sexta-feira, 28 de julho de 2017

É NECESSÁRIO NASCER DE NOVO - 1° PARTE

É NECESSÁRIO NASCER DE NOVO
E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.
João 2:23

Após o milagre da transformação da água em vinho, Jesus fez ainda muitos outros sinais, na bíblia estão relatados 53 milagres de Jesus, além de muitos outros que João fez questão de dizer que se anotados o mundo seria insuficiente para comportar a biblioteca.
Jesus fez muitos sinais durante a páscoa, sinais que são ocultados de nós, porém não menos impactantes para as testemunhas daqueles dias. A crença dos que testemunhavam era aguçada na medida em que comparavam ao poder de seus líderes, Cristo fazia o que nenhum outro costumava fazer. Por ser tão eficaz ele foi reconhecido, logo creram em seu nome.
Não se tratava de uma fé na pessoa, no caráter, mas sim um mero convencimento inicial, por ele ser quem está demonstrando ser, por fazer os sinais que faz, o povo crê. De forma que se outro demonstrasse mais poder, logo seria o admirado, não era uma fé no caráter, mas um mero reconhecimento.

Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia;
João 2:24

Jesus nunca se iludiu quanto a esses aplausos, nunca contou com a crença de quem apenas o admira, de quem apenas é de alguma forma convencido por ele.
Por essas razões Jesus não confiava neles, pois, de todo os conhecia. Cristo no fundo sabe quais as reais motivações de todos, sabe se a fé é uma fé de “leite”, ou seja, uma fé que precisa amadurecer, que resiste ao desafio da vida cristã que é crer sem ver, pois, andamos por fé e não por vista. 2° Coríntios 5.7.
A fé de “leite” é uma fé baseada em sinais de modo que invertem as palavras de Jesus:
“Esses sinais seguirão os que crêem” Marcos 16.17.
Estamos em tempos em que os que creem seguem os sinais.
Onde há um sinal, ali está o povo, onde há um mover diferenciado a popularidade tende a aumentar. Ainda hoje há muitos seguidores de sinais, que vivem uma fé insólita, infrutífera. Quando não há sinais logo se enfraquecem e a necessidade por novos e mais fortes sinais geram uma obsessão por tudo que é diferente.
Jesus de todo os conhecia, sabia as reais motivações de todos.
Desde os tempos mais remotos até agora a humanidade tem uma fascinação pelo sobrenatural, por coisas que principalmente possam ser vistas, por deuses que povoem o céu e a terra.
E não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.
João 2:25
Cristo não necessitava de alertas humanos para saber que as motivações do povo eram diversas, de que essa fé era apenas temporária, que o povo não necessariamente gostaria de crer e passar por um discipulado, pelo contrário, eles estavam crendo como quem é convencido, mas as atitudes não mudariam, continuariam em seus devidos lugares, continuariam levando as mesmas vidas.
Jesus bem sabia o que havia neles, seus pensamentos e suas intenções foram sondadas por Cristo.
E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.
João 3:1
Na separação posterior de capítulos e versículos, esse texto ficou fragmentado. O assunto de João 2.23-25 é o mesmo de João 3.
A fim de contar sobre essa “fé” que na verdade é mero convencimento e a verdadeira fé bem como seus resultados, João cita a história de um fariseu chamado Nicodemos.
Era como uma continuação, o ideal seria uma escrita semelhante a:
“Porque ele bem sabia o que havia no homem. Para reforçar isso Jesus lhes contou uma história: Havia entre os fariseus um homem....”
Há quatro características em especial sobre Nicodemos que são dignas de nota:

1° - Os fariseus eram a “elite” religiosa dos tempos de Jesus, eram extremamente zelosos quanto a lei, acredita-se que a origem dos fariseus se deu durante o período de exílio babilônico, em quem alguns buscaram manter a lei, copiar e reforçar os ensinos ao povo. Com o posterior retorno do povo a Jerusalém e a valorização da religião naqueles tempos eles acabaram pouco a pouco se tornando soberbas, julgavam ser os principais da religião de sua época, instituindo ainda outros 613 mandamentos para de alguma forma preencher as lacunas da lei.
Nicodemos era um deles, nunca haviam mais de 6.000 fariseus em Israel. Eles eram dedicados exclusivamente ao cumprimento de toda a lei, estavam sempre dispostos a fazer o que for preciso a fim de agradar a Deus por suas obras.
Os fariseus acreditavam que a lei era a coisa mais importante que poderiam possuir, de modo que todos esforços deveriam ser empregados em preservar e cumprir toda ela. Os fariseus juravam total fidelidade diante de três testemunhas segundo Willian Barclay. Segundo eles a lei possuía tudo que precisavam para serem felizes. Mesmo que não de forma explícita, estaria implícito, na intenção de descobrir o que estava implícito é que os escribas criaram esses mandamentos a mais. O significado de fariseu é “separado”.

2° - Nicodemos não só era um fariseu, mas era um dos chefes dos fariseus. Um membro do sinédrio. O sinédrio tinha um número fixo de 70 pessoas, eles constituíam uma espécie de júri sobre Israel, a suprema corte. Seu poder até que o império romano dominasse era sob questões civis, penais e religiosas. Sob domínio de Roma seu poder se restringiu a questões religiosas. Todos os judeus se submetiam a eles.
Quando um profeta surgia, eles julgavam suas palavras, atitudes e possíveis milagres.
Com a promessa iminente de que o Messias estaria com eles, o sinédrio avaliava as profecias e comparavam com o proceder de Jesus. Quando Jesus fez milagres que em outros tempos não se realizaram, eles logo fizeram questão de estar mais próximos e acompanhar cada passo dele.  Jesus curou um leproso, expulsou um demônio mudo e cego e posteriormente curou um cego de nascença. Na casa de Jesus conforme Marcos 2.1 o Sinédrio foi presenciar sua fala e possíveis milagres, a fim de atestar sua autenticidade.
O sinédrio foi um dos principais culpados pela morte de Jesus, quando lhe apresentam ao sumo sacerdote do ano “Caifás”, ele é julgado e condenado sem provas, apenas com falsos testemunhos. Quando alguns dos chefes dos fariseus ordenam a prisão de Jesus, os homens que receberam essa ordem não conseguiram fazê-la e acabam defendendo que Jesus era de fato diferenciado. Os chefes dos fariseus ficaram irritados, até que há uma intervenção de Nicodemos para que ao menos ouçam o que ele tem a dizer. Em resumo, tudo o que diz respeito a religião e questões espirituais era julgado pelo sinédrio judaico, entre eles estava Nicodemos.
3° - Nicodemos certamente era um homem de posses, pois, após a morte de Jesus ele providenciou junto a José de Arimatéia um Túmulo para Jesus bem como um composto de diversas especiarias para preparar o corpo de Jesus.



E foi também Nicodemos (aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis de um composto de mirra e aloés.
João 19:39
Tratava-se de algo restrito a pessoas de posses, pois, essas especiarias custavam caro.

Nicodemos por certo era parte da aristocracia judaica nos tempos de Jesus, um homem de posses, um homem bem visto na sociedade, um homem honrado por onde passava, membro do sinédrio. Ele estava no topo. Por certo quando passava na rua ou quando ministrava na sinagoga todos queriam se assemelhar a ele. Era um homem digno de ser copiado, um exemplo a ser seguido. Alguém a quem todos que conheciam, tinham orgulho de conhecer. Um homem que de forma alguma iria se submeter a procurar um outro a fim de pedir conselhos. Apenas diria e todos ouviriam. Um homem que não se humilharia ao ponto de dizer que desconhece algo. Um homem que não tinha do que se envergonhar, Nicodemos era a personificação do homem ideal, do religioso perfeito.

4° - Nicodemos significa “vitorioso sobre o povo”
Nicodemos era um representante do melhor que o povo tinha a oferecer, ele representava a nação, seus anseios, suas perguntas e tudo que os religiosos sempre foram e buscam ser.

Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
João 3:2
Qual a razão de Nicodemos ir ter com Jesus de noite?
Muito tem se discutido sobre essa parte em especial.
Nicodemos teria vergonha?
Ou ainda poderia se sentir receoso com Jesus?
Ou estava apenas em buscas de respostas que não conseguira no judaísmo?

Uma primeira hipótese seria a do orgulho.
Por saber que Jesus conhecia de fato muitas coisas, Nicodemos pode ter optado por ir ter com Jesus a noite na intenção de que não o vissem e notassem que ele conhecia mais, que o rabino Nicodemos tinha dúvidas e estava em busca de um Galileu. Ir até lá de dia, era a demonstração de que Nicodemos também é limitado, de que mesmo um homem filho de carpinteiro poderia contribuir para o crescimento dele.

A segunda hipótese era a do medo
Por temer represálias Nicodemos pode ter optado por ir a noite de forma “oculta”. Assim o sinédrio não saberia desse encontro, tampouco sobre seu interesse em ouvir o homem chamado Jesus. O medo lhe impediu de ir sob a vista de todos, por isso ele foi de noite.

A terceira hipótese é de mera curiosidade
Por ver os sinais e o povo cada vez mais fascinado por Jesus, ele opta por ir a noite a fim de não causar tumultos e ver finalmente quem é esse tal “Jesus” que dizem ser o Messias, apenas para fins de o conhecer, analisar seus ensinos, suprir a curiosidade que a fama dele causou em Nicodemos.

A quarta Hipótese era de que Nicodemos queria um tempo a sós com Jesus, por isso optou pela noite.
Essa com certeza é a mais plausível, Nicodemos notou que Jesus tinha algo em especial que ele não encontrara até então, notou que os anseios mais profundos de sua alma poderiam ser respondidos pelo Galileu Jesus.  Porém como se aproximar em meio a tantas pessoas? Tanto as que lhe cercavam como os adeptos dos pensamentos de Nicodemos? De dia, Nicodemos seria tentado a se orgulhar, a buscar exclusividade, a esbanjar seu poder como fariseu e membro do sinédrio. Considerando todos esses fatores e o anseio pessoal por respostas que ele vai até Jesus de novo, para ter um tempo para conversar, para ouvir suas palavras, para de alguma maneira poder desabafar coisas que tinha vontade de dizer, poder confessar a culpa contínua e o peso de ser alguém a quem todos respeitam. Nicodemos vai em busca de Jesus porque buscava um tempo a sós com alguém que conseguia ser apenas ele mesmo, sem precisar dos cerimonialismos sacerdotais e rituais da lei. Talvez até chegar junto a Jesus seu anseio era de mostrar quem de fato ele era e finalmente remover os pesos de si.
Porém ao se aproximar de Jesus, novamente os títulos lhe sobem a cabeça, a posição social e religiosa para ele é impossível de ser deixada. A partir daí vem sua afirmação que não é a totalidade do que está em seu coração:

Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
João 3:2

Nicodemos a princípio reconhece que Jesus é um grande mestre, um Rabi e é por essa razão que usa esse termo.
Nicodemos fala no plural “bem sabemos” na verdade ele representava parte do próprio sinédrio que mesmo não admitindo, reconhecia que Jesus era o Cristo. Ao se expressar dessa forma ele declara acreditar em Jesus com base no que ele fez.
Sabemos que és vindo de Deus porque ninguém faz o que ele faz, ele de alguma forma é convencido pelos sinais, é atraído pelo que ele fez, ao calcular as profecias e o que Jesus fazia ele traz a conclusão: Você é vindo da parte de Deus.
Como 1+1 é igual a 2.
Como o amanhã vem depois de hoje.
Conclusões óbvias, alguém que diz o que ele diz, faz o que ele faz, só pode vir da parte de Deus, pois, ninguém pode fazer isso se Deus não for com ele.
Com essas respostas Nicodemos de alguma forma elogia Jesus, mas não revela os reais motivos de ir ter com ele, ao ver Jesus ele não consegue admitir seu real estado, não se desnuda totalmente para dizer que almejava respostas que não encontrava no judaísmo, ele busca a Jesus do seu jeito, ao seu modo. Não há entrega, não são declarados os reais anseios, a posição inicialmente fala mais alto, como admitir que o membro do Sinédrio tinha dúvidas?
Assim somos nós, a aproximação de boa parte das pessoas em relação a Cristo ocorre sob os mesmos moldes, é difícil admitir os pecados, dizer que precisa de Deus, temos dificuldades em admitir que devemos e que alguém pagou por nós, gostamos da sensação de mérito, de ser digno.
A sua relação com o Senhor Jesus é de alguém que forja falas, de quem premedita todas as atitudes. As falas são muito bem pensadas de modo que ele almeja causar boas impressões.
Quando a adoração é forjada na intenção de esconder quem realmente ele é, elogios feitos para esconder o desespero.
“O fariseu em mim usurpa meu eu verdadeiro sempre que prefiro as aparências à realidade, que tenho medo de Deus, que entrego o controle da alma às regras em lugar de me arriscar a viver em união com Jesus, quando escolho parecer bom e não ser bom, quando prefiro as aparências à realidade”
Brennam Manning – O impostor que vive em mim

A partir daí Jesus começa seu sermão ao mestre Nicodemos:
Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
João 3:3

Jesus poderia ter simplesmente agradecido os elogios de Nicodemos, ter dito que era uma grande honra ser reconhecido por alguém de tão alto escalão. Mas Jesus não se relaciona com nossos impostores, não se engana com a beleza das palavras e não se contamina com o sucesso. O impostor que há em Nicodemos lhe faz dizer: “Bem sabemos que és mestre”, mas o coração no fundo diz: “Como posso ser salvo”?
E Jesus examina os corações: RM 8.27
Sonda o nosso coração Salmo 139
Conhece nossa estrutura e sabe que somos pó – Salmo 103.14
Por saber a estrutura de Nicodemos ele interpretou o que seu coração de fato queria dizer, pois, antes de ouvir as palavras, ou melhor dizendo, maior que a importância das palavras proferidas são os gritos do coração para Deus.
Nicodemos se apresenta a Jesus com elogios vazios, pois, seu coração estava com anseios, mas adiando totalmente os passos que ele precisava dar, Nicodemos continuava com o jogo da religiosidade demonstrada, é muito difícil deixar a imagem do membro do sinédrio, o que vão pensar se ele finalmente disser tudo o que tem vontade? Se ele simplesmente disser o que todos no fundo sentem? Nicodemos tem medo de ser mais um, sua busca por ser diferente, por não ter fraquezas, ser alguém perfeito, pouco a pouco lhe sufocam e cada vez mais torna-se difícil ser apenas ele mesmo.
Até que Jesus lhe diz: “Quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus”.
Uma coisa é dizer isso a um traficante, um político todo sujo, um bêbado qualquer, mas quando se trata de um doutor da lei, principal dos fariseus, maioral da religião, as coisas tendem a se complicar mais. Dizer para um corrupto nascer de novo é algo fácil, mas como dizer isso a alguém que é exemplo para toda a sociedade? Porque essa era a visão que as pessoas tinham de Nicodemos. Ele não poderia errar, admitir falhas, muito menos ser repreendido por um judeu qualquer, mas agora um homem lhe diz que ele deve nascer de novo, que deve recomeçar tudo, que o modo atual está incorreto e um novo começo se faz necessário. Dizer isso a Nicodemos era algo ousado que ninguém teria coragem de fazer.
Ele precisa resgatar seu eu verdadeiro, precisa se desfazer dos velhos costumes sem sentido, precisa viver uma nova realidade, sem fingimentos ou aparências.
Jesus almeja se relacionar com alguém disposto a aprender, a descobrir no caminhar diário as grandes novidades de ser seu discípulo, seu filho. As descobertas de aprender a falar, aprender a andar, enfim, desaprender para aprender certo.

Nicodemos precisava experimentar esse novo começo, essa nova história, que nos faz ser crianças, discípulos novamente, transforma o fariseu letrado em alguém que considera tudo o que viveu como refugo, que faz o homem vender as propriedades por um terreno, a fim de encontrar o tesouro escondido.
Ninguém se torna apto a enxergar o reino sem nascer de novo, é necessário se despir dos velhos olhares e opiniões antigas, todos preconceitos logo vão sendo removidos dando lugar ao coração puro da criança que cresce dia após dia desejando afetuosamente o leite racional para crescer. 1° Pedro 2.2

Brennam Manning expôs perfeitamente as diferenças entre o fariseu e a criança.
“Para o fariseu, a ênfase está sempre no esforço e na conquista pessoal. O evangelho da graça enfatiza a primazia do amor de Deus. O fariseu saboreia a conduta impecável; a criança se delicia na ternura implacável de Deus
O fariseu precisa usar a máscara religiosa o tempo todo. O apetite voraz do fariseu por atenção e admiração o obriga a apresentar uma imagem edificante e evitar, com muito cuidado, os erros e as falhas. Não censurar as emoções pode render grandes problemas.
Livro – O impostor que vive em mim
O nascer de novo implica num processo posterior ao chamado mediante a proclamação da palavra, a palavra é o instrumento que Deus usou para criar o mundo, na palavra as pessoas são regeneradas, tornam a viver, estavam mortas em seus delitos e pecados e agora passam a compreender seu real estado, lamentam-se por seu pecado. Somente os regenerados enxergam o reino de Deus, se não houver novo nascimento mediante a palavra é impossível por mais que se esforce, compreender integralmente a palavra. Daí vem a afirmação de Jesus “Quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus”.
O estado natural do ser humano é de um coração petrificado, indiferente, fingido, tingido, não legítimo, essa é a ideia do inimigo aos homens desde o antigo testamento.
Conhecendo superficialmente o próprio coração Nicodemos se aproxima de Cristo na intenção de se declarar, dizer o que de fato sente, mas quando se apresenta elogia.
Jesus começa a responder a pergunta implícita, a mesma feita pelo jovem rico.
“O que devo fazer para ser salvo?”
Essa na verdade era uma dúvida que pairava sobre muitos, já reconheciam quem Jesus de fato era, mas estavam envolvidos demais para simplesmente largar suas vidas, abraçar um discipulado radical que deixa tudo e todos na intenção de seguir exclusivamente a Cristo.
Nicodemos almeja respostas mais concretas, almeja uma experiência mais profunda, a criança de seu interior grita enquanto o fariseu externamente permanece lhe privando da comunhão.
Que devo fazer para ser salvo? A questão fundamental a partir daqui é que ele pensa numa religião meritocrática, porém o evangelho trata-se de algo que Deus fez por nós, e não algo que nós faremos para alcança-lo. Essa realidade só será de fato compreendida a partir do momento que renascermos em Cristo, desaprender o errado para aprender o certo. Só se enxerga isso nascendo novamente mediante a palavra de Cristo.
Não se alcança salvação por méritos, não se alcança salvação quando se está morto, quem está morto não pensa, não vive, mas em Cristo fomos vivificados.
Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
Efésios 2:4-6
Ainda estando mortos o amor, a palavra de Cristo nos vivificaram, pois, pela graça somos salvos.
O nosso estado se assemelha (ainda que o sentido inicial da palavra não seja esse), ao vale de ossos secos descrito por Ezequiel.
A visão fala de um vale de ossos sequíssimos, que mediante o “Ruah” (vento) de Deus, se reuniu e junto ao Espírito profetizado através de Ezequiel transformou o que até então era um vale de ossos secos em um exército forte.

A palavra de Deus tem esse poder de trazer vida aos corações mortos em delitos e pecados, só ela pode fazer isso, convidar quem está morto ao discipulado, para caminhar junto a Cristo.
Mortos não enxergam, mortos não conseguem avançar em nada, estão estáticos, apodrecendo, essa é a condição do homem sem Deus, está preso a sua morte, às suas limitações, mas a palavra de Cristo tem o poder de trazer vida.
A partir daí o homem vê o reino de Deus.
Outro exemplo perceptível é o do homem descrito em João Cap. 9.
Ele é cego de nascença, não é uma cegueira adquirida.
Jesus abre seus olhos, ele enxerga Jesus como um homem fantástico, posteriormente um profeta, por fim o filho de Deus. 9.35.
Só a partir do momento que enxergou esse homem pode ver o reino de Deus, o rosto de Jesus e todos os seus feitos.
Os fariseus assim como Nicodemos estavam cegos, mortos, eram chamados por Jesus de sepulcros caiados, mortos internamente e exteriormente belos.
Essa era a situação de Nicodemos, nesse mesmo capítulo 9 Jesus fala sobre a condição espiritual dos fariseus. Esses eram os verdadeiros cegos. Loucos não errariam o caminho, porém eles estavam errando, estavam cegos, não queriam ver.
Não importava a condição de Nicodemos, ele estava cego, só nascendo de novo veria a Deus. Essa questão de nascer de novo não se aplica só aos maltrapilhos, talvez eles sendo isentos de justiça própria estejam mais propícios a recomeçar. Mas quando se constrói a identidade baseando-se no impostor que vive em nós, no fariseu externo, é necessário nascer de novo, pois, com as máscaras atuais não se vê o reino de Deus, com os vícios e velhas manias do escriba não se enxerga o reino de Deus, esse reino fala de desaprender tudo que se sabe para ouvir apenas a palavra de Cristo.
Para ver o reino minhas faculdades não ajudam, para ver o reino não dependo de cargos ou relevância social.
Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.
Filipenses 3:7

Paulo rejeitou tudo o que possuía até então, deixou o velho homem, os costumes do “desejado” (Saulo) para voltar a ser “pequeno” (Paulo).
Só quando tornou-se pequeno viu o reino, só quando Zaqueu desceu recebeu Cristo em sua casa, só quando largou o barco Pedro viveu a plenitude de Deus, só quando deixou a coletoria de impostos Mateus abraçou o discipulado, só após matar os bois Eliseu viveu a porção dobrada. Ainda hoje somos chamados pela palavra a nascer de novo para ver o reino, para enxergar a Cristo.
O coração do fariseu é petrificado, mas sem méritos, por estarmos mortos no pecado ele troca o coração por um de carne
E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Ezequiel 36:26

E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne; Ezequiel 11:19

Essa obra é exclusivamente de Deus, ele muda nosso coração na pregação da palavra. Não há méritos nossos, após essa mudança o poder da decisão é restaurado.
O reino de Deus passa a ser visto, estando diante de nós o tempo todo.
Só com um novo coração eu posso enxerga-lo, quando as escamas caem tal como Paulo em sua conversão.
“Quem não vive na luz não sabe o que é escuridão” Lorena Chaves.

Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
João 3:4

Estava claro de qual Nascimento Jesus falava, não se trata de nada físico.  O nascimento do qual Jesus fala ocorre no espírito, na mente, é a renovação no nosso entendimento Rm 12.2.
Porém temos dificuldades com simplesmente obedecer, gostamos de questionar e problematizar coisas que estão claras, patentes diante de nós.
Gostamos de perguntar: E se eu fizesse assim? E quem é meu próximo? Quais são as situações de brecha nessa lei?
São os conflitos éticos com os quais esbarramos o tempo todo, gostamos de adiar o início da obediência, a adaptação necessária a partir do momento em que a vontade de Deus fica clara para nós.
Assim como o jovem rico que pergunta, o que devo fazer para ser salvo? E no fundo sabe que sua “salvação” não estava na justiça própria, nem na observância dos mandamentos. Nada disso era suficiente, ele deveria largar seu “deus” a saber as riquezas, deixar tudo e seguir Jesus. Mas antes disso ele adia a conversa, pergunta mais coisas, quer saber se de fato precisa ser tão radical e não há discipulado sem radicalidade, sem mudanças, sem obediência simples.
Deus falou, eu farei.  Deus mandou, eu vou!
Como Abraão que cheio de fé leva seu filho ao Moriá, como Josué que sem ver nada simplesmente dá voltas numa cidade.
Obedecer sem questionar, confiando na palavra do que chama.
Não fazia sentido descer do barco e ir andando sobre as águas, mas como Jesus autorizou a ida, Pedro foi.
Da mesma maneira, dizer a um homem já velho que ele precisa nascer de novo deve ser entendido não sob a ótica de um novo parto, até porque isso era inútil, sem sentido, mas Nicodemos quer adiar a obediência. Apela ao conflito ético para que Deus providencie outro meio de salvá-lo, que não exija reaprender e recomeçar tudo como uma criança, porém Deus não vai mudar de ideia.
“Como pode um homem renascer sendo velho”?
Como pode Deus me separar ao ministério se eu não almejo?
Como posso pregar se não quero?
Como posso ser líder se sou pesado de língua?
Como posso ser separado profeta com lábios impuros?
O conflito ético talvez seja o maior inimigo da real conversão, sempre tememos parecer fanáticos demais, obedecer demais, o que antes era nossa preocupação:
“Não espiritualizar tudo”.
Se tornou nosso problema, questionamos tudo, não obedecemos nada!
Precisamos resgatar a obediência simples, de doar sem questionar, de simplesmente partir ainda que por cima das águas para encontrar Jesus, de sair da terra, do meio da parentela para ir a uma terra que o Senhor vai mostrar.
Confiando em sua palavra para lançar uma rede no lado oposto do barco, tendo pescado a noite inteira.
Almejo que resgatemos a obediência simples, que diante dela a nossa inteligência e experiência se prostre.
Nicodemos provavelmente fingiu não entender, se sua primeira pergunta fosse feita sozinha seria compreensível, mas ele almeja coagir Jesus com sua segunda pergunta:
“Porventura voltará ao ventre de sua mãe”?
Essa não era a única alternativa que ele tinha. Mas ele propõe a mais óbvia como quem demonstra superioridade intelectual.
Os que são chamados ao discipulado muitas vezes tendem a ser confrontados nas áreas que dominam, pois, não há ciência da qual Cristo não entenda.
Até a teologia de Nicodemos, um membro do Sinédrio, fora confrontada pela obediência simples que Jesus propõe.
Daí em diante vem a segunda afirmação de Jesus.

Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
João 3:5

Jesus especifica mais sua fala, se a obediência simples é desviada de Nicodemos ele opta por tornar ainda mais claro seu chamado e o que se exige.
E Jesus almeja reafirmar com veemência: “Na verdade, na verdade te digo”
Essa é uma verdade absoluta.
Nascer da água refere-se ao Batismo. O batismo é a demonstração pública do discipulado. Seja por imersão ou por aspersão.
O batismo é a demonstração da morte do velho homem, do nascimento de “cima”.
O batismo segundo Dietrich Bonhoeffer é a comunhão na cruz de Cristo, somos chamados ao sepultamento da natureza terrena, somos chamados ao sepultamento do velho homem.
Esse é o fardo que devemos levar e colocar aos pés da cruz. O batismo é a demonstração externa do discípulo de que se dispôs a amaldiçoar seus desejos mesquinhos, de que ele almeja agora transformar o que era um fardo pesado em algo suave e leve pois o discipulado lhe permite isso. A cruz que Cristo carregou é pesada, a do discípulo é leve, o batismo na água é a comunhão do discipulado. É a cruz do discípulo.

O batismo indica que o pecado já não tem poder sobre mim, pois, morri para o pecado.
Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?
De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.
Romanos 6:3,4

Somos batizados na morte, na comunhão da cruz. No Batismo nos apropriamos do sacrifício de Cristo e tomamos nossa cruz para o seguir.
No batismo somos imersos em Deus, em sua morte, e na morte do batismo deixamos sobre as águas o velho homem e seus pecados, para que assim como Cristo foi ressuscitado, renasçamos agora sob nova condição, pois, o pecado não tem poder sobre mortos ou ressurretos. Na ressureição de Cristo encontra-se a vitória contra o pecado, assim andamos em novidade de vida. Nisso consiste o nascimento da água.
Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.
E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas,
Colossenses 2:12,13

Estávamos mortos, como dito anteriormente aos Efésios, agora reforçado em Colossenses, Paulo explica a condição anterior do pecador sem Cristo. Estávamos mortos nos pecados, mas em Cristo fomos sepultados e ressuscitados para viver em novidade de vida e vivificados na com ele, mediante a nossa parte da “cruz” que é o batismo.
O Batismo é o sinal externo, porém é por si só insuficiente. É a demonstração de que alguém viu o reino. Porém Jesus diz, não basta ver, é necessário entrar no reino. Essa entrada se dá mediante o nascer do espírito.
O nascer do espírito é o agir do próprio Deus nos inclinando diariamente ao bem, nos separando para um fim específico, a saber a chamada divina.
Quando Jesus se referiu a água e espírito, também falava da água como o lavar externo comum dos fariseus.
Eles se higienizavam a cada saída, a cada refeição e sua preocupação não era mais com saúde, mas apenas mero formalismo sem sentido.
O lavar da água são as nossas atitudes externas, são as lavagens de pés após as viagens, são as lavagens das mãos antes das refeições. São nossas tentativas de ser santo, de parecer puro.  São as obras decorrentes da fé, porque a fé só é confirmada mediante as obras que exerço. Fé que não é vista, é morta.
O nascer do espírito é a mudança radical da vida, que não se dá de outra forma que não seja nascendo de novo. É algo tão gritante que não se pode comparar com nenhum outro acontecimento na vida, se não com um novo nascimento. É um reinício nas atitudes, nos pensamentos, nas motivações, é o desaprender para aprender certo.
O nascer da água era alcançado pelo proselitismo, quando um homem era convertido ao Judaísmo lhe consideravam uma nova pessoa, seu passado de pecado ficou para trás. Esse pode ser um dos sentidos de nascer da água. Porém o nascimento do Espírito depende só de Deus. Nascer de cima não é um privilégio que outorgo a mim mesmo, trata-se de uma dádiva exclusivamente divina.
É impossível que um homem nasça de novo por si só, apenas na mortificação da natureza terrena e na regeneração o homem pode viver o nascimento de cima. Mortos não renascem. Mas o mesmo poder criativo de Deus nos garante o novo nascimento.
Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.
2 Coríntios 4:6
O nascer do espírito é a lavagem interna de caráter. Novos pensamentos e atitudes que são impulsionados pelo espírito.
Só se torna discípulo, quem nasceu do alto. Nasceu em Cristo.

Há uma diferença entre ver o reino de Deus e entrar no reino de Deus, na verdade o novo nascimento fala da única possibilidade de enxergar o reino inicialmente. Porém o novo nascimento não é um evento realizado uma única vez e de modo totalmente definitivo, o novo nascimento é um processo contínuo. É um norte que se dá e o que foi direcionado deve manter-se caminhando em direção ao destino proposto.
É possível ver o reino de Deus e não entrar nele, é possível enxergar, compreender, entender o certo, ver a terra e não a possuir.
Ainda hoje há pessoas que viram o reino de Deus, já sabem o caminho, foram alcançadas e enxergaram seu real estado pecaminoso, frequentam igrejas, fazem parte de grupos, participam dos sacramentos (ceia e batismo), porém infelizmente apenas viram o reino e deixaram de caminhar. Se entregaram a Cristo, viram o que lhe estava obscuro até o presente momento, enxergaram seus pecados e pontos em que deviam melhorar. Mas se satisfizeram em ver sem andar, em sentir e não ter comunhão, em ouvir sem praticar, em professar a fé sem de fato exercê-la.
Todos cristãos viram o reino de Deus, é por essa razão que se encontram na igreja e tem interesse em ouvir a palavra. Todos enxergaram o reino, mas nem todos estão na caminhada para entrar. A regeneração se deu em um nascimento do alto, mas falta a mortificação da antiga natureza. Carne e espírito militam entre si, mas para os que apenas viram o reino sobre a culpa ou o cinismo, a carne acaba prevalecendo.
São “cristãos”, mas sua conversão não mudou seu viver diário, bem como sua mente. O que mudou de antes para agora, é que eles têm uma consciência do caminho, ainda que ofuscada com o passar do tempo. Precisam crescer em graça e conhecimento, precisam correr prosseguindo para o alvo.
Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
Colossenses 3:1

Precisamos pensar na conversão como um processo contínuo, uma vez que fomos ressuscitados com Cristo, devemos buscar as coisas dessa nova natureza que assumimos. Devemos pensar nas coisas de origem da nossa natureza que agora é de “cima”.
“Cima” se refere a uma ordem superior, ao céu, a pensamentos que excedem, devemos buscar não mais o interesse do velho adão que está arraigado em nossa natureza, mas os pensamentos do alto.
Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;
Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;
Nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas.
Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca.
Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos,
E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
Colossenses 3:5-10

Devemos mortificar os próprios membros que inclinam-se para o mal. Pecados de natureza sexual, moral, desejos indevidos, altivez e idolatria. Somos tentados continuamente a cair nesses erros, é nossa natureza. Paulo nos aconselha a despojar de tudo isso, para nos revestir do novo.
Há irmãos que viram o novo, mas não querem se despojar e os dois extremos são propostos, sem meio termo, ou se caminha ou paramos, e parar implica em não entrar no reino de Deus.
Há irmãos parados, pessoas que deveriam progredir na sua fé, em santificação, em novas atitudes. Mas não mudam, o mesmo proceder dos tempos em que não conheciam a verdade tornaram a acontecer.
Irmãos que se asseguram da salvação em um culto, mas permanecem na imoralidade.
Pessoas com graves problemas morais, mas que julgam ser servas de Cristo.
Pessoas cheias de ira, cólera, palavras torpes, mas que dizem ser de “Deus”, esses precisam de um novo nascimento.

Muitos anualmente se entregam a Cristo, aceitam a fé e até iniciam bem, mas os velhos desejos estão a porta lhes convidando a voltar para a antiga maneira de viver. Infelizmente boa parte das pessoas dá ouvidos a isso e não avança na regeneração. Estão prestes a tornar a morrer

ÚLTIMOS DIAS: AVIVAMENTO OU APOSTASIA?

ÚLTIMOS DIAS: AVIVAMENTO OU APOSTASIA?

Essa igreja viverá um avivamento, ou um funeral.
Leonard Ravenhill

SERMÃO ENTREGUE A AD LÍRIO DOS VALES - JD MIRIAM 


‘Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos.
Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão.
Atos 2:17,18
Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,
Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.
2 Timóteo 3:1-5
Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;
Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência;
1 Timóteo 4:1,2


POR QUE TARDA O PLENO AVIVAMENTO?

Hernandes Dias Lopes disse em um de seus sermões que só podemos almejar o que de fato conhecemos.
Infelizmente a igreja brasileira pouco sabe sobre suas origens, em especial nossos irmãos pentecostais, grupo no qual estou inserido.
Eu concordo com a fala de Hernandes Dias Lopes sobre a nossa história, precisamos urgentemente olhar para trás e ver o esforço de nosso pioneiros nas assembleias de Deus no Brasil.
Chegamos a 106 anos, a comemoração do centenário durante 2011 foi algo que marcou a história do Brasil, grandes cultos, lembranças contínuas, esperanças renovadas e as promessas de manter o legado de nossos fundadores.
Hoje no Brasil há mais de 42 milhões de evangélicos, sendo que 60% são pentecostais. Desses 60%, 22 milhões são da assembleia de Deus em seus diversos campos e convenções. Somos hoje a maior igreja do Brasil, é difícil ir a uma cidade que não tenha ao menos uma igreja desse ministério, temos também mais de 100.000 templos espalhados por todo território nacional.
Teologicamente nos orgulhamos de viver uma plenitude além do que os nosso irmãos tradicionais vivem, cremos no continuísmo, ou seja, que os milagres que ocorreram em Atos dos apóstolos, os milagres da bíblia, são vigentes, os dons espirituais são para os nossos tempos, cremos no batismo com o espírito Santo, cremos no derramar do Espírito, cremos nos grandes avivamentos, cremos no Espírito Santo como agente capacitador da igreja.
Porém os anos se passaram e com eles chegamos a uma dura realidade, infelizmente não cremos com as mesmas forças que críamos em outros tempos. As manifestações do Espírito Santo tem sido cada vez mais raras em nossos cultos, a plenitude do Espírito está se tornando fato raro nas igrejas, os avivamentos no padrão de Atos dos apóstolos estão acontecendo em terras remotas e também são pouco vistos, a igreja já não cai mais na graça do povo, já não é um exemplo de caráter e postura a ser seguido, já não tem sido uma instituição recuperadora como outrora, teologicamente deixou a simplicidade para dar pérolas nos campos, e pérolas não germinam, despreza a própria história e a simplicidade da fé cristã. Nossa pergunta para a noite de hoje é:
Se estamos nos últimos dias e essa promessa é vigente, por que então tarda o pleno avivamento?
A segunda questão que não é menos intrigante é:
Estamos vivendo avivamento ou apostasia?

Ambas palavras, de Timóteo, Jesus e de Joel estão sob vigência para nossos dias, ao contrário do que os cessacionistas dizem, a promessa como Pedro diz é para todos quanto Deus chamar:

Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.
Atos 2:39

Ora se a promessa é para nós, porque temos visto o contrário acontecer?
Muitos irmãos infelizmente estão apostatando da fé, estão andando em direção oposta ao que Deus lhes chamou para viver, iniciaram bem, mas estão terminando mal.
Lembro-me de um renomado pregador: João de Deus, que ao receber uma oferta para morar na Arábia com a filha que conheceu um Sheik largou tudo, inclusive suas agendas no Brasil para ser adepto do islamismo.
Vimos recentemente outros casos como o da pastora Lana Holder que chegou a dizer que estava liberta do lesbianismo e inclusive pregou e contou testemunhos sobre isso, porém posteriormente voltou ao seu velho caminho.
Ainda há inúmeros casos de perto de nós, de pessoas que largaram a fé cristã ao entrar em faculdades, largaram a fé cristã ao serem confrontados por ateus e amigos em seus trabalhos, ou que por uma decepção ou pecado cometido.
Vimos muito mais hoje pessoas apostatando da fé do que vivendo o verdadeiro avivamento.
Vemos hoje as pessoas blasfemando de nossa fé, não por estarem sob influência de demônios, mas por conta dos nosso inimigos internos, hoje o problema no Brasil não é de perseguição, estamos até bem, comparados a outros países.
Mas quando uma igreja deixa de ser sal, deixa de ser luz ela está morta, tem nome de que vive mas está morta, há na igreja contemporânea o espírito de Sardes.
Estamos sob um extremo, ou mudamos ou morreremos.
Ou vivemos o avivamento ou a apostasia completa. Ou vivemos a plenitude do espirito, ou sofreremos sua ausência total e a igreja não faz nada sem o espírito Santo.

Estamos em tempos que na mesma proporção em que se diz que deseja o espírito Santo, se peca. Na mesma proporção de clamores por avivamentos se deseja libertinagem entre nosso povo, para adultérios, novos casamentos e por aí vai.
Na mesma proporção em que há vigência da promessa de derramamento do espírito, há proporção de pecados e tempos trabalhosos como Timóteo disse.

Estamos hoje em um contexto onde clamamos avivamento, mas porque ele não acontece?
Pretendo responder em poucas palavras essa perturbadora pergunta.

1° Por que não oramos

Nós acostumamos o povo a uma relação com Deus em que as orações são petições, quando falamos “vamos orar a Deus” já subentende-se que vamos “pedir” para Deus qualquer coisa.
Estamos em tempos em que os crentes a fim de não participar do momento da oração arrumam as mais diversas desculpas, seja o tempo, seja as ocupações, as crianças para cuidar, a porta para cuidar, a arrumação da igreja, enfim, toda as atividades parecem mais importantes para nós.
O resultado é que vemos muita lógica, muito conhecimento, muito entretenimento, mas não agozinamos mais em oração.
Esse assunto é rotulado para todos nós como velho, ultrapassado e muitas vezes ao ser confrontado a cerca disso arrumei as minhas desculpas mais diversas: Falta de tempo, orgulho dos que oram (o que é de fato um problema), a oração como refúgio para não cumprir o “ide”, a oração para mim durante muito tempo foi substituída pelo tempo de leitura, o tempo que me dediquei a ler diversos livros poderia ser melhor administrado se eu tivesse dividido esses períodos com orações.
A questão fundamental é que a oração fere nosso orgulho, ninguém precisa ser inteligente para orar, ninguém precisa ser muito gabaritado para orar, dentro do quarto de joelhos no chão, não há diplomas, não há faculdades, não há livros, Deus não se impressiona com minhas citações, Deus não se impressiona com meu bom português, Deus não se impressiona com o quanto tenho sido esforçado em ler e conhecer, obviamente ele leva em conta tudo isso, mas o que de fato precisamos é voltar a oração.
Estamos em tempos tão complicados com relação a oração que ela se tornou evitada pelos crentes mesmo nos momentos públicos, frequentemente as nossas orações são mecânicas, com palavras já premeditadas, versículos salteados a fim de tornar a oração mais extensa, ou cumprir o tempo determinado pela igreja local, os crentes frequentemente chegam após a oração. Se a reunião inicia-se às 19:30 com oração, procuramos chegar às 20:00 a fim de evitar passar alguns momentos de joelhos.
A Batalha de nossos sermões, de nossa vida espiritual não se vence no púlpito, não se vence de microfones na mão, não se vence com boa oratória, na verdade nosso desempenho por melhor que seja pode tocar apenas a mente  e convencer pessoas sobre nossos argumentos, mas a batalha da igreja ainda se vence no quarto secreto, quando ninguém nos vê, quando não preciso forjar nada, quando uso meus momentos secretos para a glória de Deus.
Valorizamos demais as atividades externas, mas pouco damos valor para as secretas. Gostamos de pregar e de cantar, mas qualquer pessoa que conheça as regras de homilética, tenha boa oratória, seja convincente e conheça o texto que está comentando pode pregar e até ser relativamente bom. Mas somente a oração é o método cirúrgico de Deus para adentrar os corações.
Eu não preciso ser espiritual para pregar ou cantar, basta ter talento, apenas crentes espirituais oram.
Essas realidades são muito difíceis de ouvir, visto que não queremos prostrar nossos conhecimentos diante de um quarto de oração, não queremos ter nossa lógica humilhada, pregamos corretamente, falamos corretamente, mas não oramos mais, daí inicia-se a crise que vemos hoje.
É péssimo ouvir um sermão de quem não ora, louvor de quem não ora, ensino de quem não ora.
Nós precisamos submeter toda a nossa vida em oração a Deus, e quando digo isso não me refiro a oração como petição, como reza, como demonstração externa de espiritualidade.
Infelizmente esse último grupo que citei tem tomado conta da igreja, de alguma maneira recorremos a leituras sobre os reformadores e heróis da fé e passamos a tentar imitá-los, bem como sua fala sobre oração, suas experiências, logo os crentes que oram um pouco mais, ou que tiram esse tempo para orar, tornam-se crentes orgulhosos, crentes que tem estrela na testa e seu discurso a respeito de oração é dado de um palanque mais alto.
No fundo todo nós sabemos da necessidade de orar, mas não praticamos.
E Deus permanece como nos dias de Ezequiel:

E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei.
Ezequiel 22:30

Deus ainda hoje procura esses homens que estejam na brecha, que estejam de joelhos intercedendo pelo seu povo, porque tarda o pleno avivamento?
Por que fazemos tudo, menos orar.
Por que aplaudimos e enchemos reuniões de movimentos, mas não queremos saber de orar 30 minutos antes do culto, porque não temos vida em secreto.
Por que tarda o pleno avivamento? Por que estamos cada vez mais preocupados com as performances diante dos homens, porque nos relacionamos com todos, mas não falamos mais com Deus.
Porque Deus né nosso último plano, costumamos ainda dizer: Esgotei todos meus recursos, agora só Deus pode fazer algo por mim. Falamos isso com lamento, a oração tornou-se nossa última alternativa. A igreja prioriza tudo, menos a oração. Faz construções, dá avisos, dá ensino, mas não ora.
Alegamos falta de tempo, mas acaso temos menos tempo do que Daniel?
Então disseram ao rei: "Daniel, um dos exilados de Judá, não te dá ouvidos, ó rei, nem ao decreto que assinaste. Ele continua orando três vezes por dia".
Daniel 6:13
Daniel continuava orando três vezes ao dia, mesmo depois de ser um dos governadores da Babilônia, Daniel continuava orando três vezes ao dia, pois, sua ocupação política não lhe privou de ter contato com Deus.
Certamente as atividades de um governador eram mais extensas que as minhas.
No fundo nos sobra tempo, mas nos falta garra, nos falta querer um pouco mais.
Jogamos sobre o pregador a responsabilidade de fazer as coisas, jogamos sobre os pastores a responsabilidade trazer avivamentos como os antigos, mas não oramos como os antigos oravam.
Precisamos ainda hoje rever as nossas prioridades, nosso Wathsapp, nosso facebook, nossos e-mails, nossos trabalhos, nossos amigos, tem sido mais privilegiados com a nossa atenção do que o próprio Deus.
Usamos nossas orações como petições para poder conseguir coisas de Deus, logo na sequência o colocamos em segundo plano.
Não norteamos mais as nossas decisões para poder fazer qualquer coisa, a igreja em tempos bíblicos orava em todas as decisões e o espírito Santo as falava o que fazer:

E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo.
E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.
Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
Atos 13:1-3
Estamos requerendo uma autonomia que Deus não nos deu, separamos obreiros, instituímos lideranças, sem orar.
Nem Jesus fez isso, pelo contrário:

E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus.
E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos:
Lucas 6:12,13

Jesus passou a noite toda em oração para escolher os seus doze, mas nós não aguentamos vinte minutos de joelhos. Como vamos afirmar que queremos avivamento sem oração?
           
Estamos muito preocupado com finanças e veja o que o Rev. Leonard Ravenhill disse;

Não se pode negar que a maior preocupação da igreja hoje são as finanças. E, no entanto, esse problema que tanto inquieta as igrejas modernas era o que menos perturbava a do Novo Testamento. Hoje damos mais ênfase à contribuição; eles a davam à oração.
Por que tarda o pleno avivamento?

No fundo nos falta fé na provisão de Deus, por isso falamos tanto de ofertas oramos tão poucos, fazemos campanhas de enriquecimento, imploramos ao povo que contribua, mas com isso estamos negando nossa origem na igreja do novo testamento. Lucas relata que entre o povo não havia necessidade, todos compartilhavam entre si os seus bens, os crentes de Antioquia conseguiram de sua pobreza ajudar os crentes da Judéia que viviam em miséria, pois, uma igreja que ora não tem necessidades financeiras. Voltemos a oração!
Logo vale a pena orar, pois, a oração é o sacrifício necessário para ter comunhão com Deus e viver de fato um verdadeiro avivamento.
Muito se tem dito a respeito de reforma geral nas igrejas, me refiro obviamente ao sistema, mas nós não queremos reformar nosso proceder. Os jovens gritam: Reforma já! Mas não tem a disposição de mudar seus próprios comportamentos.
Querem usar armas carnais como protestos, lógica, estudo, questionamentos dos mais diversos tipos; Mas as armas de nossa milícia são outras:

Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas;
2 Coríntios 10:4
Para viver a reforma da maneira que almejamos, precisamos voltar a usar nossas armas espirituais, em especial a oração.
Hoje clamamos avivamento, mas não estamos mais como o povo no cenáculo, hoje clamamos a presença de Deus, mas isso passou a ser um simples jargão, poucos sentem falta de Deus.
Enumero aqui alguns motivos para a nossa negligência na oração:

1° - Ela não exige intelectualidade
2° - Ela não é reconhecida pelos homens
3° - Ela não é incentivada pela igreja tampouco ensinada
4° - No fundo confiamos pouco em Deus
5° - Amamos menos a Deus do que nossos amigos e família
6° - Por que gostamos de resultados instantâneos

2° Perdemos o amor pela palavra de Deus.

Muito se tem falado a respeito da palavra, muito se tem pregado sobre Deus.
Na verdade, estamos em tempos de expansão da pregação nos meios de comunicação.

·         Há pelo menos 26 rádios evangélicas em atividade no Brasil, sendo que algumas programações tomam espaço em rádios não evangélicas.
·         Há canais na tv aberta com programação 24 Hrs.
·         Há inúmeras bíblias de estudo, Thompson, pentecostal, do pregador, do pastor, do líder, da mulher, da adolescente, do homem, do pregador pentecostal, do ministro, etc, etc, etc.
Porém o que vemos em nossas igrejas é cada vez mais a negligência na palavra, os nossos congressos têm 15 minutos de mensagem, 30 de ministração de ofertas, 3 horas de louvor, 5 minutos de oração.
O povo já não conhece a bíblia, quando pregamos em alguns livros do antigo testamento ou cartas as pessoas são obrigadas a procurar em índices, pois, não encontram os livros.
Não sabem quantos livros tem a bíblia, não sabem sequer um versículo.
Os nossos jovens já leram E.L. James, já leram Jojo Moisés, Já leram toda a coleção de Harry Potter, mas não leram as cartas de Paulo, não leram os evangelhos, a porcentagem de pessoas que já leram toda a bíblia é absurda.
As pregações devem ser cada vez mais rasas, pois, o povo por não ler não entende, logo os pregadores não são mais esforçados em ler, pois é frustrante falar a um povo que não tem interesse.
Os pregadores também falham ao não incentivar seus ouvintes a ler, torna-se mais fácil para todos, pregar simples demais, com piadas, entretenimento, heresias, a fim de agradar seus ouvintes, o povo por sua vez aplaude, pois, como crianças que nunca se desenvolveram dependem do lúdico para compreender. Há preguiça de pensar, há preguiça para ler, principalmente quando se trata da palavra.
Os cultos de ensino são pouco frequentados, nossas mensagens são preparadas em cima do púlpito, ou simplesmente abrimos a bíblia e falamos o que vem a mente, o povo está negligenciando a palavra.
Nossas vigílias são cheias no momento do louvor, durante a oração para a palavra metade se vai deixando o pregador só.
Estamos em tempos tão complicados com relação a palavra que o povo pede confirmações para coisas que estão escritas na bíblia, as experiências tem se colocado acima da palavra.
A tentação que Jesus sofreu no deserto só foi vencida por conhecer a palavra, mas nós diferentemente de nosso mestre estamos transformando as pedras em pães, estamos pulando dos pináculos do templo e nos prostrando para receber coisas. Falta-nos o está escrito.
Estamos vivendo nos tempos que Amós profetizou:
Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR.
Amós 8:11

Por faltar ler a palavra, falta o temor diante dela como nos dias de Esdras:
Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do Senhor é a vossa força.
E os levitas fizeram calar a todo o povo, dizendo: Calai-vos; porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais.
Neemias 8:10,11

Clamamos por um avivamento mas qual a nossa postura diante da palavra?
Acaso estamos sendo confrontados e nos permitindo ser confrontados por ela?
Receio que não. Na hora da palavra hoje conversamos, ansiamos que ela acabe logo, ou ainda somos tentados a desprezar toda a pregação por conta de erros mínimos de português.
Queremos avivamento como antes, mas não amamos a palavra como antes.

3° Por não conhecer a palavra, não conhecemos a Deus.

A falta do conhecimento de quem Deus é tem feito boa parte dos crentes lhe tratarem como qualquer coisa, menos Deus.
Quem é Deus para nós?
Deus tem sido um garçom.
Deus tem sido para alguns a última alternativa.
Deus tem sido para alguns um autenticador das besteiras que se faz.
Deus tem sido para algum um refúgio emocional qualquer.
Deus tem sido para alguns simplesmente um meio de ser aceito

E é daí que vem as orações mais absurdas que temos visto hoje em dia.
Falam com Deus como quem fala a qualquer pessoa, dizem a Deus, faça isso e ele é obrigado a fazer.
Mandamos em Deus em nossas orações, ordenamos que ele vá a lugares, ordenamos que ele cure, que ele aja, que ele faça o que queremos, e tal como o conceito católico de castigos aos santos, tentamos fazer chantagens com Deus do tipo: “ Se não me responderes hoje eu largo tudo”
Julgamos que somos indispensáveis, totalmente importantes, ao ponto de que se eu parar não há mais pregação, se eu parar não há mais louvor e no fundo nos falta saber quem Deus é!
1° Deus é não só grande, Deus é o maior. 
2° Deus é bom, é amor, mas é santo, irado, tem ciúmes.
3° Deus odeia o pecado
4° Deus não pode resistir o mal

Deveríamos ao orar ser tomados de temor, de forma que jamais daríamos ordens a Deus como damos.
Uma real compreensão de Deus nos levaria a pensar duas vezes antes de tratar Deus como o tratamos.
De sorte que, longe de nos elogiar, a
cruz mina nossa justiça própria. Só podemos nos aproximar dela com a cabeça curvada e em espírito de
contrição. E aí permanecemos até que o Senhor Jesus nos conceda ao coração sua palavra de perdão e aceitação,
e nós, presos por seu amor, e transbordantes de ação de graças, saíamos para o mundo a fim de viver as nossas
vidas no serviço dele.

A Cruz de Cristo - John Stott

Com frequência perguntamos a Deus o por que ele que não pune o mal, ou permite o sofrimento, mas a pergunta se fosse feita com honestidade nos condenaria, pois, como pode um Deus santo como esse tolerar minhas mentiras, nossos jeitinhos, nosso egoísmo?
 Como? Temos vivido por falta do conhecimento de Deus uma adoração rasa.
Letras rasas. Onde está a poesia dos salmos? Onde estão os louvores inspirados pela grandeza de Deus?
Onde estão as letras que enalteciam a Deus exclusivamente e não o colocava em nosso serviço? Onde estão os adoradores? Só uma compreensão correta sobre Deus nos levará a um avivamento.

Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.
Oséias 6:3








4° - Por que negligenciamos nossa história
O movimento pentecostal teve início em 1906, com o avivamento da rua Azuza.
O pregador americano William Joseph Seymour acreditava na vigência da profecia de Joel 2.28-29. Pregava que o falar em línguas era uma evidência do batismo com o Espírito Santo, apresentou alguns sermões sobre o assunto, porém ele ainda não era batizado. Por não desfrutar da mensagem que dizia, lhe privaram de pregar nos templos. William foi hospedado na casa de alguns irmãos e durante muitos dias orou a Deus buscando a plenitude do Espírito, até que finalmente recebeu essa graça e pela primeira vez falou em línguas, nas reuniões seguintes algumas pessoas passaram a falar novas  línguas também e logo as notícias sobre o novo movimento correram de forma que a casa já não podia suportar tantas pessoas.
Na rua Azuza número 312, em 1906 o movimento ganhava forças e pessoas de todo o mundo iam até lá, cegos viam, paralíticos andavam e membros de outras igrejas pouco a pouco iam se desligando a fim de pertencer a esse novo avivamento. Pessoas de todo o mundo mandavam seus testemunhos ou iam visitar a pequena igreja de Seymour, entre eles estavam Daniel Berg e Gunnar Vingren.
Esses saíram da Suécia e desembarcaram no Brasil em 1910 e se filiaram a igreja Batista, sua igreja de origem no país natal. Adeptos do movimento pentecostal, eles passaram a ensinar essa doutrina no Brasil e logo foram severamente rejeitados. Porém alguns acreditaram em suas palavras e buscaram receber o batismo no Espírito Santo, entre elas estava a senhora Celina de Albuquerque primeira pessoa batizada no Espírito Santo no Brasil.
Com os adeptos da visão da rua Azuza, os missionários instituíram a igreja Missão de fé apostólica que posteriormente foi chamada de Assembléia de Deus.

Nossos pioneiros foram homens de oração, homens de simplicidade, que com poucas coisas mudaram o mundo desde aquela época!
Martin Lutherking revolucionou o mundo com sua fé e vida dedicada a Deus e ao próximo.
William Seymour orava sete horas a Deus para receber revestimento de poder, Lutero três horas diária, Withefield oito horas
Precisamos voltar a nossa história e lembrar que o avivamento na igreja gerou revoluções nunca vistas antes.
Dietrich Bonhoeffer foi um dos maiores opositores ao Nazismo e abriu os olhos de parte da humanidade com o que ele viu, escreveu e fez. Engajado na luta contra Hitlher foi o símbolo de um Cristão que ama sua pátria, que ama a Deus sobre tudo.

Que voltemos aos nossos pilares, como os pais da igreja e clamemos como Jeremias:

Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele. Jeremias 6:16
Converte-nos a ti, Senhor, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes. Lamentações 5:21
               
O que devemos fazer para retornar ao avivamento bíblico?

Em primeiro lugar devemos notar que o avivamento não acontecerá sob a moda Brasileira, com jeitinhos.
De forma alguma teremos avivamento com reuniões marcadas, com músicas de forró e corinhos de fogo, com danças, entretenimento, com novos métodos.

Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto.
E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.
Joel 2:12,13

Precisamos rasgar os corações e clamar pela igreja Brasileira, tal como Moisés fez, durante quarenta dias esteve com o Senhor no Sinal, tal como ele que em outra ocasião poupou a morte de milhares por conta de sua intercessão:
Perdoa, pois, a iniqüidade deste povo, segundo a grandeza da tua misericórdia; e como também perdoaste a este povo desde a terra do Egito até aqui.
E disse o Senhor: Conforme à tua palavra lhe perdoei.
Números 14:19,20
Precisamos chorar mais por nossos pecados:

E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei.
Neemias 8:9

Nós precisamos ser tomados dessa convicção de pecado. Nós temos errado muito e ainda ousamos exigir muito de Deus, ousamos pedir curas como antes, mas onde está o temor de antes?

Nós precisamos voltar a palavra como nos dias de Josias:
O rei subiu à casa do Senhor, e com ele todos os homens de Judá, e todos os moradores de Jerusalém, os sacerdotes, os profetas e todo o povo, desde o menor até ao maior; e leu aos ouvidos deles todas as palavras do livro da aliança, que se achou na casa do Senhor.
2 Reis 23:2

Nós precisamos ser movidos por um senso de urgência

O evangelista deve aguentar correr mais do que cavalos - JR. 12.15
Deus mandou Felipe alcançar o Etíope que estava indo a perdição
Felipe  significa - O que ama cavalos.
Nós devemos correr adiante da carruagem que está levando as almas pro inferno, chegar lé e explicar as escrituras.

- O pleno avivamento é dado mediante oração com unidade de propósitos
"Como esperar o Pentecoste se nem ainda fomos despertados para orar? Primeiro, vem a igreja toda, unânime, perseverando em oração, só depois vem o Pentecoste".

Insistência na oração – 1.14
Unanimidade – Todos oravam 2.1
Mesmo propósito 2.1

O pleno avivamento nos levará a multiplicação das almas:
A igreja iniciou-se com 12 – Lucas 9.1
Depois 70 – Lucas 10.1
Em Atos 1.15 tinha - 120
Em Atos 2.14 – Três mil pessoas
Em Atos 4.4 – Cinco mil
O número continua crescendo ao ponto de perder a conta (Atos 5.14)
-Mais crescimento inclusive conversão de sacerdotes (Atos 6.1 e 7)
-Cristãos se espalham devido à perseguição (Atos 8.1 e 4)
-Muitas Igrejas fundadas (Atos 9.31)
-Aldeias inteiras tornam-se cristãs (Atos 9.35)
-Gentios se convertem a Cristo (Atos 13.48,49)
-Igrejas erguidas na Ásia menor e Turquia (Atos 14.1-28)
-Igrejas fundadas na Europa (Atos 16.5 e 11,12; 17.4)
-Milhares de judeus tornam-se cristãos (Atos 21.20).


Em último lugar, o avivamento tarda porque roubamos a glória que pertence a Deus. Reflitamos um pouco sobre essas palavras de Jesus: “Eu não aceito glória que vem dos homens”. “Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros, e contudo não procurais a glória que vem do Deus único?” (Jo 5.41,44.) Chega de toda essa autopromoção nos púlpitos. Chega de tanto exaltar “meu programa de rádio”, “minha igreja”, “meus livros”. Ah, que repulsiva demonstração carnal vemos nos púlpitos: “Hoje, temos o grande privilégio...” E os pregadores aceitam isso; não, eles já o esperam. (E se esquecem de que só estão ali pela graça de Deus.) E a vaidade é que, quando ouvimos tais homens pregar, notamos que nunca ficaríamos sabendo que eram tão importantes, se não tivessem sido apresentados como tal. Coitado de Deus! Ele não está recebendo muita glória! Então, por que ele ainda não cumpriu sua terrível mas bendita ameaça de que iria vomitar-nos de sua boca? Nós fracassamos; estamos impuros. Apreciamos os louvores dos homens. Buscamos nossos próprios interesses. Ó Deus, liberta-nos dessa existência egoística, egocêntrica! Dá-nos a bênção do quebrantamento! O juízo deve começar por nós, pelos pregadores!