O grande banquete –
Lucas 14.15-24
As parábolas de Jesus nem
sempre eram planejadas, as vezes Jesus era impelido por uma situação do dia a
dia. Jesus estava sensível aos links, às oportunidades que surgiam, de modo que
as parábolas poderiam ser iniciadas a qualquer momento com Jesus.
Jesus também não costumava
recusar convites, a sua vida era uma vida disponível, ele estava aberto a ouvir
as pessoas e assentar-se com elas. Nesta ocasião, Jesus recebe um convite para
jantar com um dos principais dos fariseus, mesmo sabendo que o faria sob
constante avaliação.
Alguns atos precedem a
refeição e são narrados por Lucas:
1º - Inicia uma
discussão a respeito de fazer o bem no sábado
2º - Inicia-se uma
parábola sobre os primeiros lugares nas bodas
3º - Jesus fala também
sobre a necessidade de chamar pessoas que não possam nos retribuir, para se
assentar conosco.
4º As curas representam
o estado do povo:
A condição do povo
subjugado;
Duas curas antecedem essa
parábola, uma está no capítulo 13 de Lucas e outra no 14.
·
Uma mulher estava encurvada, Jesus a declara
livre do mal, impõe as mãos sobre ela e ela se endireita e glorifica a Deus –
LUCAS 13.10-17
Essa era uma figura do peso da
lei sobre as costas dela.
Ela foi solta, desatada das
“Imposições hipócritas dos fariseus”;
Em seguida (poucos dias
depois) Jesus novamente vai à casa de um dos fariseus, quando chega lá, encontra
o hidrópico. (HOMEM COM BARRIGA D`Água).
A figura aqui é dos que estão
inchados pela lei.
Pessoas eram desumanizadas
como “bois”
As ataduras sobre a mulher
eram as amarras da lei
O poço onde o homem estava
caído era o falso moralismo dos fariseus.
Jesus tira do poço e desata.
O povo subjugado pelos
fariseus estava com as costas pesadas pelo julgo da religião, também estavam
com a barriga cheia, mas não de alimento, mas sim da moralidade aquosa que os
fariseus impunham, embora estivessem já inchados, permaneciam com fome.
Jesus então endireita a
mulher e seca a barriga do homem, a religião só coloca pesos e nos enche do que
não alimenta, Jesus estava ali para mostrar o efeito do evangelho da Graça.
Jactância farisaica
Ao falar sobre a necessidade
de convidar pessoas indignas e que não poderiam retribuir, um dos convidados,
remete a fala de Isaías sobre um banquete na eternidade.
Pensando nisso, ele diz:
“E, ouvindo isto, um dos que
estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado o que comer pão no reino de
Deus.
Lucas 14:15”
A intenção de certa forma é
ouvir o que Jesus pensa a respeito do banquete messiânico, segundo Bailey,
Jesus era visto como uma espécie de mestre/pregador itinerante, que ao passar
por determinado povoado é convidado por seus mestres para que estes vejam seus
pensamentos. Nessa hora, um dos principais dos fariseus provoca Jesus para que
fale sobre o sue pensamento a respeito deste grande banquete.
O texto em referência é Isaías
25.6-9
“E o Senhor dos
Exércitos dará neste monte a todos os povos uma festa com animais gordos, uma
festa de vinhos velhos, com tutanos gordos, e com vinhos velhos, bem
purificados.
E destruirá
neste monte a face da cobertura, com que todos os povos andam cobertos, e o véu
com que todas as nações se cobrem.
Aniquilará
a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor DEUS as lágrimas de todos os
rostos, e tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra; porque o SENHOR o
disse.
E naquele
dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, e ele nos
salvará; este é o Senhor, a quem aguardávamos; na sua salvação gozaremos e nos
alegraremos.
Isaías 25:6-9”
A resposta ideal seria:
“Aqueles que labutam, observam todos os pontos da lei, os puros, os que não tem
defeitos físicos, todos estes é que vão participar deste banquete”.
O banquete de Deus
Jesus tinha um outro pensamento
e frustrando as expectativas dos seus examinadores ele fala:
Porém, ele lhe disse: Um certo
homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos.
E à hora da
ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está
preparado.
Lucas 14:16,17”
É muito interessante essa
percepção escatológica de Jesus, ele está num jantar, em um ato de ceia, mas
essa mesma ceia lhe faz refletir muitos anos a frente, na ceia da eternidade,
em que o próprio pai nos servirá.
Ele está num jantar comum, mas
já está se alimentando da eternidade.
Para falar sobre a realidade
do Jantar futuro, Jesus inicia uma parábola.
Um homem fez um grande
banquete e convidou pessoas, muitas pessoas, num dado momento tudo estava
pronto, é então que ele envia o seu servo para avisar que tudo estava pronto.
Chegada a hora do grande
banquete, dando a entender que o convite antecipado tinha sido confirmado, o
servo vai.
Um convite para jantar era
algo muito sério, na cultura de honra e vergonha que os judeus estavam
inseridos, era muito sério convidar alguém e o aceitar este convite.
Nós no Brasil falamos sempre
por educação, vamos marcar um churrasco e isso nunca acontece, nos judeus e
orientais esse tipo de fala gera expectativa, de modo que o ato se divide em
algumas partes:
1º Convite prévio com data
2º Preparação do banquete
3º Os convidados esperavam a
confirmação de que já podiam ir
4º O anfitrião mandava uma
mensagem informando que poderiam ir.
Os atos preparatórios passavam
pela quantidade de pessoas:
2 a 4 convidados – 1 ou duas
galinhas
5 a 8 – Um pato
10 a 15 – Um cabrito
15 a 35 – Uma ovelha
Acima disso um bezerro.
As desculpas
A questão toda é, há um
convite para um grande banquete, está tudo pronto, é só festejar, mas uma série
de desculpas são dadas.
Você já deu desculpas para não
ir em algo? Qual foi a última desculpa que você deu para não estar em alguma
coisa?
·
Uma cena famosa de recusa a um convite se deu
num filme conhecido brasileiro, em que a protagonista diz que não irá na
referida data pois “gripaloei” na ocasião.
·
Quem aprende a dar desculpas na verdade
tem pouca habilidade para fazer outras coisas.
O banquete está pronto e o
servo vai aos convidados para avisar, então é surpreendido:
“E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro:
Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado.
Lucas 14:18”
Uma sequência de desculpas sem
sentido começa a ser dada, seguindo um mesmo padrão
·
Fiz isso
·
Preciso fazer isso
·
Peço desculpas
A primeira desculpa é:
Comprei um terreno, preciso vê-lo.
A compra de uma terra em nossa
cultura ocidental é um ato complexo, não se compra uma casa sem ver, um terreno
da mesma maneira.
Observa-se se o local é plano,
se é bem localizado, se é legalizado, se há possiblidade de valorização do
local, etc.
Nos tempos bíblicos os exames
eram ainda mais intensos, uma vez que nos dias de Jesus a principal atividade
era a agricultura, logo, ao adquirir um campo, deveria ser avaliada a
possiblidade de plantar e colher neste. Logo o processo era complexo.
Poderia durar meses, anos,
observava-se se tinha árvores, se o sol se voltava ao local, se tinha sombra em
excesso, se em cada estação produzia, etc.
Quando o homem diz que comprou
um campo e precisa vê-lo, ele está falando de uma atividade perfeitamente
adiável e que é feita com calma.
Não se compra propriedade sem
ver.
É uma desculpa um tanto
inadequada e que demonstra profundo interesse e certamente chatearia o
anfitrião, o servo então tem de continuar seus convites.
“Acabei de comprar uma casa
sem ver, por telefone, e preciso ir lá dar uma olhada nela e na vizinhança”.
O banquete foi realizado no
fim da tarde, não havia mais tempo para tratar de nada, é uma desculpa sem
fundamento.
A segunda desculpa é:
Comprei 5 juntas de bois e preciso experimentá-los.
Do mesmo modo, não se comprava
animais para carga sem testar, só faz sentido ter juntas de bois, como animais
de carga, se eles tiverem a oportunidade de caminhar na mesma velocidade,
manter a mesma altura, são adequados, mas este teste se dá de forma rápida por
ver como os bois trabalham.
Quem em sã consciência
compraria bois para carga sem que antes estes fossem testados?
Ao dizer que comprou sem
testar e o faria de forma posterior, está dando uma desculpa infundada.
Provavelmente uma mentira.
“Não chego a tempo para
jantar, acabei de comprar 5 carros usados, comprei por telefone, estou indo no
estacionamento descobrir o ano, modelo e ver se funcionam”.
De certa forma ele está dizendo que os animais eram mais importantes para ele
do que o anfitrião.
A terceira desculpa: Me
casei.
Ao
se casar, existia uma folga no que diz respeito as guerras, isso se aplicava
por 1 ano.
Mas esta folga não se trata de
um salvo conduto para todas as obrigações sociais. Este homem foi sondado,
convidado, aceitou e agora diz que não pode porque se casou e sequer pede
desculpas.
A sua fala dá a entender que
tem mais o que fazer com sua mulher do que atender um jantar.
As três primeiras
desculpas são infundadas, o servo indignado volta e comunica o seu Senhor sobre
o que está acontecendo.
A intenção dos
convidados era desmoralizar o anfitrião, tornando seu jantar um fracasso. É um
boicote coletivo.
O dono do banquete fica irado,
logo, toma uma atitude.
“E,
voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família,
indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e
traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos.
Lucas 14:21”
O
convite agora é para os judeus, mas não os de puro sangue, mas sim os
rejeitados.
“Degrau por degrau,
Jesus desmantelou a escada da hierarquia que marcava a aproximação de Deus.
Convidou pessoas defeituosas, pecadores, estrangeiros e gentios — os impuros! —
para a mesa do banquete divino.
Philip Yancey”
·
Esse convite fala dos mais diversos discípulos
de Jesus
·
Pescadores
·
Coletores de impostos
·
Pessoas nervosas
·
Publicanos
·
Pecadores
·
Doentes
“Não posso moderar
minha definição de graça porque a Bíblia me força a torná-la o mais abrangente
possível.
Deus é "o Deus
de toda a graça", nas palavras do apóstolo Pedro.
E graça significa
que não há nada que eu possa
fazer para Deus me
amar mais, e nada que eu possa fazer para Deus me amar menos.
Significa que eu,
até mesmo
eu que mereço o
contrário, sou convidado a tomar o meu lugar à mesa da família de Deus”
Philip Yancey
“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão
sãos, mas, sim, os que estão enfermos;
Eu não vim
chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.
Lucas 5:31,32”
Esse convite é para os que sã
do povo, mas estão doentes. São do povo, mas estão feridos.
Hoje o paralelo seriam os
afastados, grande parte deles conhecem a Deus, mas foram feridos, maltratados,
decepcionados, no Brasil há hoje a mesma quantidade de pessoas dentro da igreja
e de afastados, eles são pessoas feridas, o convite para o banquete ainda é
para eles. Queremos ser uma comunidade de reconciliação.
Motivado com o convite
estendido e aos que não eram “perfeitos”, o servo faz uma nova proposta:
“E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar.
E disse o
senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a
minha casa se encha.
Lucas 14:22,23”
A questão de forçar aqui
refere-se muito mais a insegurança dos convidados, do que uma atitude de
violência. Eles ficariam suspeitos quanto as intenções do anfitrião.
Vamos a algumas lições
práticas:
Considerando que esta parábola
fala sobre a vida Cristã, nós entendemos algumas percepções de Jesus sobre o
modo como deve ser nosso relacionamento com Deus:
1º - O meu
relacionamento com Deus não é uma prisão, uma penitência, a minha relação com
Deus é uma festa.
Ao pensar deste modo eu não
devo entender seus convites como um peso, como uma obrigação, o convite de
Jesus é para celebrar, é para se alegrar com ele, é para festejar juntos as
bençãos da salvação.
Aos que tem uma visão
distorcida a este respeito, a vida Cristã não é uma festa, é antes um açoite,
uma penitência, devemos considerar se nos alegramos de ser convidados para a
festa de Jesus.
Quando Mateus se converteu ele
fez uma festa:
“E fez-lhe Levi um grande
banquete em sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros que
estavam com eles à mesa”.
Lucas 5.29
2º - Para participar
deste banquete, o anfitrião só exige disponibilidade, já está tudo pronto.
Quando somos convidados a um
banquete, naturalmente esperamos que tudo esteja pronto.
Na maioria dos convites que
recebemos, por uma questão de cortesia, perguntamos se é necessário levar algo,
até por questões econômicas, atualmente, tornou-se caro, inviável, assumir tudo
sozinho, mas ainda assim, ao ser convidado para um banquete, subentendemos que
há coisas que são obrigação de quem convida.
Se você é convidado para um
banquete mas tem que levar arroz, óleo, feijão, você está sendo convidado a uma
ação comunitária, mas não a um banquete.
Assim são muitas religiões
hoje, elas nos convidam ao banquete, mas este banquete não está pronto, nós
temos que cozinhar, peregrinar, levar nossos recursos.
O convite de Jesus só pede que
você esteja disponível, já está tudo pronto.
“Ó VÓS, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes
dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem
preço, vinho e leite.
Isaías 55:1”
“E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou,
dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.
João 7:37”
3º - Aceitar o convite
de Jesus exige deixar outras coisas
O Convite de Jesus é para
desfrutar do tempo com ele
O convite de Jesus é ser alimentado
por ele
O convite de Jesus é celebrar
sua presença
O convite de Jesus é para
deixar tudo e seguir
“Deus dá o reino; mas a
aceitação do dom de Deus significa a rejeição de muitas outras coisas. O reino
de Deus oferece os maiores dons; mas exige lealdade exclusiva e devoção
integral. A grande festa é uma festa, e não a distribuição de rações gratuitas.
Os que querem participar dela precisam entrar. Porções dela não podem ser
enviadas para fora, para que eles delas participem, enquanto participam de
outras coisas”
Keneth Bailey
3º - Para Deus é
importante qualidade e quantidade
4º - As desculpas
mudaram, mas as raízes são as mesmas:
·
Geração dos bens materiais
·
Geração dos afazeres
·
Geração das pendências familiares
5º - O chamado do
anfitrião é o mesmo: Tragam os doentes e os estrangeiros porque ainda há lugar,
há mesmo?
6º -
Ninguém pede para entrar nessa festa, só se entra com o convite, mas você pode
dar desculpas e rejeitar o convite.
·
O convite tem prazo, os lugares não ficarão
desocupados para sempre
·
Quem rejeita o convite fica de fora.
·
Não existe participação à distância
·
O anfitrião não manda marmitas para quem
rejeitou, ele só convida e espera uma reação.
·
Não há neutralidade quanto ao convite.
8º - Essa
parábola teve cumprimento parcial, mas Isaías profetizou um tempo em que os
gentios seriam unidos ao banquete.
Até aquele momento Jesus
estava congregando os de Israel, nós estamos sendo convidados como os de “fora”
“Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de
oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar;
porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.
Assim diz o
Senhor DEUS, que congrega os dispersos de Israel: Ainda ajuntarei outros aos
que já se lhe ajuntaram.
Isaías 56:7,8”
Nós fomos incluídos no
banquete:
Mas eu vos digo que muitos virão do
oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no
reino dos céus;
Mateus 8:11”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço seu comentário. Responderei o mais rápido possível.