristo é garantia de orações respondidas (Não necessariamente um sim), permanecer em Cristo nos leva a frutificar e ajudar muita gente. Permanecer em Cristo não é uma opção, é um imperativo! Temos que permanecer!
Ao escrever essas palavras me pergunto qual o meu estado como um ramo:
Tenho produzido algo? Meus frutos são meus ou produzidos por Cristo? Há sementes nesses frutos para que outros cresçam?
Quantas podas foram necessárias para que você chegasse onde está agora? Quanto ainda é necessário podar?

Que todos nós possamos se submeter tal como Maria:
            Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra
Lucas 1:38

Se a poda é necessária para que eu fique melhor, vamos repetir tais palavras...

Josemar Bessa escreveu:
“Se Deus atendesse todas as suas orações dos últimos dias, você teria mais coisas ou teria mais o caráter dele? ”

CS Lewis disse:
“Pare e pense: Onde você estaria se Deus tivesse respondido todas as suas orações? ”
Que Deus nos ajude, que Deus nos ajuste, que Deus nos faça frutificar;

07/12/2017 – Lucas Araujo Rodrigues
Ad Brás Jd Guarujá 2 – Culto de Ensino.

As Sete máscaras que Jacó Usou

E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó.
Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste.
Gênesis 32:27,28

Jacó inicia a vida com grandes responsabilidades, aliás, antes de seu nascimento grandes acontecimentos lhe cercavam.
Vimos inicialmente um Abraão que é vocacionado por Deus e que leva muitos anos até conceber seu primeiro filho, quando esse fato ocorre ele já tem 100 anos, não à toa o nome da criança é Isaque que tem por significado o termo “riso”. A alegria da resolução da esterilidade de Sara foi motivo de Riso para Abraão.
Isaque cresceu, se casou, sua esposa da mesma maneira não podia ter filhos. Isaque ora ao Senhor e finalmente recebe a sua resposta, na falta de uma criança o Senhor concede duas, após 20 anos de casamento.
Há uma briga constante no ventre, Rebeca nota que seus movimentos não são normais, que sua gravidez tinha diferenças das demais, pensando nisso ela fala com Deus e recebe a resposta a cerca de seu problema. Em seu ventre haviam duas nações, o mais velho serviria ao mais novo. A primogenitura era fator relevante entre o povo judeu, ainda mais naquela época.
Após a morte do pai, o primogênito governava a família, ele poderia tomar as rédeas de todos os bens do pai, as decisões familiares ficariam sob sua responsabilidade bem como o sustento em alguns casos, o primogênito era um sucessor.
Tratando-se de um descendente de Abraão, a primogenitura era ainda mais importante, pois, tratava-se da continuidade da promessa, ser o primogênito era contribuir para o cumprimento da promessa, era fazer parte da ascendência de Jesus. Visto que Abraão viu de longe o dia do Senhor e se alegrou. Se em Abraão seriam benditas todas as nações da terra, então a promessa do messias estava em sua semente, ser parte dessa semente era um privilégio glorioso, esse fato era o mais importante, mas ainda havia a questão das possessões materiais e as bem-aventuranças que estavam inseridas nas palavras de Deus a Abraão e sua semente.
O Senhor falar diretamente a uma mulher, lhe revelar quais eram os sexos de seus bebês, não dizer nada disso a ao marido, ia na contramão de tudo que havia acontecido até então, o Senhor falara com os maridos e confirmara suas palavras às mulheres, neste caso, o fato é ocultado de Isaque que fica sabendo pela esposa.
Além disso, de antemão se sabia que o filho menor ou mais novo, governaria sobre o mais velho, tal fato até então era incomum. O primeiro ultrassom da história foi dado pelo próprio Senhor, sem máquinas, sem erros, foi certo e preciso. Nasceriam dois meninos!
Quando as crianças nascem, o primeiro é ruivo, peludo, e recebe o nome de Esaú. Justamente por esse fato, as circunstâncias do nascimento eram fundamentais nas escolhas dos nomes. Considerando essas características batizam o primeiro menino com esse nome. Esaú quer dizer peludo. Também foi chamado posteriormente de Edom por conta da cor e pelo fato de almejar muito um guisado vermelho que seu irmão produziu.
O segundo menino (o que recebeu a promessa) naturalmente sairia depois, ou mesmo teria uma atitude tranquila como todos os bebês, saindo apenas com choro. Essa criança foge a todos os padrões, pois, nasce agarrada ao calcanhar de seu irmão, os dois tem diferenças de alguns segundos e alguns centímetros, porém, regra é regra. O primogênito nascera com o seu irmão agarrado ao calcanhar.
Ao observarem o menino lhe chamam de Jacó (yaacob) no hebraico que significa “Que Deus proteja”. Porém outras formas do mesmo nome dariam outro significado (aqueb) “Calcanhar” e aqab “suplantador, surpreender”. O seu nome passa a ser um apelido “agarrador de calcanhar, ou suplantador”.
Já antes de nascer a briga existia, no nascimento, os bebês ainda eram minúsculos, mas já demonstravam os conflitos que viriam a partir daí.
Os dois crescem, Esaú segundo o texto é homem da caça.
“E cresceram os meninos, e Esaú foi homem perito na caça, homem do campo"
Gênesis 25:27a
Isaque sempre foi um homem extremamente calmo e passivo, tal fato lhe rendeu algumas dores de cabeça. Portanto não é de se admirar que ter um filho na caça, vivendo aventuras, repleto de coragem, fosse atrativo a Isaque. Tudo aquilo que ele queria ser, seu filho era. Tudo o que ele gostaria de fazer, seu filho fazia. Esaú se torna o motivo da satisfação do pai, enquanto não é mencionado nenhum afeto entre Isaque e Jacó.
Considerando isso, a mãe se apega ao filho mais novo que era mais ligado a casa e não tinha atividades tão robustas como as de Esaú.
Mas Jacó era homem simples, habitando em tendas.
Gênesis 25:27b
O amor que Jacó recebe é da mãe, cada um se apega a um. Os interesses individuais não deveriam de forma alguma estar acima do bem comum, certamente muitos problemas seriam evitados com um melhor proceder nessa família.
Jacó como foi dito, era homem mais de casa, discreto, sem grandes feitos como os de Esaú. Porém suas qualidades estavam no intelecto.
Esaú era braçal, Jacó era estratégico; Esaú era bruto, Jacó sentimental; Esaú era a força, Jacó a inteligência; Esaú era inocência, Jacó era a sagacidade.
Jacó tinha sob si a promessa, ele poderia ficar em paz e esperar que as coisas aconteceriam pouco a pouco, porém a ansiedade fez com que ele tomasse atitudes que não deveria tomar.
Sua mãe provavelmente lhe contou que havia uma promessa sobre ele, anterior ao seu nascimento. Tal fato gerou ansiedade no coração de Jacó e ele certamente esperava uma oportunidade para finalmente notar o cumprimento de tais palavras, sendo segundo filho e vendo a preferência do pai pelo irmão mais velho, Jacó deixa de acreditar nas promessas como deveria e sua fé é abalada, agora qualquer oportunidade que surgisse lhe faria deixar de ser o sentido inicial de seu nome “Aquele que Deus cuida” para poder abraçar o sentido mais vulgar “Agarrador de calcanhar”. Ele se sentia sempre atrás, suas conquistas passam a ser em cima de erros ou imprudências dos outros, calcanhares seriam puxados para Jacó subir.

Jacó, consciente da promessa, opta por tomar seus próprios rumos. A falta de fé se manifestou no fato de que ele fazia questão de ser primogênito para de alguma forma facilitar as coisas para que as promessas se cumprissem.
Jacó passa a usar algumas máscaras, alguns caminhos desnecessários, a inocência de criança aos poucos vai se esvaindo por perceber um pai que não lhe dá a devida atenção, por ver que as promessas se distanciavam de seu cumprimento, por ter um coração agora sedento por reconhecimento, por ascensão. E já foi dito por mano Brow “A frustração é uma máquina de fazer vilão”.
Talvez Jacó e todos daquela casa poderiam tomar um rumo bem melhor, porém, o fato de o pai optar por um filho e a esposa não o confrontar por estar em desacordo com a vontade de Deus, fez com que todos sofressem as consequências.

A primeira máscara de Jacó é a projeção sobre as fraquezas, a exploração – Maquiavealismo, os fins justificam os meios.

Ao ver seu irmão chegar do campo, cheio de fome e exausto, de forma não proposital Jacó havia preparado uma refeição. Esaú pede para comer, porém Jacó aproveita a fragilidade de seu irmão para poder conseguir a primogenitura.
Esaú não levou em conta o valor das negociações que estava prestes a fazer, então ele topa essa proposta que é desproporcional, era possível que o primogênito oficial por algum motivo repassasse seu direito a um irmão mais novo, porém era algo totalmente incomum, ainda mais tratando-se de um alimento como moeda de troca.
Esaú chega a dizer: “De que me vale ser primogênito, se vou morrer de fome”?
Jacó é maquiavélico, aproveita a necessidade do irmão para conseguir o que quer, é inegável o fato de que Esaú também foi extremamente imprudente ao agir dessa forma.
A atitude de Esaú foi tão infantil e movida por extintos que até no NT ele é citado negativamente, há uma comparação que o autor de Hebreus faz, ao falar sobre a graça de Deus há um conselho de que ninguém se prive dela, que ninguém seja devasso, profano, como Esaú que trocou sua primogenitura por um prato de lentilhas.
Hebreus 12.15-16.
Jacó da mesma maneira tem sua parcela de erro, pois, seu desejo deve ser satisfeito, independentemente dos meios que se utilize, ele é eficiente, mas não eficaz. Usa as situações ao seu favor sem levar em conta os princípios.
Jacó fora suplantado diversas vezes, pelas circunstâncias com as quais fora criado, falta de afeto do pai, as preferências por um irmão mais velho, o desejo de ser abençoado, levaram Jacó a um caminho totalmente desnecessário, ele usa as fragilidades dos outros para se projetar, ao menos nesse momento é um aproveitador. Os traumas passados fazem com que ele tenha a necessidade de se projetar sobre a fraqueza do outro, aproveitar as situações adversas dos demais para se promover, suas relações não são sinceras, mas são apenas escadas as quais ele usa para galgar lugares ainda mais altos. Será que isso acontece hoje?
Com frequência vemos pessoas que usam a fraqueza de outras para se promover, não há honestidade nas amizades, apenas o lado bom é demonstrado e qualquer pessoa que demonstre um pouco de fraqueza é aproveitada, a honestidade emocional é inaceitável, todos são mascarados, todos devem evitar se expor para não ser aproveitado, aos poucos as crianças vão dando espaço aos fariseus, até que chegamos em um ponto em que não sabemos sequer quem somos.
As relações são para aproveitar, não tratamos bem os que não podem dar nada a nós, tudo é um grande jogo de interesses. Eu tiro selfie com quem pode me fornecer like, eu me relaciono com quem pode me fazer crescer, o crescimento pessoal não seria o problema, mas queremos o status que as amizades podem fornecer e esse é o problema. Nunca viram um ao outro mais se chamam de amigos, não por simpatia, mas por status, lembremos do caso da Anita que tentou tirar uma foto com a Rihana e foi severamente ignorada.

2° - Falta de fé para fazer o certo.
A sede por ser aceito, por se enquadrar nos padrões exigidos pela cultura fez Jacó tomar esse caminho, lhe faltou fé para tomar o rumo certo, no fundo todas as vezes que transgredimos estamos confessando que não temos fé suficiente para fazer o certo, todas as vezes que optamos por um caminho mais cômodo, há uma confissão oculta de que é mais fácil errar do que acertar e que optamos pelo fácil em detrimento do certo e estreito caminho, a estrada larga é cômoda para se trilhar, é mais habitada, o caminho estreito é menos trilhado e cheio de dificuldades, mas nesse espaço há certezas! A palavra do Senhor é a garantia.

“Sonhamos o voo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o voo só acontece se houver o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.”- Rubem Alves
Jacó trocou a garantia da palavra divina, que não se via, não estava concretizada, por algo palpável, agradável aos olhos, o que se vê ou está mais “racional” aos nossos olhos é totalmente agradável, porém depender da fé exige esforço, exige viver dias incertos, mas com apenas a palavra do Senhor que é a rocha cuja obra é perfeita.
Abraão quis dar um jeito em relação a continuidade de suas promessas, então se deitou com Agar e teve Ismael, essa atitude deu inúmeros problemas a Abraão posteriormente.
Barjesus quis os dons espirituais de Paulo por dinheiro, o resultado foi a cegueira.
Deus não depende de nossos jeitinhos, no fundo, os atalhos da vida são falta de fé, são alternativas ao caminho, são pequenas distorções que mostram nosso ateísmo prático, não confessamos, mas boa parte do tempo falta-nos fé para fazer o certo, tomar o caminho largo é mais cômodo, é mais seguro.



3° - A falta de capacidade de dizer não.

Jacó recebe uma proposta totalmente indecente da mãe. Ele deveria enganar o pai a fim de ganhar a bênção da primogenitura, ela ouvira toda a conversa de Isaque com seu filho Esaú, então convida Jacó a pegar um cabrito no rebanho, leva-lo a mãe, ela faria a comida como ele pedira.
Jacó sabia que seu pai já tinha planos quanto a isso, novamente a falta de fé para fazer o certo, bem como a falta de coragem para dizer não prejudicaram Jacó.
Ele indaga a mãe, sobre a mentira, sobre os pelos do irmão, a maldição iminente, com uma simples palavra a mãe leva Jacó a fazer o mal novamente. A falta de coragem para dizer não é uma máscara que usamos hoje em dia, o medo de não ser aceito tira a coragem e a autenticidade para poder afirmar nossos gostos, não conseguimos mais dizer que não vamos fazer algo, por mais que seja errado, o importante é estar no grupo, ser alguém de “dentro”, em nome disso aceita-se usar drogas, participar de confrarias como o povo de Tiatira, falta garra para dizer não, para dizer que não concorda, para dizer que não sabe, para dizer que não vai. Dizemos sim para coisas que jamais deveríamos dizer, mas a aceitação é nossa opção na maioria das vezes:

Os impostores se preocupam com a aceitação e a aprovação. Por causa da sufocante necessidade de agradar outros, não conseguem dizer não com a mesma confiança que dizem sim. Por isso fazem das pessoas, dos projetos e das causas uma extensão de si mesmos, motivados não pelo comprometimento pessoal, mas pelo medo de não atingir as expectativas dos outros. – Brennam Maning – O impostor que existe em mim.

4° - Mentiras sucessivas
1° - Mentiu sobre sua identidade – “Eu sou Esaú”.
2° - Mentiu sobre sua obra – “Tenho feito como me disseste”.
3° - Mentiu sobre a ajuda de Deus – “Porque o Senhor teu Deus a mandou ao meu encontro”.
Até Deus é envolvido nas mentiras de Jacó, percebe-se que para sustentar uma primeira mentira, várias outras são necessárias, até que em um momento da vida a casa cai.
Quantas pessoas mentirosas já vimos? E quando são descobertas? As reações são as mais inusitadas, tentam criar teorias, irmãos gêmeos aparecem, se justificam... A mentira é um atraso, a mentira é a máscara mais comum. Em muitos aspectos é impossível não mentir. Mas Jacó estava lidando com algo muito sério, estava lidando com seu futuro, sua família e envolveu até Deus na mentira.
Tudo é possível quando se usa a máscara da mentira.

5° Endeusamento das relações. Raquel
6° Ativismo – Trabalho em excesso

7° O sentimento de que todos têm seu preço – Perdão de Esaú