sexta-feira, 28 de julho de 2017

Sal e luz - O grande desafio da atualidade

SAL E LUZ – O GRANDE DESAFIO DA ATUALIDADE

sermão entregue a Ad Brás jd São Marcos - Semana jovem

Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Mateus 5:13-16

Contexto histórico – O contraste entre o viver cristão e o viver do mundo.
Jesus estava ensinando seus discípulos a respeito da nova existência após seu chamado. Os destinatários são os discípulos de Jesus de todas as épocas. Eles são chamados a um modo de viver que é extremamente oposto ao que os demais homens viviam em seu tempo. As bem-aventuranças são um chamado a contramão, para viver a contracultura que o reino de Cristo propõe.
A partir de agora o feliz é aquele que mais sofre por causa da justiça, o que tem fome e sede será farto, o que é manso e constantemente tenta ser pacífico herdarão uma nova terra.
Se por um lado o mundo tenta propor uma constante cultura vingativa, indiferente e má, Cristo nos chama a um modo de vida totalmente diferenciado, carregando consigo uma cruz e nessa nova comunidade a paz reina, a justiça social impera, os que são perseguidos sorriem, pois, seguem o exemplo de seu Senhor, os que almejam uma sociedade diferente a alcançam por meio do chamado de Cristo.
Jesus alerta seus discípulos do fato de que seriam perseguidos por causa da justiça, que deveriam se atentar na medida em que serão a contracultura, pois, atrairão após si alguns inimigos, pois, assim como os profetas eles também seriam extremamente perseguidos por amor ao seu nome.
Há uma hostilidade contra o cristianismo em todas as épocas, o proceder diário dos cristãos verdadeiros tem feito muitos odiarem suas práticas, no século 20 grandes opositores se levantaram contra esse proceder.
Karl Marx dizia que a religião é o ópio do povo, pois, lhe cega, lhe impede de batalhar nas guerras da atualidade, o pacifismo cristão segundo Marx nos faz pensar apenas no futuro e nos conformar com as explorações de agora, favorece os patrões e perpetua a escravidão. Ainda hoje muitos adeptos da ideologia de Marx têm total aversão ao cristianismo.
Freud dizia que o cristianismo surgiu para suprir as frustrações da paternidade que ocorrem ainda na infância, todos almejam um pai super-herói, porém os anos passam e percebemos que os pais tem falhas e não são tudo o que imaginávamos ao seu respeito, logo uma frustração cresce com todas pessoas, a da ausência do “pai-herói” o cristianismo propõe um “pai nosso”, um pai que tem todo poder, um pai que ama, um pai que se ira contra nossos inimigos e nos defende, um pai que cuida de nós o tempo todo. Logo o Cristianismo nasce da fragilidade dos homens. Pessoas bem resolvidas não vão se tornar adeptas dele, pois, as carências de infância estão bem resolvidas, logo segundo Freud o cristianismo vem para os frágeis, para pessoas inferiores, para poder suprir a necessidade humana de fugas. Uns partem para as drogas, outros para aventuras, outros para sexualidade desenfreada, outros para a religião, a religião visa ser uma dessas compensações segundo ele.
Nietzsche foi talvez o maior opositor ao cristianismo no século 20, segundo ele o homem em seu orgulho criou um deus a sua imagem e semelhança, ou seja, o homem projetou em Deus suas frustrações, seus sentimentos, um Deus que mata, um Deus que tem sentimentos de ciúmes, que almeja exclusividade, segundo ele Deus é fruto de nossas fraquezas e orgulho, projetar em um ser onipotente todos os nossos sentimentos ocultos é o que tornou esse deus tão popular. A ideia de pecado, culpa, segundo Nietzsche tornou o mundo negativo.
Quem não se lembra da famosa frase “Deus está morto, nós o matamos”.
A última e mais significativa frase dele para a presente reflexão é “Na verdade o único cristão verdadeiro morreu numa cruz”.

OS CRISTÃO DEVEM TER PENSAMENTOS NO CÉU E PÉS NO CHÃO
Como demonstrado acima a perseguição ideológica, política e física aos cristãos está em vigência.
Se o sermão do monte se encerrasse aqui, seríamos tentados ao isolamento, a nos confinar no próprio mundo, sendo uma contracultura isolada, um povo a parte, distante de tudo e de todos, pois, todos nos odeiam, logo é mais seguro e eficaz se manter unido e isolado, porém isso mataria o cristianismo logo em seu início. Ao discípulo, não basta imitar a Cristo em sua intimidade, ou vivendo isolado, é preciso também se envolver com um mundo que nos odeia, um mundo que vai de mal a pior. É esse o convite de Jesus a partir de agora, todos os conselhos dos versículos anteriores são aplicáveis a vida prática dos cristãos entre si e dão a entender que o mundo é seu total inimigo, logo não é bom se envolver com eles.
Essa posição seria relativamente cômoda, pois, bastaria o isolamento, confinamento para manter a segurança necessária para o Cristão.
Se o sermão se encerrasse aqui, a impressão de todos seria de que a igreja é dispensável, indigna desse mundo, os próprios crentes viveriam apenas sob a luz do alto, sem os pés no chão. Mas Jesus vem demonstrar agora não mais a relação do Cristão com o reino de Deus, mas sim para com o mundo, esse mesmo mundo que nos rejeita, não pode viver sem a igreja.
O Cristão deve pensar no que é de cima, mas com os pés na terra. A missão se dá aqui.
Jesus nos convida a ir além da zona de segurança, nos convida a ser de fato o “Ekklesia” chamados para fora. O mundo pode os odiar, mas o discípulo não deve se isolar, é necessário contato, pois, os campos estão brancos aguardando quem os cegue, como ouvirão se não há quem pregue? Os discípulos serão a resposta dos anseios que esse mundo que os odeia possui.
A primeira realidade desse texto é que a terra é perecível, o mundo está se desfazendo, está em trevas, pouco a pouco seu estado se torna mais irreversível, expostos como os alimentos dos tempos de Jesus, o mundo começa a apodrecer, a perder qualidade, textura, gosto, significado e utilidade.


A TERRA E O MUNDO EM QUE ESTAMOS

A terra foi despedaçada, está destruída, totalmente abalada!
A terra cambaleia como um bêbado, balança como uma cabana ao vento; tão pesada sobre ela é a culpa de sua rebelião que cai para nunca mais se levantar!
Isaías 24:19,20

Nunca esses versículos tiveram tanta vigência como em nossos dias.
Zigmunth Bauman dizia:
“A liquidez da sociedade contemporânea escorre pelos dedos, o que era sólido se desfez”.
Temos presenciado os pilares da sociedade sendo relativizados, família não tem mais o mesmo sentido, o amor se esfria, as relações são descartáveis, não há em quem confiar, não há pessoas para quem possamos olhar e manter confiança, os homens se traem entre si, os homens se aborrecem contra os de sua própria casa.
O tráfico de drogas e estende em níveis absurdos, de modo que com o constante desemprego os jovens estão pouco a pouco partindo para esse caminho sem volta, cada vez mais cedo os moços são recrutados ao tráfico, crianças de 10 anos são viciadas e usadas para vender a droga.
Os jovens pouco a pouco se entregam aos vícios e a filosofia de vida que não visa futuro, apenas a curtição aqui e agora, não importando o preço a se pagar, estamos em tempos de pessoas sem limites, sem respeito, letras obscenas, pessoas sem pudor, pessoas que não respeitam pais e mães, pais e mães que odeiam seus filhos e tentam mata-los. Famílias divididas, o certo se passando por errado, o errado se passando por certo. Assassinatos coletivos, chacinas, crimes hediondos, crimes passionais, mortes de crianças, incentivos para estupros, ensinos para isso, sites especializados em orientação para abusadores de crianças e estupradores, mortes de pessoas que pensam diferente, dissolução política, dissolução educacional, greves contínuas, governos corruptos que oprimem os pobres, governos que roubam até o último centavo a fim de se manter em seu status.
Guerras e mais guerras, as ameaças contínuas de ataques por parte da Coreia do Norte, que testa suas bombas, as ameaças de represálias dos EUA.
Os conflitos entre Rússia e EUA, a tomada do tráfico no RJ, o pânico no ES, a fome na África que nunca é resolvida, conflitos armados na Síria, milhares de mortes no mar entre o oriente médio e a Europa, a crise de refugiados, o terrorismo.
As pessoas estão cada vez mais sem esperança, estão a cada dia mais céticas. Não há esperança para o futuro, logo há uma tendência muito forte de que as pessoas busquem fugas, sejam drogas, bebidas, trabalho, ou até em casos extremos o suicídio.
·         804 mil pessoas cometem suicídio anualmente – uma morte a cada 40 segundos.
·         Em 2010 – 9,8% das pessoas sofriam depressão no mundo.
·         400 milhões de pessoas hoje estão depressivas.
·         24.000 pessoas morrem de fome por dia, 9 milhões por ano, sendo que desses 9, 8 milhões são crianças.
·         154 pessoas morrem em decorrência de homicídio por dia no Brasil, no conflito entre Israel e Palestina que era uma guerra declarada morriam 66.
·         O mundo está em estado de deterioração, não será preservado a não ser que algo seja feito.


·         
A IGREJA É O SAL E A LUZ DO MUNDO

Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Mateus 5:13
O sal era usado para diversas atividades nos tempos de Jesus, a sua principal função era conservar.
Em viagens longas, expostos ao sol, os peixes, carnes e diversos alimentos facilmente pereceriam, mas uma vez cobertos por sal, eles teriam sua validade preservada.
O sal também era aplicado aos sacrifícios oferecidos ao Senhor, como uma adição a fim de agradar mais a Deus, como uma purificação nos sacrifícios. Obviamente também havia a questão do tempero, o sal dá gosto, dá sabor, torna a refeição mais agradável ao paladar.
O sal causa sede, logo ao apontar para o sal, Cristo almejava que as pessoas ao verem a igreja iriam pouco a pouco pensar em se filiar a ela.
A realidade sobre ser sal e luz era vigente, nós não seremos o sal, não pregaremos sobre o sal, não trata-se de algo para o tempo futuro, é uma realidade vigente: Você é o sal, você é a luz.
Uma vez vocacionados pelo Senhor, nosso estado passa a ser diferenciado, nós devemos nos envolver além do santuário, devemos partir para além das quatro paredes do templo, devemos pensar que a partir do momento em que somos discípulos devemos entender no mínimo duas coisas:

A primeira delas é que a sociedade, o mundo pode ser restaurado pelo sal, que qualquer alimento pode ser restaurado pelo sal, que o sal é um tempero indispensável, que sem ele o apodrecimento dos produtos perecíveis seria extremamente rápido, portanto sua necessidade é urgente e indispensável. Tudo pode ser restaurado pelo sal.
A segunda realidade é que perdemos a opção ao sermos vocacionados, o livre arbítrio do qual tanto falamos nos foi removido na medida em que nos propomos a estar no discipulado com Cristo. Há restauração para muitas coisas pelo sal, só não há restauração para um sal insípido, logo não temos a opção de não salgar, não preservar, não dar sabor, ou somos sal, ou seremos descartados, para nada serviremos, a não ser para ser pisados.
Jesus diz essas palavras sobre um monte próximo ao mar da Galiléia, ao falar sobre o sal, certamente lhe veio à mente as suas funções, mas também a alternativa de se tornar irrelevante. E é pensando na irrelevância possível dos discípulos que ele fala sobre o um sal insípido.
Ao citar isso, Jesus aponta para o Jordão que estava a 160 Km de onde estavam.
Todo peixe que saia do Jordão com direção ao mar morto acabava não resistindo, pois, esse mar não tem saídas, a água desce sobre ele e se mantém, além disso o mar morto possui dez vezes mais a quantidade de sal dos demais mares.
Nada vive lá, é um local que faz jus a seu nome.
Por outro lado, ao falar de uma luz que vive escondida, Jesus se refere aos essênios, eles eram profundos conhecedores das leis de Deus, um povo que aguardava ansiosamente a vinda do Messias e discernia a lei como poucos, compreendia a grandeza de Deus, porém viviam isolados, confinados e não compartilhavam seus conhecimentos sobre Deus com outras pessoas. Eram como o texto bíblico, uma luz escondida.

É apontando para um mar que possui sal, mas não tem vida e morre onde está e para um grupo com luz confinada que Jesus diz essas palavras.
Jesus estava apontando para a identidade da igreja bem como os riscos que ela corre ao não ser o que ele determinou.

1.    O bom sal obrigatoriamente é puro – Questão da santidade
2.    O bom sal deve dar mais sabor – a capacidade de dar significado
3.    O sal deve ter contato com a matéria a fim de produzir o efeito desejado
4.    O sal serve para preservar em validade a superfície do alimento – a igreja como mantenedora da vida
5.    O sal é a identidade atual dos crentes e não algo futuro
6.    O sal só é útil se salgar, não há utilidades para o material sem sabor.
7.    O sal é purificador de sacrifícios
8.    O sal se referia a identidade, sal que não salga indica crentes sem personalidade, igreja sem as devidas características
9.    O sal gera sede
10. O sal não é protagonista


A respeito da Luz

11. A luz indica o caminho para os demais – A igreja missionária
12. A luz indica o holofote – A igreja clareando a escuridão do mundo (testemunho).
13. A igreja não tem luz própria, mas como estrelas reflete a glória da luz principal, o sol da justiça.
14. A igreja tal como a lâmpada não se acende só, apenas quando ligada a corrente elétrica.
15. A luz deve estar em local visível, logo é necessário a disponibilidade da igreja
16. Cristo é a luz, mas nos convida a também ser luz nesse mundo.
17. Devemos ser vistos, estar disponíveis
18. Devemos ser guias
19. Devemos ser advertência contínua

Sal insípido, luz posicionada no lugar errado.


É triste constatar que em níveis gerais a igreja está insípida, não está edificada sobre um monte, não é luz visível.
É com profundo pesar que demonstro abaixo alguns dados que demonstram nossa irrelevância na sociedade.
·         Há hoje 42 milhões de crentes no Brasil representam 22% da população segundo o senso de 2010.
·         Desses 60% são pentecostais
·         De 2000 a 2010 o número cresceu em 61%.
·         12.314.410 membros na assembleia de Deus.
·         Boa parte não tem ensino médio completo.
·         18 cidades são consideradas 100% cristãs no Brasil.
·         Hoje a bancada evangélica possui 74 deputados.
·         São arrecadados anualmente 15 bilhões de reais nas igrejas
·         São abertas 4.380 igrejas por ano.
·         Doze igrejas com CNPJ por dia.
·         Há pelo menos 26 rádios evangélicas, desconsiderando nessa conta os programas que tem espeço em rádios “não evangélicas”
·         Há pelo menos 5 canais evangélicos na TV aberta.


Não obstante esses números, o número de crimes não para de crescer, a desonestidade toma conta do Brasil.
Irrelevância política
O nosso maior representante na política Sr. Eduardo Cunha, é diácono na assembleia de Deus, tomou as rédeas para o afastamento da antiga presidenta,  esse que fez a maior parte dos discursos moralistas contra o governo vigente, foi o que estava mais mergulhado em corrupção, sendo inclusive cassado e posteriormente descoberto em seu esquema de corrupção.
Lutas por questões irrelevantes
Nossos representantes têm se esforçado a fim de lutar apenas por uma causa, a luta contra as agendas da bancada lgbt e de esquerda, não almejo entrar nas questões de legitimidade dessas pessoas, porém é de se notar que não há um projeto pedagógico relevante partindo de um Cristão. Não há estadistas dos quais o povo se orgulha, nosso único representante empossado numa posição honrosa foi o sr. Marco Feliciano que posteriormente foi expulso da presidência da comissão dos direitos humanos. Politicamente a igreja é relevante.

Irrelevância social
Nas questões sociais a igreja também padece em muitos lugares, hoje a assembleia de Deus tem até operadora de celular, uma rede social, mas não abre orfanatos, escolas, não paga estudos aos seus membros, não incentiva seu povo a estudar.
São raríssimos os exemplos de relevância social de uma igreja evangélica no Brasil. Preocupa-se com os templos, a estética, a estrutura, em arrumar cada vez mais seus salões, desconsiderando seus fiéis e suas demandas.

Irrelevância cultural
Culturalmente pouca coisa se produz, visto que as músicas são desprovidas de boas letras, bons arranjos e em boa parte delas o que é propagado é o ódio e não mais as belas poesias que marcaram gerações. Músicas como Amazing Grace, são cada vez mais raras.
Hoje cantamos “Sou canela de fogo do reteté de Jeová, estou nadando no azeite e não consigo parar”.
Letras sem sentido, letras que negam a própria palavra.
Irrelevância na pregação
Nunca o evangelho foi tão propagado e ao mesmo tempo as pessoas tiveram tanta sede por ouvir todas as palavras de Deus, falam muito sobre Deus, sobre teologia da prosperidade, mas bem pouco se ouve Deus falar.

Irrelevância intelectual
A irrelevância se dá academicamente, são pouquíssimas as produções literárias de autores cristãos que fazem diferença na sociedade em que estão inseridas, escritores como John Wesley, Edwards, Bonhoeffer, que eram cristãos e produziram obras que revolucionaram o mundo acadêmico, hoje dão lugar a Benny Hin, Sara Sheeva. Pessoas que mal conseguem falar, mas que se arriscam a escrever e atraem milhões de seguidores após si.
Falta de ícones e referências
A irrelevância se dá também em ícones cristãos: Já tivemos Lutherking, o presidente que sancionou o fim do apartheid era cristão, já tivemos Lutero que deu fim a uma era em que os estudos eram proibidos, porém hoje em dia nossos ícones são uma vergonha: Malafaia, os presidentes de ministérios, Bolsonaro, são alguns dos patetas que representam a religião cristã.

não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Mateus 5:14
A essa altura temos mais de 100 anos de assembleia de Deus no Brasil, 500 anos de reforma protestante.
Tantas igrejas no Brasil e onde chegamos?
Somos uma cidade edificada sobre os montes? Uma cidade que é vista e admirada de longe?
A essa altura essa já deveria estar de pé, com fundamentos, sendo admirada como um organismo inabalável, a imprensa deveria nos procurar para falar da nossa relevância, porém o que ocorre é o contrário nós buscamos o tipo de visibilidade errada.


Me pergunto constantemente onde foi parar o sabor do sal?
 Alguém ainda tem sede de ser como nós?
Quais são os motivos que nos levaram a perder o sabor e a deixar de preservar o mundo?
Onde foi que perdemos o papel de atalaias?
Onde a luz se apagou?











Enumero alguns deles:
O SAL NO SALEIRO A LÂMPADA PRIVADA:

DUALISMOS – A CULTURA CRISTÃ
A igreja cristã segundo C.S. Lewis vive um conflito chamado dualismo.
O dualismo é uma crença de que existe um mundo do mal e um mundo do bem, lugares do mal e lugares do bem, no mundo do mal satanás domina, no mundo do bem, Deus domina.
Logo há uma tendência de considerar tudo que é secular como diabólico e tudo o que é gospel, de Deus.
Devido a isso entendemos que só glorificamos a Deus em um culto, que só louvamos a Deus ao ensaiar na igreja, ao pregar, só é obra de Deus quando essa obra acontece no templo.
O dualismo tem levado a igreja a criar um universo a parte, dialetos particulares:
Terra, vaso, manto, há humor cristão, música cristã, hospital cristão, escola cristã, linguagem cristã, atletas de Cristo, criamos um universo a parte e nos privamos ao saleiro. Sal só é relevante fora do saleiro.
Nos tempos de Constantino o cristianismo se tornou senso comum, religião de todos, logo os mais profanos eram cristãos. Até que alguns protestaram e citaram o fato de que o discipulado cristão exigia renúncias e a fim de satisfazer esse anseio acabaram elegendo os monges, esses viveriam em mosteiros, renunciando tudo.
Lutero foi um deles, abriu mão de tudo, menos de si mesmo ao entrar para o mosteiro, mas notou que o que Cristo almejava era uma vida fora do santuário, foi quando então ele rompe com o mosteiro por entender que ele já era parte do próprio mundo, porém adaptado. A saída de Lutero do mosteiro para o mundo deu um novo norte ao cristianismo, agora o discipulado seria entre as carnes que apodrecem, esse mundo que perde sabor, o contato com a matéria seria indispensável.
Hoje estamos no saleiro, na luz privativa, como as lâmpadas de livros. Como as luzes de palco exclusivas sobre os protagonistas.





NARCISISMO – O AMOR PRÓPRIO
“Infelizmente, uma parte desse ensinamento tem permeado a igreja e há cristãos recomendando que devemos não somente amar a Deus e ao próximo, mas também a nós mesmos. No entanto, isso é um erro por três razões. Em primeiro lugar, Jesus falou do “primeiro e grande mandamento” e do “segundo”, mas não mencionou um terceiro. Em segundo lugar, amor próprio é um dos sinais dos últimos tempos (2Tm 3.2). Em terceiro lugar, o significado do amor ágape é o sacrifício próprio em benefício de outros. Sacrificar-se a serviço de si mesmo é, nitidamente, um contrassenso.

John Stott - O discípulo radical”


Hoje há uma dificuldade em ser sal, pois, nos amamos demais, pensamos em como ficará nossa felicidade, pensamos muito sobre o que será de nosso amanhã, a ansiedade, os cuidados, tem feito a igreja amar a si mesma sob a desculpa de que isso é o que Deus quer. O amor próprio me faz pensar, porque deveria me envolver com esse mundo podre? Porque deveria me importar? Onde serei beneficiado nisso?
C.S. Lewis disse:
“Nós não nascemos para a felicidade, nós nascemos para amar.”

Receio que o cristianismo atual esteja a nosso próprio serviço, as luzes poupam brilho para não se desgastar, o sal não quer se envolver para não sumir, pois, para ele é interessante se manter junto, com cor, beleza e mantendo sua aparência, mas Cristo nos chama a sumir.
O amor próprio nos leva a um egoísmo, cada um vive por si e as comunidades que deveriam demonstrar união e amor mútuo vivem cada uma por si.
Que sejamos feridos com o que fere o coração de Deus, de amor sacrificial, que o senso de urgência nos tome nos tempos atuais.

HEDONISMO – A PROCURA DE LAZER E DIVERTIMENTO

Sinto que infelizmente estamos tal como Nero ao queimar Roma, tocamos flauta vendo o mundo se desfazer. Constantemente nos perguntamos : Onde ficará o nosso divertimento ao nos envolver na missão? E meu lazer?
Quando sobrará tempo para sair? Para me divertir?
Não desconsidero que momentos de descontração são benéficos a todos, porém tenho notado que infelizmente a igreja contemporânea caiu em outro extremo, hoje queremos diversão demais, lazer demais.
·         Por 7 anos fui líder dos jovens e me vi muitas vezes pressionado por pais e jovens que me perguntavam a respeito de quando faríamos passeios, quando sairíamos  para um lugar legal e pensando nisso negociei dias de culto para sair, para exibir filmes, reservei dias para pizza, porém o divertimento, entretenimento e diversão tornaram-se um outro extremo, constantemente quando se falava em qualquer tipo de contribuição ou participação em coisas sérias, o vigor estava muito longe de ser o mesmo, pelo contrário.
A igreja da atualidade tem se ocupado sem segurar seus jovens com entretenimento, com divertimento, em nome disso nossas escolas dominicais estão vazias, nos ensaios há desfalques, os cultos inclusive a ceia são trocados por idas ao cinema e somos capazes de mexer em qualquer culto, para não ser privado de um momento como esse.
A necessidade de diversão está tirando o sabor do sal, está privando a luz a ambientes fechados.
C.S. Lewis fala que almejamos não um pai, mas um avô no céu.

COMODISMO – NOS ESTUDOS, NA LEITURA, NA MISSÃO
           
Recentemente estive em um culto em que o pastor celebrou a ceia no recolhimento dos copinhos pediu que cada irmão citasse um versículo a começar dos obreiros, naquela ocasião de 100 membros presentes, apenas 4 conseguiram recitar versículos e riram disso.
Estamos em tempos de Cristãos que cantam bem, mas não sabem encontrar um livro da bíblia, tempos em que leem E.L. James, mas não leem sequer o peregrino que é de fácil compreensão e um clássico da literatura, tempos em que sabem os títulos e traduções das letras dos artistas favoritos, mas não sabem quem são os fundadores da assembleia de Deus. Tempos em que os crentes não estudam, não leem, a nós basta os sermões fracos de sempre, basta que alguém grite, fale uma língua e toda a massa é manipulada.
Cristãos jovens que não tem plano algum de aprender a palavra, que nunca leram a bíblia, sendo engolidos por ateus e pessoas comuns que tem muito mais curiosidade do que o povo cristão.
O comodismo sem dúvidas tem sido um fator que nos leva a ficar presos ao saleiro, nos leva a pensar que as coisas estão boas assim, vivemos numa teologia da manutenção, os crentes são bebês, os pastores pais que os mimam, ou são artistas que se apresentam e seus membros os sustentam.
Precisamos de garra nos tempos atuais para não engolir o senso comum, seremos sal a medida em que não conformarmos como os demais, formos peixes nadando contra as correntezas da vida.




O SAL SEM SABOR – A LÂMPADA QUEIMADA
IMEDIATISMO E MATERIALISMO:
O diabo ofertou a Jesus a transformação de pedras em pães, a fim de lhe proporcionar popularidade, pois, quem assim o fizesse ganharia qualquer pessoa, por interesse, Behaviorismo e teria sobre si todos a humanidade, dado o fato de que há mais pedras do que pães no mundo.
Jesus se negou a fazer com que seu ministério fosse marcado por pães, a ele bastava toda a palavra que sai da boca de Deus.
Receio que fizemos o contrário, hoje temos o evangelho do pão, no lugar do evangelho da palavra. Queremos crescimento imediato por métodos errados, por interesse. Logo vendemos tal como no tempo antigo indulgências modernas, ofertamos para ganhar dinheiro, o dinheiro torna-se um assunto de extrema grandeza em nossas igrejas.
O evangelho do pão promete curas, promete graça barata, promete perdão se arrependimento, o evangelho do pão tem sido um sucesso em muitos lugares, os testemunhos de livramentos, prosperidade financeira, alcance de carros e coisas das mãos de Deus tem sido os de maior celebração entre o povo de Deus. Somos imediatistas e materialistas. Não sabemos esperar, logo o mundo nos vê como uma extensão de si mesmo, porém com um garçom que nos serve ao nosso bel prazer.
O púlpito torna-se um balcão, as bênçãos a mercadoria, os membros fregueses, a igreja o comércio.
Estamos buscando popularidade por meios errados, está na hora de retornar ao anseio de ouvir as palavras de Deus.
Ainda que morramos de fome, preferimos as palavras de Deus.





PLURALISMO – TODOS CAMINHOS LEVAM A DEUS

Em nome da tolerância e com a intenção de ganhar mais pessoas, temos negociado verdades que jamais deveriam ser negociadas. Negamos a supremacia de Cristo, a inerrância das escrituras, estamos deixando nos dizer “todos os caminhos levam a Deus”. Falta paixão por Jesus, ser tomados por um zelo que nos faça demonstra o quão bom Deus é.
Estar prontos a dizer a todos as razões da nossa fé 1° Pedro 3.15.
Falta-nos o sentimento de que Cristo é único:
“Se alguém provasse que o evangelho é uma farsa, eu diria: bendita farsa! Porque ela me deu significado, me deu esperança, me deu a certeza de que há ainda beleza em algum lugar” Ricardo Gondim

 Devemos continuar a afirmar a imparidade e perfeição de Jesus Cristo. Pois ele é singular em sua encarnação (o único Deus homem); singular em sua expiação (somente ele morreu pelos pecados do mundo); e singular em sua ressurreição (somente ele venceu a morte). E sendo que em nenhuma outra pessoa, a não ser em Jesus de Nazaré, Deus se tornou humano (em seu nascimento), carregou os nossos pecados (em sua morte) e triunfou sobre a morte (em sua ressurreição), ele é singularmente competente para salvar os pecadores. Ninguém mais tem suas qualificações. Assim, podemos falar sobre Alexandre, o grande, Charles, o grande, Napoleão, o grande, mas não Jesus, o grande. Ele não é o grande — ele é o Único. Não existe ninguém como ele. Ele não tem rival nem sucessor.

John Stott - O discípulo radical.




NEGAÇÕES PRÁTICAS – ATEÍSMO CRISTÃO   

O termo “Ateu cristão” pode soar estranho, porém constantemente nos deparamos com isso. Falamos de escatologia, falamos de renúncia, falamos de amor ao próximo e temos certamente os discursos mais bonitos da história.
Porém a nossa prática nega as palavras que professamos, perdemos sabor na medida em que as pessoas não conseguem enxergar na prática a fé que professamos ter e isso é preocupante, vivemos como se Deus não existisse, não esperamos sua volta, esperamos que sejamos alegres aqui e agora e em nada nos diferenciamos do mundo. As negações práticas fazem a pessoas crerem em Deus, mas odiarem a igreja, daí o ateísmo aparece como alternativa de uma bondade sem deus. Ou os “Cristãos não praticantes” ganham argumento a medida que a igreja se corrompe e perde cada vez mais.

Mahatma Gandhi Disse uma certa vez:
Eu Creio no Cristo dos Cristãos, mas não no cristianismo dos Cristãos.

Não há como ser eficaz negando na prática a fé que professamos, somos o povo do perdão, das segundas chances, das novas oportunidades, pois, Cristo assim o fez e é por crer em Cristo que demonstramos em nossas vidas como é ser igual a ele. Somos luz, pois, ele assim nos designou.




O SAL MISTURADO – A LUZ SEM FORÇA

·         SINCRETISMOS E EMOCIONALISMOS         
·         ESCÂNDALOS CONTÍNUOS
·         FALTA DE ORAÇÃO

COMO SER RELEVANTE NESSES TEMPOS DIFÍCEIS?

1.    SAIR DO SALEIRO – 1° PD. 2.9 – PV. 11.30
 ORAÇÃO SACERDOTAL
2.    AMAR MAIS O PRÓXIMO
3.    RENÚNCIAR MAIS – SUMIR NA MATÉRIA
4.    CONSCIÊNCIA DA IDENTIDADE
5.    SENSO DE URGÊNCIA
(*) Gideon Ousley foi um pregador pioneiro no Metodismo nascente. Homem simples, trabalhava no campo descascando o milho e lançando a palha fora. Sem a retórica de seus antecessores ele se achava incapaz para ministério. Gideon conta que em uma oração ouviu a voz de Deus que lhe dizia: – “ Pregue o Evangelho” ao que ele respondia: “Não sou capaz” ! O Senhor continuou: – “Gideon, você conhece a enfermidade ?” (sim Senhor) – “Gideon, você conhece o remédio ?”{ (sim Senhor) – “Então vá e fale da enfermidade e do remédio. O resto é palha” http://img.anotacoes.org/img-empregobaixada.gif

6.    VOLTAR AS SAGRADAS ESCRITURAS
7.    VOLTAR A OBEDIÊNCIA SIMPLES
8.    VOLTAR A ORAÇÃO
9.    REPENSAR O NOSSO CULTO
FAZER TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS


Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Mateus 5:16

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