7 verdades sobre O filho mais velho – Dificuldades com a
graça
As parábolas bíblicas são divididas em categorias em alguns
casos, há parábolas de vigilância, do reino, sobre a oração e entre tantas
outras há as parábolas descritas como as de “resgate”.
Essas parábolas de resgate são assim chamadas, em virtude
de ter um aspecto de perdas e reencontros, como bem disse certo escritor o
resumo das três parábolas de resgate se dá com o seguinte termo:
“Perdido, achado e alegria”.
Estes três atos se dão em cada uma das histórias.
Ovelha, Dracma e filho se perdem
Ao serem reencontrados há festas.
O resumo de todas talvez esteja na conclusão da segunda
parábola, esta diz que há alegria no céu diante dos anjos por um pecador que se
arrepende.
Toda parábola deve ser analisada a luz do contexto cultural
e posteriormente o imediato.
Consideremos primeiro o contexto imediato:
Jesus estava assentado junto a publicanos e pecadores,
estes lhe cercavam para lhe ouvir e Jesus não só permitia que estes o ouvissem mas
lhes concedia a graça de compartilhar com eles refeições, o que no contexto
cultural implicava em comunhão e parceria. Assentar-se a mesa com alguém estava
para além de simplesmente uma questão de conveniência ou de superficialidade, o
assentar-se a mesa para compartilhar uma refeição era um ato de comunhão, de
amizade.
Por estar ladeado dessas pessoas Jesus é duramente
criticado pelos fariseus e escribas.
As parábolas que se seguem são uma resposta a crítica dos
fariseus, não é sempre que Jesus dá respostas diretas aos anseios dos que estão
a sua volta, a autenticidade de Jesus não exigiria isso, mas se tratando do
mestre, havia situações que uma vez tratadas, quebrariam diversos paradigmas e
abririam outros caminhos para repensar a fé em seus dias.
Jesus almeja exatamente isso, antes que atinja o clímax do
seu ensino, Jesus apresenta as duas parábolas iniciais.
Na terceira parábola que é o alvo do nosso ensino hoje,
Jesus traça um paralelo.
Os publicanos e pecadores que o cercam são tipificados pelo
filho mais novo o pródigo.
Os fariseus e escribas são tipificados pelo filho mais
velho.
Jesus assim o faz, como em toda parábola, sem a nossa
perspectiva ocidental, ou seja, nós costumamos falar sobre algo para em seguida
tipificar com um exemplo.
No que diz respeito a parábola, eram usados exemplos do dia
a dia, sem necessariamente apontar de imediato os alvos, estes eram
subentendidos pelos ouvintes iniciais.
Costumamos nos ater muito a primeira parte da parábola,
quando falamos sobre um filho mais novo que sai, gasta tudo e tendo lembranças
da casa do pai volta.
Usamos este texto em cultos evangelísticos com muita
frequência e de fato é um texto riquíssimo.
Porém muitas vezes negligenciamos a continuação do texto
quando apresenta o filho mais velho, encerramos toda a história sem lidar com a
parte que trata de forma mais específica dos fariseus.
O motivo possivelmente seja o fato de ser indigesto, não se
referir a algo tão positivo como a primeira parte da história, etc.
Mas ao fazê-lo, estamos deixando de refletir sobre questões
extremamente relevantes para os nossos dias e ainda mais no contexto igrejeiro.
Consideremos as características dos grupos que eram alvo da
parábola:
Publicanos – Eram os coletores de impostos do império
romano.
Estes tinham nacionalidade muitas vezes do próprio povo
cobrado e por assim proceder, sendo coletores de impostos, tinham reputações
duvidosas e eram considerados traidores do povo. Resumidamente eram pessoas que
tinham uma má reputação entre todos.
Pecadores – Aqueles que praticavam o “mal” abertamente, de
modo que o adjetivo lhe cabia com precisão. Em pecadores assumidos,
impenitentes, também de reputação extremamente negativa.
Os fariseus – Eram os guardiões da lei, um grupo que se
levantou durante os anos de exílio e que visava manter a tradição da lei, porém
faziam isso de forma muito extrema, caindo muitas vezes em exageros que lhes
caracterizavam como um povo de imperativos morais elevadíssimos.
Santidade, excelência, superioridade, eram sentimentos
muito presentes entre eles, de modo que estes se consideravam em tudo
superiores a publicanos e pecadores, se a reputação era um problema para
publicanos e pecadores, para os fariseus, era a base de seu sustento.
Os escribas além de tratar das questões morais, eram
pessoas dotadas da capacidade de copiar leis e interpretá-las e assim o faziam aplicando
novas leis de acordo com seu gosto.
A pergunta que devemos fazer ao se deparar com esta
parábola é:
Com qual das duas figuras mais nos parecemos?
Talvez essa pergunta seja o nosso maior incômodo com a
segunda parte da parábola, pois, no fundo todos sabemos que outrora fomos o
mais novo, mas ao sermos recebidos já vimos os rostos carrancudos dos que estavam
do lado de fora e assim vendo, nós sem querer talvez repetimos os
comportamentos de quem está do lado de dentro.
Há uma série de estudos sobre o que chamamos de
conformidade social, que é entre outras coisas a tendência de que seja repetido
o comportamento dos que estão a nossa volta, mesmo sem que entendamos ao certo
o porque das coisas serem assim.
A conformidade social do ambiente igrejeiro infelizmente em
sua maioria é de ter dificuldade de receber os nossos pródigos.
Como foi dito em uma outra série de mensagens, o que mais
torna difícil o recebimento de Rute e Noemi no povo não é a distância, não é só
o choque cultural, mas sobretudo os olhares, perguntas, prognósticos do povo.
Vamos meditar em alguns pontos relevantes a respeito dessa
parábola:
1º - O filho mais velho trabalha para o pai,
mas perde as celebrações da casa.
“E o seu filho
mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a
música e as danças.
E, chamando
um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. Lucas 15:25,26”
Me espanta a facilidade que temos de trabalhar, de ir ao
campo, de pregar, de cantar, de organizar, de fazer tudo no campo para o pai,
mas ao mesmo tempo a dificuldade de se alegrar com os pródigos que chegam, com
os que são perdoados.
As vezes temos mais medo de que o pródigo que chega fedendo
a porco suje a casa, do que ele morra comendo as comidas dos porcos.
Muitos de nós tem facilidade de trabalhar, desenvolve
talentos, mas tem dificuldades com o principal que é o irmão, é gente.
Deveríamos repensar nossa prática de serviço como cristão, se
eu sou bom em palavras e não gosto de pessoas eu não posso ser pregador.
Se eu me digo pastor de ovelhas e tenho facilidade com
números, eventos, mas não gosto de gente, não sirvo para a função.
Nós chegamos a um momento em que trabalhamos muito para o pai,
mas desconsideramos o que de fato enche o coração dele, o que enche o coração
do pai de alegria não é um bom louvor, não é uma bela exposição, não é uma boa
administração, nem mesmo uma boa liturgia.
O que causa festa é apenas o filho que volta.
Nós deveríamos repensar o que celebramos com forças, não há
coisa que alegre mais o pai do que o serviço.
De que adianta trabalhar para o pai e não gostar do que de
fato é sua obra.
Você consegue se alegrar com as pessoas que Deus está
levantando?
Você consegue se alegrar com as pessoas que Deus está
salvando?
Você consegue se alegrar quando Deus perdoa alguém e faz festa?
2º - O filho mais velho não sabe o que o pai
está fazendo e nem o que ele pensa.
“E, chamando um dos servos, perguntou-lhe
que era aquilo - Lucas 15:26”
Do que adianta morar na casa e não saber o que
Deus está fazendo?
Temos uma ideia sobre Deus, sobre o que ele pensa, mas essa ideia está
fundamentada em nossos princípios, pensamentos e ideias.
Dizemos com frequência que Deus não se agrada disso ou
daquilo, que para alguém ser crente precisa ser isso ou aquilo, que para
começar a trabalhar na obra precisa de tais requisitos, mas a maioria deles são
criados por nós mesmos.
Deus não está diretamente relacionado aos nossos conceitos
sobre ele.
Nós precisamos repensar a nossa prática de fé, talvez
estejamos nos corredores da casa do pai, no quintal da casa do pai, no campo ao
lado da casa do pai, mas por não entrar no quarto com ele, não se sabe o que
ele pensa e o que ele faz.
Deus está nos chamando para perto, para entender o que
ocupa seu pensamento, o que ele gosta, como ele pensa.
Muitos de nós temos sangue do pai, mas os servos sabem mais
sobre o pai do que nós.
Há muitos de nós que moramos na casa, mas não falamos de
forma parecida com o pai.
3º - O mais velho se sente extremamente Justo
“Eis que te sirvo há tantos anos, sem
nunca transgredir o teu mandamento
Lucas 15:29”
A mente deste filho funciona assim: Que sorte a deste pai
por ter um filho tão bom como eu.
Nosso pai tem muitas coisas, mas a principal sou eu.
É uma mente tomada por orgulho. O Orgulho é um pecado
praticado com muito mais recorrência do que imaginamos.
Nós não nos damos conta da parábola sobre o Fariseu e o
publicano.
O fariseu dá graças por não ser como os pecadores:
“O fariseu, estando em pé, orava consigo desta
maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens,
roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de
tudo quanto possuo - Lucas 18:11,12”
Veja a fala do filho mais velho:
-Te sirvo a anos
-Nunca transgredi
-Nenhum mandamento
O Dr. Russel Shedd fala sobre uma cadeira que encontra-se
em uma catedral de Dublin na Irlanda, ela está em frente ao altar e serve para
pessoas com crise de culpa, pessoas que sentem o peso dos pecados.
O pr perguntou a uma pessoa da catedral a quanto tempo
ninguém se sentava naquela cadeira e ele lhe disse: Há mais de cem anos.
Este muitas vezes é nosso sentimento, de que somos bons, de
que somos perfeitos, de que nossos filhos não devem se misturar com qualquer
um, nem mesmo nós.
Nós deveríamos reconsiderar este nosso orgulho, ao fazê-lo,
vamos nos dar conta de que se não fosse a graça de Deus não teríamos nada, mas
o nosso orgulho nos põe em uma situação extremamente desagradável, pois, Deus
sabe a realidade sobre nós.
Ler Mateus 23.
Pare e pense qual motivo de você ser uma benção?
Você merece isso?
O filho mais velho sempre pensa que merece algo e o mais
novo não.
O filho mais velho é alguém sem memória.
4º - O mais velho tem mentalidade de empregado
“Eis que te sirvo a tantos anos”
A palavra original dá um sentido de servir como escravo.
A sua relação com o serviço não é por prazer, mas é por uma
questão de meritocracia.
Porque fiz algo, mereço um tratamento diferente.
5º - O Filho mais velho se importa demais com os bezerros
cevados e tem crises de cabrito (Coisas fúteis).
6º - Filhos mais velhos tem dificuldades de chamar o outro
de irmão
7º - Filho mais velho não sabe valorizar o que tem.