sexta-feira, 5 de agosto de 2022

O Dever de Orar e Não se Cansar - Sermão Entregue a Ad Brás Sto Eduardo

 

“E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?
Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
Lucas 18:7,8

 

A parábola é um instrumento de ensino, trata-se de uma história fictícia que tem por intenção demonstrar realidades práticas à respeito de várias coisas.

A história não deve ser interpretada a luz de seus fatos isolados, mas sob uma perspectiva geral, de modo que ao observarmos uma parábola, devemos absorver dela sua lição fundante, principal. Há assuntos que se tratados de forma muito técnica não seriam alcançadas por nós, é visando a compreensão, que o Senhor Jesus escolheu ensinar os seus por meio de exemplos lúdicos tal qual são expostos nas parábolas.

 

As parábolas de oração

A oração foi um assunto e uma prática levada muito a sério por Jesus. Especialmente Lucas fala sobre várias ocasiões em que Jesus orou e de forma indireta traçou princípios a nós seus discípulos.

Lucas fez uso de sete ocasiões em que Jesus orou e que outros evangelistas não mencionaram:

 - Após seu batismo – 3.21

 - Após purificar o leproso – 5.16

 - A noite inteira para escolher os seus doze – 6.12

 - Antes da confissão de Pedro – 9.18

 - Na transfiguração – 9.28

 - Antes da oração dominical – 11.1

 - Na cruz – 23.24

 

Há ainda as ocasiões em que os sinópticos mencionam orações de Jesus, de modo que fica notória a ênfase que Jesus dava a oração.

 

 

É considerando a importância que ele próprio (Jesus) dava a oração e a necessidade que seus discípulos teriam de semelhantemente orarem, que o mestre opta por contar ao menos três parábolas diretamente relacionadas a oração.

São elas:

1º - O amigo importuno – Lucas 11

2º - O juiz iníquo – Lucas 18

3º - O fariseu e o publicano

 

As três tem lições sobre como devemos nos aproximar de Deus em oração.

E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer,
Lucas 18:1

 

1º - A primeira consideração sobre oração na perspectiva de Jesus é: Orar é um dever.

Nós temos considerável dificuldade de lidar com “deveres”, gostamos de coisas que fazemos por opção, por iniciativa própria, a perspectiva de dever nos incomoda profundamente, isto porque fomos ensinados a fazer coisas que gostamos, quando sentimos, quando desejamos.

Mas há questões na caminhada cristã que estão para além do desejo e que devemos fazê-las, independente do querer, independente do gostar, mesmo sem desejo.

A cerca deste desejo de informalidade, de “não obrigação” C.S. Lewis disse:

“A melhor coisa a fazer, se possível, é afastar completamente o paciente em questão da intenção de rezar. Se o paciente é um adulto, recém-convertido para o lado do Inimigo, como é o caso do nosso homem, conseguimos tal feito quando o encorajamos sempre a lembrar-se, ou a pensar que se lembra, do quanto suas preces na infância eram automáticas. Em contrapartida, você talvez possa persuadi-lo a almejar algo totalmente espontâneo, introspectivo, informal, livre de regras; e isso na verdade significará, para um iniciante, o esforço para produzir em si mesmo um estado de espírito vagamente devocional no qual a verdadeira concentração de vontade e inteligência não desempenham nenhum papel.

C. S. Lewis - Cartas de um diabo ao seu aprendiz”

 

Em nome de uma “não formalização” nós estamos tentando criar vias alternativas a oração, tal qual a meditação, o “lembrar-se de Deus”, a experiência “agradável” de oração.

 

Porém Jesus lida com esta questão dizendo: Temos o “dever” de orar.

Orar é uma obrigação, algo que não devemos fazer porque gostamos, ou quando queremos, ou de modo o tempo inteiro agradável. Orar é questão de sobrevivência.

Uma vez perguntando sobre o que é mais importante: Orar ou ler a bíblia?

Tozer respondeu: “Qual asa é mais importante para um pássaro, a esquerda ou a direita?”

É sob esta perspectiva de subsistência, sobrevivência, necessidade que beira a obrigatoriedade que Jesus nos chama ao orar.

 

Ao falar sobre a armadura de Deus, Paulo fala sobre uma série de itens, a saber: Capacete da salvação, couraça da justiça, cinto da verdade, calçado da preparação do evangelho da paz, espada do espírito que é a palavra, o escudo da fé.

Aparentemente a armadura está sem um item, onde entraria a oração nesta armadura completa?

Paulo Complementa:

Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito
Efésios 6:18

 

A ideia fundante de Paulo é que devemos tomar cada item da armadura orando, orar ao colocar capacete, couraça, cinto, calçado, espada e escudo.

A oração neste sentido pode constituir a própria batalha, de modo que orar é guerrear, orar é se defender, orar é receber de Deus estratégia. Considerando que ao vir para a caminhada Cristã não recebemos de Deus um kit “diversão”, um vale férias, um passaporte diferenciado, mas sim uma armadura, há algumas implicações:


1º - A batalha nos impede de tomar a opção de nos manter passivos;

2º - A batalha só se milita com as armas que Jesus nos deu;

3º - A oração é nossa arma de ataque e nossa melhor defesa (Daniel e o príncipe da Pérsia).

É considerando tudo isso que Jesus fala do “dever de orar”.

John Flex saudava seus companheiros dizendo: “Você está orando? Você está orando?”

John Welch – Quem não ora morre

 

2º - Não devemos desistir de orar

A oração as vezes pode se constituir uma atividade extensa, uma atividade que não tem respostas instantâneas, é considerando os tempos de espera no processo de oração que Jesus não só torna a oração uma questão sobrevivência, mas uma questão de paciência.

e nunca desfalecer,
Lucas 18:1

 

O chamado de Jesus é claro: Não desista de orar, não se canse de orar, não abandone a oração.

Não devemos desistir de orar, pois, de certa forma a oração sempre será a cartada final, a última alternativa de reversão, a última porta a se bater.

·         Foi a oração da Cananéia que fez Jesus socorrer sua filha após o silêncio, após a resposta desproporcional e a aparente humilhação – Mateus 15

·         Não devemos cansar de orar – Exemplo (Adoniram Judson)

 

·         Talvez Deus esteja chamando pessoas a retomarem orações por causas abandonadas, sonhos, conversões, mudanças, profundidade, Deus está nos convidando a não desistir de orar, a não parar de orar, a insistir na oração, a perseverar.

Naturalmente se diz que a espera é sempre parada, é sempre estagnada, esperar é se manter imóvel.

Isso se aplica às esperas comuns, porque no que diz respeito a oração, no que diz respeito ao Senhor, esperar em Deus é sempre caminhar.

Josué junto ao povo deu 13 voltas até que o muro caísse, assim é a vida de oração, uma vida que exige persistência, a sensação de dar voltas se sentido, mas enquanto oramos sem desfalecer há uma série de coisas acontecendo.

Deus está nos convidando a não se cansar de orar.

Quando ouvimos de Deus uma devolutiva negativa, devemos seguir o exemplo do mestre, de não mais insistir, mas dizer: “Seja feita a tua vontade”.

Mas enquanto a resposta não está clara, a devoção esperada é de “não se cansar de orar”.


Tal qual Ana fez, de ano em ano, de sacrifício em sacrifício, as vezes sem força e só mexendo os lábios, quando a resposta veio foi “O Senhor lhe conceda o seu pedido” até que passados dois anos a situação foi “por este menino orava eu”.

 

Os barcos mais pesados, costumam demorar mais, por conduzirem cargas maiores – Spurgeon

 

1º - Quando eu não oro eu peco

2º - Pecamos porque deixamos de orar

3º - Pecado e oração são opositores

Helena Raquel

 

3º Não orar me faz desanimar

Parece haver uma relação direta que torna necessário dizer “o dever de orar sempre sem desanimar”, pois, não orar me desanima na caminhada, a oração é ânimo,  combustível, vigor, entusiasmo.

Sem oração nós perdemos o encanto, perdemos a força, perdemos a alegria.

A oração revigora, dá intimidade, relacionamento.

 

A oração muda o semblante (Transfiguração).

A oração enche de vigor.

Talvez grande parte dos nossos desânimos, distrações, irritações se dão por uma mesma razão: A falta de oração.

 

 

4º Nossas dificuldades não são levadas em conta pelo Juiz (Viúva)

A viúva no tempo da bíblia era um símbolo de necessidade, os diáconos foram instituídos prioritariamente para cuidar das viúvas e órfãos. Viúvas não trabalhavam, não tinham heranças, não possuíam nada.

 

1º As viúvas tinham roupas características – Gn 38.14

2º Não herdavam bens do marido

3º Não tinham renda

4º Se permanecesse na família era quase uma serva

5º Se voltasse para a casa de sua família ela deveria devolver o valor do dote.

6º Frequentemente elas eram vendidas como escravas para saldar dívidas dos maridos que iam embora.

 O juiz, quando importunado, não se importou com nada disso, tanto em sentido negativo, como por piedade, os juízes desta terra são indiferentes.

Os juízes neste tempo frequentemente atendiam apenas homens, ou seus porta-vozes, além disso eram movidos por muitos subornos, de modo que uma viúva nesta situação ficaria em uma situação ainda mais extrema, sem intercessores por ela, sem condições de nem mesmo pagar um suborno.

Ela não tinha outras vias a não ser insistir em seu pedido mesmo com todas as limitações.

 

5º Consideremos os contrastes, Jesus usa uma situação de extrema necessidade e de extrema indiferença que foi revertida com perseverança.

 Agora consideremos nossa posição em comparação com esta mulher:

·         Estrangeira x filhos

·         pouco acesso de viúva x total acesso ao trono

·         a mulher não tinha um intercessor x nós temos um advogado

·         ela vai a um tribunal x nós vamos ao trono da graça

·         ela clama sendo pobre x em cristo temos todas as riquezas

Nós estamos em uma situação de todo favorável.

 

7º Para Deus responder orações é uma questão de caráter

 

8º A espera pode matar a fé de muitos, mas devemos aprender a esperar (Ele achará fé na terra).

 

Experimentando a alegria futura - As Bodas de Caná - Sermão Entregue a Ad Brás Sto Eduardo - Culto de Ensino

 

Jesus nas bodas de Caná

 

Ao considerar a leitura de um livro bíblico, um dos fatores que mais facilita a compreensão é identificar quem são os destinatários iniciais, os propósitos do autor ao escrever e quais situações ele deseja destacar em seu texto.

·              
Marcos escreve de forma consideravelmente objetiva, tratando exclusivamente dos milagres de Jesus, como uma narração de fatos, com poucos sermões, sem parábolas e genealogias.  Este foi o primeiro a ser escrito, dando origem aos demais.

·               Mateus toma como base o texto de Marcos e adiciona a genealogia que atendia seu objetivo, que era apresentá-lo aos judeus, por esta razão a genealogia parte de Abraão e ressalta o fato de ele ser descendente de Davi, logo é de linhagem real.

Para apresentá-lo como rei, o conceito de reino de Deus é apresentado, parábolas do reino, cumprimentos de profecias do antigo testamento, tudo para ressaltar este objetivo.

·       Lucas, torna ainda mais denso o relato, ao tratar de forma mais extensa a genealogia e considerando que ela se trata de um texto escrito aos gentios, ele abrange toda a humanidade, indo até Adão. Também relata os milagres de forma mais detalhada, em ordem cronológica.

De forma que os três evangelhos são fundamentados nas mesmas histórias, com algumas adições de sermões ou genealogias ou detalhes, de acordo com o propósito de seus escritores.

·       João não tem nenhuma dessas preocupações, no fim de sua vida, considerando a sua proximidade de quem se deitava sobre o peito de Jesus, ele não inicia a genealogia de Jesus lhe relacionando a nenhum homem, mas diretamente a Deus.

No princípio era o verbo, o verbo estava com Deus e o verbo era Deus.

João também tem uma preocupação apologética, crescia nos dias dele uma heresia que quase acabou com o evangelho, dada sua atratividade e semelhança com a fé Cristã.

O Gnosticismo se ampliava com muita força, de forma sincrética, liberal e obscura.

Considerando a crescente heresia gnóstica, João faz um relato ressaltando a divindade do verbo vivo que habitou entre nós.
Os milagres aqui tratados são em sua maioria não citados nos sinópticos, são escolhidos propositalmente por João para cumprir seu objetivo que está no término do livro:

Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro.
Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

João 20:30,31

 

João deseja de forma crescente apresentar sinais da divindade de Jesus, logo estes milagres não se trata de uma escolha aleatória, mas cada um deles aponta para um aspecto que atesta a divindade de Jesus.

Os milagres foram tantos que João diz que se tratados, o mundo não comportaria os relatos, sendo uma grande biblioteca, não dariam conta de abrigar os escritos com seus significados.

João então seleciona sete sinais de Jesus, a saber:


 

·       O milagre nas bodas de Caná

·       A cura do filho do oficial

·       Jesus cura um inválido em Betesda

·       Jesus multiplica os pães

·       Jesus anda sobre o mar

·       Jesus cura um cego de nascença

·       Jesus ressuscita a Lázaro

 

Nós devemos cuidar para que ao olhar para os milagres em João, não vejamos apenas a narração dos fatos, pois, ela é secundária, em João, todos os milagres de Jesus são sinais.

 

Quando vemos uma placa, não é a ela que damos a atenção, mas ao que ela sinaliza. Ao ver um sinal de lombada a 50 metros, não nos preocupamos com a placa, mas com o que ela mostra.

O milagre em João não é um fim em si, mas é como um dedo que aponta para algo, não devemos neste sentido nos ater ao dedo, mas ao que ele tenta demonstrar.
Os milagres de Jesus têm um lado “B”, tem algo a mostrar, ao longo desta série vamos descobrir mais sobre Jesus, entender que ele não é só um milagreiro, ele é o Deus encarnado e tem todas as características para isso.

 

 

O casamento

A esta altura Jesus tinha 6 discípulos, Jesus é convidado a uma festa no terceiro dia.

(Terceiro dia pode ser três dias depois do recrutamento dos discípulos ou a terça-feira que era um dia padrão de casamentos judaicos).

Jesus é convidado talvez por estar com Natanael, que aparentemente era de Caná, se tratando de uma festa que ganhava proporções provinciais, é possível que Jesus tenha ido a convite do seu novo discípulo para esta festa.

A outra possibilidade é que a mãe de Jesus tenha sido convidada e quis seu filho por perto, este agora andava com seus discípulos para todos os lugares e fez questão de levá-los.

A festa de casamento naquele contexto tinha algumas semelhanças às de hoje.

·               Quando somos convidados a um casamento, recebemos com honras o convite, por se tratar de um dos momentos mais importantes da vida de uma pessoa.

·               Em toda festa, nós naturalmente olhamos num primeiro momento a organização, o espaço, a decoração, mas o fator mais relevante é a refeição.

Quem organiza uma festa que oferece um local sofisticado, aconchegante, mas não se preocupa com o que servir aos seus convidados, acaba por colocar todo o resto das coisas em descrédito.

Isso é tão intenso, que mesmo uma festa não tão organizada ou bonita, mas que tem uma boa comida, é salva por esta última característica.

·               Se hoje ainda as pessoas falam sobre uma festa sem comida, se ainda hoje descartam festas em virtude disso e murmuram, considere na cultura do oriente médio em que os conceitos de honra e vergonha eram muito mais intensos o quanto era grave alguém não ter comida num casamento.

 

O casamento naqueles dias ganhava dimensões enormes, pois, parentes dos mais diversos lugares e amigos, vinham a casa dos noivos.
A festa durava uma semana, regada a vinho e banquetes, era um ato inaugural do casamento e dizia muito para a sociedade dos seus dias como seria a relação dali em diante.

O casal iniciava as bodas com os convidados, se retirava para os atos nupciais e então se estendiam por sete dias.

 

 

Tim Keller diz no livro encontros com Jesus

“O propósito do casamento não era a felicidade de dois indivíduos acima de tudo, mas a união da comunidade e o início da próxima geração. Em outras palavras a finalidade do casamento era o bem dos cidadãos. Quanto maiores, mais fortes e mais numerosas as famílias de uma cidade, melhor a economia maior a segurança militar, maior a prosperidade para todos. Isso tudo significava que os casamentos e as respectivas festas tinham a importância muito maior do que hoje. Cada evento desses representava uma festividade pública para a cidade inteira, pois o casamento tinha a ver com a comunidade, não só com o um casal. Ao mesmo tempo, era também o maior acontecimento da vida pessoal tanto da noiva como do noivo. Era o dia em que atingiam a maioridade e se tornavam membros adultos plenos da sociedade. Não surpreende, portanto, que as antigas festas de casamento durassem pelo menos uma semana”.

Era demandada uma grande organização numa festa desta proporção, são sete dias com pessoas entrando e saindo, sobretudo um povo muito supersticioso, que associava tudo a aprovação ou reprovação divina.

Considere ainda que o casamento se daria numa cidade pequena, naqueles dias com 3.000 habitantes, logo, qualquer erro tornaria aquele casamento inviável.

 

O problema:

E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho.
João 2:3

A luz de nossa cultura ocidental, estamos distantes do que isso quer dizer, mas em alguns lugares, questões de comida, estão diretamente relacionadas a cultura e o orgulho do povo.

Certa vez me assentei com portugueses em outro país e foi servido um peixe dessalgado, de forma unanime todos desprezaram na hora o prato, pois, diziam entre eles que em suas casas faltaram muitas coisas, mas nunca faltara um peixe de qualidade, logo aquilo soou ofensivo para eles.

O vinho para o judeu tinha uma conotação semelhante, era símbolo de alegria, era obrigatório em uma festa, para eles uma questão de honra!

Quando o vinho acaba naquela festa, o cenário já estava posto, havia apenas o vinho que os convidados estavam bebendo e possivelmente o casamento ainda tinha dias a sua frente.

Ficar sem vinho neste contexto era o fim do casamento, iria forçá-los a interromper a celebração antes do tempo, pois, a festa não continuava sem ele.

Neste sentido o casal ficaria mal falado, por má organização, por falta de cortesia com os convidados e numa cidade com esta quantidade de pessoas rapidamente ficariam conhecidos.

Tratava-se de um enorme problema social para aquele casal que estava nos seus primeiros dias.

 

 

“Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.
João 2:4

 

O Papel de Maria

Há quem diga que Maria exerceu aqui um papel de intercessão, mas seja o que for que ela tenha dito nas entrelinhas, a sua fala trata-se mais de uma constatação do que uma intercessão, ela leva para Jesus um problema e de certa forma tenta coagi-lo no que deve fazer.

Para Maria aparentemente está claro que Jesus é diferente, que possivelmente ele tem poder, mas mesmo ela, não tinha visto nada, pois, este era o primeiro milagre de Jesus.

Maria fala com Jesus como mãe, lhe dizendo o que deve fazer.

Ao tentar exercer o papel que a igreja católica hoje lhe dá, ela é posta em “seu lugar” por Jesus.

Jesus naturalmente não se arrependia das palavras que dizia, nem falava coisas em vão. Mesmo em momentos mais delicados, Jesus media muito bem suas palavras.

·               A sua resposta, mulher, que tenho contigo?

·               Não quer dizer em primeiro lugar, “o que tenho a ver com você?” – Não é isso que Jesus está dizendo.

·               As traduções mais fiéis dão a entender “O que isso tem a ver comigo e com você?”

De certa forma, Jesus dá uma resposta aparentemente muito desproporcional a fala de Maria. Ela fala de vinho, do problema social, da possível multa que terão de arcar, Jesus fala da sua hora.

 

 

 

 

Afinal o que era a hora de Jesus?

 

A hora de Jesus não é nada menos do que a morte na cruz.


Os noivos, a mãe de Jesus, os discípulos, todos, exceto Jesus estão vendo tudo numa perspectiva natural e terrena.
Jesus desde o início da festa está olhando abaixo da superfície.


Jesus associa o suprimento de vinho a sua morte.

Jesus não veio

Jesus parece olhar muito distante, bem mais do que Maria olhava.

Os noivos quando estão em casamento tendem a estar com olhares distantes, pensativos, voltados ao futuro:
Como será o meu? Quando será o meu?

 

Jesus sabe que é o noivo, essa figura está em toda a bíblia, o seu povo é a noiva, ele sabe que o custo para que a sua noiva, beba do vinho da alegria, é que ele beba o cálice da ira, Jesus está com o olhar voltado a cruz.

Jesus fala da sua hora, apontando para o futuro e vários elementos apontam para isso:

1º - A outra vez que Jesus chamou sua mãe de mulher, foi na cruz “Mulher eis aí o teu filho” – João 19.26

2º - Jesus estava observando como o mundo enxergava Deus numa perspectiva de culpa e punição, na cultura judaica estes elementos eram muito fortes, por isso haviam 6 talhas com água para purificação.

3º - Jesus queria transformar a relação entre Deus e os homens, ele remonta o plano original, quando Deus desejava se relacionar com seu povo, mas o pecado os afastou.

Jesus quer transformar essa vida de culpa e limpeza, numa vida de festa e alegria, ele fará isso pela cruz.

 

Ainda não era de fato a hora de Jesus, mas ele dá daqui em diante sinais do que seria sua hora, por meio deste milagre.

Algumas atitudes mostram a mudança na postura de Jesus daqui em diante:

 

 

1º - Jesus está olhando para a Cruz quando fala de sua hora, este será o momento em que ele lavará seus discípulos, não mais com água, mas com o sangue. Jesus dará a liberdade da culpa.

 

 

2º - Jesus usa o símbolo da purificação ritual dos judeus para mostrar como sua obra é superior:

A assepsia era uma das questões mais pontuadas pelos judeus em sua vida religiosa.

Essa preocupação externa em demasia era insuficiente, pois, ela não purificava a consciência, existia oferta para tudo, mas nada limpava a consciência do pecador.

Eles viviam se lavando, mas a relação com Deus nunca parecia em dia, pois, na lei, um ponto não cumprido tornava o discípulo culpado de toda ela. Era uma vida de tormento.

Jesus desejava mudar isso, é então que ele vai direto ao sistema religioso, às talhas.

 

·       Jesus veio para transformar a religião numa relação de amor

·       Jesus tira toda a culpa

 

3º - Essa restauração que Jesus deseja fazer, ele o faz a partir do que o homem é em essência:


Ao pedir que encham as talhas de água, Jesus está remetendo a aquilo que é a maior parte do interior humano.

 

Jesus pede que entreguemos o que temos, o que somos de fato, porque ele não precisa de contribuições adicionais.

Tudo o que temos é água.

Mas Jesus pede tudo, encher as talhas até em cima, significa se entregar totalmente. Transformar quem somos é com ele.

 

 

 

4º - Jesus mostra para os mestres-salas da vida que o vinho novo é melhor

 

Entregamos a Jesus a água que temos, ele nos faz mostrar ao mundo “os mestres-sala” que tentam garantir a alegria das festas, que a verdadeira fonte de alegria é ele.

 

5º - De forma simples – Jesus não vai te deixar passar vergonha (Toda a operação de provisão ocorre nos bastidores).

 

6º - A verdadeira experiência de Deus sempre gera a melhor versão humana (O vinho novo é melhor – V. 10)

 

7º - Quando Jesus usa uma metáfora para que possamos enxerga-lo, ele está mostrando também como nos enxerga, neste caso, como noiva.

Jesus não veio a este mundo como convidado, ele veio para morrer pela sua noiva.

 

8º - Jesus no meio de uma festa vislumbra sua morte, para que nós do meio do cenário de morte possamos vislumbrar a festa futura.

 

Mesmo que neste exato momento você se encontre em meio a dor, beba da alegria que se aproxima. Só existe um amor, uma festa, uma coisa capaz de realmente dar a seu coração tudo aquilo que ele necessita, e está tudo a sua espera. Sabendo disso, você tem algo que o capacita a enfrentar qualquer coisa. – Tim Keller

9º - Jesus transforma, água em vinho, religião em festa, vinho em coisas – Warrem Wiersbie

 

10º - Não há realidade que não possa ser mudada por Jesus.