terça-feira, 17 de dezembro de 2024

A parábola do grande banquete - A conversão é um banquete, não uma prisão.

O grande banquete – Lucas 14.15-24

 

As parábolas de Jesus nem sempre eram planejadas, as vezes Jesus era impelido por uma situação do dia a dia. Jesus estava sensível aos links, às oportunidades que surgiam, de modo que as parábolas poderiam ser iniciadas a qualquer momento com Jesus.

Jesus também não costumava recusar convites, a sua vida era uma vida disponível, ele estava aberto a ouvir as pessoas e assentar-se com elas. Nesta ocasião, Jesus recebe um convite para jantar com um dos principais dos fariseus, mesmo sabendo que o faria sob constante avaliação.

 

Alguns atos precedem a refeição e são narrados por Lucas:

1º - Inicia uma discussão a respeito de fazer o bem no sábado

2º - Inicia-se uma parábola sobre os primeiros lugares nas bodas

3º - Jesus fala também sobre a necessidade de chamar pessoas que não possam nos retribuir, para se assentar conosco.

4º As curas representam o estado do povo:

 

A condição do povo subjugado;

Duas curas antecedem essa parábola, uma está no capítulo 13 de Lucas e outra no 14.

 

·        Uma mulher estava encurvada, Jesus a declara livre do mal, impõe as mãos sobre ela e ela se endireita e glorifica a Deus – LUCAS 13.10-17

Essa era uma figura do peso da lei sobre as costas dela.

Ela foi solta, desatada das “Imposições hipócritas dos fariseus”;

 

Em seguida (poucos dias depois) Jesus novamente vai à casa de um dos fariseus, quando chega lá, encontra o hidrópico. (HOMEM COM BARRIGA D`Água).

A figura aqui é dos que estão inchados pela lei.

 

Pessoas eram desumanizadas como “bois”

As ataduras sobre a mulher eram as amarras da lei

O poço onde o homem estava caído era o falso moralismo dos fariseus.

Jesus tira do poço e desata.

 

O povo subjugado pelos fariseus estava com as costas pesadas pelo julgo da religião, também estavam com a barriga cheia, mas não de alimento, mas sim da moralidade aquosa que os fariseus impunham, embora estivessem já inchados, permaneciam com fome.

 

Jesus então endireita a mulher e seca a barriga do homem, a religião só coloca pesos e nos enche do que não alimenta, Jesus estava ali para mostrar o efeito do evangelho da Graça.

 

 

Jactância farisaica

Ao falar sobre a necessidade de convidar pessoas indignas e que não poderiam retribuir, um dos convidados, remete a fala de Isaías sobre um banquete na eternidade.

Pensando nisso, ele diz:

“E, ouvindo isto, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado o que comer pão no reino de Deus.
Lucas 14:15

 

A intenção de certa forma é ouvir o que Jesus pensa a respeito do banquete messiânico, segundo Bailey, Jesus era visto como uma espécie de mestre/pregador itinerante, que ao passar por determinado povoado é convidado por seus mestres para que estes vejam seus pensamentos. Nessa hora, um dos principais dos fariseus provoca Jesus para que fale sobre o sue pensamento a respeito deste grande banquete.

O texto em referência é Isaías 25.6-9

E o Senhor dos Exércitos dará neste monte a todos os povos uma festa com animais gordos, uma festa de vinhos velhos, com tutanos gordos, e com vinhos velhos, bem purificados.
E destruirá neste monte a face da cobertura, com que todos os povos andam cobertos, e o véu com que todas as nações se cobrem.
Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor DEUS as lágrimas de todos os rostos, e tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra; porque o SENHOR o disse.
E naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, e ele nos salvará; este é o Senhor, a quem aguardávamos; na sua salvação gozaremos e nos alegraremos.

Isaías 25:6-9

A resposta ideal seria: “Aqueles que labutam, observam todos os pontos da lei, os puros, os que não tem defeitos físicos, todos estes é que vão participar deste banquete”.

 

O banquete de Deus

Jesus tinha um outro pensamento e frustrando as expectativas dos seus examinadores ele fala:

Porém, ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos.
E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado.
Lucas 14:16,17

É muito interessante essa percepção escatológica de Jesus, ele está num jantar, em um ato de ceia, mas essa mesma ceia lhe faz refletir muitos anos a frente, na ceia da eternidade, em que o próprio pai nos servirá.

Ele está num jantar comum, mas já está se alimentando da eternidade.

Para falar sobre a realidade do Jantar futuro, Jesus inicia uma parábola.

Um homem fez um grande banquete e convidou pessoas, muitas pessoas, num dado momento tudo estava pronto, é então que ele envia o seu servo para avisar que tudo estava pronto.

Chegada a hora do grande banquete, dando a entender que o convite antecipado tinha sido confirmado, o servo vai.

Um convite para jantar era algo muito sério, na cultura de honra e vergonha que os judeus estavam inseridos, era muito sério convidar alguém e o aceitar este convite.

Nós no Brasil falamos sempre por educação, vamos marcar um churrasco e isso nunca acontece, nos judeus e orientais esse tipo de fala gera expectativa, de modo que o ato se divide em algumas partes:

 

1º Convite prévio com data

2º Preparação do banquete

3º Os convidados esperavam a confirmação de que já podiam ir

4º O anfitrião mandava uma mensagem informando que poderiam ir.

 

Os atos preparatórios passavam pela quantidade de pessoas:

 

2 a 4 convidados – 1 ou duas galinhas

5 a 8 – Um pato

10 a 15 – Um cabrito

15 a 35 – Uma ovelha

Acima disso um bezerro.

 

As desculpas

A questão toda é, há um convite para um grande banquete, está tudo pronto, é só festejar, mas uma série de desculpas são dadas.

Você já deu desculpas para não ir em algo? Qual foi a última desculpa que você deu para não estar em alguma coisa?

·        Uma cena famosa de recusa a um convite se deu num filme conhecido brasileiro, em que a protagonista diz que não irá na referida data pois “gripaloei” na ocasião.

·        Quem aprende a dar desculpas na verdade tem pouca habilidade para fazer outras coisas.

 

O banquete está pronto e o servo vai aos convidados para avisar, então é surpreendido:
E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado.
Lucas 14:18

 

Uma sequência de desculpas sem sentido começa a ser dada, seguindo um mesmo padrão

·        Fiz isso

·        Preciso fazer isso

·        Peço desculpas

 

A primeira desculpa é: Comprei um terreno, preciso vê-lo.

A compra de uma terra em nossa cultura ocidental é um ato complexo, não se compra uma casa sem ver, um terreno da mesma maneira.

Observa-se se o local é plano, se é bem localizado, se é legalizado, se há possiblidade de valorização do local, etc.

Nos tempos bíblicos os exames eram ainda mais intensos, uma vez que nos dias de Jesus a principal atividade era a agricultura, logo, ao adquirir um campo, deveria ser avaliada a possiblidade de plantar e colher neste. Logo o processo era complexo.

Poderia durar meses, anos, observava-se se tinha árvores, se o sol se voltava ao local, se tinha sombra em excesso, se em cada estação produzia, etc.

Quando o homem diz que comprou um campo e precisa vê-lo, ele está falando de uma atividade perfeitamente adiável e que é feita com calma.

Não se compra propriedade sem ver.

 

É uma desculpa um tanto inadequada e que demonstra profundo interesse e certamente chatearia o anfitrião, o servo então tem de continuar seus convites.

“Acabei de comprar uma casa sem ver, por telefone, e preciso ir lá dar uma olhada nela e na vizinhança”.

O banquete foi realizado no fim da tarde, não havia mais tempo para tratar de nada, é uma desculpa sem fundamento.

 

A segunda desculpa é: Comprei 5 juntas de bois e preciso experimentá-los.

Do mesmo modo, não se comprava animais para carga sem testar, só faz sentido ter juntas de bois, como animais de carga, se eles tiverem a oportunidade de caminhar na mesma velocidade, manter a mesma altura, são adequados, mas este teste se dá de forma rápida por ver como os bois trabalham.

Quem em sã consciência compraria bois para carga sem que antes estes fossem testados?

Ao dizer que comprou sem testar e o faria de forma posterior, está dando uma desculpa infundada. Provavelmente uma mentira.

“Não chego a tempo para jantar, acabei de comprar 5 carros usados, comprei por telefone, estou indo no estacionamento descobrir o ano, modelo e ver se funcionam”.


De certa forma ele está dizendo que os animais eram mais importantes para ele do que o anfitrião.

 

A terceira desculpa: Me casei.


Ao se casar, existia uma folga no que diz respeito as guerras, isso se aplicava por 1 ano.

Mas esta folga não se trata de um salvo conduto para todas as obrigações sociais. Este homem foi sondado, convidado, aceitou e agora diz que não pode porque se casou e sequer pede desculpas.

A sua fala dá a entender que tem mais o que fazer com sua mulher do que atender um jantar.

 

As três primeiras desculpas são infundadas, o servo indignado volta e comunica o seu Senhor sobre o que está acontecendo.

A intenção dos convidados era desmoralizar o anfitrião, tornando seu jantar um fracasso. É um boicote coletivo.

O dono do banquete fica irado, logo, toma uma atitude.

E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos.
Lucas 14:21

 


O convite agora é para os judeus, mas não os de puro sangue, mas sim os rejeitados.

Degrau por degrau, Jesus desmantelou a escada da hierarquia que marcava a aproximação de Deus. Convidou pessoas defeituosas, pecadores, estrangeiros e gentios — os impuros! — para a mesa do banquete divino.

Philip Yancey”

 

·        Esse convite fala dos mais diversos discípulos de Jesus

·        Pescadores

·        Coletores de impostos

·        Pessoas nervosas

·        Publicanos

·        Pecadores

·        Doentes

 

 

Não posso moderar minha definição de graça porque a Bíblia me força a torná-la o mais abrangente possível.

Deus é "o Deus de toda a graça", nas palavras do apóstolo Pedro.

E graça significa que não há nada que eu possa

fazer para Deus me amar mais, e nada que eu possa fazer para Deus me amar menos.

Significa que eu, até mesmo

eu que mereço o contrário, sou convidado a tomar o meu lugar à mesa da família de Deus”

Philip Yancey

 

E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos;
Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.
Lucas 5:31,32

 

Esse convite é para os que sã do povo, mas estão doentes. São do povo, mas estão feridos.

Hoje o paralelo seriam os afastados, grande parte deles conhecem a Deus, mas foram feridos, maltratados, decepcionados, no Brasil há hoje a mesma quantidade de pessoas dentro da igreja e de afastados, eles são pessoas feridas, o convite para o banquete ainda é para eles. Queremos ser uma comunidade de reconciliação.

 

 

Motivado com o convite estendido e aos que não eram “perfeitos”, o servo faz uma nova proposta:

E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar.
E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha.
Lucas 14:22,23

A questão de forçar aqui refere-se muito mais a insegurança dos convidados, do que uma atitude de violência. Eles ficariam suspeitos quanto as intenções do anfitrião.

Vamos a algumas lições práticas:

Considerando que esta parábola fala sobre a vida Cristã, nós entendemos algumas percepções de Jesus sobre o modo como deve ser nosso relacionamento com Deus:

1º - O meu relacionamento com Deus não é uma prisão, uma penitência, a minha relação com Deus é uma festa.

Ao pensar deste modo eu não devo entender seus convites como um peso, como uma obrigação, o convite de Jesus é para celebrar, é para se alegrar com ele, é para festejar juntos as bençãos da salvação.

Aos que tem uma visão distorcida a este respeito, a vida Cristã não é uma festa, é antes um açoite, uma penitência, devemos considerar se nos alegramos de ser convidados para a festa de Jesus.

 

Quando Mateus se converteu ele fez uma festa:

“E fez-lhe Levi um grande banquete em sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros que estavam com eles à mesa”.

Lucas 5.29

 

2º - Para participar deste banquete, o anfitrião só exige disponibilidade, já está tudo pronto.

Quando somos convidados a um banquete, naturalmente esperamos que tudo esteja pronto.

Na maioria dos convites que recebemos, por uma questão de cortesia, perguntamos se é necessário levar algo, até por questões econômicas, atualmente, tornou-se caro, inviável, assumir tudo sozinho, mas ainda assim, ao ser convidado para um banquete, subentendemos que há coisas que são obrigação de quem convida.

Se você é convidado para um banquete mas tem que levar arroz, óleo, feijão, você está sendo convidado a uma ação comunitária, mas não a um banquete.

Assim são muitas religiões hoje, elas nos convidam ao banquete, mas este banquete não está pronto, nós temos que cozinhar, peregrinar, levar nossos recursos.

O convite de Jesus só pede que você esteja disponível, já está tudo pronto.

Ó VÓS, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.
Isaías 55:1

E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.
João 7:37

 

3º - Aceitar o convite de Jesus exige deixar outras coisas

O Convite de Jesus é para desfrutar do tempo com ele

O convite de Jesus é ser alimentado por ele

O convite de Jesus é celebrar sua presença

O convite de Jesus é para deixar tudo e seguir

 

“Deus dá o reino; mas a aceitação do dom de Deus significa a rejeição de muitas outras coisas. O reino de Deus oferece os maiores dons; mas exige lealdade exclusiva e devoção integral. A grande festa é uma festa, e não a distribuição de rações gratuitas. Os que querem participar dela precisam entrar. Porções dela não podem ser enviadas para fora, para que eles delas participem, enquanto participam de outras coisas”

Keneth Bailey

 

3º - Para Deus é importante qualidade e quantidade

4º - As desculpas mudaram, mas as raízes são as mesmas:

 

·        Geração dos bens materiais

·        Geração dos afazeres

·        Geração das pendências familiares

5º - O chamado do anfitrião é o mesmo: Tragam os doentes e os estrangeiros porque ainda há lugar, há mesmo?

- Ninguém pede para entrar nessa festa, só se entra com o convite, mas você pode dar desculpas e rejeitar o convite.

·        O convite tem prazo, os lugares não ficarão desocupados para sempre

·        Quem rejeita o convite fica de fora.

·        Não existe participação à distância

·        O anfitrião não manda marmitas para quem rejeitou, ele só convida e espera uma reação.

·        Não há neutralidade quanto ao convite.

 

- Essa parábola teve cumprimento parcial, mas Isaías profetizou um tempo em que os gentios seriam unidos ao banquete.

Até aquele momento Jesus estava congregando os de Israel, nós estamos sendo convidados como os de “fora”

Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.
Assim diz o Senhor DEUS, que congrega os dispersos de Israel: Ainda ajuntarei outros aos que já se lhe ajuntaram.
Isaías 56:7,8

Nós fomos incluídos no banquete:

Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus;

Mateus 8:11

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço seu comentário. Responderei o mais rápido possível.