sexta-feira, 28 de julho de 2017

A TENTAÇÃO DE JESUS - 1° PARTE

Sermão entregue a AD Brás Jd Guarujá II – 1° Culto de ensino.

A TENTAÇÃO DE JESUS – PARTE 1

“Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.”
Mateus 4:1

João Batista anunciou a vinda de Jesus, disse que o que viria após ele seria muito mais poderoso do que ele, que na verdade ele estava se preparando um caminho para o rei que estava por vir.
Era um momento único no ministério de Jesus, seu batismo acabara de acontecer, o próprio pai testificou sobre sua divindade, o reconhecimento de Jesus passou a ser público, seu ministério teve início a partir daí.
Cristo tem agora trinta anos, é um homem já formado, experimentado nos trabalhos, pronto a ensinar e pregar.
Logo após seu batismo, o Espírito o conduz a um deserto.
Em outra ocasião o Espírito Santo conduziu Ezequiel a um vale cheio de ossos secos – Ez. 37.1
Posteriormente o Espírito levou Felipe de um deserto a Azoto, onde anunciou o evangelho em seu caminho até Cesaréia. Atos 8.38
O Espírito Santo é uma pessoa extremamente atuante na bíblia, em todas as épocas de modos diferentes ele foi decisivo no que diz respeito a realização da vontade de Deus.
O avivamento futuro de Israel foi demonstrado após o Espírito conduzir Ezequiel ao vale, a expansão do evangelho em uma das principais cidades da antiguidade se deu mediante a um arrebatamento do espírito Santo.
Agora com Jesus, ele novamente atua, levando-o a um deserto para ser tentado.
Torna-se fundamental definir tentação a luz das escrituras sob esse contexto, pois, há alguns problemas que podem decorrer dessa passagem.
Por exemplo, considerando apelas a etimologia comum da palavra tentação, o texto diria que o Espírito levou Jesus para ser testado na intenção de lhe submeter a uma tentação do diabo, ou seja, o Espírito Santo levou Jesus para correr o risco de errar, qual a razão disso?
Gênesis 22 em algumas versões informa que Deus tentou Abraão.
Ao mesmo tempo Tiago diz que Deus não tenta ninguém, pois, não pode ser tentado pelo mal.
Resta-nos supor que há uma diferença entre tentação e provação, também devemos admitir que ao traduzir para o português alguns intérpretes traduziram a palavra do grego usando distinção entre seus contextos, ou seja, quando se tratava de algo que poderia levar a pessoa testada a cair, chamaram de tentação.
Quando o teste era para tornar a fé da pessoa ainda mais clara, definiram como provação.
No grego há apenas uma palavra “Peirasmos” que indica em seu sentido original “testar o valor e caráter dos homens”
Quando aprovado o homem torna-se bem-aventurado Tiago - 1.12
Quando cede, ele morre em sua própria cobiça – Tiago 1.15
O processo de tentação aguça nossos sentimentos mais ocultos, o que não desejo não me tenta, logo sou atraído pelo que de fato almejo, mas me é oferecido de modo inadequado, a satisfação de desejos legítimos de modo ilegítimo caracteriza a queda na tentação.
As tentações por maiores que sejam são delimitadas por Deus, o Deus que permite a provação é o que provê o escape e nos orienta a rogar que não nos deixe cair nela.
Willian Barclay comenta que esse texto pode ser melhor entendido como uma provação de Deus e uma tentação do diabo.
A cena da tentação de Jesus agora é uma reedição da tentação de Adão.
No Éden o primeiro Adão pecou e com ele todos caíram.
No deserto Jesus venceu e o diabo caiu.
Cristo é o segundo Adão.
Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.
Romanos 5:18
Nas tentações segundo Bonhoeffer:
Todas as forças que temos se voltam contra nós, inclusive forças boas e piedosas caem nas “mãos” do inimigo e são usadas contra nós; Ou seja, antes que suas forças fossem testadas, de fato ela já lhe foi roubada sem você nem perceber; Para Bonhoeffer, na hora da tentação todo cristão está abandonado:
1º por todas suas forças;
2º por todas as pessoas;
3º por Deus

As tentações independem de quanto tempo se tem na igreja, cedo ou tarde elas chegarão.
E ao ser tentado não devemos nos sentir piores do que ninguém, isso é natural. Somos humanos vivendo numa carne pecaminosa. Somos vivos em corpos mortos.
O que Cristo fez diferentemente de Adão foi vencer a tentação e nos dar a possibilidade de vencer as nossas tentações.
Vejamos a partir de agora algumas tentações que Cristo suportou no deserto e que podemos enfrentar em nosso dia a dia.

1° TER POSTURAS DIFERENTES SOZINHO E ACOMPANHADO.
O mesmo espírito que testificou de Jesus de forma pública no capítulo anterior, que desceu como uma pomba sobre os ombros de Jesus, o leva a um lugar secreto.
O mesmo Deus que contemplou Jesus no Jordão diante de todos, é o que está a 40 dias no deserto junto dele, ainda sem se manifestar ou enviar algum de seus mensageiros.
Seja diante do sucesso, dos olhos sobre si, ou num deserto de 52 quilômetros por 25, extremamente isolado, Cristo se mantém o mesmo, intacto.
Ele poderia honrar o pai em público e negá-lo em secreto como fazemos continuamente, mas Cristo agiu como um exemplo de integridade em qualquer público.
O mesmo espírito que testificou do batismo de Jesus publicamente, é o que lhe conduz ao deserto. Dando a entender que o caráter dos grandes é moldado em momentos expostos e em momentos secretos, a capacidade de ser íntegro nesses momentos é que separa os medianos dos excelentes.
Quando se está em evidência a briga é com o Ego, quando se está em secreto a luta é para manter a postura que se adquiriu diante dos muitos olhos dos que estão a volta.
Cristo resiste às duas provas, a de se orgulhar e a de deixar a integridade.
Como dito anteriormente é o diabo que se tornou um tentador, ele almeja a queda. Ele espera de verdade que as pessoas cedam as suas pressões contínuas e difíceis de resistir.
A intenção não era provar nada para Deus pai, mas apenas de nos deixar o exemplo de que Cristo é vencedor, de que ele desmascarou os intentos satânicos e que nós podemos fazê-lo através de Cristo.

O SUCESSO É DETERMINADO PELO QUE FAZEMOS EM OCULTO

O que tornou Davi um grande guerreiro foram suas batalhas que ninguém nunca viu.
O que fez de José um excelente governador foram as administrações em casas de estranhos e na prisão.
O caráter dos grandes se molda em secreto e a demonstração do que de fato se é, é fruto de uma vida sólida nos momentos discretos e ocultos.
A solidão é decisiva, pois nela são tramados os piores pecados, ou as melhores ideias.
Ainda hoje precisamos manter momentos a sós, momentos de reflexão, momentos para planejar, para estar a sós com Deus, sem a necessidade de performances, sem a necessidade de demonstrar nada, sendo apenas quem é. Nossas decisões frequentemente estão erradas porque não nos permitimos estar a sós com Deus.
Foi num momento de solidão que Moisés viu a sarça arder e foi vocacionado, foi num momento de solidão que Isaías viu ao Senhor num alto e sublime trono, Deus apareceu a Salomão em sonho, Jacó lutou com um anjo e prevaleceu e teve sua vida mudada quando estava só.
Jesus precisava desse momento para estar a sós com Deus, para planejar seu ministério, não havia melhor lugar para encontrar Deus do que no deserto onde Jesus estava.
Mario Sérgio Cortella afirma que na sociedade contemporânea precisamos de um pouco mais de tédio, um pouco mais de tempo ocioso, livre para poder produzir coisas novas. Arrumamos muitos amigos, conversamos com muita gente, mas pouco ou quase nada falamos a Deus. Precisamos dedicar tempo ao nosso Deus, era isso que Cristo almejava fazer.

Estamos vivendo uma espiritualidade muito vista, faltando os momentos em oculto com Cristo Mateus 6.6
Torna-se comum usar selfies para se mostrar orando, a autocontemplação torna-se uma tendência cada vez mais nociva ao povo de Deus.
Tal como a música de Lorena Chaves:
“Estou preso em meio a um labirinto cheio de espelhos, o meu mundo gira em torno das vontades que eu tenho, estou imerso em um sistema que me diz, você é livre, mas no fundo o desejo pela liberdade não cessou
E eu sou escravo do consumo desse amor por mim, eu sou escravo sem saber que sou assim”. A autocontemplação foi duramente criticada por Jesus, porém ainda hoje tocamos trombetas diante de nós, nos cercamos de testemunhas para testificar de nossos atos e no fundo almejamos que elas nos elogiem, cria-se uma rede de pessoas que lhe dizem o que queremos ouvir.
Falta-nos tempo a sós com Deus. Era isso que Cristo desejava e que nós como igreja precisamos buscar, tempo de qualidade quando estivermos sozinhos.



2° O MOMENTO APÓS O AUGE PODE SER O DE MAIOR QUEDA
Todos os sinóticos declaram que Jesus estava anteriormente no batismo e esse foi um dos momentos de maior glória pra Jesus na terra.
Porém o momento posterior é de tentação no deserto, momento de extrema dificuldade.
A vida propõe esses altos e baixos, montanhas e vales e saber lidar com isso é decisivo na caminhada cristã. Há momentos que como os salmistas em especial Davi estamos louvando “O Senhor é meu pastor e nada me faltará”, mas a vida nos leva ao Salmo 22 “Deus meu, Deus meu, porque me desamparastes? ”
O momento de Auge de Jesus acabara de passar e o momento seguinte era dificultoso.
Elias após a dizer que não ia chover, teve que se retirar para o ribeiro de Querite. Após enfrentar 450 profetas de Baal teve que fugir para não morrer sob as mãos de Jezabel.
Logo após os melhores momentos, o inimigo nos tenta a fim de que caiamos de maior altura, vivamos um maior estrago. O momento de maior atenção na vida de qualquer crente é o que se segue após o sucesso.

E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;
Mateus 4:2

Jesus na intenção de ter um momento a sós com o pai, passa quarenta dias Jejuando no deserto. Esse período de quarenta dias representa tempos decisivos.
Foi esse o tempo que o dilúvio durou – Gen. 7.12
Foi esse o tempo que Moisés ficou no Sinai até receber os dez mandamentos Ex. 24.18 -Dt 9.11
Esse foi o período de intercessão de Moisés para que Deus não destruísse o povo – DT 9.25
Foram quarenta dias que Elias caminhou após se alimentar ao fugir de Jezabel – 1 Reis 19.8
Agora Jesus passou o mesmo período em Jejum, esse era uma hora extremamente decisiva para a humanidade.

E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Mateus 4:3

3° NOS REVESTIMOS PARA RESISTIR, NÃO PARA ALCANÇAR PRIVILÉGIOS

Após quarenta dias jejuando esperamos que os resultados de tamanho sacrifício sejam maravilhosos, visões nunca dadas a outros homens, privilégios diferenciados, orações respondidas com mais ênfase e rapidez.
A tentação nega a crença contemporânea de que devo jejuar a fim de obter privilégios de Deus, logo o jejum para quem o pratica torna-se algo do qual podem se orgulhar. Jesus nunca fez o seu jejum nessa intenção. Nos dias atuais jejuamos para ganhar dinheiro, para conquistar bênçãos, por diversos motivos. Porém a ênfase de Jesus a respeito do jejum é diferente, a lógica é de poder no reino, santificação e renúncia pessoal, sobretudo nos revestimos para poder resistir.
Efésios 6.13 nos fala sobre tomar toda a armadura de Deus para que possamos resistir no dia mal e havendo feito tudo, ficar firmes.
A lógica é revestir para resistir, se preparar para suportar, buscar forças para não ser pego de surpresa.
Sob a ótica atual esperava-se que após os 40 dias de jejum Jesus fosse extremamente exaltado e dali em diante operasse todas as maravilhas possíveis, porém diante dele após 40 dias vem o diabo disposto a lhe tentar.
Devemos entender que no reino de Deus há apenas dois extremos, ou trabalhamos a favor de Deus contra o inimigo, ou a favor do inimigo contra Deus, não há meio termo. Jesus se preparou para os embates que estavam por vir, se Cristo que tem todo o poder foi tentando pelo diabo e para passar pela tentação suportou um jejum de quarenta dias, que dirá nós pecadores? Quando jejuarmos devemos estar cientes de que não o fazemos por méritos especiais, fazemos para resistir, não é nada triunfalista possuir uma armadura celestial, ela nos foi dada para resistir as astutas ciladas do diabo, para fazer tudo e ficar firmes. A intenção do Senhor é essa, que cumpramos bem nossos ministérios, que cheguemos ao fim da caminhada, resistindo ao mal para que ele fuja de nós.
O diabo tem por tendência atacar as pessoas em seus momentos de maior fragilidade, Jesus estava com fome, a quarenta dias sem comer, uma proposta de alimento é algo extremamente tentador para quem tem fome.
Ainda hoje o diabo almeja nos tentar com coisas que no fundo gostamos, desejamos e são necessidades diárias, carências emocionais, afetivas, sempre sua proposta será proporcional ao desejo humano, será um fornecimento de meios ilegítimos para satisfazer desejos legítimos.
É quando um casamento está frágil que um adultério é proposto.
É quando a renda está baixa que a corrupção se torna uma alternativa.
É quando a justiça se omite que a vingança se torna concebível.
As tentações se dão no campo dos desejos, na verdade o adversário sabe quais são e no momento de maior fraqueza ele aparecerá, não pense que ao jejuar você estará isento disso, mas a diferença é que ao jejuar e se revestir há possibilidade de passar pela tentação como Cristo também passou.

4° AUTOAFIRMAÇÃO

Grande parte dos conflitos de identidade se dá quando tentamos provar aos outros quem de fato somos, ou quando lançam dúvidas a respeito disso.
O Diabo chegou diante de Jesus e lhe disse: “Se tu és o filho de Deus”.
Se és filho prove que és, se és homem prove que és, se és alguém que é filho de Deus, prove quem tu és.
A necessidade de afirmação aliada aos clamores populares tem feito pessoas perderem a real identidade, negarem quem de fato são, vivem como metamorfoses, reféns de pensamentos e opiniões alheias. Jesus foi tentado a provar que era filho de Deus, a provar quem ele dizia ser, o acusador se aproxima e lhe propõe, se és filho de Deus transforme pedras em pães.
O acusador põe em dúvida o que Deus diz sobre nós, o que nós sabemos sobre si mesmos e exige que provemos nosso potencial mediante métodos errados.


Em outra ocasião os algozes e zombadores de Jesus diziam:
Se és Filho de Deus, desce da cruz.
Mateus 27:40
Nos tempos atuais o acusador nos lança tais dúvidas, se és filho de Deus quais as razões dessas situações? Se és filho de Deus porque o justo sofre e o ímpio prospera, se és filho de Deus porque você não vê e ouve nada sobrenatural? Acaso a crença lhe deu um privilégio a mais? Aparentemente crer em Deus nos leva muitas vezes a um sofrimento ainda maior. Para provar que se é filho, para provar qual a identidade as pessoas moldam Deus aos seus gostos. Transformam Deus em um mordomo que deve lhes atender, pois, afinal os filhos tem direitos.
As tentações de identidade são de natureza sexual para autoafirmação nessa área, são propostas de adultério para comprovar a masculinidade e vigor masculinos ou a sensualidade feminina, se és de fato querido, teste a todos simulando um suicídio, se és de fato corajoso use essas drogas, se és de fato um homem enfrente tudo e todos, essas tentações de identidade levaram muitas pessoas a queda e o adversário queria fazer o mesmo com Jesus, porém Jesus não precisava provar nada a ninguém e nós também não.
A nosso respeito foi dito que somos sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, santos que estão na igreja, filhos de Deus.
Jesus não atende aos convites do acusador para mostrar quem é, pois, se assim o fizesse teria sido orgulhoso, faria milagre por milagre, se negaria a passar pela cruz e desceria a fim de mostrar a todos que tem poder, porém ele não desce.
A nós basta o que Deus disse que somos, Deus nos ama pois a bíblia assim o diz, Deus nos quer bem pois está em sua palavra, Deus nos escolheu e nos atraiu e é só por essa razão que chegamos a qualquer lugar. Ainda hoje precisamos confiar na palavra de Deus, se Deus me mandou ir até ele sobre as águas manterei meus olhos fitos sobre ele, andarei resoluto, pois, sob a palavra de Cristo e seu chamado é possível andar sobre as águas, sobre a palavra de Cristo após uma noite sem pescar é possível lançar as redes ao outro lado e ter uma pesca milagrosa. Deus me diz que sou filho, isso basta, a palavra disse, isso basta.




5° SOMOS TENTADOS DENTRO DE NOSSO PRÓPRIO POTENCIAL

“Quando Satanás tenta você, não espere ver nem o anzol nem a linha, apenas uma isca perfeitamente adequada ao teu temperamento e gostos, pontos fortes e pontos fracos.” Josemar Bessa
Parte superior do formulário

A tentação era extremamente proporcional ao momento de Jesus, em nenhum outro momento ela teria sido tão atrativa como foi naquela hora.
Uma proposta de comida após quarenta dias de fome era algo a se pensar.
Para tornar a proposta ainda mais tentadora suponha que você tivesse o potencial de fazê-lo, imaginemos que estejamos em uma situação financeira desesperadora e há possibilidade de subtrair um valor do caixa que trabalhamos sem que ninguém descubra até porque somos o supervisor ou tesoureiro. Essa proposta seria tentadora e dentro de nossas possiblidades de fazer.
As tentações que o inimigo propõe são exatamente compatíveis com nossos potenciais, gostos e vontades.
Não é tentador para nós transformar pedras em pães, não é tentador para mim uma proposta de emprego, pois já tenho, não é tentador para mim a proposta de ter uma igreja para pastorear pois já possuo, não é tentador para mim uma moto, pois, não desejo.
O que o inimigo propõe é algo que no momento desejamos, temos a possibilidade de fazer, os recursos para fazer e nossa necessidade é extrema, é perfeitamente compatível com meu perfil.
Era tentador para Jesus naquele momento comer, para piorar a tentação ele realmente tinha poder de transformar as pedras em pães. As tentações sempre serão proporcionais a nossa possibilidade de satisfazer nossos desejos mais mesquinhos sem que ninguém saiba, a não ser Deus e o diabo que a propôs. As tentações nos levarão a fazer o que queremos, mesmo que isso implique em atalhos que não deveriam ser tomados.
A nossa tentação sempre será dentro de nossos dons, para quem fala bem, será de usar sua boa fala para manipular, quem é simpático para poder trazer pessoas após si em lideranças paralelas, para quem é esforçado, uma possibilidade de mérito maior do que por meios convencionais, nos atentemos a isso, toda solução fácil não provém de Deus.
6° SOMOS TENTADOS A USAR NOSSOS DONS EM BENEFÍCIO PRÓPRIO

Toda pessoa um dia será tentada a usar os seus dons em benefício próprio, isso será ofertado cedo ou tarde para qualquer cristão em todas as eras.
Transformar pedras em pães seria usar os milagres para satisfação própria, seria usar os dons para benefício de si mesmo.
Ricardo Gondim diz:
O Valor de uma causa não se dá pelo que os seus seguidores lucram com ela, mas pelo que eles renunciam.
O pregador é constantemente tentado a lucrar muito com suas mensagens, o cantor sempre é tentado a usar os dons que tem para cantar apenas por dinheiro, o homem que possui dons pode ser tentado a usá-los como meio de viver em luxo, glamour, fama e bajulação. A tentação do inimigo de transformar pedras em pães já pegou muitos em várias épocas. Pessoas que deturparam suas reais motivações para pregar e exercer o que sabem fazer. O ministério jamais deveria ser entendido como um meio de transformar as pedras em pães, de suprir as necessidades do aqui e do agora, sem levar em conta a eternidade.
O transformar pedras em pães tem levado muitos pregadores ao pragmatismo, a fazer só o que dá certo e na geração contemporânea o que dá certo é muitas vezes antibíblico, se dá certo e vai me beneficiar não importa os métodos.
A religião contemporânea almeja isso, usa seu poder de influência, usa o poder do nome de Jesus, usam o poder de Deus para dar os pães e assim crescer.
Prometa felicidade, dinheiro, sucesso e você será bem-sucedido sob os moldes atuais. Na bíblia quem confundiu o evangelho com um meio de beneficiar teve fim trágico. Geazi teve a intenção de receber um dinheiro que Eliseu rejeitara, acabou tomando sobre si a lepra de Naamã.
Judas almejou vender Jesus com o salário de escravo, porém acabou lançando as moedas no templo e indo se enforcar, precipitando-se suas entranhas se derramaram.
Ministério não deveria ser visto como um vínculo empregatício na grande maioria dos casos, porém nos tempos atuais tornou-se um bom atalho para quem tem poucos estudos, deseja se esforçar pouco e adquiriu uma oratória compatível ao ambiente pentecostal. Nos tempos atuais, no apogeu das redes sociais, basta gravar um vídeo pregando em qualquer lugar, ainda que por oferecimento, que você consegue alguns seguidores, a medida em que se paga para ser divulgado os convites aumentam ainda mais e com eles as ofertas para que se possa “viver da obra.”
Aos 14 anos um jovem me perguntou com quantos anos comecei a liderar mocidades, informei que aos 16. Ele me disse que aos 16 gostaria de já ter um ministério.
Nesse momento entendi que não se tratava de amor a obra, mas o desejo de ter os benefícios que outros charlatões da fé tiveram.
Qualquer pessoa que almeje pregar o evangelho e apenas o evangelho, deverá seguir o exemplo de Jesus que aguentou a fome mas não usou de seu poder para benefício próprio.
Somos chamados a dar frutos e os únicos beneficiados em dar frutos são os que desfrutam dele, somos galhos na videira e não há benefício para nós mesmos em dar frutos, apenas para o agricultor e que se alimenta dos nossos frutos.
Da mesma maneira devemos servir uns aos outros, trabalhar uns pelos outros para crescimento mútuo do corpo.

7° - HÁ MAIS PEDRAS DO QUE PÃES NO MUNDO – A TENTAÇÃO DA BUSCA POR POPULARIDADE DE FORMA ERRADA
O período de quarenta dias de deserto era fundamental para Jesus pensar qual seria o meio que utilizaria para ter seus seguidores, transformar pedras em pães era algo revolucionário. O povo sempre terá fome e alguém que resolva os problemas do cotidiano como ter pão para comer, será aclamado por todos. Porém jamais foi a intenção de Jesus resolver esse tipo de problema, ser popular por dar pães seria atrair após si pessoas interesseiras, alguém poderia até argumentar que ele multiplicou pães e peixes, porém isso foi feito em consequência de uma busca contínua e após horas de atenção dada a Jesus.
No mundo quem transformar pedras em pães será o mais amado, o mais seguido e aclamado.
Jesus não nos chama a andar com ele pelos pães que pode conceder, não nos chama para estar com ele por conta dos problemas resolvidos. Ele nos chama para ser servos de orelha furada, aqueles que servem por prazer, por amor. Não há garantias junto ao chamado de Cristo no sentido estritamente material, ele apenas diz que devemos buscar seu reino e sua justiça e as outras coisas (comida e vestes) serão acrescentadas. Hoje vivemos uma religião que dá pães, que supre as necessidades do aqui e do agora, um evangelho Behaviorista, um evangelho de Esaú que troca bênçãos por um prato de lentilhas, que quer tudo aqui e agora, pois de que me valerá a primogenitura se morrerei de fome? Quem dá pão é aclamado, quem dá pão é seguido, aplaudido e faz sucesso.

É tentador ainda hoje pregar o evangelho do pão, das necessidades imediatas, de comprar almas por promessas, de comprar almas por milagres, porém Cristo nos chama a um chamado sem maiores pretensões que não sejam a presença dele próprio.
Ceder à tentação de transformar pedras em pães seria resolver os problemas “meio” e não as causas, na prática Jesus continuaria apagando incêndios sem resolver as reais causas dos problemas dos homens, o que o homem de fato precisa não é que seus problemas visíveis sejam resolvidos o tempo inteiro, não precisa de um mordomo disposto a lhe dar tudo o que quer, o que de fato é necessário vai além dos pães que me satisfazem agora. Era isso que Jesus almejava mostrar.

“Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Mateus 4:4

O Jesus que demonstram hoje muitas vezes nada tem a ver com o Cristo da bíblia.
O jesus que apresentam hoje é o dos pães, é o que compra com multiplicação anterior ao discipulado, é o que promete bens e o que o próprio diabo projetou ao acusar Jó.
Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra.
Jó 1:10

O Jesus da bíblia não ganha seus discípulos dando pães, não atrai as pessoas prometendo riquezas e suprimentos momentâneos, o Cristo da bíblia nos chama a uma caminhada em que descobrimos uma vida além dos suprimentos atuais, além de comer e beber.
Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
Romanos 14:17
Os valores do reino de Cristo são diferenciados, sua política não se constitui nos famosos “pão e circo”, pelo contrário, a única garantia ao andar com Jesus é de uma cruz para se carregar.
E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
Lucas 9:23
Se Cristo cedesse a tentação de transformar pedras em pães ganharia as pessoas nos seus interesses. Porém não era essa a sua intenção e é por essa razão que ele responde:
ESTÁ ESCRITO: NEM SÓ DE PÃO VIVERÁ O HOMEM
Ao mencionar essa palavra há uma lembrança do que Deus já havia dito em Deuteronômio.
E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.
Deuteronômio 8:3
Deus fez o povo caminhar quarenta anos sobre o deserto, nesses quarenta anos lhes privou de seu conforto, lhes fez andar em círculos, lhes deixou algumas vezes ter fome, lhes tirou de suas casas no Egito.
Porém ao mesmo tempo Deus lhes deu um maná que nem seus pais conheceram, para que finalmente entendessem que o que de fato eles precisam não é de nada além da palavra de Deus.
Não há carência que supere a necessidade de se ouvir as palavras de Deus.
Como citado anteriormente o evangelho do pão promete encher sua barriga aqui e agora, mas logo você precisará de mais alimento, entrará numa relação de dependência em que os meus interesses se sobrepõe a nobreza dos motivos que me fazem seguir o meu mestre.
Jesus não, ele diz que o que precisamos de fato é das palavras de Deus. Toda a palavra que sai da boca de Deus.
·         Hoje vivemos um conflito, pois, nunca se falou tanto sobre a palavra de Deus, sobre Deus.
·         Há pelo menos 26 rádios evangélicas em atividade no Brasil, sendo que algumas programações tomam espaço em rádios não evangélicas.
·         Há canais na tv aberta com programação 24 Hrs.
·         Por dia são abertas 12 igrejas no Brasil. Em 2014 o jornal Correio Brasiliense divulgou uma pesquisa que aponta que foram abertas 4.000 igrejas em 2013. Considerando as que não regularizam seu CNPJ, devem haver muito mais igrejas abertas anualmente.
·         42,3 milhões era o número de evangélicos no Brasil, hoje somos 22% da população Brasileira.
·         Na população carcerária há muitas pessoas que foram criadas em lares evangélicos.
·         Desses 42,3 milhões 60% são de origem pentecostal.
Nunca o evangelho foi tão propagado, nunca se falou tanto sobre Deus, mas falta-nos ouvir Deus falar. Nem todos que falam sobre Deus, representam a voz de Deus ao povo.
Vivemos como nos dias profetizados por Amós:
Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR.
E irão errantes de um mar até outro mar, e do norte até ao oriente; correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não a acharão.
Amós 8:11,12

Esses dias chegaram, dão pães, mas não palavra. E o povo permanece esperando pães, sendo que sua fome é de ouvir Deus.
Preparamos sermões homileticamente corretos, bem produzimos, repletos de recursos da psicanálise, da oratória, os corações são tocados apenas no momento, mas a necessidade por mais conhecimento, mais novidades leva o povo a mais fome.
Tratamos de um problema que é a fome do momento, sabendo que ela virá novamente e cada vez maior. Porém Deus almeja nos dar a sua palavra, dela viveremos, dela precisamos.
“O coração que ouvir uma boa mensagem continuará o mesmo, mas duvido que depois de ouvir a voz de Deus continue o mesmo” Elias Binja

Entendamos a partir daqui pão como recurso.
As igrejas hoje dão pão, mas não palavra.
Conforto, templos lindos, entretenimento, espaços enormes, poltronas, ar condicionado, prometemos até lanches a fim de que o povo venha.
Mas falta a palavra de Deus! Falta o que sai da boca de Deus, é disso que de fato precisamos.,




Todos milagres que são prometidos e realizados em nome de Deus sem proclamação da palavra não são de Deus.
E ali pregavam o evangelho.
E estava assentado em Listra certo homem leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado.
Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado,
Disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou.
Atos 14:7-10
Os milagres são consequência da exposição bíblica, essa precede as demais atividades da igreja.
A igreja infelizmente tem se tornado milagreira e o pentecostalismo tem forte influência nisso, falamos sobre milagres, pregamos sobre, mas não falamos de arrependimento, sobre o que sai da boca de Deus.
Nós trocamos o ser atalaia por ser milagreiros.
Mas, se quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, e a espada vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniqüidade, porém o seu sangue requererei da mão do atalaia.
Ezequiel 33:6
A igreja do Senhor deve preferir morrer do que comer e não ouvir a voz de Deus.
Pr. Elias Binja

A tentação vem sobre nossa carne o tempo inteiro, nossa vida deverá ser de amaldiçoar o que desagrada a Deus. Assim como Cristo venceu na carne, devemos aprender a renunciar o que for necessário para ouvir a voz de Deus nos tempos atuais.

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