Sermão entregue a AD Brás Jd
Guarujá II – 1° Culto de ensino.
A TENTAÇÃO DE JESUS – PARTE 1
João Batista anunciou a vinda de Jesus, disse que o que
viria após ele seria muito mais poderoso do que ele, que na verdade ele estava
se preparando um caminho para o rei que estava por vir.
Era um momento único no ministério de Jesus, seu batismo
acabara de acontecer, o próprio pai testificou sobre sua divindade, o
reconhecimento de Jesus passou a ser público, seu ministério teve início a
partir daí.
Cristo tem agora trinta anos, é um homem já formado,
experimentado nos trabalhos, pronto a ensinar e pregar.
Logo após seu batismo, o Espírito o conduz a um deserto.
Em outra ocasião o Espírito Santo conduziu Ezequiel a um
vale cheio de ossos secos – Ez. 37.1
Posteriormente o Espírito levou Felipe de um deserto a
Azoto, onde anunciou o evangelho em seu caminho até Cesaréia. Atos 8.38
O Espírito Santo é uma pessoa extremamente atuante na
bíblia, em todas as épocas de modos diferentes ele foi decisivo no que diz
respeito a realização da vontade de Deus.
O avivamento futuro de Israel foi demonstrado após o
Espírito conduzir Ezequiel ao vale, a expansão do evangelho em uma das
principais cidades da antiguidade se deu mediante a um arrebatamento do
espírito Santo.
Agora com Jesus, ele novamente atua, levando-o a um deserto
para ser tentado.
Torna-se fundamental definir tentação a luz das escrituras
sob esse contexto, pois, há alguns problemas que podem decorrer dessa passagem.
Por exemplo, considerando apelas a etimologia comum da
palavra tentação, o texto diria que o Espírito levou Jesus para ser testado na
intenção de lhe submeter a uma tentação do diabo, ou seja, o Espírito Santo
levou Jesus para correr o risco de errar, qual a razão disso?
Gênesis 22 em algumas versões informa que Deus tentou
Abraão.
Ao mesmo tempo Tiago diz que Deus não tenta ninguém, pois,
não pode ser tentado pelo mal.
Resta-nos supor que há uma diferença entre tentação e
provação, também devemos admitir que ao traduzir para o português alguns
intérpretes traduziram a palavra do grego usando distinção entre seus
contextos, ou seja, quando se tratava de algo que poderia levar a pessoa
testada a cair, chamaram de tentação.
Quando o teste era para tornar a fé da pessoa ainda mais
clara, definiram como provação.
No grego há apenas uma palavra “Peirasmos” que indica em
seu sentido original “testar o valor e caráter dos homens”
Quando aprovado o homem torna-se bem-aventurado Tiago -
1.12
Quando cede, ele morre em sua própria cobiça – Tiago 1.15
O
processo de tentação aguça nossos sentimentos mais ocultos, o que não desejo
não me tenta, logo sou atraído pelo que de fato almejo, mas me é oferecido de
modo inadequado, a satisfação de desejos legítimos de modo ilegítimo
caracteriza a queda na tentação.
As tentações por maiores que sejam são delimitadas por
Deus, o Deus que permite a provação é o que provê o escape e nos orienta a
rogar que não nos deixe cair nela.
Willian
Barclay comenta que esse texto pode ser melhor entendido como uma
provação de Deus e uma tentação do diabo.
A cena da tentação de Jesus agora é uma reedição da
tentação de Adão.
No Éden o primeiro Adão pecou e com ele todos caíram.
No deserto Jesus venceu e o diabo caiu.
Cristo
é o segundo Adão.
Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo
sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça
veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.
Romanos 5:18
Romanos 5:18
Nas
tentações segundo Bonhoeffer:
Todas
as forças que temos se voltam contra nós, inclusive forças boas e piedosas caem
nas “mãos” do inimigo e são usadas contra nós; Ou seja, antes que suas forças
fossem testadas, de fato ela já lhe foi roubada sem você nem perceber; Para
Bonhoeffer, na hora da tentação todo cristão está abandonado:
1º por
todas suas forças;
2º por
todas as pessoas;
3º por
Deus
As tentações independem de quanto tempo se tem na igreja,
cedo ou tarde elas chegarão.
E ao ser tentado não devemos nos sentir piores do que
ninguém, isso é natural. Somos humanos vivendo numa carne pecaminosa. Somos
vivos em corpos mortos.
O que Cristo fez diferentemente de Adão foi vencer a
tentação e nos dar a possibilidade de vencer as nossas tentações.
Vejamos a partir de agora algumas tentações que Cristo
suportou no deserto e que podemos enfrentar em nosso dia a dia.
1°
TER POSTURAS DIFERENTES SOZINHO E ACOMPANHADO.
O mesmo espírito que testificou de Jesus de forma pública
no capítulo anterior, que desceu como uma pomba sobre os ombros de Jesus, o
leva a um lugar secreto.
O mesmo Deus que contemplou Jesus no Jordão diante de todos,
é o que está a 40 dias no deserto junto dele, ainda sem se manifestar ou enviar
algum de seus mensageiros.
Seja
diante do sucesso, dos olhos sobre si, ou num deserto de 52 quilômetros por 25,
extremamente isolado, Cristo se mantém o mesmo, intacto.
Ele poderia honrar o pai em público e negá-lo em secreto
como fazemos continuamente, mas Cristo agiu como um exemplo de integridade em
qualquer público.
O mesmo espírito que testificou do batismo de Jesus
publicamente, é o que lhe conduz ao deserto. Dando a entender que o caráter dos
grandes é moldado em momentos expostos e em momentos secretos, a capacidade de
ser íntegro nesses momentos é que separa os medianos dos excelentes.
Quando
se está em evidência a briga é com o Ego, quando se está em secreto a luta é
para manter a postura que se adquiriu diante dos muitos olhos dos que estão a
volta.
Cristo
resiste às duas provas, a de se orgulhar e a de deixar a integridade.
Como dito anteriormente é o diabo que se tornou um
tentador, ele almeja a queda. Ele espera de verdade que as pessoas cedam as
suas pressões contínuas e difíceis de resistir.
A intenção não era provar nada para Deus pai, mas apenas de
nos deixar o exemplo de que Cristo é vencedor, de que ele desmascarou os
intentos satânicos e que nós podemos fazê-lo através de Cristo.
O
SUCESSO É DETERMINADO PELO QUE FAZEMOS EM OCULTO
O que tornou Davi um grande guerreiro foram suas batalhas
que ninguém nunca viu.
O que fez de José um excelente governador foram as
administrações em casas de estranhos e na prisão.
O caráter dos grandes se molda em secreto e a demonstração
do que de fato se é, é fruto de uma vida sólida nos momentos discretos e
ocultos.
A solidão é decisiva, pois nela são tramados os piores
pecados, ou as melhores ideias.
Ainda hoje precisamos manter momentos a sós, momentos de
reflexão, momentos para planejar, para estar a sós com Deus, sem a necessidade
de performances, sem a necessidade de demonstrar nada, sendo apenas quem é. Nossas
decisões frequentemente estão erradas porque não nos permitimos estar a sós com
Deus.
Foi num momento de solidão que Moisés viu a sarça arder e
foi vocacionado, foi num momento de solidão que Isaías viu ao Senhor num alto e
sublime trono, Deus apareceu a Salomão em sonho, Jacó lutou com um anjo e
prevaleceu e teve sua vida mudada quando estava só.
Jesus precisava desse momento para estar a sós com Deus,
para planejar seu ministério, não havia melhor lugar para encontrar Deus do que
no deserto onde Jesus estava.
Mario
Sérgio Cortella afirma que na sociedade contemporânea precisamos de um pouco
mais de tédio, um pouco mais de tempo ocioso, livre para poder produzir coisas
novas. Arrumamos muitos amigos, conversamos com muita gente, mas pouco ou quase
nada falamos a Deus. Precisamos dedicar tempo ao nosso Deus, era isso que
Cristo almejava fazer.
Estamos vivendo uma espiritualidade muito vista, faltando
os momentos em oculto com Cristo Mateus 6.6
Torna-se comum usar selfies para se mostrar orando, a
autocontemplação torna-se uma tendência cada vez mais nociva ao povo de Deus.
Tal como a música de Lorena
Chaves:
“Estou preso em meio a um
labirinto cheio de espelhos, o meu mundo gira em torno das vontades que eu
tenho, estou imerso em um sistema que me diz, você é livre, mas no fundo o
desejo pela liberdade não cessou
E eu sou escravo do consumo
desse amor por mim, eu sou escravo sem saber que sou assim”. A autocontemplação
foi duramente criticada por Jesus, porém ainda hoje tocamos trombetas diante de
nós, nos cercamos de testemunhas para testificar de nossos atos e no fundo
almejamos que elas nos elogiem, cria-se uma rede de pessoas que lhe dizem o que
queremos ouvir.
Falta-nos tempo a sós com
Deus. Era isso que Cristo desejava e que nós como igreja precisamos buscar,
tempo de qualidade quando estivermos sozinhos.
2°
O MOMENTO APÓS O AUGE PODE SER O DE MAIOR QUEDA
Todos os sinóticos declaram que Jesus estava anteriormente
no batismo e esse foi um dos momentos de maior glória pra Jesus na terra.
Porém o momento posterior é de tentação no deserto, momento
de extrema dificuldade.
A vida propõe esses altos e baixos, montanhas e vales e
saber lidar com isso é decisivo na caminhada cristã. Há momentos que como os
salmistas em especial Davi estamos louvando “O Senhor é meu pastor e nada me
faltará”, mas a vida nos leva ao Salmo 22 “Deus meu, Deus meu, porque me
desamparastes? ”
O momento de Auge de Jesus acabara de passar e o momento
seguinte era dificultoso.
Elias após a dizer que não ia chover, teve que se retirar
para o ribeiro de Querite. Após enfrentar 450 profetas de Baal teve que fugir
para não morrer sob as mãos de Jezabel.
Logo após os melhores momentos, o inimigo nos tenta a fim
de que caiamos de maior altura, vivamos um maior estrago. O momento de maior
atenção na vida de qualquer crente é o que se segue após o sucesso.
Jesus
na intenção de ter um momento a sós com o pai, passa quarenta dias Jejuando no
deserto. Esse período de quarenta dias representa tempos decisivos.
Foi
esse o tempo que o dilúvio durou – Gen. 7.12
Foi
esse o tempo que Moisés ficou no Sinai até receber os dez mandamentos Ex. 24.18
-Dt 9.11
Esse foi
o período de intercessão de Moisés para que Deus não destruísse o povo – DT
9.25
Foram
quarenta dias que Elias caminhou após se alimentar ao fugir de Jezabel – 1 Reis
19.8
Agora
Jesus passou o mesmo período em Jejum, esse era uma hora extremamente decisiva
para a humanidade.
E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és
o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Mateus 4:3
Mateus 4:3
3° NOS
REVESTIMOS PARA RESISTIR, NÃO PARA ALCANÇAR PRIVILÉGIOS
Após
quarenta dias jejuando esperamos que os resultados de tamanho sacrifício sejam
maravilhosos, visões nunca dadas a outros homens, privilégios diferenciados,
orações respondidas com mais ênfase e rapidez.
A
tentação nega a crença contemporânea de que devo jejuar a fim de obter
privilégios de Deus, logo o jejum para quem o pratica torna-se algo do qual
podem se orgulhar. Jesus nunca fez o seu jejum nessa intenção. Nos dias atuais
jejuamos para ganhar dinheiro, para conquistar bênçãos, por diversos motivos.
Porém a ênfase de Jesus a respeito do jejum é diferente, a lógica é de poder no
reino, santificação e renúncia pessoal, sobretudo nos revestimos para poder
resistir.
Efésios
6.13 nos fala sobre tomar toda a armadura de Deus para que possamos resistir no
dia mal e havendo feito tudo, ficar firmes.
A
lógica é revestir para resistir, se preparar para suportar, buscar forças para
não ser pego de surpresa.
Sob a
ótica atual esperava-se que após os 40 dias de jejum Jesus fosse extremamente
exaltado e dali em diante operasse todas as maravilhas possíveis, porém diante
dele após 40 dias vem o diabo disposto a lhe tentar.
Devemos
entender que no reino de Deus há apenas dois extremos, ou trabalhamos a favor
de Deus contra o inimigo, ou a favor do inimigo contra Deus, não há meio termo.
Jesus se preparou para os embates que estavam por vir, se Cristo que tem todo o
poder foi tentando pelo diabo e para passar pela tentação suportou um jejum de
quarenta dias, que dirá nós pecadores? Quando jejuarmos devemos estar cientes
de que não o fazemos por méritos especiais, fazemos para resistir, não é nada
triunfalista possuir uma armadura celestial, ela nos foi dada para resistir as
astutas ciladas do diabo, para fazer tudo e ficar firmes. A intenção do Senhor
é essa, que cumpramos bem nossos ministérios, que cheguemos ao fim da
caminhada, resistindo ao mal para que ele fuja de nós.
O
diabo tem por tendência atacar as pessoas em seus momentos de maior
fragilidade, Jesus estava com fome, a quarenta dias sem comer, uma proposta de
alimento é algo extremamente tentador para quem tem fome.
Ainda
hoje o diabo almeja nos tentar com coisas que no fundo gostamos, desejamos e
são necessidades diárias, carências emocionais, afetivas, sempre sua proposta
será proporcional ao desejo humano, será um fornecimento de meios ilegítimos
para satisfazer desejos legítimos.
É
quando um casamento está frágil que um adultério é proposto.
É
quando a renda está baixa que a corrupção se torna uma alternativa.
É
quando a justiça se omite que a vingança se torna concebível.
As
tentações se dão no campo dos desejos, na verdade o adversário sabe quais são e
no momento de maior fraqueza ele aparecerá, não pense que ao jejuar você estará
isento disso, mas a diferença é que ao jejuar e se revestir há possibilidade de
passar pela tentação como Cristo também passou.
4°
AUTOAFIRMAÇÃO
Grande parte dos conflitos de identidade se dá quando
tentamos provar aos outros quem de fato somos, ou quando lançam dúvidas a
respeito disso.
O Diabo chegou diante de Jesus e lhe disse: “Se tu és o
filho de Deus”.
Se és filho prove que és, se és homem prove que és, se és alguém
que é filho de Deus, prove quem tu és.
A necessidade de afirmação aliada aos clamores populares
tem feito pessoas perderem a real identidade, negarem quem de fato são, vivem
como metamorfoses, reféns de pensamentos e opiniões alheias. Jesus foi tentado
a provar que era filho de Deus, a provar quem ele dizia ser, o acusador se
aproxima e lhe propõe, se és filho de Deus transforme pedras em pães.
O acusador põe em dúvida o que Deus diz sobre nós, o que
nós sabemos sobre si mesmos e exige que provemos nosso potencial mediante
métodos errados.
Em outra ocasião os algozes e zombadores de Jesus diziam:
Nos
tempos atuais o acusador nos lança tais dúvidas, se és filho de Deus quais as
razões dessas situações? Se és filho de Deus porque o justo sofre e o ímpio
prospera, se és filho de Deus porque você não vê e ouve nada sobrenatural?
Acaso a crença lhe deu um privilégio a mais? Aparentemente crer em Deus nos
leva muitas vezes a um sofrimento ainda maior. Para provar que se é filho, para
provar qual a identidade as pessoas moldam Deus aos seus gostos. Transformam
Deus em um mordomo que deve lhes atender, pois, afinal os filhos tem direitos.
As
tentações de identidade são de natureza sexual para autoafirmação nessa área,
são propostas de adultério para comprovar a masculinidade e vigor masculinos ou
a sensualidade feminina, se és de fato querido, teste a todos simulando um
suicídio, se és de fato corajoso use essas drogas, se és de fato um homem
enfrente tudo e todos, essas tentações de identidade levaram muitas pessoas a
queda e o adversário queria fazer o mesmo com Jesus, porém Jesus não precisava
provar nada a ninguém e nós também não.
A
nosso respeito foi dito que somos sacerdócio real, nação santa, povo adquirido,
santos que estão na igreja, filhos de Deus.
Jesus
não atende aos convites do acusador para mostrar quem é, pois, se assim o
fizesse teria sido orgulhoso, faria milagre por milagre, se negaria a passar
pela cruz e desceria a fim de mostrar a todos que tem poder, porém ele não
desce.
A nós
basta o que Deus disse que somos, Deus nos ama pois a bíblia assim o diz, Deus
nos quer bem pois está em sua palavra, Deus nos escolheu e nos atraiu e é só
por essa razão que chegamos a qualquer lugar. Ainda hoje precisamos confiar na
palavra de Deus, se Deus me mandou ir até ele sobre as águas manterei meus
olhos fitos sobre ele, andarei resoluto, pois, sob a palavra de Cristo e seu
chamado é possível andar sobre as águas, sobre a palavra de Cristo após uma
noite sem pescar é possível lançar as redes ao outro lado e ter uma pesca
milagrosa. Deus me diz que sou filho, isso basta, a palavra disse, isso basta.
5°
SOMOS TENTADOS DENTRO DE NOSSO PRÓPRIO POTENCIAL
“Quando
Satanás tenta você, não espere ver nem o anzol nem a linha, apenas uma isca
perfeitamente adequada ao teu temperamento e gostos, pontos fortes e pontos
fracos.” Josemar Bessa
A tentação era extremamente proporcional ao momento de
Jesus, em nenhum outro momento ela teria sido tão atrativa como foi naquela
hora.
Uma proposta de comida após quarenta dias de fome era algo
a se pensar.
Para tornar a proposta ainda mais tentadora suponha que
você tivesse o potencial de fazê-lo, imaginemos que estejamos em uma situação
financeira desesperadora e há possibilidade de subtrair um valor do caixa que
trabalhamos sem que ninguém descubra até porque somos o supervisor ou
tesoureiro. Essa proposta seria tentadora e dentro de nossas possiblidades de
fazer.
As tentações que o inimigo propõe são exatamente
compatíveis com nossos potenciais, gostos e vontades.
Não é tentador para nós transformar pedras em pães, não é
tentador para mim uma proposta de emprego, pois já tenho, não é tentador para
mim a proposta de ter uma igreja para pastorear pois já possuo, não é tentador
para mim uma moto, pois, não desejo.
O que o inimigo propõe é algo que no momento desejamos,
temos a possibilidade de fazer, os recursos para fazer e nossa necessidade é
extrema, é perfeitamente compatível com meu perfil.
Era tentador para Jesus naquele momento comer, para piorar
a tentação ele realmente tinha poder de transformar as pedras em pães. As
tentações sempre serão proporcionais a nossa possibilidade de satisfazer nossos
desejos mais mesquinhos sem que ninguém saiba, a não ser Deus e o diabo que a
propôs. As tentações nos levarão a fazer o que queremos, mesmo que isso
implique em atalhos que não deveriam ser tomados.
A nossa tentação sempre será dentro de nossos dons, para
quem fala bem, será de usar sua boa fala para manipular, quem é simpático para
poder trazer pessoas após si em lideranças paralelas, para quem é esforçado,
uma possibilidade de mérito maior do que por meios convencionais, nos atentemos
a isso, toda solução fácil não provém de Deus.
6°
SOMOS TENTADOS A USAR NOSSOS DONS EM BENEFÍCIO PRÓPRIO
Toda pessoa um dia será tentada a usar os seus dons em
benefício próprio, isso será ofertado cedo ou tarde para qualquer cristão em
todas as eras.
Transformar pedras em pães seria usar os milagres para
satisfação própria, seria usar os dons para benefício de si mesmo.
Ricardo Gondim diz:
O
Valor de uma causa não se dá pelo que os seus seguidores lucram com ela, mas
pelo que eles renunciam.
O pregador é constantemente tentado a lucrar muito com suas
mensagens, o cantor sempre é tentado a usar os dons que tem para cantar apenas
por dinheiro, o homem que possui dons pode ser tentado a usá-los como meio de
viver em luxo, glamour, fama e bajulação. A tentação do inimigo de transformar
pedras em pães já pegou muitos em várias épocas. Pessoas que deturparam suas
reais motivações para pregar e exercer o que sabem fazer. O ministério jamais
deveria ser entendido como um meio de transformar as pedras em pães, de suprir
as necessidades do aqui e do agora, sem levar em conta a eternidade.
O transformar pedras em pães tem levado muitos pregadores
ao pragmatismo, a fazer só o que dá certo e na geração contemporânea o que dá
certo é muitas vezes antibíblico, se dá certo e vai me beneficiar não importa
os métodos.
A
religião contemporânea almeja isso, usa seu poder de influência, usa o poder do
nome de Jesus, usam o poder de Deus para dar os pães e assim crescer.
Prometa
felicidade, dinheiro, sucesso e você será bem-sucedido sob os moldes atuais. Na
bíblia quem confundiu o evangelho com um meio de beneficiar teve fim trágico.
Geazi teve a intenção de receber um dinheiro que Eliseu rejeitara, acabou
tomando sobre si a lepra de Naamã.
Judas
almejou vender Jesus com o salário de escravo, porém acabou lançando as moedas
no templo e indo se enforcar, precipitando-se suas entranhas se derramaram.
Ministério não deveria ser visto como um vínculo
empregatício na grande maioria dos casos, porém nos tempos atuais tornou-se um
bom atalho para quem tem poucos estudos, deseja se esforçar pouco e adquiriu
uma oratória compatível ao ambiente pentecostal. Nos tempos atuais, no apogeu
das redes sociais, basta gravar um vídeo pregando em qualquer lugar, ainda que
por oferecimento, que você consegue alguns seguidores, a medida em que se paga
para ser divulgado os convites aumentam ainda mais e com eles as ofertas para
que se possa “viver da obra.”
Aos
14 anos um jovem me perguntou com quantos anos comecei a liderar mocidades,
informei que aos 16. Ele me disse que aos 16 gostaria de já ter um ministério.
Nesse
momento entendi que não se tratava de amor a obra, mas o desejo de ter os
benefícios que outros charlatões da fé tiveram.
Qualquer pessoa que almeje pregar o evangelho e apenas o
evangelho, deverá seguir o exemplo de Jesus que aguentou a fome mas não usou de
seu poder para benefício próprio.
Somos
chamados a dar frutos e os únicos beneficiados em dar frutos são os que
desfrutam dele, somos galhos na videira e não há benefício para nós mesmos em
dar frutos, apenas para o agricultor e que se alimenta dos nossos frutos.
Da
mesma maneira devemos servir uns aos outros, trabalhar uns pelos outros para
crescimento mútuo do corpo.
7°
- HÁ MAIS PEDRAS DO QUE PÃES NO MUNDO – A TENTAÇÃO DA BUSCA POR POPULARIDADE DE
FORMA ERRADA
O período de quarenta dias de deserto era fundamental para
Jesus pensar qual seria o meio que utilizaria para ter seus seguidores,
transformar pedras em pães era algo revolucionário. O povo sempre terá fome e
alguém que resolva os problemas do cotidiano como ter pão para comer, será
aclamado por todos. Porém jamais foi a intenção de Jesus resolver esse tipo de
problema, ser popular por dar pães seria atrair após si pessoas interesseiras,
alguém poderia até argumentar que ele multiplicou pães e peixes, porém isso foi
feito em consequência de uma busca contínua e após horas de atenção dada a
Jesus.
No mundo quem transformar pedras em pães será o mais amado,
o mais seguido e aclamado.
Jesus não nos chama a andar com ele pelos pães que pode conceder, não nos chama para estar com ele por conta dos problemas resolvidos. Ele nos chama para ser servos de orelha furada, aqueles que servem por prazer, por amor. Não há garantias junto ao chamado de Cristo no sentido estritamente material, ele apenas diz que devemos buscar seu reino e sua justiça e as outras coisas (comida e vestes) serão acrescentadas. Hoje vivemos uma religião que dá pães, que supre as necessidades do aqui e do agora, um evangelho Behaviorista, um evangelho de Esaú que troca bênçãos por um prato de lentilhas, que quer tudo aqui e agora, pois de que me valerá a primogenitura se morrerei de fome? Quem dá pão é aclamado, quem dá pão é seguido, aplaudido e faz sucesso.
Jesus não nos chama a andar com ele pelos pães que pode conceder, não nos chama para estar com ele por conta dos problemas resolvidos. Ele nos chama para ser servos de orelha furada, aqueles que servem por prazer, por amor. Não há garantias junto ao chamado de Cristo no sentido estritamente material, ele apenas diz que devemos buscar seu reino e sua justiça e as outras coisas (comida e vestes) serão acrescentadas. Hoje vivemos uma religião que dá pães, que supre as necessidades do aqui e do agora, um evangelho Behaviorista, um evangelho de Esaú que troca bênçãos por um prato de lentilhas, que quer tudo aqui e agora, pois de que me valerá a primogenitura se morrerei de fome? Quem dá pão é aclamado, quem dá pão é seguido, aplaudido e faz sucesso.
É
tentador ainda hoje pregar o evangelho do pão, das necessidades imediatas, de
comprar almas por promessas, de comprar almas por milagres, porém Cristo nos
chama a um chamado sem maiores pretensões que não sejam a presença dele
próprio.
Ceder à tentação de transformar pedras em pães seria
resolver os problemas “meio” e não as causas, na prática Jesus continuaria
apagando incêndios sem resolver as reais causas dos problemas dos homens, o que
o homem de fato precisa não é que seus problemas visíveis sejam resolvidos o
tempo inteiro, não precisa de um mordomo disposto a lhe dar tudo o que quer, o
que de fato é necessário vai além dos pães que me satisfazem agora. Era isso
que Jesus almejava mostrar.
“Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Mateus 4:4”
O Jesus que demonstram hoje muitas vezes nada tem a ver com
o Cristo da bíblia.
O jesus que apresentam hoje é o dos pães, é o que compra
com multiplicação anterior ao discipulado, é o que promete bens e o que o
próprio diabo projetou ao acusar Jó.
Porventura tu não cercaste de
sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste
e o seu gado se tem aumentado na terra.
Jó 1:10
Jó 1:10
O Jesus da bíblia não ganha seus discípulos dando pães, não
atrai as pessoas prometendo riquezas e suprimentos momentâneos, o Cristo da
bíblia nos chama a uma caminhada em que descobrimos uma vida além dos
suprimentos atuais, além de comer e beber.
Porque o reino de Deus não é
comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
Romanos 14:17
Romanos 14:17
Os
valores do reino de Cristo são diferenciados, sua política não se constitui nos
famosos “pão e circo”, pelo contrário, a única garantia ao andar com Jesus é de
uma cruz para se carregar.
E dizia a todos: Se alguém
quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
Lucas 9:23
Lucas 9:23
Se Cristo cedesse a tentação de transformar pedras em pães
ganharia as pessoas nos seus interesses. Porém não era essa a sua intenção e é
por essa razão que ele responde:
ESTÁ ESCRITO: NEM SÓ DE PÃO VIVERÁ O HOMEM
Ao mencionar essa palavra há uma lembrança do que Deus já
havia dito em Deuteronômio.
E te humilhou, e te deixou ter
fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o
conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de
tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.
Deuteronômio 8:3
Deuteronômio 8:3
Deus fez o povo caminhar quarenta anos sobre o deserto,
nesses quarenta anos lhes privou de seu conforto, lhes fez andar em círculos,
lhes deixou algumas vezes ter fome, lhes tirou de suas casas no Egito.
Porém ao mesmo tempo Deus lhes deu um maná que nem seus
pais conheceram, para que finalmente entendessem que o que de fato eles
precisam não é de nada além da palavra de Deus.
Não há carência que supere a necessidade de se ouvir as
palavras de Deus.
Como citado anteriormente o evangelho do pão promete encher
sua barriga aqui e agora, mas logo você precisará de mais alimento, entrará
numa relação de dependência em que os meus interesses se sobrepõe a nobreza dos
motivos que me fazem seguir o meu mestre.
Jesus não, ele diz que o que precisamos de fato é das
palavras de Deus. Toda a palavra que sai da boca de Deus.
·
Hoje vivemos um conflito, pois, nunca se falou
tanto sobre a palavra de Deus, sobre Deus.
·
Há pelo menos 26 rádios evangélicas em
atividade no Brasil, sendo que algumas programações tomam espaço em rádios não
evangélicas.
·
Há canais na tv aberta com programação 24 Hrs.
·
Por dia são abertas 12 igrejas no Brasil. Em
2014 o jornal Correio Brasiliense divulgou uma pesquisa que aponta que foram
abertas 4.000 igrejas em 2013. Considerando as que não regularizam seu CNPJ,
devem haver muito mais igrejas abertas anualmente.
·
42,3 milhões era o número de evangélicos no
Brasil, hoje somos 22% da população Brasileira.
·
Na população carcerária há muitas pessoas que
foram criadas em lares evangélicos.
·
Desses 42,3 milhões 60% são de origem
pentecostal.
Nunca o evangelho foi tão propagado, nunca se falou tanto
sobre Deus, mas falta-nos ouvir Deus falar. Nem todos que falam sobre Deus,
representam a voz de Deus ao povo.
Vivemos como nos dias profetizados por Amós:
Eis que vêm dias, diz o Senhor
DEUS, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água,
mas de ouvir as palavras do SENHOR.
E irão errantes de um mar até outro mar, e do norte até ao oriente; correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não a acharão.
Amós 8:11,12
E irão errantes de um mar até outro mar, e do norte até ao oriente; correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não a acharão.
Amós 8:11,12
Esses dias chegaram, dão pães, mas não palavra. E o povo
permanece esperando pães, sendo que sua fome é de ouvir Deus.
Preparamos sermões homileticamente corretos, bem
produzimos, repletos de recursos da psicanálise, da oratória, os corações são
tocados apenas no momento, mas a necessidade por mais conhecimento, mais
novidades leva o povo a mais fome.
Tratamos de um problema que é a fome do momento, sabendo
que ela virá novamente e cada vez maior. Porém Deus almeja nos dar a sua
palavra, dela viveremos, dela precisamos.
“O coração que ouvir uma boa mensagem
continuará o mesmo, mas duvido que depois de ouvir a voz de Deus continue o mesmo”
Elias Binja
Entendamos a partir daqui pão como recurso.
As igrejas hoje dão pão, mas não palavra.
Conforto, templos lindos, entretenimento,
espaços enormes, poltronas, ar condicionado, prometemos até lanches a fim de
que o povo venha.
Mas falta a palavra de Deus! Falta o que sai da
boca de Deus, é disso que de fato precisamos.,
Todos milagres que são
prometidos e realizados em nome de Deus sem proclamação da palavra não são de
Deus.
E ali pregavam o evangelho.
E estava assentado em Listra certo homem leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado.
Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado,
Disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou.
Atos 14:7-10
E estava assentado em Listra certo homem leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado.
Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado,
Disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou.
Atos 14:7-10
Os milagres são consequência da exposição bíblica, essa
precede as demais atividades da igreja.
A
igreja infelizmente tem se tornado milagreira e o pentecostalismo tem forte
influência nisso, falamos sobre milagres, pregamos sobre, mas não falamos de
arrependimento, sobre o que sai da boca de Deus.
Nós
trocamos o ser atalaia por ser milagreiros.
Mas, se quando o atalaia vir
que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, e a espada
vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniqüidade,
porém o seu sangue requererei da mão do atalaia.
Ezequiel 33:6
Ezequiel 33:6
A
igreja do Senhor deve preferir morrer do que comer e não ouvir a voz de Deus.
Pr.
Elias Binja
A tentação vem sobre nossa carne o tempo inteiro, nossa
vida deverá ser de amaldiçoar o que desagrada a Deus. Assim como Cristo venceu
na carne, devemos aprender a renunciar o que for necessário para ouvir a voz de
Deus nos tempos atuais.
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