segunda-feira, 6 de março de 2017

Pedro - A pedra incomum

Pedro – A pedra incomum

Pedro certamente é um dos homens mais conhecidos da bíblia, trata-se de um discípulo cujas atitudes marcaram as páginas sagradas, tanto por seus maus momentos como também por seus excelentes feitos.

Portanto pretendemos nessas duas semanas falar um pouco mais sobre esse apóstolo que em muitos aspectos se assemelha a nós.

Pedro era filho de Jonas ou (João) dependendo da versão – João 1.42
Nascido em Betsaida
Irmão de André – João 1.40
Pedro era sócio de Zebedeu e seu principal ofício era a pesca, inclusive tendo um barco próprio e tal fato lhe tornava um cidadão com diversas posses. Lucas 5.3
Pedro era morador de Cafarnaum conforme Marcos 1.21
Pedro era iletrado – Atos 4.13

O primeiro contato de Cristo com Pedro se deu após pregações de João Batista.
No capítulo primeiro de João é falado sobre a pregação de João, quando este vê que Cristo é o cumprimento da profecia, o Messias que havia de vir, afirma a seu respeito: Eis o cordeiro de Deus.
Imediatamente dois dos discípulos de João Batista lhe deixam e passar a seguir Jesus, acredita-se que sejam João o discípulo amado e André os discípulos que se aproximaram de Cristo. O primeiro diálogo se inicia em uma pergunta, Cristo lhes pergunta o que eles buscavam, então os discípulos dizem: “Mestre, onde moras” essa pergunta era na verdade um oferecimento a conhecer a casa de Cristo e passar um tempo. Então Jesus se apresenta a eles e passa o dia conversando, creio que o fato de que os discípulos demonstraram interesse em saber quem Cristo era antes de qualquer pretensão chamou a atenção de Jesus e ele lhes concedeu a riqueza de conversar durante longas horas.
Ao sair de lá André e o outro discípulo saem cheios de entusiasmo na intenção de espalhar a outros sobre tudo o que viram e ouviram, André de imediato procura o seu irmão e lhe diz: “Achamos o Messias”. Ambos se encontram novamente com Cristo que de imediato trata de mudar o nome de Simão para Cefas ou Pedro.

1 – De Simão Barjonas para Pedro.
O nome Simão é na verdade uma variação de Simeão, sabemos que Simeão foi um dos filhos de Jacó, tinha um temperamento extremamente explosivo, era capaz de diversas façanhas em nome de seus impulsos, quando sua irmã Diná é violentada pelos moradores de Siquém ele entra na cidade com Levi e mata muitos homens, inclusive seus gados e ainda levaram as mulheres cativas na intenção de vingar sua irmã. Se a vingança se restringisse ao fato de que matassem os homens que violentaram sua irmã, eles estariam enquadrados numa certa “justiça” porém tratava-se de uma tirania sem fundamentos, simplesmente mataram conforme suas vontades e foram repreendidos de forma severa por seu pai Jacó.
Inclusive na bênção final de Jacó o ato de Simeão e Levi fora lembrado. A história de Simeão ficara marcada por conta desse ato de tirania e atenção aos instintos mais profundos.
Simão era semelhante a seu antecessor Simeão, consciente disso Cristo que era sabedor de todas as coisas lhe diz “Tu serás chamados Cefas, que quer dizer Pedro”.
A mudança do nome de Simão tratava-se de um processo contínuo que posteriormente seria chamado de regeneração, Cristo consciente do caráter instável de Simão lhe fornece a oportunidade de ser uma pedra, uma rocha, alguém de caráter firme, porém tal processo seria complicado, extenso e de inúmeros tratamentos.
Nos momentos bons de Pedro ele era chamado por esse nome, quando seu caráter estava instável, era chamado de Simão. Cristo logo no início trata de alterar as mazelas mais profundas em nosso caráter.

2 – Deus almeja nos fornecer uma vida incomum
O nome Simão era muito comum, usado por muitos pais. Porém Pedro (grego), Cefas (Aramaico), jamais fora usado como nome para ninguém, era um fato incomum, ser chamado de fragmento de Pedra era algo que até então não havia acontecido.
Cristo almeja que não vivamos uma vida “a margem” uma vida simplesmente comum, que sejamos simplesmente medíocres, mas sobretudo que sejamos pessoas diferenciadas, naturalmente nossos nomes constam nos controles do governo, constam nas listas de médicos, constam nos inúmeros cadastros que fizemos, constam nas escolas, etc. Porém Cristo oferece a chance de ter uma nova cidadania que não se alcança com méritos humanos ou nossos esforços, afinal não depende de quem corre, mas daquele que abençoa a corrida. Muito mais do que uma vida comum de pescador, Cristo tinha para Pedro a oportunidade de ser tudo aquilo que nenhum de seus antepassados foram, da mesma maneira a conversão é um convite a viver as promessas de que nossos nomes não se restringirão aos cadastros comuns, mas a escrita no livro da vida. Obviamente isso não implica apenas tempos bons, mas sobretudo o viver uma vida acima da média, com pretensões que se estendem a algo além da vida atual. Era o que Cristo queria fazer com Pedro, não apenas ser um Simão comum, conhecido como filho de Jonas, dono de barco, não! Cristo almeja nos transformar de “um”, para “O”, de um “quem” para um “alguém”. Deixar a vida pacata para viver as promessas fantásticas que andar com Cristo nos fornece, os planos de Cristo não são que sejamos exclusivamente empresários, empregados, ou qualquer coisa assim, Deus tem paternidade, mudanças de caráter, vidas diferenciadas, apostolado, pastoreio, louvores, coisas que nos diferenciarão e nos concederão uma identidade que mostrará quem de fato somos e para quê nascemos.

3 – O segundo encontro com Cristo – Deus almeja nos usar a partir de habilidades que já possuímos. Mateus 4. 18-19; Marcos 1.14
Cristo estava passando pelo mar da Galiléia quando viu Pedro e André, o primeiro encontro fora impactante, mas ainda lhes faltava confiança, outros sinais seriam dados na intenção de ganhar Pedro. Cristo ao olhar os irmãos pescando lhes convida: “Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens”, imediatamente ambos largaram as redes e o barco e seguiram a Cristo. É interessante o fato de Jesus usar o termo pescadores para vocacionar os discípulos.
Como disse na introdução desse tópico, é a partir de habilidades que já possuímos que Cristo almeja trabalhar conosco, não devemos almejar traços da personalidade de outras pessoas para ser aceitos, não devemos cultivar os impostores na intenção de ser melhor compreendidos, é com a identidade que possuímos e o nosso eu escondido em Cristo que o Senhor trabalhará, não importa se até então sabemos nos relacionar apenas com peixes, redes, mares, Cristo almeja usar nossas limitações para alcançar a muitos.
Davi possuía habilidades com a funda em momentos oportunos, quando a oportunidade de defender o povo surgira, ele então usou as ferramentas que já possuía.
Paulo ao ser vocacionado, usou os conhecimentos que possuía aliados a outros que Cristo concedera para ser o maior apóstolo do Cristianismo.
Da mesma maneira Jesus fizera com Pedro, Tiago, João e André. “EU vos farei pescadores de homens”, com suas poucas habilidades, com suas inúmeras limitações, eu farei as qualidades que vocês já possuem serem extremamente úteis.

4 – O terceiro e definitivo encontro – Cristo reverterá as frustrações.
Alguns acontecimentos foram relevantes no que diz respeito ao ministério de Cristo até esse momento, ele fora convidado a uma festa de casamento e lá realizou seu primeiro milagre, Cristo já confrontara Nicodemos, fora batizado por João e as multidões passaram a lhe seguir dia após dia ao ponto de que a beira do lago de Genesaré Cristo fora cercado pela multidão e então ao ver dois barcos há uma brilhante ideia, pregar em cima de um deles.
O lago de Genesaré, ou mar da Galiléia, ou ainda de Tiberíades tratava-se do mesmo lugar, porém o nome era dado de acordo com o local onde a pessoa se encontrava, ou seja dependia de qual margem estava posicionado. Na verdade o mar da Galiléia não era de água salgada, ele era fruto do rio Jordão, porém devido a sua extensão fora chamado de mar e também pelo fato de algumas vezes ter tempestades tal como a dos mares. Tinha 21 KM de comprimento e 11 de Largura.
Ao olhar a quantidade de ouvintes, a necessidade do povo, Cristo observa o barco de Pedro e lhe usa como púlpito, na intenção de que o povo lhe ouvisse, então assentado no barco Jesus ensina a multidão. Ao término do ensino, Cristo convida Pedro para levar o barco mais ao fundo, ao mar alto e lhe ordena que lance as redes.
Nesse momento Pedro contesta, pois, a pesca era sua especialidade, inicialmente sua incredulidade se manifesta, quando diz: “Havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos”, o que Cristo queria demonstrar era o fato de que não importa quais vocações o homem tenha, ele conhece todas as coisas mais do que os peritos poderão saber, Cristo está disposto a nos impressionar nas áreas que julgamos saber mais, a mostrar nossa insignificância ante a sua grandeza.
Se por um tempo o coração de Pedro fora incrédulo, há um momento posterior de fé em que ele afirma, sob tua palavra lançaremos as redes. O lançamento é uma tentativa, é a atitude de alguém que sabe que não há mais nada a perder, uma noite inteira de frustrações havia se passado, o sustento para família havia perecido, porém ainda há uma palavra pela qual podemos trabalhar e sob essa palavra Pedro lança as redes.
O que Cristo queria demonstrar entre outras coisas é que no lugar de nossa frustração ele pode conceder dupla honra ainda hoje, no lugar de nossa vergonha ele pode exaltar ainda hoje, não necessariamente deveremos vencer com o esquecimento, não há prescrição quando se trata de feridas da alma e frustrações naquilo que mais conhecemos, somente Cristo pode reverter o lugar de tristeza e transformá-lo num lugar de alegria.
No lugar da tristeza de Pedro Deus lhe trouxe surpresas e a oportunidade de vencer seus traumas, a diferença está no fato de ter Cristo no barco e lançar as redes da vida sob sua palavra, há garantia de que sob a palavra de Cristo haverá êxito. Quando Pedro vai puxar as redes, o versículo 6 dias que a quantidade de peixes era tanta que o barco quase afundou, ao ponto de que Pedro pede ajuda a outro barco e enche dois. Todos são tomados de espanto, num ato de profunda sinceridade Pedro se prostra ao pés de Cristo e lhe declara seu pecado e pede que se afaste, tal como Isaías fizera, porém Cristo diz a todos “não temas” de agora em diante serás pescadores de homens.

Até então Cristo fizera um convite, porém no terceiro encontro trata-se de uma convocação: “Eu vos farei pescadores de homens”

5 – O tesouro escondido – Deixando o barco. Mateus 13.44

É admirável o fato de que após os atos de Cristo os discípulos entenderam que tratava-se de uma vocação que lhes daria garantias de que suas necessidades seriam supridas, conscientes disso eles deixam as redes, os barcos e passar a seguir Jesus de imediato.
A paixão tomou conta do coração dos discípulos de forma que cumpriram as parábolas ditas por Jesus em Mateus 13, tanto do tesouro escondido, como também da pérola.
O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, Achando-o um homem, escondeu-o de novo, então em sua alegria foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo. Outrossim, o reino dos céus é semelhante a um comerciante que busca boas pérolas e tendo encontrado uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou.
Mateus 13.44-46
Pedro, João, André, Tiago, já haviam encontrado a pérola, já haviam encontrado o tesouro, mas seria necessário abrir mão de todo o resto para poder usufruir de tão grandes bênçãos.
É fato comum descobrir onde há o tesouro, mas são poucos os que se dispõe a abrir mão de todo o resto afim de comprar o campo e usufruir as mais copiosas bênçãos que tal transação lhe trará. De fato é comum as pessoas encontrarem o caminho, o complicado e adaptar-se para caminhar por ele, visto que estreito e apertado ele é.
Eliseu ao ser convocado por Elias para iniciar o ministério matou os bois – 1 reis 19. 19-21
Paulo ao encontrar o tesouro abriu mão do nome que até então possuía e de todo o status conquistado como fariseu para ser um dos adeptos da seita dos nazarenos e sobre isso ele escrevera em Filipenses 3.5-8
O.S Boyer foi missionário durante muitos anos no Brasil, quando sua sociedade missionária lhe convidou a voltar por conta de sua idade e condições de saúde ele se viu frustrado, triste e distante do tesouro que possuía até então. Certa feita sua esposa faleceu e quando avisado sobre o falecimento dela O.S. Boyer teve a oportunidade de sair uma vez mais de seu retiro missionário, o hospital esperava que Boyer fosse reconhecer o corpo e providenciar o enterro. Porém Boyer usou o dinheiro da sociedade missionária para voltar ao Brasil e a organização só fora informada quando Boyer já tinha chegado ao Brasil, obviamente a paixão de Boyer sobrepujava sua necessidade de descanso. Por isso ele fora ao Brasil para reencontrar o seu real tesouro.
Os morávios foram a sociedade missionária que fez o maior período de oração ininterrupta da história, a origem deles fora feita por alguns poucos missionários que vendo as dificuldades de entrar numa nação não acharam outra alternativa, a não ser se vender como escravos para alcançar a terra que eles almejavam, quando então conseguiram, eles sabiam que não voltariam mais a sua terra natal, não teriam mais opção a não ser morrer como escravos missionários, quando o barco estava saindo de sua terra natal e todos choraram esperando que eles fossem se arrepender é dita a seguinte frase: “O cordeiro é digno pelo seu sacrifício” tal frase marcou a vida missionária de muitos posteriormente e tornou-se o tema da sociedade missionária dos morávios.
Os arrais cantam as músicas “esperança” e “fogo” que tratam da vida como uma embarcação e cujo destino é o alcance do reino de Deus, a embarcação é nossa vida e tudo trata-se de uma grande viajem, visando o tesouro eles se dispõe a enfrentar inúmeros ventos e tempestades e inclusive abrir as velas da embarcação na esperança de que os tesouros do reino lhe seriam suficientes e ao amanhecer eles avistariam o porto, a saber o céu. A música fogo é ainda mais enfática, quando fala de “por fogo no que resta da embarcação, para não ser tentado a abandonar a missão”. A bíblia fala dessa paixão em Hebreus 11. 13-16.
“Todos esses morreram na fé. Não alcançaram as promessas. Viram-nas de longe, e as saudaram. E confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.
Ora, os que dizem tais coisas, claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem da daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de voltar.
Mas agora desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus não se envergonha deles de ser chamado o seu Deus. Pois já lhes preparou uma cidade.”

A vida Cristã é na verdade uma peregrinação por terras estranhas em que pomos em jogo tudo o que possuímos até então, para alcançar uma terra desconhecida mas que tem tesouros inegáveis, vimos hoje a promessa de longe, como que por um espelho, mas então veremos face a face e conheceremos como dele somos conhecidos.
A paixão tomou conta de Abraão fazendo-lhe sair do meio de sua parentela de onde estava sem garantias a não ser a palavra, porém a palavra de Deus estava posta como garantia e essa é a âncora da alma. Hebreus 11.19
A âncora da alma estava posta sobre o coração de Pedro, por isso as redes, os barcos tudo era inútil diante do tesouro que estava diante de seus olhos.

6 – Cristo atento aos detalhes da vida.
Cristo estabelecera seu ministério em Cafarnaum como já fora dito, porém houve um dia em que perguntaram a Pedro se o seu mestre pagava os tributos,  a saber duas dracmas.
Pedro imediatamente diz que sim, Cristo paga o tributo. Ao entrar em casa, Jesus já sabia o que havia se passado, propõe uma parábola sobre o rei e seus filhos, consciente disso Cristo passa a ordenar a Pedro que lance o anzol no mar, o primeiro peixe que veio tinha em sua boca o valor que eles necessitavam.
A lição de agora parece vazia de grandes significados, porém há diversas aplicações práticas para tal ato.
Primeiro, Cristo está atento a nossa reputação como cidadãos e almeja suprir as necessidades imediatas dos que se envolvem em sua obra, em termos práticos Deus cuida dos detalhes de nossa vida quando se dispomos a fazer nosso melhor. Pedro estava com Cristo e esse lhe ordena pescar, pois em sua obediência suas necessidades seriam supridas. Deus se atenta a nossa vida material, social, política e estar com Cristo não nos isenta das obrigações como cidadão. Obviamente naquele momento Pedro e Jesus não precisariam pagar os impostos pois, eram daquela terra, tratava-se de algo abusivo, porém por ter visto que Pedro antecipara a promessa de pagamento, Cristo providenciou os meios para manter a honra de seu servo, da mesma maneira ainda hoje Jesus se preocupa com os detalhes de nossa vida, ele é capaz de olhar para uma multidão faminta e ajudar todos a alimentar-se a partir de cinco pães e dois peixes. Deus se preocupa até com a roupa que vestimos e no tempo oportuno nos traz as provisões necessárias.
Mateus 17. 24-27

7 – A oração eficaz de Pedro.
Jesus ordenara aos discípulos que fossem ao outro lado do mar, enquanto ele se despedia da multidão, posteriormente Jesus fora ao monte para orar sozinho, os discípulos estavam no barco, quando por volta da quarta vigília da noite eles foram surpreendidos por uma terrível tempestade, que açoitava o barco. Quando veem Cristo ao longe não o reconhecem de imediato, principalmente pelo fato de vir andando sobre as águas, então os discípulos chegam a falsa conclusão de que tratava-se de um fantasma. Porém Cristo lhes assegura ao se dar a conhecer dizendo: Sou eu, não temas. Pedro carente de provas faz um pedido insano: “Me ordene para que eu vá ter contigo sobre as águas”.
Cristo lhe diz para que venha, Pedro anda sobre as águas, está vivendo uma experiência sensacional, com os olhos postos em Cristo ele pode andar sem temer, porém ao olhar para a tempestade, para as circunstâncias, o mar, o barco ao longe ele passa a afundar e então exclama: Salva-me Senhor.
Essa  oração de Pedro foi breve, porém eficaz. Foi direta e precisa e sobretudo atendida.
Não haveria tempo para formular grandes teorias, para ser maquiavélico, para dizer coisas vazias, ele simplesmente precisava de socorro e assim o fez.
Essa oração é perfeitamente adaptável as mais diversas situações da vida, tal como a do publicano que diz “Sê propício a mim pecador”.
É uma oração completa teologicamente, é uma oração adaptável, é breve, sem resenhas, sem forjamentos, sem máscaras, um pedido sincero de um coração que está prestes a naufragar.
O Que Deus espera de nós não são orações com entonações diversas, com palavras rebuscadas, nada disso lhe comove, somente um pedido de um coração sincero lhe comove, não é o orar muito que importa, mas sim o orar com o coração, não são longas as orações registradas na bíblia, mas são eficazes a maior delas talvez tenha sido a de Salomão na inauguração do templo, mas não deve ter durado mais do que 13 minutos. Então devemos entender que não é o orar muito, mas o orar certo, não é o muito pedir mas o pedir com o coração que atrairá o favor divino.
Estamos buscando muitos métodos, Deus busca pessoas que tenham a humildade de nos diversos momentos da vida poderem dizer: “Salva-me”. A boa mão do Senhor estará sempre estendida para corações sinceros que não precisem forjar, corações moldados no secreto e que estejam dispostos a entender que não precisamos explicar teologia para o próprio Deus. Ele tudo sabe, ele tudo vê, cabe a nós ser sinceros e orar em todo tempo, nos momentos mais diversos da vida. E a boa mão do Senhor se estenderá em meio ao nosso naufrágio.

1Mateus 14. 22-33

Tiatira - Flertando com Jezabel

E ao anjo da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem seus olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes ao latão reluzente:
Eu conheço as tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras são mais do que as primeiras.
Mas algumas poucas coisas tenho contra ti que deixas Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que forniquem e comam dos sacrifícios da idolatria.
E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua fornicação; e não se arrependeu.
Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras.
E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras.
Mas eu vos digo a vós, e aos restantes que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei.
Mas o que tendes, retende-o até que eu venha.
E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações,
E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai.
E dar-lhe-ei a estrela da manhã.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Apocalipse 2:18-29

Tiatira foi uma cidade muito próspera em suas atividades, em especial no que diz respeito a indústria têxtil, fabricavam roupas, vendiam tecidos, tinturas, etc. Não só isso, estava posicionada na estrada que ligava a Ásia a Europa, sendo um ponto de constantes paradas, também era estrategicamente segura, uma guarnição era instalada lá. Entre as sete igrejas da Ásia era a menor e teoricamente menos importante. A cidade era repleta de confrarias, ou sindicatos, para se conseguir bons acordos comerciais, clientes e contatos, era necessário se filiar a uma dessas confrarias, até então não há problemas em se associar a esse tipo de sindicato, até porque todo cristão tem sua vida além do templo, a questão fundamental é que para ser comerciante em Tiatira era praticamente obrigatório entrar em uma dessas confrarias, não apenas isso, era necessário ser conivente e participante dos atos daqueles que frequentavam tais reuniões, se os atos fossem apenas de glutonaria e bebedices era plenamente possível ir até lá sem se contaminar, mas a questão fundamental por traz dessas reuniões era a obrigatoriedade de comer alimentos sacrificados aos ídolos  com a consciência pagã de que aquele ato era um culto ou uma energização e também as constantes e promíscuas orgias que lá ocorriam. Já não havia mais pudor, as reuniões eram repletas de bebidas e cultos diversos aos mais variados seguimentos de entidades espirituais, a ordem era aproveitar e se algum comerciante se recusasse a participar de tais atos, era então excluído e não poderia continuar o comercio na cidade.
Atualmente o nome da cidade é Akhisar, a igreja dos tempos bíblicos já não existe, apenas algumas ruinas, o nome Akhisar significa castelo branco.
Era uma cidade politeísta, tinha como deuses : Apolo, Artemis (Diana dos Efésios), Sibila, por seus deuses serem em sua maioria “mulheres”, a influência feminina era grande na cidade, de forma que o espaço para “Jezabel” já era justificado na cultura e contexto social de Tiatira.
A única outra menção da cidade é sobre Lídia, que vendia púrpura e era de Tiatira, ela foi a primeira alma que Paulo ganhou em terras Europeias.

Os impasses entre o certo e o conveniente.

O povo se via numa situação em que havia apenas dois caminhos, ou optavam por seguir a pressão externa e aderir as práticas das confrarias, ou correriam o risco de não prosperar, não ter reputação e dinheiro, porém ser aprovado por Deus. De fato era algo que precisavam responder a si mesmos, lembro de um dia em que ao reencontrar um velho amigo, conversávamos sobre meu trabalho atual, na ocasião uma tesouraria de um colégio, ao citar as pressões que passava e algumas práticas erradas da escola, o meu amigo então ao perceber a pressão que estava suportando e o meu esforço em ser correto disse:
“Lucas, eu entendo e acho muito bacana sua visão com relação a igreja e ao cristianismo, porém ao entrar na escola, esqueça um pouco esse lado e siga as ordens, mesmo que sejam erradas”.
No momento que ouvi a frase, não relutei tampouco pensei muito sobre aquilo, logo outros assuntos se seguiram e dias depois meditei nessa afirmação.
Dualismos

De fato, se considerarmos o conceito dualista, há dois mundos distintos, o natural e o espiritual, o Senhor Jesus é o soberano sobre o espiritual, mas quanto ao mundo e as coisas materiais o senhor é o adversário, essa visão em partes é boa, mas em partes. C.S. Lewis disse uma certa vez que essa visão é a mais próxima possível do cristianismo, porém tem suas diferenças que mudam conceitos básicos.
O Cristianismo entende que Cristo é Senhor de tudo, ele é a cabeça de toda autoridade conforme Colossenses, porém os dualistas acreditam que Cristo é o Senhor da igreja, o mundo jaz no maligno, o dualismo nos leva a entender que o trabalho “secular” é para homens, para satisfação do ego, isso gera a necessidade de  exercer algo na igreja, afim de aliviar um pouco a culpa por estar “amassando barro para faraó”. Deus em sua palavra nos diz que devemos respeitar os nossos patrões como lhe respeitamos. Tendo isso em vista, devemos entender que em qualquer lugar e em tudo que eu fizer, há um só Deus, um só Senhor, que é soberano sobre tudo e todos.  O Dualismo faz com que o povo viva um ateísmo prático, no domingo louvamos a Deus, nos vestimos com roupas de “crente”, usamos nosso linguajar bem particular “vaso”, “varão”, “mistério”, “terra seca” e por ai vai, porém durante a semana,por acreditar que há um outro senhor em seu trabalho, vivemos um ateísmo prático, nas pequenas decisões da vida não damos a primazia a Deus e o fato é que isso está levando muitos a viver uma vida dupla.
Não faria sentido eu viver a corrupção durante  a semana e no sábado e domingo criar meu discurso moralista, um dos piores resultados do dualismo na igreja é que acabamos secularizando muitas coisas, criamos uma subcultura que nos permite fazer as mesmas coisas que o “mundo” faz, porém de forma gospel. Dessa forma há hoje em dia “balada gospel”, “hospital para crente”, “roupa de crente”, etc. Somos uma subcultura que nos limitou a ser sal no saleiro e a falta de contato com a matéria nos torna inútil, insípido, ao ponto de nos restar uma única alternativa: Jogar fora! O mundo está perguntando, Qual a utilidade da igreja? Pra quem eles existem? Pra quê?
Tiatira provavelmente viveu inicialmente um dualismo, até então seus membros vivam uma vida piedosa na igreja, porém ao sair de lá vivam as pressões externas de ter que se filiar a uma das confrarias, agora deveriam optar: Ser fiéis ou ser bem visto? Ser agradável ou ser sincero?
Tratando-se de seus negócios, eles entendiam que poderiam transgredir, participar das orgias, alimentar-se do que era sacrificado a ídolos, tomando para si o sentido idólatra disso e não obstante a isso dizer: “Sou cristão, de Tiatira”.

As posturas frente ao gosticismo
Percebam que nas outra cartas o Senhor já havia dado um alerta sobre esses falsos ensinos, porém há três posturas:
Éfeso:
Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
Apocalipse 2:6
 Pérgamo:
Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio.
Apocalipse 2:15
Tiatira:
Mas algumas poucas coisas tenho contra ti que deixas Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que forniquem e comam dos sacrifícios da idolatria.
Apocalipse 2:20

A primeira postura é de aborrecimento ao mal, a segunda é de tolerância, na terceira o mal já é incitado na igreja.
Devemos nos esforçar nesse sentido a ser como Éfeso foi, logo no início demonstrar bem seus princípios e lutar por eles, pois, do contrário alguns vão praticar tais obras negativas, com o passar o tempo a prática se torna mais comum e já não é mais possível mudar isso, até que chegamos ao terceiro ponto: O errado torna-se o certo e é até ensinado assim.
A sociedade contemporânea nos incita ao mal, há igrejas hoje em dia que ainda conseguem separar o que é costume e o que é mandamento bíblico, a essas o Senhor diz: “Isso tenho ao teu favor”.
Há aquelas que tapam os olhos, e fingem que nada de errado está acontecendo, quando se derem conta já estarão longe demais.
Há ainda os que já consideram totalmente normal e até incentiva que pratiquem tais obras, líderes que estão em seu segundo ou terceiro casamento e consideram normal e até incitam aos insatisfeitos que lhe sigam, pessoas que já estão mergulhadas numa sexualidade desenfreada e que chegam ao ponto de incitar outras pessoas a fazer o mesmo, com termos como “Liberte-se”, “Seu corpo, suas regras”, etc. Infelizmente há igrejas hoje em dia em que o homossexualismo é até ensinado, a prática libertina de bebedeiras e a omissão na sexualidade é feita em nome da conveniência, o importante é que “a igreja cresça”. O gnoticismo hoje ainda existe, com outros nomes é claro, mas o pensamento de “vou experimentar o mundo”, “Sou gay mas Deus me ama mesmo assim”, obviamente, Deus é amor, mas seu amor não é alheio a justiça, Deus envia seu filho para morrer não apenas por amor, mas também porque esse era o único meio de satisfazer sua justiça, o amor de Cristo é santo. Não bastava amar sem punir o pecado, esse amor seria leviano e irresponsável, só punir, é justiça sem amor, torna-se mecânico, o perfeito equilíbrio está no fato de que o amor de Deus é justo e doce, implacável e simpático ao mesmo tempo. Oh grandioso amor! Não devemos separar uma coisa da outra.


Vejamos abaixo, como um Deus que ama justamente trata uma igreja libertina.
Eu conheço as tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras são mais do que as primeiras.
Apocalipse 2:19
Jesus, certamente o maior psicólogo que já existiu, sem nunca ter entrado em uma faculdade ele apresenta conceitos que são fantásticos, nesse caso em especial, antes de qualquer crítica, ele enaltece as qualidades, ele sempre consegue enxergar o lado bom das coisas e das pessoas, ele sempre se esforça em ver uma luz, mesmo naqueles que ninguém dá valor algum, de fato Cristo é incomparável. As críticas que estavam por vir eram demasiadamente severas, porém antes de criticar ou trazer o julgamento o Senhor prepara os corações e faz alguns elogios.

Eu conheço as tuas obras, TEU AMOR E TEU SERVIÇO.
A igreja de Tiatira estava um passo além de Éfeso, essa primeira igreja, tinha serviço, porém sem amor, tornou-se ativista.
Amor sem serviço é morto, é teoria; Serviço sem amor é ativismo, é mecânico.
A igreja de Tiatira havia encontrado esse equilíbrio, não era apenas filantropia, não era apenas sentimentalismo, o amor se demonstrava em atos, o serviço era feito com sentimento.
A fé nesse sentido era o fruto do espírito, uma fé sobrenatural, uma fé tal como a de Paulo ao ver o naufrágio a caminho de Roma. “Fiquem em paz, ninguém vai morrer, Deus me falou”.
Uma fé que vai além das impossibilidades, eles tinham de fato qualidades excelentes. O sofrimento não lhes parava como Sardes, suas reações aos impasses da vida eram de alguém que já havia aprendido a arte de viver.
A paciência ou perseverança são a condição de acreditar mediante as adversidades e pressões de todos os lados.
Dostoiévski filósofo russo foi ateu e rejeitou a ideia do Cristianismo durante uma boa parte da sua vida, porém houve um tempo em que ele refletiu sobre tudo que tinha feito até então e tomado por novas convicções disse:
Sou filho da descrença e da dúvida, até ao presente e mesmo até à sepultura. Que terrível sofrimento me causou, e me causa ainda, a sede de crer, tanto mais forte na minha alma quanto maior é o número de argumentos contrários que em mim existe! Nada há de mais belo, de mais profundo, de mais perfeito do que Cristo. Não só não há nada, mas nem sequer pode haver

Essa é uma fé sem volta, uma devoção além da igreja, os argumentos contrários ainda que convincentes já não lhe parariam mais, a palavra que lhe dominava agora era pleroforia. Plena convicção, mesmo sem razões para isso. A igreja de Tiatira vivia assim, parte dos irmãos abriam mão de serem queridos, de serem aceitos para viver a fidelidade que haviam aprendido.
O fato de suas obras serem maiores de que as primeiras indica que a igreja vinha em constante crescimento, então ao ver que os problemas de fora não lhe parariam, o diabo passa a usar alguém de dentro, um lobo em peles de ovelha.
Mas algumas poucas coisas tenho contra ti que deixas Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que forniquem e comam dos sacrifícios da idolatria.
Apocalipse 2:20

Jezabel nesse caso era uma profetiza local, uma mulher com forte influência sobre a igreja. O nome Jezabel provavelmente é simbólico e faz alusão a mulher de acabe no AT.
A ideia dessa profetiza era fornecer ao povo uma alternativa libertina ao evangelho, todos poderiam fazer o que quisessem com o corpo e a ideia era de que só podemos vencer o que conhecemos, do contrário sem conhecimentos não há mérito na renúncia, em sua visão quanto mais afundada a carne estava no pecado, mais livre eles estariam em sua alma e espírito, dessa forma a teoria de que o corpo ficaria no arrebatamento lhe levou a querer usar o corpo para de certa forma “aproveitar” os prazeres que o mundo tem e dessa forma conservar a alma e o espírito livres de tais imoralidades, a ideia dela era semelhante a de Nicolau, o qual foi severamente rejeitado em outras cartas. Ela busca uma alternativa para transgredir, para isso se for necessário até a palavra é distorcida. É o conformismo com o pecado e os seus vícios, cria-se igrejas para gays, igrejas para apreciadores de diversos estilos musicais e a grande realidade é que já não se sabe mais o que é igreja e o que não é, já é difícil definir onde um começa e  termina, mundo e igreja se casaram.
Jezabel trouxe a Israel o culto pagão, os costumes de sua terra e o pior ameaçou todos os profetas, ao ponto de que Elias se esconde. Com medo de Jezabel Elias foge, pensa que todos os profetas haviam morrido e indaga ao Senhor, porém ainda haviam 7.000 que não haviam se dobrado.
Posteriormente Jeosafá via visitar Judá e consulta acabe para ir a uma guerra e quatrocentos profetas estão comendo na mão de Jezabel, sentados junto a mesa  e profetizando bênçãos em tempos que não deveriam dizer tais coisas. Até que Micaías aparece e profetiza contra Acabe. Elias já havia profetizado contra Jezabel por conta da morte de nabote que se recusara a vender a vinha, Jezabel tem o espirito de liberalismo, libertinagem, de que se pode fazer o que quer, independentemente das consequências.
O espírito de Jezabel é a influência nas lideranças Cristãs a introduzir costumes pagãos:

E sucedeu que (como se fora pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate) ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu a Baal, e o adorou. 1 Reis 16:31
O espírito de Jezabel leva as pessoas a fazer qualquer coisa para satisfazer seus desejos:
Então Jezabel, sua mulher lhe disse: Governas tu agora no reino de Israel? Levanta-te, come pão, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jizreelita. 1 Reis 21:7

O espírito de Jezabel faz quem é certo parecer errado, parecer retrógrado:
Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles. 1 Reis19:2

Jezabel em Tiatira estava propondo ao povo a extensão de uma confraria praticamente dentro da igreja, os cultos aconteciam e discutiam ente si, quem sairá com a mulher de quem. O absurdo e improvável costume mundano que até então era tolerado passou a ser praticado.
Ela pregava liberdade sendo viciada e o pior, levando outros ao erro.
Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo.
2 Pedro 2:19
Já não somos mais escravos do pecado:
Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?
De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?
Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?
Romanos 6:1-3

Jezabel de Tiatira e seus seguidores são aqueles que dizem conhecer os profundos segredos de satanás. Porém a bíblia nos alerta a sermos inocentes com relação ao mal, sem malícia, quanto mais fundo se vai com relação ao pecado, mais natural ele se torna, é um caminho sem volta, o arrependimento acontece, mas o conhecimento de como tais coisas são sempre deixa livre um caminho para voltar e quanto mais profundo se vai, mas dependente se torna:
Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.
1 Coríntios 14:20

Quanto à vossa obediência, é ela conhecida de todos. Comprazo-me, pois, em vós; e quero que sejais sábios no bem, mas simples no mal.
Romanos 16:19

Deus dá oportunidades para o arrependimento

E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua fornicação; e não se arrependeu.
Apocalipse 2:21

O Senhor confronta com oportunidades, se tens feito algo errado e até o momento aparentemente nada aconteceu, a não ser diversos alertas, fique atento, Deus está dando tempo para se arrepender. O Senhor não quer ver ninguém sofrendo, mesmo que mereça, a graça e a misericórdia do Senhor são fantásticas, qualquer pessoa já teria exterminado totalmente Jezabel, mas o pai é longânimo para conosco não querendo que nenhum se perca, nenhum! Por pior que seja.
Deus concedeu oportunidade singulares na bíblia que não foram aproveitadas.
Safira poderia ter vivido, mas vivendo o impasse entre envergonhar seu marido ou ser fiel ela opta pela reputação, o juízo que se seguiu foi exemplar:
E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.
E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto.
Atos 5:7,8

Sansão da mesma maneira, teve diversas oportunidades, mas apenas após se tornar cego ele abre seus olhos espirituais e passa a enxergar o tremendo erro que cometera. Sansão tem no mínimo 4 oportunidades de escapar conforme o texto de Juízes 16.
Couro ainda fresco (semelhante ao de arcos), cordas novas, tecer suas tranças com panos e cortar os cabelos.
Ele perde todas, somente cego, sacrificando a vida, ele pôde reparar o grande mal que causou.
Cristo ainda hoje nos chama ao arrependimento, aquele que confessa e deixa poderá alcançar misericórdia.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.
1 João 1:9
Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia.
Provérbios 28:13
Há tempo para arrependimento, Deus é paciente e espera que haja uma mudança.
Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras.
Apocalipse 2:22
Tal como nos textos que citamos, vemos que o Senhor fornece o tempo, alerta, espera que não cheguemos ao ponto de ser punido para entender sua vontade. Mas nos três casos esperaram o pior, Ananias e Safira, Sansão e Tiatira “pagaram para ver”.
Um dos grandes problemas de Jezabel era o fato de que ela não seria punida sozinha, ela levou outros a praticar as mesmas obras. Esses também seriam punidos, Jezabel era um espécie de Bode judas. Esse ficou conhecido nos EUA por conduzir milhares de ovelhas ao matadouro e era um bode branco, facilmente confundível com um carneiro comum, o que levava as ovelhas a segui-lo. Relatos históricos apontam que até sua morte ele conduziu mais de um milhão de ovelhas a morte.





Um Homem, um profeta, o Filho de Deus - João 9

A cura do cego de nascença
E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
João 9:1,2

Cristo já havia realizado dois milagres tidos como messiânicos, o primeiro deles era a restauração de um leproso, fato que até então não havia acontecido sob vigência da lei mosaica. Posteriormente há uma libertação de um homem possesso por um espírito que lhe tornava cego e mudo. Ou seja: Incomunicável. Por ser um tipo de demônio que não permitia comunicação, era impossível sob a ótica judaica expulsar um demônio dessa natureza.
Cristo já demonstrara sinais quanto a sua missão messiânica, sua ascendência divina e realizado obras consideradas impossíveis a homens comuns, agora já estava sob constante observação por parte dos fariseus e do sinédrio judaico. Todos querem testificar se de fato ele é o messias. Rapidamente todos chegam a conclusão que ele era o que havia de vir, porém era um impasse admitir tais coisas, pois, Cristo fez uma releitura da lei, das tradições e se assentou com pessoas consideradas impuras na visão da elite religiosa da época. Esses fatos geraram uma grande perseguição, pois, Cristo era o cumprimento da profecia, mas de maneira diferente do que esperavam que fosse. Sem se aliar a segmento religioso nenhum ele provoca uma revolução e todos os líderes veem suas posições em jogo.
O próximo acontecimento instigou ainda mais a perseguição por parte das lideranças, Cristo realiza um milagre inédito e posteriormente faz um sermão de extrema confrontação.
Jesus junto de seus discípulos passam por um homem que era cego de nascença.
É provável que esse cego fosse conhecido de todos, além disso o texto informa que ele mendigava. João 9.8
Sua situação era visível, os cegos naquele tempo recebiam uma “licença” do governo para mendigar, foi simbolizada em outra passagem pela capa que de imediato Bartimeu lançou ao chão ao ser curado. Marcos 10.50
E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
João 9:2
O fato mais interessante está na pergunta posterior, há um homem com necessidade de afago e ajuda por parte de seus conterrâneos ou de pessoas que por ele passavam, mas ao invés de se concentrar na necessidade do cego os discípulos se veem presos a questões teólogo-filosóficas: “Quem pecou, o cego ou seus pais?” De quem é a culpa, por certo de Deus não era, na visão deles, tudo tratava-se de justiça retributiva. Você erra e paga, você não faz o que deve fazer é punido. Então apegaram-se a palavra de Deus que diz que o Senhor visita as iniquidades até de gerações posteriores.
Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
Êxodo 20:4,5
E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.
Êxodo 20:6
O texto fala muito mais de misericórdia do que de juízo, se por um lado Deus permite que pecados de pais afetem filhos por até quatro gerações, a misericórdia se estende a milhares.
A pergunta dos discípulos vinha da crença falsa de que as dores do presente são fruto dos atos passados de outras pessoas em relação a nós. Em especial os pais.
O filho paga pelo que o pai fez, ou os próprios pais pagam, tudo depende de Deus. Tal afirmação é absurda. Somos tratados como indivíduos diante de Deus.
Ainda há a hipótese de que o próprio cego tenha pecado para nascer assim, mas como? Ainda bebê? Chegam ao absurdo de imaginar que o chute de uma criança no ventre de sua mãe fosse motivo para que essa nascesse cega ou ainda de que durante a gestação a natureza má e a boa estão sob constante conflito, quando a natureza má prevalece a criança nasce com defeito, a saber: Doenças, cegueira, paralisias, etc.
A pergunta é feita no sentido de identificar culpados, procurar bodes expiatórios para lhes atribuir culpa por acontecimentos aleatórios, sempre a culpa é de alguém. Obviamente tudo isso não passava de falácias e especulações. Cristo agora irá se posicionar.
Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.
João 9:3
Como é interessante o fato de que Jesus não tenta dizer quais as origens de tal mal, não é interessante procurar quais os motivos mas sim procurar soluções.
A ineficácia dos discípulos se deu por procurar explicar coisas que iam além de sua alçada sem fornecer ajuda. Não é de discussão que necessitamos hoje, não é problematizar o simples. Precisamos de soluções, não de mais argumentos, o mundo clama por esperança, sobre razões para caminhar. Então Cristo traz a resposta, tudo, absolutamente tudo isso aconteceu para que na vida do cego se manifestem as obras de Deus.
É como o agricultor que poda a videira em João 15. Se as videiras se comunicassem por certo falariam que processo é dolorido e desnecessário, mas é por ter um plano futuro melhor do que o atual que o agricultor continua a cortar tanto quanto for necessário. As videiras se perguntariam quais as razões para esse galho ao lado estar sendo cortado, a videira diria, para que dê mais frutos, para que cresça, para que seu último estado seja melhor do que o primeiro.
Quais as razões para o sofrimento?
“Deus sussurra por meio do prazer, fala em nossa consciência e grita por meio do sofrimento, o sofrimento é o megafone de Deus para demonstrar seu tão grande amor”.
CS Lewis.
Quais as razões pelas quais passamos tantos percalços, é para que em nossas vidas se manifestem as obras de Deus. Somente vidas regadas de sofrimento tendem a ser mais gratas, por não ter sofrido há homens ingratos, enjoados, difíceis de lidar, mas somente quem sabe de onde veio e o quanto cada pessoa sofre e luta para conquistar algo sabe o quanto Deus lhe ajudou até então, o sofrimento elimina o orgulho e a jactância. O sofrimento nos faz entender que há um Deus que traçou nossa história e que do menor ao maior acontecimento, tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus. Estamos em construção. Nossa vida deve ser a manifestação das obras de Deus, por mais dolorido que seja ser o canal para que isso aconteça.
As palavras seguintes são uma demonstração do que era o ministério de Jesus:
Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
João 9:4
O bem que deve ser feito é urgente, o amor que devemos prestar é para agora. Pois o que o texto diz é que o dia representa a vida, a noite vem e com ela a impossibilidade de se fazer o que é necessário fazer. Estamos vivendo na era dos amores póstumos, enquanto ainda em vida nada é feito, mas após a morte textos são escritos, declarações que em vida nunca foram feitas e palavras que alegrariam os dias daquele que se foi são ditas apenas após o óbito.
Lembro-me das palavras de pregador Luo:
“Deem flores enquanto possam aprecia-las porque depois elas só servirão para cobrir sepulturas”
O amor que se dá não é resultado da perda, mas é por demonstrar a quem temos agora o quanto são importantes, amor sem expressão é vazio, amor sem prática é falácia, em alguns casos sequer há uma fala. Dias se passam, oportunidades se perdem, a noite chega e quando se damos conta os bons momentos da vida se passaram sem que fossem de fato aproveitados.
Mortes contemporâneas geraram grande comoção, mas ainda em vida essas pessoas não eram tão valorizadas, os exemplos?
Michael Jackson, Amy Whine House, Cristiano Araujo e inúmeros outros. Exemplos de perto e de longe. O tempo de fazer o nosso melhor é hoje, é agora! Enquanto é dia. Quando a noite chegar nos lamentaremos, pela perda. Não por ter chegado a duríssima conclusão de que poderíamos ter feito mais.
Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
João 9:5
Cristo se apresenta como a esperança do presente, a vida no presente, em Cristo podemos fazer as obras. Em Cristo podemos ser eficazes, em Cristo há possibilidade de amar sem interesses, em Cristo nosso caráter se assemelha ao dele de forma que nosso melhor é feito por tudo e por todos. Enquanto a porta da graça que é Cristo está aberta, podemos entrar, podemos ser melhores do que temos sido até agora. Cristo se apresenta como a possiblidade de fazer tudo o que não foi feito até agora, ele é o novo amanhecer em vidas de trevas, um novo tempo para aqueles que já não podiam trabalhar, o novo significado para quem já perdeu o sentido de viver. Cristo é a porta pela qual podemos entrar e fazer tudo o que não foi feito até então. Cristo é a luz disponível para nos fazer caminhar.
Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.
E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo.
João 9:6,7
Cristo posteriormente cospe no chão, faz lodo nos olhos do cego e lhe envia ao tanque de Siloé.
Há pelos menos duas aplicações quanto a isso. A matéria usada para criação do homem no início foi o barro. Do interior de Deus foi soprado o espírito que nos deu vida. De igual modo agora Jesus usa o barro e ao usar o barro de seu interior joga saliva. Na mistura do interior de Cristo com o barro há uma personificação da encarnação de Cristo. Tal fato é reforçado com o significado do tanque “Siloé” (O Enviado). Cristo é o enviado de Deus em carne para restaurar a cegueira da humanidade.
O outro significado mais simples trata-se do incômodo causado, por certo muitos de nós teríamos ido até um tanque com urgência, não exitaríamos em obedecer para aliviar tão incômodo. Assim são as confrontações que Cristo e no tempo presente o Espírito Santo nos faz. Elas exigem mudanças e na exigência de tais mudanças há incômodo de forma que enquanto não resolvemos a nossa vida e nos adequamos a confrontação é impossível se aquietar. É a mesma sensação do peregrino logo no início do livro de John Bunyan:
“Neste estado voltou para sua casa, diligenciando reprimir-se o mais possível, a fim de que sua mulher e seus filhos não percebessem sua aflição. Como, porém, o seu mal recrudescesse, não pôde por mais tempo dissimulá-lo, e, abrindo-se com os seus, disse por esta forma: “Querida esposa, filhos do coração, não posso resistir por mais tempo ao peso deste fardo que me esmaga. Sei com certeza que a cidade em que habitamos vai ser consumida pelo fogo do céu, e todos pereceremos em tão horrível catástrofe se não encontrarmos um meio de escapar. O meu temor aumenta com a idéia de que não encontre esse meio.” Ao ouvir estas palavras, grande foi o susto que se apoderou daquela família, não porque julgasse que o vaticínio viesse a realizar-se, mas por se persuadir de que o seu chefe não tinha em pleno vigor as suas faculdades mentais. E, como a noite se avizinhava, fizeram todos com que ele fosse para a cama, na esperança de que o sono e o repouso lhe sossegariam o cérebro. As pálpebras, no entanto, não se lhe cerraram durante toda a noite, que passou em lágrimas e suspiros. Pela manhã, quando lhe perguntaram se estava melhor, respondeu negativamente, e que a moléstia cada vez mais o afligia. Continuou a lastimarse, e a família, em lugar de se compadecer de tanto sofrimento, tratava-o com aspereza. Esperava, sem dúvida, alcançar por este modo o que a doçura não pudera conseguir até ali: algumas vezes zombavam dele; outras repreendiam-no e quase sempre o desprezavam. Só lhe restava o recurso de se fechar no seu quarto para orar e chorar a sua desgraça, ou o de sair para o campo, procurando na oração e na leitura lenitivo a tão indescritível dor. Certo dia, em que ele andava passeando pelos campos, notei que se achava muito abatido de espírito, lendo, como de costume, e ouvindo-o exclamar novamente: “Que hei de fazer para ser salvo?” O seu olhar desvairado volvia-se para um e outro lado, como em busca de um caminho para fugir; mas, não o encontrando de pronto, permanecia imóvel, sem saber para onde se dirigir. Vi, então, aproximar-se dele um homem chamado Evangelista (Atos 16:30-31; Jó 33:23) que lhe dirigiu a palavra, travando-se entre ambos o seguinte diálogo: Evangelista -- Por que choras? Cristão -- (Assim se chamava ele). -- Porque este livro me diz que eu estou condenado à morte, e que depois de morrer, serei julgado (Heb. 9:27), e eu não quero morrer (Jó 16:21-22), nem estou preparado para comparecer em juízo! (Ezequiel. 22:14). Evangelista -- E por que não queres morrer, se a tua vida é cheia de tantos males? Cristão – Porque temo que este pesado fardo que tenho sobre os ombros, me faça enterrar ainda mais do que o sepulcro, e eu venha a cair em Tofete (Isaías 30:33). E, se não estou disposto a ir para este tremendo cárcere, muito menos para comparecer em juízo ou para esse suplício. Eis a razão do meu pranto. Evangelista – Então, por que esperas, agora que chegaste a esse estado? Cristão – Nem sei para onde me dirigir. Evangelista – Toma e lê. (E apresentou-lhe um pergaminho no qual estavam escritas estas palavras: “Fugi da ira vindoura”). (Mateus. 3:7). Cristão – (Depois de ter lido). E para onde hei de fugir? Evangelista – (Indicando-lhe um campo muito vasto). Vês aquela porta estreita? (Mateus. 7:13-14). Cristão – Não vejo. Evangelista – Não avistas além brilhar uma luz? (Salmo 119:105; II Pedro 1:19). Cristão – Parece-me avistá-la. Evangelista – Pois não a percas de vista; vai direito a ela, e encontrarás uma porta; bate, e lá te dirão o que hás de fazer. ”

O incômodo de Cristão é o mesmo que o nosso quando confrontado com as verdades até que o evangelista nos encontra e fornece uma nova luz. Um novo caminho.
E é no caminhar que vamos descobrindo o quão difícil é a jornada, mas a luz ao fim do horizonte nos motivará a continuar a caminhada:
Eu dou um passo, ela dá dois passos.
Eu dou dois passos, ela dá quatro passos.
Eu dou quatro passos, ela dá oito passos.
Para isso serve a utopia, para eu seguir caminhando.
Autor: Eduardo Galeano

Diante de nós há o incômodo do presente, mas se em obediência prosseguirmos para o alvo será possível ao chegar no destino perceber que a grandiosidade dos resultados compensou todos os esforços do presente.
A ida ao tanque exigia um grande esforço do cego, por não ver o caminho, por ser a época da festa dos tabernáculos e as ruas estarem cheias, por ter um tanque em que havia por certo uma tremenda concorrência na aproximação e uso. 
Mas o apego as promessas nos motivam a continuar dando dois, quatro, oito passos em direção de nosso real objetivo.
Os métodos podem parecer abstratos, mas há um Deus que confunde a sabedoria humana.
A partir de agora há uma sucessão de interrogações por parte daqueles que estavam ao redor do ex-cego.
Gradativamente percebemos a evolução de suas convicções sobre Jesus.
Em primeiro lugar – Um homem.
Então os vizinhos, e aqueles que dantes tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquele que estava assentado e mendigava?
Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu.
Diziam-lhe, pois: Como se te abriram os olhos?
Ele respondeu, e disse: O homem, chamado Jesus, fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Então fui, e lavei-me, e vi.
Disseram-lhe, pois: Onde está ele? Respondeu: Não sei.
João 9:8-12
Havia uma crença antiga entre os judeus que quando o Messias viesse seria capaz de com sua saliva e a orla de seus vestidos curar, eis aí a confirmação. Ao dizer tais palavras o cego talvez não tivesse ideia da grande desse testemunho e tudo o que ele representava.
Ser um cego de nascença era um problema para toda a vida, porém ele era o primeiro cego de nascença curado, não tratava de uma restauração, mas sim de uma reversão completa para um estado que nunca antes ele viveu; por isso vem as perguntas:
“não é este que estava mendigando”? Alguns duvidavam de uma possível substituição tamanha era a importância desse fato e a novidade que foi para todos. Porém ele reafirmava: Sou eu!
A pergunta seguinte é: “Como isso aconteceu?” e daí vem a primeira compreensão do cego sobre Jesus. Um homem. Um homem que fez algo incomum. Cristo é chamado muitas outras vezes de um homem, principalmente por aqueles que conhecem pouco sobre ele.
Para muitos Cristo é apenas um rapaz admirável, um homem fantástico, mas a medida em que lhe conhecemos nossas compreensões sobre Cristo tendem a ir aumentando gradativamente.
Levaram, pois, aos fariseus o que dantes era cego.
E era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.
Tornaram, pois, também os fariseus a perguntar-lhe como vira, e ele lhes disse: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo.
Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.
Tornaram, pois, a dizer ao cego: Tu, que dizes daquele que te abriu os olhos? E ele respondeu: Que é profeta.
Os judeus, porém, não creram que ele tivesse sido cego, e que agora visse, enquanto não chamaram os pais do que agora via.
E perguntaram-lhes, dizendo: É este o vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora?
Seus pais lhes responderam, e disseram: Sabemos que este é o nosso filho, e que nasceu cego;
Mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe tenha aberto os olhos, não sabemos. Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo; e ele falará por si mesmo.
Seus pais disseram isto, porque temiam os judeus. Porquanto já os judeus tinham resolvido que, se alguém confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da sinagoga.
Por isso é que seus pais disseram: Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo.
João 9:13-23

Ao ver tão grande testemunho, as pessoas que estavam próximas ao cego logo chamam os fariseus e lhes declaram o ocorrido. De imediato eles vão até o homem restaurado e lhe perguntam como isso aconteceu.
Ao falar como aconteceu, declarando que Cristo cuspiu no chão, fez lodo e passou nos olhos, os olhares dos fariseus deixam de estar voltados ao milagre, passando a se atentar aos métodos. Por se atentar aos métodos percebem aparentes violações quanto ao sábado.
Cuspir no chão, criar lodo e untar os olhos eram três transgressões subsequentes ao mandamento do sábado e por se atentar a isso e também por dar ouvidos a inveja dizem que Cristo não é o Senhor porque transgrediu a lei.
O relato do homem é tão contundente que há dissenção entre os próprios fariseus, uns reconhecem e se questionam como isso seria possível se não fosse mediante o poder de Deus? Outros preferem manter o status e brigar para desmascarar possíveis tramas de Jesus, estão coando os mosquitos e engolindo os camelos, não entram no caminho e não permitem outros entrarem. Então há uma segunda pergunta: O que você diz sobre Jesus? “Ele é um profeta”.
Já há uma ligeira evolução nos conceitos do homem sobre Jesus. Agora para o rapaz ele é um profeta, alguém que tem a palavra de Deus, tem poder de fazer sinais maravilhosos, tem condições de dizer palavras a cerca do futuro e além disso alguém que tem sobre si o Espírito de Deus.
Vamos notar que gradativamente a compreensão do rapaz sobre Jesus vai crescendo.
Os Judeus agora querem a todo custo invalidar todo o milagre e para isso estão dispostos a recorrer aos pais, mesmo sabendo que era inválido, visto que o rapaz era maior.
Os pais temiam os fariseus e a possível exclusão da sinagoga. Por isso apenas afirmam a paternidade e a cegueira, mas mesmo sabendo de tudo aconteceu eles se recusam a falar e transferem a responsabilidade ao filho. “Ele já tem idade”. Eles se apegaram mais ao que tinham e a segurança da religião, do que correr riscos por Jesus.
Chamaram, pois, pela segunda vez o homem que tinha sido cego, e disseram-lhe: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador.
Respondeu ele pois, e disse: Se é pecador, não sei; uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo.
João 9:24,25
Há uma segunda série de questionamentos, já se torna maçante, cansativa. As respostas passam a ser mais diretas por parte do rapaz curado.
Quando lhe pedem que declarem que Jesus é pecador o homem traz uma resposta fantástica:
Se era pecador não sei, o que sei é agora vejo. Não importa para os religiosos a alegria dos outros, importa que sejam iguais, que pensem de forma parecida.
Ao cego pouco importa os métodos contato que seu problema foi resolvido. Não é necessário nexo, não é necessárias maiores explicações. Simplesmente está resolvido. Éramos cegos agora vemos, o perdido encontrou perdão.
O que importa é que ele me achou!
E tornaram a dizer-lhe: Que te fez ele? Como te abriu os olhos?
Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós porventura fazer-vos também seus discípulos?
João 9:26,27
Estavam a todo custo querendo lhe acusar de blasfêmia. Lhe perguntam novamente o método, agora o ex-cego passa a ser um evangelista.
Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele sejas tu; nós, porém, somos discípulos de Moisés.
Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos de onde é.
O homem respondeu, e disse-lhes: Nisto, pois, está a maravilha, que vós não saibais de onde ele é, e contudo me abrisse os olhos.
Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve.
Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.
Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.
Responderam eles, e disseram-lhe: Tu és nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-no.
João 9:28-34
O homem é então expulso da sinagoga, Ele abriu mão da estabilidade diferentemente dos pais que optaram por um caminho mais fácil.
Ele fez como Orlando Boyer.
Como a parábola do tesouro escondido.
Optou pela dor de ser expulso da sinagoga, perdeu o mundo e ganhou a Cristo.

Jesus ouviu que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus?
Ele respondeu, e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia?
E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo.
Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou.
João 9:35-38
Finalmente há o encontro final com Cristo. A compreensão final foi de que Cristo era o filho de Deus, momentos diferentes fizeram a fé desse rapaz crescer, ele passa a ser um instrumento para que a fé de outros fosse estimulada e não só isso, um cego consegue ver quem é Cristo enquanto os que se consideravam maiorais são confundidos.
A cegueira ainda hoje ocorre, mas essas palavras são incômodos constantes para que nos desloquemos ao enviado e resolvamos de vez o problema de nossa cegueira.
Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados.
Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;
E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são;
Para que nenhuma carne se glorie perante ele.
1 Coríntios 1:26-29

Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!
Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?
Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?
Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.
Romanos 11:33-36

sexta-feira, 3 de março de 2017

A fé de José - A fé que eu quero ter

Minha oração hoje é
Senhor, dai-me uma fé como a de José, como a de Martin Luther King Jr.
Pela fé José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel, e deu ordem acerca de seus ossos.
Hebreus 11:22
"Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta."
Martin Luther King Jr.
A fé que almejo ter é:
Uma fé que nem a morte faz esmorecer
Uma fé que não obstante a aproximação do derradeiro dia, me permite sonhar com um futuro melhor
Uma fé que vai além do aqui e do agora
Uma fé que não se limita só a existência terrena
Uma fé que me leva a ter amor por minha pátria
Uma fé que me toma de amor por meu próximo, ao ponto de enchê-los de esperança
Uma fé que me faz ser uma influência póstuma
Uma fé que me ajuda a entender que as circunstâncias são temporais, mas a palavra e o amor são eternos
Uma fé que me faz olhar para trás com a certeza de que Deus cumpriu e continuará cumprindo suas promessas
Uma fé que serve de encorajamento contínuo para as gerações posteriores
Uma fé que entende que meu lugar não é aqui
Uma fé que me leva a esperança em dias melhores
Uma fé que que me faz entender que ainda que não veja esses dias em minha carne, devo trabalhar para que as próximas gerações vejam
Uma fé que espera no Senhor além da própria vida
Uma fé que me faz viver uma escatologia da esperança (Consolai-vos uns aos outros com essas palavras 1° Tes. 4.18).
Uma fé que me leva a abraçar as promessas, mesmo vendo-as de longe, saudando-as, sem alcança-las (Hebreus 11.13)
Uma fé que me ajude a entender que fazendo o que almejo ou não, Deus é digno de confiança
Uma fé que me faça um sonhador-mor, ao ponto de até as últimas palavras serem como as de Martin Luther King “I have a Dream”.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Lidos e indicados

Fim de milênio: Os perigos e desafios da pós modernidade na igreja: Ricardo Gondim
Artesãos de uma nova história: Ricardo Gondim
Creia na possibilidade da vitória: Ricardo Gondim
Maravilhosa graça: Philip Yancey
A cruz de Cristo: John Stott
O perfil de três reis: Gene Edwards
A volta do pródigo: Henry Nowen
O peso de glória: C.S. Lewis
O problema do sofrimento: C.S. Lewis
O discípulo Radical: John Stott
O perfil do pregador: John Stott
Feridos em nome de Deus: Marília de Camargo César
Heróis da fé: O.S. Boyer
Deuses Falsos: Thimoty Keller
O impostor que vive em mim: Brennam Manning
O Pródigo: Brennam Manning e Greg Barbet
O semeador de idéias: Augusto Cury
Pentecostes: O fogo que não se apaga: Hernandes Dias Lopes
Derramamento do Espírito: Hernandes Dias Lopes
A arte de pregar: Robson Marinho
Perdão: Encarnação da graça: Caio Fábio D'Araujo Filho
Por que tarda o pleno avivamento?: Leonard Ravenhill
Resgatando o Cristianismo: A.W. Tozer
Poder através da oração: E.M. Bounds
Rute: Uma perfeita história de Amor: Hernandes Dias Lopes
Seis horas de uma sexta-feira: Max Lucado
A história de Deus e a sua história: Max Lucado
Ele escolheu os cravos: Max Lucado
A vida e os tempos do apóstolo Paulo: Charles Ferguson Ball
Evangelhos que Paulo Jamais pregaria: Ciro Sanches Zibordi
Em defesa da fé Cristã: Dave Hunt
Erros que os pregadores devem evitar: Ciro Sanches Zibordi




Resenha - O peso de Glória (C.S. Lewis)

O livro o peso de glória trata-se de uma coleção de palestras ministradas por C.S. Lewis durante a segunda guerra mundial e alguns sermões entregues às igrejas nesse período.

O primeiro capítulo apresenta o sermão que dá título ao livro.
Trata-se de uma nova abordagem sobre a escatologia, diferente da grande maioria dos sermões a cerca do tempo futuro, C.S. Lewis aborda as expectativas quanto a glória futura. Sobre o que poder ser muito bem definido como "saudades do céu". O anseio dos homens por projetar deuses, no céu, na terra, é na verdade um anseio por fazer parte da beleza que hoje contemplamos. Na glória futura isso será finalmente satisfeito. Além disso, Lewis apresenta a glória futura como algo semelhante a ser finalmente agradável a Deus, não apenas aceito, será o dia em que não receberemos apenas misericórdia, mas que a admiração será mútua.

Há ainda um sermão sobre o falar em línguas, chamado "transposição".
Lewis apresenta tal acontecimento como algo "embaraçoso" e de fato é. Como discernir o falar em outras línguas sem levar em conta todo o emocionalismo que há por trás desse ato? Em resumo, seu argumento é de que ninguém que está olhando por baixo, que não transpôs os limites da razão, pode compreender plenamente tal dom. É algo que quem está de baixo não alcança, naturalmente acabam de alguma forma criticando o que não conhecem.

"A crítica feita a partir de um plano inferior contra qualquer experiência, a desconsideração voluntária do significado e a concentração no fato sempre apresentarão a mesma plausibilidade. Sempre haverá provas, provas frescas, todos os meses, de que a religião é apenas psicológica, a justiça, mera autoproteção, a política, simples economia, o amor, pura sensualidade e o pensamento, nada mais que bioquímica do cérebro."

Há um artigo extremamente relevante, em que CS Lewis responde a razão de não ser um pacifista.
Em resumo, ele explica que as guerras em sua maioria não foram totalmente prejudiciais, grande parte dos avanços na sociedade se deram em guerras e o pacifismo trata-se de uma utopia, de uma má interpretação das palavras de Jesus no sermão do monte, devemos sim nos defender, devemos sim levar em conta que por mais dolorido que seja, a guerra não é de todo ruim e que devemos deixar alguns conceitos que aprendemos no decorrer dos anos.

Lewis fala sobre a necessidade de se produzir arte independente do ambiente externo, os estudantes poderiam se sentir como Nero, tocando música enquanto Roma queima. Porém a produção acadêmica, literária, intelectual não pode ser feita apenas em momentos de paz, pois, eles nunca surgirão.

A leitura dessa obra foi de enriquecedora, visto que é plenamente possível vivermos um dualismo, não considerar que todas as coisas devem ser feitas para a glória de Deus. Assim nosso estudo, nosso trabalho, são imaginados de forma errônea, achamos que trabalhar ou estudar bem, não interfere em nossa relação com Deus. Mas pelo contrário, todas as atividades, até as mais simples devem ser para a glória de Deus.

Recomendo a todos essa leitura.

Resenha - O perfil de três reis (Gene Edwards)

Uma leitura fácil, mas ao mesmo tempo profunda e de alguma forma curadora. Assim definiria esse livro. Trata-se de uma narrativa sobre Saul, Davi e Absalão e as respectivas posturas dos três como líderes.

De forma indireta inicialmente, o autor almeja destacar os principais traços dos três. Saul representa as lideranças que abusam do poder, as lideranças que tornam seu reino algo extremamente pessoal de modo que para mantê-lo são capazes de lançar flechas e ferir quem quer que seja.
Não é fácil identificar um Saul, pois ele começa bem e é no poder que se torna cego.
O autor chega ao ponto de perguntar: Como saber quem é um Saul? Eu sou um Saul? Não sei, Deus o sabe.

Posteriormente é destacada a postura de Davi diante das tentativas do rei para matá-lo, seu modo pacifista, sua capacidade de ser simpático, mas não por almejar criar um poder paralelo, respeitando a liderança atual por pior que seja.

Por fim, Absalão é apresentado como um usurpador, como alguém que ao contrário do pai, cria alianças para rebelião, almeja o poder criando grupos paralelos.

Esse livro é para todos que almejam ser líderes no padrão de Davi, para você que já é um líder ficar alerta com a possibilidade contínua de se cegar com o poder, ou de criar motins a fim de alcançar lugares mais altos. Esse livro é para todos que de alguma forma já foram feridos por alguém superior, mas almejam não se deixar ser envenenado com as flechas da amargura.

Recomendadíssimo. Abraços. Na paz que excede todo o entendimento.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A paternidade do pregador não lhe põe num lugar mais alto.

É ridículo quando um cristão clama
autoridade paternal sobre um irmão na fé, exigindo que ele
se comporte como se fosse seu filho, quando na realidade
eles são irmãos. Os fariseus tinham grande prazer em
tratar as pessoas simples como animaizinhos de estimação.
O ministro cristão não pode fazer coisa semelhante.

John Stott - O perfil do pregador

Devemos evitar a relação de dependência entre membros e pastores e pregadores

Não temos o menor desejo de
manter os membros de nossa igreja perpetuamente
agarrados à barra da saia do pastor, sempre correndo ao
nosso redor como as criancinhas fazem com sua mãe. Em
toda igreja há aquelas pessoas fracas que adoram paparicar
o pastor, e estão constantemente marcando entrevistas
com ele para consultá-lo sobre problemas espirituais. Isto
deve ser combatido, energicamente. Com delicadeza e
firmeza, devemos dizer claramente que a vontade de Deus
para seus filhos é que eles dependam dele como Pai, e não
de outros homens.

O perfil do pregador - John Stott

O pregador local é um pai

A pregação envolve um relacionamento pessoal
entre o pregador e sua congregação. O pregador não é um
artista que declama do palco enquanto a audiência
permanece passiva. Nem é apenas um arauto, que prega
como se estivesse "gritando dos eirados", um intermediário
entre o Rei e um povo que ele não conhece, e que não o
conhece também. Ele é um pai com seus filhos. Entre eles
existe um relacionamento de amor familiar. Eles pertencem
um ao outro. E antes, durante e depois do sermão, o
pregador é (ou deveria ser) consciente deste
relacionamento em que está envolvido. Isto pode não ser
tão visível nas pregações evangelísticas, como numa
campanha ao ar livre, quando a maioria dos seus ouvintes
são desconhecidos. Mas torna-se evidente para o pregador
que tem o inestimável privilégio de ministrar a uma
congregação fixa.

O perfil do pregador - John Stott

Pregador local também é pastor

"o pregador precisa ser pastor, para que esteja pregando a homens de carne e osso. O pastor precisa ser pregador, para que mantenha viva a dignidade de seu ofício. O pregador que não é pastor, torna-se distante; o pastor que não é pregador, torna-se mesquinho"

Brooks Phillips

O bom pregador deve ter relacionamento profundo com Deus

Não há necessidade mais urgente para um
pregador do que conhecer Deus. Nem quero saber se ele
não consegue falar com eloqüência e arte, se suas frases
são mal construídas, ou sua fala é confusa, desde que Deus
seja evidentemente real para ele, e ele tenha aprendido a
permanecer em Cristo. O preparo do coração tem uma
importância muito maior do que o preparo do sermão. As
palavras da mensagem, por mais claras e poderosas que
sejam, não terão o som da verdade, a não ser que brotem
da convicção que vem da experiência. Muitos sermões que
são homileticamente excelentes, mesmo assim soam ocos.
Há um ar de profissionalismo estéril sobre quem prega este
tipo de sermão. O conteúdo de sua mensagem evidencia
uma mente bem desenvolvida e disciplinada; ele tem uma
boa voz, aparência distinta e gestos bem medidos. Mas por
algum motivo, o seu coração não está na mensagem

O perfil do pregador - John Stott

A necessidade da oração para o pregador

Tudo isto coloca sobre nós, que fomos chamados
para ser testemunhas de Cristo, a solene obrigação de
cuidar de nós mesmos, sem negligenciar o cultivo de nossa
vida espiritual, sob pena de nos tornarmos testemunhas
mudas que não têm o que dizer. Os apóstolos estavam
realmente certos em se consagrar à oração e ao ministério
da Palavra, pois a pregação sem oração torna-se um
simulacro vazio.

O perfil do pregador  - John Stott