sábado, 6 de agosto de 2022

Panorama de Miquéias – Sermão entregue a Ad Brás Valo-Velho em 16/06/2021

 

Panorama de Miquéias – Quem é como o Senhor?

Sermão entregue a Ad Brás Valo-Velho em 16/06/2021

“Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma deseja.
Miquéias 7:1

Os profetas são nossos contemporâneos, são portadores de mensagens totalmente compatíveis com nosso tempo, ainda que carregados de alegorias diversas, uma análise mais detalhada mostrará que os dilemas dos profetas também são os nossos, as suas tristezas, inquietações, tornam sua mensagem relevante neste tempo.

 

·       Miquéias era um habitante de Moresete-Gate – Uma aldeia ao sul de Jerusalém, logo era um profeta interiorano.

 

·       Era contemporâneo de Isaías que tinha acessos diferenciados, por ser parte da aristocracia em seu tempo. Miqueias por sua vez era homem comum, um civil de seu tempo, tendo os conflitos do dia a dia sentidos em sua pele.

 

·       Também era contemporâneo de Amós e Oséias, formando o quarteto de profetas pré-exílio.

 

·       Profetizou no período de 735 a 715 A.C – Ou seja, durante vinte anos.

 

 

·       Parte da compreensão da mensagem profética se dá mediante a identificação dos reis de seu tempo, logo o texto apresenta no primeiro versículo quem eram os reis de seus dias, a saber:

 

Jotão, Acaz e Ezequias.

Cada um destes revela parte das condições espirituais e econômicas de seus dias.

·       Jotão – O rei omisso

·       Acaz – O Rei idólatra

·       Ezequias – O sucessor reformador

-Miqueias direciona sua mensagem nos primeiros capítulos aos dois reinos de Israel, mas posteriormente tem o foco em Judá, o reino do sul

 

Como boa parte dos profetas, Miquéias faz uso de uma linguagem jurídica, em que o Senhor, apresenta suas acusações, tal qual um promotor o faz.

Ao mesmo tempo o Senhor também se constitui juiz.

O livro de Miquéias se constitui uma denúncia sobre questões sociais, religiosas, morais e mescla tudo isso aos sentimentos pessoais do profeta, bem como demonstra o amor do Deus que acusa, julga, condena, mas absorve. A mensagem de Miquéias é atual porque vivemos dias semelhantes aos dele.

 

1º - Deus como promotor

Apresentação de Deus – V. 2

O aspecto de grandeza de Deus é novamente apresentado, sua vinda em grandeza, uma vez que não é pacífica, se constitui um juízo por si só – V.3-4

Deus promete destruir as duas capitais, por serem verdadeiras centrais de pecados V. 5-6

 

2º - O profeta frequentemente carregava consigo o fato de estar dividido, entre o amor a Deus e o amor ao seu povo.

O profeta se descobria um mediador, entre o Deus sedento por exercer o juízo e o seu povo que é vítima e merecedor deste.

Ainda que o profeta seja alguém que zela profundamente pelo nome de Deus, a santidade de Deus e a veracidade da mensagem, ele sofre por ela.

Por isso lamentarei, e gemerei, andarei despojado e nu; farei lamentação como de chacais, e pranto como de avestruzes.
Porque a sua chaga é incurável, porque chegou até Judá; estendeu-se até à porta do meu povo, até Jerusalém.
Miquéias 1:8,9

 

Particularmente tenho dificuldades em conceber quem sente prazer em anunciar juízos, quem se orgulha de falar das coisas ruins que contempla, pois, no mínimo não há discernimento da mensagem, ou amor aos destinatários da mensagem. Os profetas bíblicos são pessoas que carregam sobre si o peso do coração de Deus.

O profeta é alguém quebrantado, mas quebrantado não porque é humilhado, quebrantado porque carrega sobre si o peso, o peso do coração de Deus. O profeta é o homem abatido, angustiado, é uma pessoa que esqueceu-se de seus próprios pesos e recebeu sobre seus ombros o coração de Deus. O sentimento de Deus é derramado sobre o profeta, ele tem seus próprios sentimentos e também os do povo.

Abraham Joshua Heschel”

 

O profeta carrega em seu coração seu nacionalismo, mas também o peso do coração de Deus, o profeta é alguém que muitas vezes não pode considerar demasiadamente nenhum dos lados sem ser afetado.

 

Os verdadeiros profetas são aqueles que se lamentam por seu povo, que oram por eles, que movidos de compaixão pelo povo anunciam a mensagem, mas ao mesmo tempo se lamentam em ver que seus ouvintes são afetados por ela.

 

 

 

 

3º - O jogo de palavras de Miquéias com as cidades do entorno de Judá:

 

Os profetas eram homens dotados de inspirações divinas e compunham verdadeiras peças de literatura muito refinada, de modo que Miquéias faz um jogo de palavras muito profundo ao falar sobre a situação de Judá.


Os Assírios ameaçavam e sitiavam Judá com certa frequência, num dado momento, Judá tem 46 cidades tomadas por eles, é então que Miquéias ciente do significado de cada cidade apresenta o juízo em forma de poesia.


Ler em bíblias de versões recentes os versículos 1.10-16

 

 

4º - As razões do juízo divino

 

·       Males planejados a noite e praticados durante o dia – 2.1

·       Tomada de propriedades dos pobres – 2.2

·       Este ato era feito por meio de violência – 2.2b

·       Orgulho – 2.3


O primeiro pecado se resumia em cobiça por parte dos mais ricos, configurando uma terrível desigualdade social.

 

·       Havia uma espécie de coação quanto às mensagens a serem pregadas, de modo que verdadeiros profetas se passavam por falsos e vice-e-versa. – 2.6

·       Os profetas se asseguravam numa certa escolha divina, de modo que um quietismo demasiado os tomava. – 2.7

·       Afetavam as mulheres removendo-as de suas casas 2.9

·       Crianças pobres eram expostas a violência muito cedo – 2.9b

·       Os falsos profetas eram valorizados – 3.11

(Os valorizados são os que iludem, enganam e ensinam a tirar coisas de Deus).

·       Os políticos comiam as carnes do povo para enriquecer ainda mais – 3.1-3

·       O poder judiciário também estava vendido – 3.11a

 

·       O resumo da corrupção se dá no capítulo 7

 

 

Com as mãos prontas para fazer o mal, o governante exige presentes, o juiz aceita suborno, os poderosos impõem o que querem; todos tramam em conjunto.
Miquéias 7:3

 

 

·       Por fim a dissolução familiar:

Pois o filho despreza o pai, a filha se rebela contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são os seus próprios familiares.
Miquéias 7:6

 

 

 

O profeta não tinha para onde olhar, não tinha referências:

 

·       As pessoas eram mentirosas – 7.5

·       Não se podia acreditar mais em família 7.6

·       Não se podia ter uma propriedade em paz

·       Os ricos humilhavam os pobres

·       Estes por sua vez recorriam a políticos, mas estes eram parte do esquema

·       Os juízes também se vendiam

·       Os profetas que seriam referência de integridade também estavam dissolutos.

 

“Neste ninho de cobras que se tornou a sociedade atual, tudo o que precisamos é de um princípio, o mais belo, o mais nobre, enquanto dos olharem para o seu princípio, você foge com o dinheiro”.

Lilian Herman

 

Este pensamento expressa a lógica dos dias de Miquéias.

 

Ao ver todo o cenário o profeta declara um “ai” contra si mesmo, um sentimento de profunda inadequação, solidão, falta de referências e assim inaugura o capítulo 7.

 

 

Lições práticas

 

 

1.    O preço do saber a verdade é ter de conviver com as inquietações de descobri-la.

Miquéias se sentia totalmente alheio ao seu tempo, se sentia alguém esquecido, alguém totalmente a parte de todo o seu tempo.

 

 

 

 

 

 

 

2.     Em tempos de dissolução, tal qual era o de Miquéias, nós devemos agir com convicção das verdades irredutíveis da palavra. Não importando se todos os demais estão em outra direção:

 

 Mas eu estou cheio do poder do Espírito do Senhor, e de juízo e de força, para anunciar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado.
Miquéias 3:8

 

Devemos cuidar de não sermos pragmáticos demais. A verdade não é cômoda, é inegociável.

 

Malcolm Muggeridge “Somente peixes mortos nadam junto à correnteza” Citado por John Stott em “Discípulo radical”

 

 

3.     Em dias de dissolução devemos questionar nossa prática espiritual:

 

Com que me apresentarei ao Senhor, e me inclinarei diante do Deus altíssimo? Apresentar-me-ei diante dele com holocaustos, com bezerros de um ano?
Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, ou de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma?
Miquéias 6:6,7

 

 

Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?
Miquéias 6:8

 

Em dias de dissolução a resposta que Deus exige de nós não é mais atos religiosos, mas um caráter diferente da sociedade que nos rodeia.

 

 

 

 

 

 

 

 

4.    Em dias de dissolução completa, devemos repousar ao saber que podemos esperar em Deus.

 

Eu, porém, olharei para o Senhor; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.
Miquéias 7:7

A espera por alguém sempre é parada, inerte, cansativa. Esperar em Deus é dar passos maiores do que todos os nossos esforços alcançam, esperar em Deus é descansar, esperar em Deus é encontrar paz mesmo em meio ao caos, esta foi a decisão de Miquéias, esperar naquele que não lhe decepcionaria, mesmo carecendo de referências terrenas.

 

 

5.    Ao compreender os planos de Deus Miquéias fez uma pergunta sem resposta, mas que sempre valerá a repetição.

 

Quem é Deus semelhante a ti, que perdoa a iniqüidade, e que passa por cima da rebelião do restante da sua herança? Ele não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na sua benignidade
Miquéias 7:18

 

Quando Deus deseja exercer juízo contra uma nação alheia ao seu povo, mas também deseja julgar o seu povo, ele o faz do seguinte modo:

 

·       Usa a nação vizinha para castigar o seu povo

·       Seu povo se humilha ao passo que o opressor se ensoberbece

·       O povo opressor é julgado por Deus

·       Deus perdoa o seu povo e lhe restaura

 

Ao compreender isso Miquéias exulta em seu coração, pois, enxergou além do juízo, compreendeu o perdão que viria do mesmo Deus que julga com justiça.

 

O Nome Miquéias significa: Quem é como o Senhor?

O nome do profeta é usado numa espécie de louvor seguido de afirmação de fé: Quem é Deus semelhante a este? – 7.18

 

Essa pergunta não tem resposta, Deus é incomparável, as razões que tornam este Deus diferenciado se descrevem nas palavras finais de Miquéias.

Deus perdoa, restaura, esquece, Deus ama o seu povo.

 

Uma curiosidade a respeito de Miquéias é que este foi o profeta que descreveu onde o Messias iria nascer. Mq. 5.2

 

O livro de Miquéias é uma mensagem de esperança para o Brasil hoje.

Representando algo maior - Mardoqueu - Sermão Entregue A Ad Brás Sto Eduardo - Culto de Ensino

 

“E todos os servos do rei, que estavam à porta do rei, se inclinavam e se prostravam perante Hamã; porque assim tinha ordenado o rei acerca dele; porém Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava.

Ester 3:2”

 

Representando algo maior - Mardoqueu

Vimos no último sermão que Ester, a jovem judia, órfã, chegou ao reino, aprendemos muito sobre como é viver na Pérsia. Aprendemos sobre como devemos estar atentos para não sermos prejudicados nessa casa da Pérsia.

Ester chega a cidadela por meio de saber enxergar caminhos, oportunidades e então torna-se a rainha do império.

Seu primo, que é seu pai adotivo, estava assentado a porta, de certa forma, informado de tudo quanto acontecia no palácio – V.19

Essa posição era equivalente ao tribunal de hoje em dia, era uma posição honrosa.

É estando assentado a porta que Mardoqueu descobre uma conspiração contra o rei Assuero – 2.21-23.

Bigtã e Teres, eunucos do rei e guardas da porta, estavam revoltados talvez com os últimos acontecimentos, a rainha deposta talvez tivesse aprovação entre todos do reino, a notícia da injustiça contra ela provavelmente correu e gerou revolta entre as pessoas da casa da pérsia.

Havia também a crença de que o rei só poderia casar com uma mulher das sete famílias mais nobres da pérsia, fato que ele ignorou ao convocar mulheres de todas as províncias, bem como ter escolhido uma plebéia judia órfã.

O Fato é que esses homens se revoltaram e fazendo assim, tramavam matar o rei e acabar com essa sequência de atos impensados. Mardoqueu que estava no lugar certo e na hora certa, sabe dos planos e informa Ester, que diz ao rei e os planos são frustrados.

Bigtã e Teres foram enforcados (Ou empalados) e este ato foi registrado, sem maiores méritos para Mardoqueu. Talvez a descoberta chocou tanto o império que não tomaram nenhuma atitude de honrarias, apenas trataram da questão e um cronista a registrou, sem dar nenhum crédito a quem trouxe tudo à tona.

 

 

 

 

Passado este ato, o rei decide instituir uma espécie de “primeiro ministro”, é aí que entra o maior vilão dessa história, a saber Hamã. O inimigo dos Judeus:

Depois destas coisas o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, e o exaltou, e pôs o seu assento acima de todos os príncipes que estavam com ele.
Ester 3:1

 

Hamã era a pior pessoa possível para assumir o reino.

1º - Ele era Agagita, um descendente de Agague, rei dos Amalequitas.

Quem eram os Amalequitas?

 

No momento de maior fragilidade de Israel, ao sair do Egito, quando estava a procura de água de todas as formas, desesperados, fragilizados, os Amalequitas atacaram Israel pelas costas, sem razões aparentes.

Um ato desleal, feito com maldade, que exigiu uma intervenção divina, o ato dos Amalequitas foi tão maldoso que Deus tomou partido na situação:

Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memória num livro, e relata-o aos ouvidos de Josué; que eu totalmente hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos céus.
Êxodo 17:14

“Lembra-te do que te fez Amaleque no caminho, quando saías do Egito;
Como te saiu ao encontro no caminho, e feriu na tua retaguarda todos os fracos que iam atrás de ti, estando tu cansado e afadigado; e não temeu a Deus.
Será, pois, que, quando o Senhor teu Deus te tiver dado repouso de todos os teus inimigos em redor, na terra que o Senhor teu Deus te dá por herança, para possuí-la, então apagarás a memória de Amaleque de debaixo do céu; não te esqueças.
Deuteronômio 25:17-19

A sentença estava dada, eles seriam extintos como povo em breve pela sua covardia.

2º - Ele era descendente de Agague. O rei que Saul não exterminou.

Deus deu a Saul a missão de cumprir a ordem de EX.17.14, em 1º Samuel 15.2 Deus ordena que Saul extermine tudo, até mesmo os animais de Amaleque por conta de seu ato anterior.

Saul cumpriu parcialmente a ordem, exterminou tudo que era vil, secundário e poupou o melhor de Amaleque. Inclusive ao próprio rei, cujo nome era Agague, que foi o pai dos Agagitas. Foi por este ato que Deus decidiu depor Saul do trono.

Daí em vem a famosa afirmação de que obedecer é melhor do que sacrificar.

Os próprios Amalequitas que mataram posteriormente a Saul no campo de Batalha – 2º Sm 1.1-10

Provavelmente ele não poupou apenas o rei, mas alguns outros fugiram ou fizeram acordos.

Esses descendentes de Agague, formaram os Agatitas, que foram os “pais” de Hamã. Quem está sob autoridade é alguém que é totalmente alheio aos judeus. Que sabe existir um conflito histórico entre eles.

Que na chance que tiver, não hesitará em exterminar a todos, pois, sabe que nem deveria mais existir caso estes tivessem obedecido a palavra de Deus.

É exatamente este homem que é posto para ser o primeiro ministro sobre as 127 províncias. Em seu primeiro ato, ele arma com o rei uma estratégia para reforçar sua “autoridade”.

Onde quer que Hamã passasse, havia uma ordem para todos se prostrassem perante ele.

É neste momento que Mardoqueu volta aparecer na história, todos estão se dobrando, se prostrando, mas Mardoqueu opta por ficar em pé:

Porém Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava.
Ester 3:2

 

Mardoqueu estava consciente que Hamã era um Agatita, que teoricamente ele nem deveria estar lá, tampouco reinar sobre eles.

É considerando isso que Mardoqueu num ato de desobediência civil se mantém de pé.

Até aqui, Mardoqueu não tinha declarado quem ele era, inclusive tinha incentivado Ester a permanecer assim, para de alguma forma “crescer” na casa da Pérsia. Mas dada a insistência de seus companheiros que lhe questionavam continuamente, ele finalmente declara sua nacionalidade – V.3-4

 

Mardoqueu já tinha se prostrado diante de outras coisas, se escondeu até aqui, manteve-se oculto, aceitou enviar sua filha adotiva para se tornar rainha, aceitou ser mais um na porta do rei.

Porém quando um Agagita se levanta pedindo adoração, ele opta por desobedecer, enfrentar, qual razão disso?

 

Mardoqueu tinha a consciência de que não representava mais apenas a si, mas o seu povo. Representava algo maior do que ele mesmo, até aqui, tudo dizia respeito apenas a ele, mas ter um primeiro-ministro Agagita era demais, prostrar-se a ele era inconcebível.

 

 

 

 

 

 

Mardoqueu sabe disso e não vai se prostrar, mas a história vai continuar:

 

A trama de Hamã

Vendo, pois, Hamã que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava diante dele, Hamã se encheu de furor.
Porém teve como pouco, nos seus propósitos, o pôr as mãos só em Mardoqueu (porque lhe haviam declarado de que povo era Mardoqueu); Hamã, pois, procurou destruir a todos os judeus, o povo de Mardoqueu, que havia em todo o reino de Assuero.
Ester 3:5,6"

Perceba que os inimigos do povo de Deus, pensam como povo, por isso Hamã deseja exterminar todos.

O poder é um risco, ainda mais nas mãos de seres desprezíveis como Hamã:

“O poder é uma espada que poucos manejam com graça. É fácil errar a mão. É fácil cair na tentação de manipular.

Marília de Camargo Cesar”

Hamã tem todas as características que Deus odeia:

Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina:
Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente,
O coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal,  A testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.
Provérbios 6:16-19


Os judeus anualmente comemoram a festa de Purim, festa essa que será explorada na presente série, Warrem Wiersbie diz que o mal que Hamã fez foi tão intenso, que até hoje é lembrado:
“A cada ano, na festa de Purim, o livro de Ester élido publicamente na sinagoga e, sempre que o leitor cita o nome de Hamã o povo bate os pés e exclama: “Que esse nome seja apagado” Para os judeus de toda parte, Hamã personifica todos aqueles que tentaram exterminar o povo de Israel”

Os judeus até hoje comem um doce chamado: “Oznei Haman” traduzindo: Orelhas de Hamã.

 

O plano em execução – Ester 3.7-15

 

Hamã é uma espécie de figura escatológica – Anticristo e Satanás

Hamã escolheu o dia para matar os judeus, recorrendo aos deuses:

 

“No primeiro mês (que é o mês de Nisã), no ano duodécimo do rei Assuero, se lançou Pur, isto é, a sorte, perante Hamã, para cada dia, e para cada mês, até ao duodécimo mês, que é o mês de Adar.

Ester 3:7”

 

Assuero lança as sortes de falar com Assuero, Wiersbie diz que naquele tempo os povos do Oriente tomavam poucos passos importantes sem consultar as estrelas e agouros. O nome “Pur” vem de “Puru” que significa “sortes”.

O Mês que ele escolhe é Nisã – Equivalente a nosso janeiro, para lançar as sortes.

Ao lançar sortes mês a mês, dia a dia, os astrólogos chegam a conclusão de que haverá 1 ano para que o plano seja levado para frente:

O dia escolhido é 13 de Adar – 13 de dezembro.

 

Hamã talvez se decepcionou com a data, uma vez que ficou distante, mas era tempo suficiente aos seus olhos para aparelhar os algozes do povo de Deus, tempo suficiente também para o povo de desesperar enquanto ele assistia de camarote.

 

O pedido ao rei

 

1º Argumento – Leis diferentes

2º - Não cumpre a lei do rei – Generalização

3º - Não convém deixa-los ficar – Ameaça

4º - Dez mil talentos de prata – Renda para o império

 

A renda anual do reino era de 15 Mil talentos de prata, Hamã ofereceu dois terços disso e ainda o livraria de um povo mal.

Ele pensava em recuperar o dinheiro com os despojos dos judeus.

Assuero entrega o anel nas mãos de Hamã, autorizando assim a possibilidade de redigir qualquer decreto tendo o selo do anel do rei. – V. 9-11

 

O Estado é aparelhado para enviar o decreto – V.12

Wiersbie observa que as palavras usadas no termo, são muito semelhantes a ordem que havia para destruir os Amalequitas anteriormente – V.13

Num ato de total indiferença eles bebem enquanto todos estão consternados e os civis preparando suas espadas.

Enquanto isso, os civis estão se aparelhando para ganhar dinheiro, para matar a vontade num determinado dia, tal qual o dia do crime. Era um cenário de total destruição, de total Desolação entre os judeus, como a história se desenrolará? Veremos no próximo capítulo.

 

 

Quais são as lições desse capítulo?

 


1º - Devemos ter zelo para levar a cabo alguns relacionamentos, eles podem ser muito custosos para nós.

O mesmo Saul que optou por poupar Agague, vê agora alguns de seus descendentes lhe exterminando no campo de batalha. O ato de ter poupado alguns poucos, deu a eles a oportunidade de voltarem com mais forças e mais maldades, agora muitos anos depois, está o povo de Deus diante de Hamã, o inimigo dos judeus, por conta de Saul ter poupado o pai de todos eles.

·       A confiança deve ser algo muito precioso para ser entregue a qualquer pessoa.

·       Existem rompimentos que são imediatos.

O custo de ter mantido Agague vivo é que anos depois, aquilo que não foi resolvido está se voltando contra nós.

As poupamos lobos e sacrificamos ovelhas por usar de mais misericórdia do que deveria, por isso Deus disse para Samuel não ter mais dó de Saul, devemos cuidar para não ser seres sem misericórdia, mas também para não sermos mais misericordiosos do que Deus.

 

2º - Devemos manter a consciência que mesmo na casa da Pérsia, sendo absorvidos em parte pela cultura da Pérsia, ainda somos parte de algo maior: O povo de Deus.

 

Até aqui Mardoqueu havia se prostrado, havia aceitado muita coisa, mas quando a ameaça é contra todo o povo ele decide desobedecer, ele decide lutar pela sua crença.

Nós também deveríamos considerar os riscos contínuos que a casa da Pérsia causa a nós povo de Deus. Nos dividimos em inúmeros nichos irreconciliáveis e brigamos entre nós.

Não há divisões em torcidas, não há divisões em movimentos, mas entre o povo de Deus há uma espécie de guerra interna, que deveríamos reconsiderar no que diz respeito aos perigos que este mundo impõe contra nós. Mardoqueu sabe disso, sabe que está sob ameaça, sabe que está sob um homem que não terá misericórdia deles, por isso opta por enfrentar, é o momento definitivo em que ele diz “chega”.

Nós precisamos de sensibilidade para perceber o momento de dizer um “basta”, a casa da Pérsia tenta nos absorver e ser absorvido é sumir definitivamente.

Ainda há uma diferença, ainda há áreas que somos incompatíveis com eles, para nós ainda há um só Deus, ainda há absolutos, ainda há coisas que não se dividem, que são inegociáveis, por isso o “manter-se de pé” de Mardoqueu é mais do que isso.

Mardoqueu está representando um povo, pensando como povo ele não será absorvido.

Ele está consciente de uma grande nuvem de testemunhas que o rodeia, são seus antepassados, seu povo:

“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Hebreus 12:1,2”

Mardoqueu sabe que não trata-se apenas de si, mas de algo bem maior:
Imagine se Pedro parasse após o primeiro espancamento?

Imagine se Paulo se cala diante dos tribunais?

Imagine se Savonarola se calasse diante da fogueira?

Imagine se Lutero aceita retratar-se?

 

Nós, conscientes que não representamos apenas a nós, precisamos receber força para continuar a carreira.

 

3º - Cuidado com quem te bajula

 

Hamã não chega ao poder por ser alguém bom ou inteligente, ele é apenas um bajulador e sua bajulação faz o rei cometer uma série de erros:

1º - Elevar alguém sem qualidade alguma

2º - Elevar alguém que só promoveu o mal

3º - Cometer injustiças diversas por um aparente bem pessoal

 

Paulo estava atento a isso por duas vezes:

1º - Diante da moça que elogiava ele e Silas em Troade.

2º - Diante da multidão em Listra que queria sacrificar para ele

 

Devemos atentar e passar a observar, nem todos que estão ao nosso lado, estão por bem, alguns só conseguem enxergar network.

 

 

 

 

 

4º - Somos assimilados pela Pérsia até certo ponto, mas chega uma hora em que é necessário dizer: Basta!

 

·       Foi isso que Lutherking fez ao cometer seu ato em SELMA

·       Foi o que Nelson Mandela fez ao recursar-se a ser solto em Soweto

·       Foi o que Rosa Parks fez no ônibus

·       Ler – Emílio Garófalo – Pag. 89

 

5º - Deus está agindo, mesmo quando não vemos

Entre tantos meses possíveis, Deus fez com que a sorte caísse no mês de Adar, 12 meses depois, muito tempo após o planejado por Hamã.

Era tempo suficiente para reagir, para tomar ações, para trabalhar de alguma forma.


A história não contém oráculos, grandes milagres, manifestações ou algo assim, mas Deus está lá.

Agindo num império, levantando uns, abatendo outros, fazendo o favor vir sobre outros, mexendo com as sortes, Deus age mesmo quando não vemos nessa casa da Pérsia;

 

“Para fazer um sorteio são lançados os dados, mas toda decisão procede do Senhor .

Provérbios 16:33”