sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Série de Estudos sobre Rute - Entregue a Ad Brás Sto Eduardo - Cultos de Ensino

 

Fracassando nas decisões e reações da vida

“E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; por isso um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele e sua mulher, e seus dois filhos;
E era o nome deste homem Elimeleque, e o de sua mulher Noemi, e os de seus dois filhos Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e chegaram aos campos de Moabe, e ficaram ali.
E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos,
Os quais tomaram para si mulheres moabitas; e era o nome de uma Orfa, e o da outra Rute; e ficaram ali quase dez anos.
E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim a mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido.
Rute 1:1-5

 

Dias dos juízes

Os dias eram extremamente difíceis, visto que não havia governo unânime em Israel, a nação não tinha referências e o coro contínuo do livro dos juízes era “não havia rei, cada um fazia o que achava reto aos seus olhos”.

Israel já encontrava-se em parte da terra prometida, mas ainda havia muitas outras partes por conquistar, a ordem expressa de Deus era de que deveriam avançar sem se misturar com os povos e deveriam continuar conquistando.

Essa ordem é seguida expressamente na geração de Josué, porém passada esta geração, há um enfraquecimento nos seus princípios e a nação entra em declínio.

Havia um ciclo contínuo com os seguintes passos:
Pecado, humilhação por nações menores, arrependimentos, livramento, tempo de paz e novamente pecado.

14 homens com potencial militar governaram a nação num período de 400 anos que foi o mais sombrio da história Israelita.

Se o livro de Juízes se tornasse um filme, seria proibido para menores de 40 anos, visto que os assassinatos e tramas que lá ocorrem são extremamente violentos.

Histórias como a de Eúde, Jael o assassinato nos últimos capítulos que deixou a triste frase:
“Nunca se viu nada igual”.

 

 

 

 

Contexto de Rute ontem e hoje

 

A história desta família se dá justamente neste período, período sombrio, triste, pesado, de apostasias e atrocidades cometidas constantemente.

Neste tempo, um homem, de Belém, tem sua família constituída e está vivendo relativamente tranquilo em sua terra, até que a fome lhe alcança.

Causa-nos certo espanto que o lugar chamado “Belém”, a saber: Terra do pão, tornou-se um lugar de negações práticas, no lugar do pão, não havia pão.

De certa forma, creio que o conselho de Paulo em RM 15.4 “Tudo que dantes foi escrito para vosso ensino foi escrito” é vigente, a história de Rute tem distâncias culturais, mas muitas coisas se assemelham ao nosso tempo.

 

Estamos também mergulhados em crises diversas: Crises éticas, não sabemos mais o que é certo e o que é errado, o que era sólido se tornou líquido, hoje de certa forma, tudo depende.

 

“Tudo depende de onde você está, Tudo depende de quem você é, Tudo depende do que você sente, Tudo depende de como você se sente. Tudo depende de como você foi educado, Tudo depende do que é admirado, O que é correto hoje será errado amanhã”

Abraham Edel

 

Estamos em tempos também de grandes crises econômicas, inflação sem controle, pessoas desesperadas por emprego, alguns formados buscando a anos, há uma grande carestia de recursos.

Também há entre nós uma carência de referencias em dias de dissolução, dias em que não há para quem olhar, há um anseio de que se levantem líderes tal qual foi o britânico Wilton Churchill.

Não bastasse isso, o lugar denominado casa do pão, tem se tornado uma contradição viva, na casa do pão, falta pão.

Pessoas ficam em situações totalmente desesperadoras em tempos assim.

 

Toda essa situação de certa forma é inevitável, não era possível prever uma fome como aquela, não era possível imaginar que o lugar chamado casa do pão se tornaria lugar de escassez;

 

Portanto, num caso como este, já não é possível lidar com ações planejadas, as surpresas são sucessivas.

 

Decisões eram necessárias naquele contexto:

C.S Lewis e as bifurcações

Esta era a hora de decidir, ficar ou ir, esperar as circunstâncias e deixar que elas te levem.

 

1º - O caráter de uma fé só é testado em reações.

“O caráter não se manifesta nos planejamentos, mas nas reações.

No planejamento prevalece a ação premeditada, no planejamento podemos forjar, burlar, mas quando a prova de um caráter vem do inesperado”.

 

O lutador Maick Tayson dizia: Todos nós temos um plano, até levar um soco no queixo.

A vida deu socos em Elimeleque, ele tem um nome que remete a fé, a confiança.

“Deus é o meu rei” – Este era o significado do nome daquele pai de família.

Teoricamente toda e qualquer ação deste, teria como base o Senhorio de Deus. Ainda mais considerando o A.T em que a voz de Deus era muito mais discernível do que no N.T. Elimeleque tem o nome de que remete ao Senhorio de Deus, mas na prática todas as suas ações são tomadas por conta própria.

Devemos cuidar para não viver tal qual ele, uma negação prática de fé.

 

A fé não se nega apenas quando se diz que não acredita

A fé não se nega apenas quando se apostata dela

A fé se nega quando dizendo crer, tomamos as decisões por conta própria

A fé se nega quando deixamos de levar em conta o que Deus diz e fazemos o que queremos

A fé se nega quando no dia difícil não temos paciência.


Eu tenho a clara impressão de que o sofrimento é o “controle de qualidade de Deus”, ou como alguns antigos gostam de chamar a “peneira de Deus”, em que Deus seleciona os seus.

O Mesmo fogo que amolece o barro, endurece a cera – J.C Ryle

O fogo da provação é o instrumento de Deus para selecionar, demonstrar, os fundamentos de nossa fé.

Não se diz que se crê em algo apenas em dias bons, se diz que algo é verdade para nós, quando a chuva, o vento, a tempestade vem e os fundamentos da vida são expostos.

 

Elimeleque tem uma fé confessional, mas não prática, nos dias difíceis, é ele quem toma as direções, devemos cuidar para que a nossa fé não seja tal qual a dele, no primeiro impacto, tomarmos a decisão por si próprio.

 

2º - Se não está claro o que devo fazer, devo usar como régua a própria palavra e princípios dela.

 

Talvez questionemos que a atitude de Elimeleque foi tomada exclusivamente com base no desespero, assim como refugiados saem de lugares hostis, ele estava saindo de Belém.

Porém há várias problemáticas a se considerar:

1º - Neste tempo a crise era pontualmente de Belém, ele poderia ter recorrido as demais tribos, mas não o fez.

2º - Ele poderia ter entendido que tratava-se de um juízo pontual de Deus, que logo passaria, até porque posteriormente o texto diz que Deus visitou seu povo.

3º - Por fim, há não muito tempo, não se sabe quanto, os próprios moabitas invadiram Israel e os oprimiram.

Não só isso, os Moabitas foram inimigos ferrenhos de Israel desde o início da história.

Adoravam ao Deus Quemós que tinha em seus rituais o sacrifício de crianças e adultos.

Além do mais, eles tinham uma origem extremamente delicada, que foi o incesto com Ló.

Eles sequer eram admitidos na congregação de Israel, mas é para lá que ele vai.

Nós não deveríamos sair tomando decisões sem fundamento, pois, ao fazê-lo, podemos estar numa direção totalmente oposta ao ideal.

A régua que devemos levar em conta é a palavra, ou os princípios da palavra.

Até que ponto isso é importante para nós? Tomamos as decisões exclusivamente com base no nosso desejo? Fazemos apenas o que queremos? Tornamos a palavra um meio de validar o que queremos fazer?

 

De certa forma, pensando apenas na fome, essa era a melhor decisão a tomar:

Em Moabe os campos estavam produzindo:

 

“Na cabeça deles, talvez seja melhor estar nos campos verdejantes e sem o bom pastor, do que no vale da sombra da morte com o bom pastor.” – Emílio Garófalo

 

·       Os Moabitas falharam em ir ao encontro de Israel com pão

·       Os Moabitas fizeram Israel cair com suas mulheres nos tempos de Balaão.

 

4º - Devemos considerar que algumas de nossas decisões não envolvem apenas nós, mas outros que estão conosco.

 

Ao sair da terra, Elimeleque não vai só.
Sua esposa, seus filhos o acompanham.

Quase sempre é assim, nossas decisões não afetam apenas a uma pessoa, mas todos quanto estão a nossa volta: Família, cônjuge, amigos, colegas de trabalho, irmãos da igreja.

O mal de muitas das nossas decisões é não levar em conta o que pode acontecer aos nossos, se não vejamos o que Elimeleque pôs em jogo:

1º - O rompimento cultural e teológico

2º - Privação do culto público

3º - A impossibilidade de casar seus filhos no ambiente certo.

 

As vezes nossas decisões não são medidas e todos ao nosso redor são afetados diretamente por elas.

Talvez Deus esteja usando essa história para nos levar ao cuidado com decisões, sobre mudança de emprego, de casa, de igreja, porque em decisões mal feitas, muitas vezes não há possibilidade de voltar e a sina é carregar a culpa da precipitação.

Aparentemente Elimeque quer tomar uma decisão temporária, mas nem sempre somos privilegiados com a possibilidade de voltar intactos.

Um pastor disse algo interessante:
“O pródigo pode sim, voltar a casa do pai, mas voltará sem a herança”.

 

5º - Nem sempre a fuga é a melhor opção no que diz respeito a alguns problemas.

 

No que diz respeito a tentação, Jesus diz que devemos fugir da aparência do mal.

No que diz respeito a alguns rompimentos, se diz o que foi dito a mulher de Ló: Escapa por tua vida.

Mas há fulgas, que quando feitas, nos levam a situações piores do que as iniciais.

As vezes é necessário encarar nossos problemas, nossos pecados, nossos erros de frente e resolver.

Nossa procrastinação é um fator terrível neste sentido: “Até quando terás dó de Saul?”

Outro fator é a precipitação. Ainda havia recursos, nem sequer eles tinham passado fome, mas estavam prontos a sair: Uma legítima fuga.

Ai daqueles que desejam o dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do Senhor? Será de trevas e não de luz.
É como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso; ou como se entrando numa casa, a sua mão encostasse à parede, e fosse mordido por uma cobra.

Amós 5:18,19

 

Elimeleque foge da fome, encontra com a doença, tendo encontrado a doença, encontra a morte.

“Em um tempo de fome, Abraão fugiu para o Egito e ali quase acabou com o seu casamento. Na mesma situação, Isaque foi tentado a descer ao Egito, mas Deus lhe ordenou: “Não desças ao Egito”. O enfrentamento da crise é melhor do que a fuga. Fugir não é uma escolha segura. Na crise, precisamos buscar o abrigo das asas do Onipotente, em vez de buscar falsos refúgios.” Hernandes Dias Lopes

 

Eles fugiram da fome e encontraram a doença

Fugiram da doença e encontraram a morte

 

 

6º - Devemos estar atentos as placas de Deus na vida


Quando Elimeleque sai de Belém, talvez passou por Jericó, a lembrança do que Deus fez ao seu povo poderia lhe favorecer a voltar, mas ele vai adiante.

Os seus filhos, ao verem seu pai morrer de imediato deveriam ter raciocinado, que esta poderia ser uma punição de Deus, mas eles permanecem, porque de certa forma há uma lógica em nossos pensamentos:

 

“Deus não nos impediu, ele deve aprovar”.

Em suas mentes o importante é ser feliz.

 

7º O pecado não nos ajuda em nada.

Após a morte do pai, morrem os filhos.

·       O pecado não fica onde o colocamos, o pecado se espalha, o pecado é uma situação que podemos acostumar-mo-nos com ela.

·       O pecado nos leva mais longe do que gostaríamos – 10 anos

·       O pecado cobra de nós mais do que queríamos pagar – Doença e morte

·      
São pequenas concessões que abrem caminho para grandes rompimentos.

·       As vezes não nos damos conta do quanto vamos ficando distantes do nosso lugar ideal.

 

Um domingo que se ausenta, um namoro fora, uma desonestidade pontual, todas elas são portais que abrimos para abismos muito maiores.

·       Quando falta pão na casa do pão as pessoas se desesperam

·       Quando falta pão as pessoas saem da casa do pão

·       Quando falta pão as pessoas buscam alternativas perigosas

 

Mas sob qualquer situação, não devemos sair da casa do pão, pois, este é nosso lugar.

·       Quando volta a ter pão na Casa do Pão, as pessoas correm para a Casa do Pão

·       Quando há pão na Casa do Pão, as pessoas nos acompanharão à Casa do Pão

·       Os pródigos não voltarão sozinhos à Casa do Pão

 

Há um modo de viver excelente


Rute 1.5-18

Tendo considerado o quanto as decisões podem reconfigurar a vida de cada pessoa, devemos partir do seguinte ponto para esta segunda reflexão:

Todos nós erramos, o que podemos fazer com os nossos erros?

No caso de Elimeleque e seus dois filhos, este erro foi fatal, mas a grande maioria das decisões, mesmo as erradas, nos fazem ter de encarar um novo momento a partir delas, um momento de consequências, perdas, culpa, sensação de perda de tempo, etc.

Dez anos haviam se passado desde a decisão de sair de Belém, foram dez anos que poderiam ser considerados perdidos e não só isso, anos para se esquecer, para deixar apagados na memória.

Seria ótimo se a vida nos concedesse a possibilidade de tal qual um jogo de vídeo game, simplesmente apertar o “retry” e recomeçar sem os erros, sem ser o último, sem estar abalado.

Mas na vida o “retry” funciona diferente, não existe um recomeçar sem cargas, mas sim a possiblidade de continuar do ponto onde se errou e de certa forma “correr atrás dos prejuízos”.

Nós precisamos reconhecer os nossos erros e voltar atrás

 

Ao considerar todos os acontecimentos e colecionar perdas, a vida de Noemi estava pesada demais. Não bastasse ter perdido de imediato seu marido, ela após dez anos perde dois filhos que tem, sem posteridade, sem herança, sem esperança de que alguém cuide dela em sua velhice, Noemi se vê uma colecionadora de lágrimas.

Não era fácil ser viúva nestes dias, pois, estas eram um tipo claro da necessidade, mulheres neste contexto não trabalhavam, não tinham assistência pública, sendo fadadas a passar necessidades. Ser viúva e sem filhos era um agravante pesado demais. Consideremos ainda o fato de que ela estava em outra terra, sendo estrangeira, num lugar que possivelmente lhe seria hostil. 

Aliado a isso, surgem as notícias de que as coisas em Belém melhoraram.

Notícias de que os que permaneceram estavam passando bem e em Belém talvez ela poderia ao menos se alimentar.

 

·       Quantas perguntas talvez estavam pairando sobre a cabeça de Noemi?
Como voltar?
E se não me aceitarem?

·       E se me criticarem?

·       E se não receberem minhas noras?

·       Como vou explicar a morte dos meus?

 

Todas essas dúvidas tornavam a volta mais delicada, dolorida, pesada. Noemi se viu num dilema em que permanecer onde estava seria sua derrota definitiva, mas voltar não seria nada agradável, por ter de admitir abertamente o erro, abrindo precedentes para julgamentos, análises e falas de quem pouco ou nada tem a ver com sua vida.

As vezes nossas dificuldades em reconhecer certos erros cometidos se dá justamente nisso, nosso orgulho nos impede de enxergar a realidade sobre si, o fruto deste orgulho se torna a insistência no erro para não se admitir o fracasso.

Noemi sabe que precisa voltar e talvez contrariada, pesarosa, ela volta.

Nosso orgulho pode nos levar a tentar consertar os erros, adaptar o que Deus já reprovou, tentar convencer a si e aos outros que não se está tão errado assim.

Neste sentido, voltar atrás se constitui uma necessidade para viver.

Pessoas que assumem seus erros, são pessoas que abrem a possibilidade do recomeço.

O primeiro passo para a superação dos erros, é admitir abertamente que eles foram cometidos, sem autopiedade, sem cinismo, mas com uma reflexão realista e bem-feita.

Somos capazes de torcer para o que é certo, dar errado, apenas para suprir nossa necessidade de razão.

Considerações do regresso

Imaginemos o quão dolorosa foi essa volta, ter de admitir tudo isso, que transgredimos, torcemos para dar certo o que não poderia dar certo, que tentamos ao nosso jeito consertar as coisas e só a pioramos ainda mais.

Noemi está voltando com todas essas indagações, trazendo consigo duas mulheres estrangeiras, descendentes de filhas de Ló, consideradas amaldiçoadas.

 

 

 

Os moabitas

A origem do povo Moabita não era nada boa, eles eram fruto de um relacionamento incestuoso ocasionado pela morte da mulher de Ló, suas filhas ao verem que não tinham homens por perto, a fim de suscitar descendência, embebedam o pai e engravidam dele.

Deste relacionamento incestuoso nasce Moabe.

No decorrer do tempo, Moabe tem participações muito ruins na história, são eles que contratam Balaão para amaldiçoar o povo e em sua impossibilidade de fazê-lo, induzem mulheres Moabitas a fazer tropeçar o povo do pacto, o povo do Senhor.

Na mente dos Israelitas, eles eram um povo ruim por várias razões:

1° - Um povo idólatra – Adoradores de Kemós

2º - Um povo de origem ruim – Incesto

3º - Mulheres que de certa forma prejudicaram os israelitas.

 

Noemi está voltando com duas mulheres que são vistas assim.

 

Essas moças seriam tão bem recebidas como um sanduíche de presunto entre os judeus, ou usando um exemplo tupiniquim seria como um torcedor da mancha verde sendo recebido na Gaviões, enfim, elas seriam consideradas amaldiçoadas, sem origem e mulheres impuras.

O destino delas seria extremamente delicado e Noemi sabe disso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Daí se segue as afirmações de Noemi:

“Por isso saiu do lugar onde estivera, e as suas noras com ela. E, indo elas caminhando, para voltarem para a terra de Judá,
Disse Noemi às suas noras: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de benevolência, como vós usastes com os falecidos e comigo.
O Senhor vos dê que acheis descanso cada uma em casa de seu marido. E, beijando-as ela, levantaram a sua voz e choraram.
Rute 1:7-9

 

Noemi tenta um afastamento para o bem delas.

 

As duas tinham mãe, as duas tinham a possibilidade de voltar para um lar, de se casarem novamente, de simplesmente retomar a vida de antes.

Por isso Noemi diz que ambas devem voltar, não só isso, Noemi faz uma oração para que o Senhor as recompense pela disposição de permanecer até agora, para que colham o que plantaram.

Noemi deseja ainda que elas recomecem, se casem, sejam felizes. Neste sentido a reivindicação de permanência seria uma alternativa, mas seria muito prejudicial para elas, Noemi prefere morrer só do que ver suas noras sofrendo por ela.

Ao refletirem todas juntas nas lutas que estavam enfrentando entre si, todas se abraçam e choram. O Choro da dor, da perda, da despedida por circunstância tão triste.

 

As duas moças Orfa e Rute estão decididas a ir adiante, talvez por certo sentimento de compadecimento da sogra.

A realidade de Noemi

É então que Noemi dá um real quadro de sua situação:

1º - Noemi não teria mais filhos

2º - Noemi estava velha para se casar de novo e possuir heranças

3º - Ainda que Noemi tivesse a chance de ter filhos, acaso as moças estariam dispostas a esperar tanto assim?

 

Noemi de certa forma está dizendo: A única alternativa para elas serem bem tratadas como eram antes, era se Noemi tivesse outros filhos.

Sob todas as perspectivas, permanecer junto a Noemi era renunciar a possibilidade de casar-se de ter um futuro um pouco mais calmo, de ter sonhos com alguém.

É considerando que sobre Noemi estava um peso maior e que ambas não tem necessidade de carrega-lo que Orfa vai embora.

O nome Orfa tem duas vertentes: No Hb. O principal sentido é pescoço.

De fato, ela deu o pescoço a Noemi após tê-la beijado. A última visão que se tem de Orfa na palavra não é de seu rosto, nem de sua história, é de seu pescoço voltado a sogra e de seus passos voltando a Moabe:

“Então, de novo, choraram em alta voz. Orfa, com um beijo, se despediu de sua sogra
Rute 1:14

 

A esta altura nos perguntamos o que pode haver de bom em uma história de três moças que vão de mal a pior.

Mas um dos princípios fundantes no livro de Rute é que a vida não deve ser enxergada sempre em concepções “macro”, mas muitas vezes em “micro”.

Ao olhar para o Macro parece que tudo está ruim, mas olhando de forma “micro”, há coisas boas acontecendo.

Vejamos daqui em diante os benefícios de um tempo como o de Noemi:

 

1º - Deus sempre deixa alguém conosco:

Devemos aprender que há pessoas que de fato vão e nos fere ver seus pescoços, mas Deus sempre deixa alguém:

Quando Paulo está no final de sua vida ele tem a Timóteo

Demas lhe desamparada, Crescente e Tito ocupados vão para lugares distintos, mas Deus deixa Lucas.

Deus sempre deixa alguém e este alguém é quem você precisa.

 

Orfa lhes dá o pescoço, mas Rute não, Rute permanece.

“Porém Rute se apegou a ela.”
Rute 1:14

 

 

2º - Este alguém que fica é exatamente como precisamos:

Paulo teve amigos das mais diversas naturezas, fabricantes de tendas como Priscila e Àquila, pastores como Barnabé, obreiros como Tíquico e Aristarco, pessoas eloquentes como Apolo, grandes apóstolos como Pedro, mas no fim de sua vida, com 60 anos, dentro de uma masmorra lhe resta o Lucas, Lucas é médico, neste contexto, é tudo o que Paulo precisa.

Deus as vezes tratará de usar pessoas para serem instrumentos de conforto na vida, muitos irão embora, mas quem ficar será como Lucas.

Rute era a pessoa certa para ficar com Noemi, a princípio a própria Noemi não entende isso, mas no desenrolar da história, fica claro que não poderia haver melhor companhia para ela.

De fato há companhias que são instrumentos de cura, devemos valorizar estas, Paulo tinha a Tito:
Porque, mesmo quando chegamos à macedônia, a nossa carne não teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro.
Mas Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito.
2 Coríntios 7:5,6


E quanto a nós? Quem é nossa Rute? Quem é nosso Tito?

Quero lhe encorajar a pedir:
“Senhor, deixe alguém”

Mas não só isso: “Senhor, deixe a pessoa certa”

Noemi, ainda pensando nos outros diz a Rute:
“Então Noemi disse: — Veja! A sua cunhada voltou para o seu povo e para os seus deuses. Vá você também com ela.
Rute 1:15

 

3º - Existem certas coisas que só vive quem fica

Sendo proposta a volta, mesmo sendo o melhor a fazer, Rute está decidida a apegar-se a ela, a permanecer junto.

De fato, existem bênçãos e realidades que só vive quem está disposto a ficar, a não descer do seu compromisso.

Temos que ter o discernimento para insistir e desistir das coisas corretamente.

Peça ao Senhor para que lhe faça discernir: Desistir de Moabe é uma boa, insistir em Noemi é uma boa também.

Rute escolheu renunciar na hora certa, mas também permanecer na hora certa, a vida exigirá ir ou voltar, ficar ou sair e precisamos de sabedoria para insistir no que se deve.

O tempo passa e pessoas que se vão somem, Orfa sumiu, Demas sumiu, mas quem escolhe permanecer entra na história.

 

4º Ao se apegar, Rute está abrindo mão de sua vida conjugal.

 

 

Ela correria sérios riscos de nunca mais se casar, de não ter marido, filhos, etc.

Mas Rute está disposta a apegar-se a Noemi mesmo sendo sob o custo de não ter família.

As vezes por amor ao Deus de Noemi somos chamados ao mesmo. Tenhamos paciência.

A história de Rute nos mostra que vale a pena esperar, vale a pena renunciar um casamento Moabita para viver o melhor com Boaz.

Nós devemos cuidar para que o casamento não se constitua para nós um Deus.

 

O valor de uma causa não se dá por aquilo que conquistamos através dela, mas por aquilo que perdemos em nome dela.

 

Vale a pena renunciar aos moabitas para receber as graças do verdadeiro Boaz.

“Para casar só tem um, este lugar, é só para quem fica”

Helena Raquel

“Daqui a dez anos perguntarão porque você está ai? Diremos: Porque ficamos”.

Considerando todos os riscos Rute diz a Noemi:

Porém Rute respondeu: — Não insista para que eu a deixe nem me obrigue a não segui-la! Porque aonde quer que você for, irei eu; e onde quer que pousar, ali pousarei eu. O seu povo é o meu povo, e o seu Deus é o meu Deus.
Onde quer que você morrer, morrerei eu e aí serei sepultada. Que o Senhor me castigue, se outra coisa que não seja a morte me separar de você.
Rute 1:16,17

5º Os dias difíceis mostram quem são de fato os amigos:

A declaração de Rute transpassa 3000 anos, é recitada em casamentos, é um voto de fidelidade dos mais belos da história.

O que liga uma nora a sogra neste nível de intensidade?

O que Rute viu em Noemi para ela se apegar assim?

 

·       A Amizade verdadeira é a capacidade de apreciar no outro o que ele próprio não vê.

·       A Amizade verdadeira é um amor que se entrega sem interesses

·       A Amizade é um amor determinado a ir até as últimas consequências.

 

 

O capítulo 1 é uma tipologia do que ocorre no ato de conversão.

Onde fores irei – O vento sopra onde quer

Onde pousares posarei – O filho do homem não tem onde reclinar a cabeça

Teu povo é meu povo – Adição ao povo do pacto por adoção

Teu Deus é meu Deus – Aceitação a fé

Onde morrerdes – Batismo e cruz pessoal

No que diz respeito a Cristo a única diferença é que nem a morte nos separará dele.

Rute está disposta a caminhar na mesma fé de Noemi.

 

Neste capítulo 1 há várias tipologias a respeito de como o Senhor nos salva.

A primeira delas nos diz que Deus sempre visita o seu povo. Ainda que haja juízos severos, pesados, todos eles são temporários e o que sempre prevalece é a visitação de Deus ao seu povo, do qual ele novamente torna a ter piedade.

Essa visitação de Deus provê aos seus a possibilidade de voltar para casa, Noemi volta, por saber que Belém é seu lugar.

Nessa visitação de Deus há estrangeiros que também desejam se integrar ao povo, estes são diferentes, tem costumes alheios aos nossos, mas se dispõe a mudanças radicais em nome do Deus que lhes chama.

Essa volta para casa é uma volta que tem inúmeros obstáculos, pessoais, sociais e alheios a nossa vontade, exigindo assim profunda humildade de quem volta.

As vezes o meio de Deus nos fazer voltar é seu juízo, voltamos humilhados, contrariados, mas voltamos.

Muitas vezes, nós, o povo que ficou, somos um obstáculo a mais na volta.

 

Devemos como o povo que está na terra, sermos acolhedores com os filhos que se foram e voltam vazios e com os estrangeiros que desejam integrar nosso povo.

 


 

Deus e os nossos recomeços

A situação de Noemi a essa altura era tão desanimadora, que ela encontra-se anestesiada tanto para o bem como para o mal, de certa forma, nada altera o seu modo de agir mais. Uma quantidade tão grande de amargura lhe é dada, que sorrir se constitui missão impossível, se lamentar é sua sina, mesmo após uma linda demonstração de amor como a de Rute, Noemi não consegue esboçar reações positivas, apenas deixa de falar no assunto devido a insistência de Rute. Noemi anestesiada como estava leva consigo Rute.

O caminho de volta pode parecer uma das estradas mais duras de todas, encarar os olhares, os questionamentos, os amigos e irmãos que lhe perguntariam de sua família, além do mais andar com uma moça que como descrito anteriormente não seria bem-vinda entre eles.

Noemi tornou-se um provérbio vivo entre o povo de Belém, as pessoas se comovem com a situação, mas não no sentido de ajudar, mas de se impressionar o quão baixo uma pessoa longe de sua terra pode chegar, Noemi está voltando vazia, tendo saído cheia.

A pergunta normal é: Não é esta Noemi? De certa forma estão dizendo: “É inacreditável”.

Noemi num certo sentimento de frustração, impede que a chamem por seu nome comum “Agradável”, agora ela quer assumir para si uma identidade diferente.

Não me chamem “Agradável”, me chamem de “amarga”.

Ao fazer isso, Noemi está tentando afastar de si qualquer comentário, qualquer juízo de valor, ou algo do gênero que o povo do pacto possa fazer, mas era inevitável.

Ao entrarem, na cidade aparentemente não há um compadecimento que se traduza em ajudas práticas, abraços, afagos, apenas dúvidas, perguntas, provérbios.

Deus de fato visitou seu povo, mas o capítulo 1 termina com muitas dúvidas.


Como será a vida em Belém? Como duas viúvas vão viver? Como Rute será recebida? Rute conseguirá um novo marido?

 

Tudo parece muito incerto ainda, é então que nos deparamos com o capítulo 2.

 

“E Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça. E ela disse: Vai, minha filha.
Rute 2:2

 

Rute precisava recomeçar a vida numa nova terra, sabia que não poderia contar muito com Noemi. Visto que esta está ainda extremamente abalada.

Rute tomando o pouco que sabe sobre o Deus de Noemi decide sair de casa em busca de ajuda.

Não tenho dificuldades de pensar que Rute não sabia muito bem como eram os campos em Belém, nem mesmo de supor que sequer ela conhecia as leis em torno do ato de respigar.

A questão fundante é: O que faz Rute sair de casa? Seria apenas a necessidade? O que a faz pensar que conseguiria alimento em terras estrangeiras?

Tendo visto todos os juízos de Deus na interpretação de Noemi, como ela ainda acreditava que poderia recomeçar? Que algo bom poderia acontecer?

 

1º - Nós precisamos nutrir a esperança, pois, muitas vezes a fé vem após ela.

 

Fé e esperança parecem ser iguais, ambas denotam acreditar em algo.

Fé e esperança são virtudes teologais tal qual é o amor, fé e esperança são palavras constantes na escritura. Mas a questão fundamental é, se ambas representam um mesmo sentimento, porque criar duas palavras? Deve haver uma diferença.

A bíblia define claramente fé, fé é o firme fundamento das coisas que não se veem, a esperança também tem este fundamento, não é vista na maioria das vezes a princípio.

Mas a fé tem um segundo elemento que é interessante, é a certeza das coisas que se esperam.

Na fé há alvos determinados, há causas claras pelas quais buscar, na fé eu sei exatamente o que quero, o que espero, fé é a certeza do que ainda não aconteceu, mas já está desenhado em minhas expectativas.

Se um ente querido está doente e eu peço a Deus que o cure, tenho fé.

Se saio da minha terra para uma nova terra, sei onde quero chegar, ainda que não conheça, é na nova terra.

E quanto a esperança? Como ela se dá?

 

 

A esperança diferentemente da fé, não tem alvo claro, não tem objetivos e resultados pelos quais esperar, na esperança estou sem alvo específico.

Na esperança eu não sei bem o que vai acontecer, mas espero algo bom. Na esperança não tenho clareza dos próximos passos, mas vivo a sensação de que em algum ponto, em algum momento as coisas vão finalmente se encaixar.

A esperança é a força que impulsiona Rute. Ela não sabe o que esperar nos campos, ela não sabe quem a atenderá, ela não sabe como será recebida entre as mulheres e entre trabalhadores de seu tempo, mas ela sabe que algo bom pode acontecer, é considerando a esperança que ela sai de casa, que ela faz planos, que ela deixa sua sogra em casa sabendo que ela achará graça aos olhos de alguém.

Os riscos eram muitos, mas a esperança é a força motriz que nos faz crer na possiblidade da vitória.

·       Esperança é a sensação que temos de que as coisas vão melhorar.

·       Esperança é a força pra caminhar.

 

·       Eduardo Galeano, quando perguntado das razões de pessoas deverem cultivar utopias (leia-se esperanças), é de que elas, sempre estarão na linha do horizonte, ao darmos dois passos, ela dá quatro passos, dando quatro passos ela dá oito. Configurando assim sua utilidade, nos fazer continuar caminhando sempre.

 

 

O que faz Rute ir atrás de espigas? Desconsiderar os riscos de estupro? O que faz Rute acreditar que tendo perdido o sogro, o marido, tendo uma sogra amarga, num país estrangeiro, ela ainda sorrirá? É a esperança.

Este assunto da esperança é tão forte que a bíblia nos incentiva a cultivá-la porque é esperança que somos salvos. Romanos 8.24-25

·       Mario Sérgio Cortella, Filósofo contemporâneo, diz que devemos cultivar a esperança como verbo de esperançar, não apenas de esperar.

Ao manter-se inerte, apenas esperando que coisas deem certo, estamos esperando que as coisas melhorem, esperando que as circunstâncias mudem, esperando que venham condições melhores. Mas o esperançar é sair em busca sabendo que dará certo, esperançar é ser movido de um sentimento de vitória, de convicção. Este sentimento nos leva a ação.

 

 

 

 

2º - A soberania de Deus coopera com nossas ações

 

Criamos uma certa dicotomia entre soberania de Deus e responsabilidade humana, de modo que se Deus é responsável pelos atos, nós não temos o que fazer, aliás, só fazemos o que fazemos se Deus quiser que o façamos, desta forma, segue-se que tudo o que fazemos, fazemos por uma predeterminação divina. Limitando assim toda a ação humana.

Porém essa concepção não é bíblica, pois, se assim fosse mesmo nossos erros seriam uma determinação divina, tornando até mesmo as punições algo injusto.

Deus visitou seu povo, mas Rute precisa sair, Deus está prosperando as pessoas do lado de fora, mas essas têm de sair e fazer algo para que sejam contempladas pelo bem do lado externo.

Muitas vezes nos vemos em dilemas ligados a esperar ou agir. O que você faz quando alguém está doente? Ora ao Senhor ou dá remédio? 53 E quando precisa de comida? Trabalha ou espera que caia do céu? E quando deseja encontrar uma esposa? Toma banho, apara as arestas de sua personalidade difícil, busca crescer à semelhança de Cristo 54 e conversar com as pessoas ou entrega nas mãos do Senhor? A Bíblia ensina tanto a responsabilidade do homem quanto a soberania de Deus em todas as coisas. Embora isso seja claro nas escrituras, nossa prática trai nossa inconsistência: só oramos pedindo que Deus ajude quando a doença é séria, senão confiamos nos remédios e pronto. Qual foi a última vez em que você orou acerca de um resfriado, pedindo a Deus que parasse a coriza e a dorzinha de cabeça? Por outro lado, por vezes queremos certas coisas e não agimos. Muitos desejam buscar uma esposa ou um emprego e tudo o que fazem é orar e não mover uma palha.” – Emílio Garófalo

 

Rute movida de esperança vai trabalhar e em um dia comum uma série de aparentes casualidades positivas acontecem.

A palavra diz:
Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho” – Salmo 37.23

A ideia deste capítulo é mostrar a sinergia entre nosso trabalho e as ajudas de Deus.

Os passos de homens bons, são confirmados pelo Senhor, Deus age em coisas aparentemente casuais e simples, mostrando seu cuidado.

Deus é o maior interessado em estender sobre nós suas provisões, mas estas se concretizam por meio de atos nossos.

Rute entende que o trabalho é o meio que Deus usará para lhe suprir.

·       E há na vida uma série de atividades que espiritualizamos demais em nome da fé.

·       Relacionamentos

·       Trabalho

·       Provisões

·       Amizades


Mas pensemos bem, nós precisamos nos mover para uma situação que torne a provisão possível (Bonhoeffer), o milagre, mesmo sendo uma operação sobrenatural, muitas vezes tem condições anteriores a sua realização, a saber a fé.

Rute sai de casa sem saber o que fazer, mas no decorrer do dia ou até de alguns dias, sua fé vai se formando na medida em que tem um alvo.

O alvo era respigar, indo respigar, Deus lhe ajuda das mais diversas formas.

·       A fé quando inerte é muleta, a fé quando não move para a ação é morta.

·       De modo que Tiago disse, mostra-me tuas obras sem tua fé que te mostrarei minha fé pelas minhas obras.

·       A fé sem as obras é morta em si mesma.

·       A fé não é apenas um conceito doutrinário, mas é praticamente um verbo.

 

 

3º - Os recomeços “começam de baixo”

“Quando também fizerdes a colheita da vossa terra, o canto do teu campo não segarás totalmente, nem as espigas caídas colherás da tua sega.
Semelhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás ao pobre e ao estrangeiro. Eu sou o Senhor vosso Deus.
Levítico 19:9,10

 

·       O trabalho da sega era feito geralmente em duas etapas, homens geralmente iam na frente cortando as partes mais densas, enquanto as mulheres atavam feixes e enchiam os sacos com o que era cortado.

·       Neste processo constantemente caiam espigas, mudas, etc, uma vez caído, não era permitido mais colher.

·       Estas espigas que caiam eram um direito das pessoas pobres e estrangeiras.

 

Este era um meio de as pessoas mais simples terem ao menos o que comer e mesmo os estrangeiros entre o povo.

Considere que Rute já havia sido casada, tinha um marido que lhe provia, agora está sendo obrigada a cumprir a atividade dedicada exclusivamente aos que nada tem.

·       Recomeçar exige muitas vezes iniciar no andar de baixo, começar com pequenos começos, estes pequenos começos são frequentemente desprezados por nós, contrariando a palavra – Zc 4.10

Quem deseja recomeçar, deve estar disposto a dar pequenos passos para trás, suportar certas humilhações que são parte do crescimento.

Esta atividade era cansativa, pesada, arriscada, mas Rute está disposta a arcar os custos de recomeçar. Nós precisamos desta mesma disposição.

 

 

4º - Precisamos nos arriscar em busca de passos maiores

 

Eram inúmeros os riscos que Rute corria neste trabalho:

Não seja ingênuo e considere comigo as possibilidades: vários homens, uma mulher desamparada, e ainda por cima estrangeira. Um campo afastado da cidade... Quão fácil teria sido isso tudo acabar mal? Rute não tem ideia de quanta coisa está sendo preparada pelo Senhor para que ela fique bem.” – Paul Miller

 

Alguém já disse que o medo é a fé na derrota, é acreditar com todas as forças que as coisas não sairão bem.

Rute sabia que precisava de algo, precisava agir e escolheu arcar com os riscos de seu trabalho.

As vezes nos privamos de muitas coisas na vida por medos infundados, Deus está nos encorajando a sair da situação de paralisação advinda do medo e agir. Com coragem.

Sem um protetor masculino, Rute está sexualmente vulnerável; sem dinheiro, está financeiramente destituída; sem amigos, é solitária; e, fora de seu país, está aberta a preconceitos. Ela não tem protetor, marido, tribo, família ou comida. E está encarando as responsabilidades de um homem. Ela é uma mulher de fibra. Humanamente desprotegida, mas divinamente amparada.”

 

Ela correu riscos, mas nestes muitos riscos que correu, Deus a guardou em sua providência.

5º - A glória as vezes está em colher publicamente o que se plantou de forma discreta, secreta, sigilosa.

 

Rute fez seu melhor por Noemi, tendo declarado palavras tão belas como fez, ela não ouve nada, não é mencionada, não é gratificada, nada mesmo.

O silêncio de Noemi diante de Rute é ensurdecedor, o ato de ir trabalhar por ela sem maiores incentivos, apenas um “vá minha filha” é nobre, mas ao mesmo tempo desapegado de reciprocidades.

Mas essa solidão, esse morrer, ao invés de ser o seu fim, pode demonstrar a beleza de Jesus em você. O momento em que você pensa que tudo saiu errado é exatamente o momento em que a beleza de Deus está brilhando através de você. Glória verdadeira é quase sempre escondida – quando você está aguentando calado sem uma multidão incentivando. Quando velhos soldados se reúnem para refletir sobre suas experiências de tempo de guerra, eles não pensam sobre as cerimônias de entrega de medalhas em que o mundo honra seu valor. Eles pensam na batalha, no sacrifício, no que passaram – essa é sua glória. Quando você, pela milésima vez, silenciosamente perdoa alguém que nunca irá saber de sua dor, essa é sua glória. Quando você continuamente faz uma tarefa da casa sem ouvir agradecimentos, e até mesmo com críticas, essa é sua glória. Amor escondido despedaça o ego. Entrar em Belém sozinha, uma estrangeira, sem um homem protetor – somente com Yahweh – essa é a glória de Rute”

 

Rute persiste em fazer o que pensa ser certo, sem notar que há muitas coisas acontecendo ao seu redor. Ela não sabia em qual campo ia colher, mas é exatamente no de um parente solteiro, não sabia que estavam falando dela, que funcionários falaram bem.

É então que Boaz lhe faz colher o bem que plantou secretamente:

Rute 2:8-17

6º Devemos aprender a celebrar pequenas vitórias – A vida não nos deve nada

Então disse-lhe sua sogra: Onde colheste hoje, e onde trabalhaste? Bendito seja aquele que te reconheceu. E relatou à sua sogra com quem tinha trabalhado, e disse: O nome do homem com quem hoje trabalhei é Boaz.
Então Noemi disse à sua nora: Bendito seja ele do Senhor, que ainda não tem deixado a sua beneficência nem para com os vivos nem para com os mortos. Disse-lhe mais Noemi: Este homem é nosso parente chegado, e um dentre os nossos remidores.
E disse Rute, a moabita: Também ainda me disse: Com os moços que tenho te ajuntarás, até que acabem toda a sega que tenho.
E disse Noemi a sua nora: Melhor é, filha minha, que saias com as suas moças, para que noutro campo não te encontrem.
Assim, ajuntou-se com as moças de Boaz, para colher até que a sega das cevadas e dos trigos se acabou; e ficou com a sua sogra.
Rute 2:19-23

Descanso nas asas do redentor – Rute 3

 

E disse-lhe Noemi, sua sogra: Minha filha, não hei de buscar descanso, para que fiques bem?
Ora, pois, não é Boaz, com cujas moças estiveste, de nossa parentela? Eis que esta noite padejará a cevada na eira.
Lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos, e desce à eira; porém não te dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e beber.
E há de ser que, quando ele se deitar, notarás o lugar em que se deitar; então entrarás, e descobrir-lhe-ás os pés, e te deitarás, e ele te fará saber o que deves fazer.

Rute 3:1-4

 

Tendo vivido um primeiro dia de muitas alegrias, Rute volta para casa cheia de boas notícias, é então que Noemi, sua sogra lhe diz sobre a dimensão de provisão que ela recebera sem se dar conta.

Não foi apenas uma boa colheita, mas foi no lugar certo, com a pessoa certa e sobretudo com um homem que poderia além de lhe sustentar, se casar com ela.

Noemi bola um plano, sua intenção é de que Rute encontre proteção e descanso.

Esses são dois anseios naturais do ser humano, todos nós queremos nos sentir seguros, por isso colocamos fechaduras, cadeados, alguns desejam armas, blindagens, tornando este um dos pontos mais procurados na hora de se escolher um lugar para morar. Todos gostamos de nos sentir seguros e este era o anseio delas.

O segundo anseio implícito nas falas de Noemi é de “descanso”, o desejo de Noemi é um alívio após tantas tribulações. A mudança mal sucedida, o luto repentino, a volta para a terra natal “vazia”. A vida difícil na dependência de sua nora, tudo isso gerou em Noemi o desejo de encontrar certo alívio. Descanso também é algo que se busca em viagens, mudanças, férias, silêncio, períodos sabáticos, etc.

 

Tendo considerado estes dois anseios, Noemi vê em Rute a possibilidade de suprir essa necessidade com Boaz.

O plano de Noemi tinha como intenção principal satisfazer seus anseios e aparentemente, ela ainda não tinha total confiança na integridade de Rute, veremos isso no desenrolar dos fatos.

Na sua última fala com Rute, o fato de Boaz ser um parente próximo já foi relatado por Noemi, mas sem dar mais detalhes. Chegara a hora de finalmente explanar o que isso representava.

 

Noemi estava com duas leis em mente: O parente resgatador e o Levirato.

 

·       Levítico – 25.25-34 A lei do parente resgatador

O resgatador entrava em cena quando uma pessoa da família adquiria uma dívida tal que era obrigado a entregar suas possessões e não saldando a dívida com suas possessões, o próprio endividado se entregava como escravo a fim de suprir a falta de pagamento.

Neste caso a única possibilidade de reaver o que se perdeu, ou de ter liberdade, era esperar o ano do Jubileu ou se um parente próximo assumisse a dívida. O termo bíblico Hb. Para este parente era “Goel” que traduzido é “resgatador”. De certa forma, um irmão de posses tinha responsabilidade sobre seu irmão não tão bem-sucedido assim.

Essa lei na prática se ampliava aos relacionamentos, quando um parente próximo falecia sem deixar filhos, o seu irmão poderia assumir sua mulher pela lei para que a descendência de seu irmão fosse preservada, de certa forma, este filho era do falecido.

Em se tratando da situação de Rute, a lei do parente resgatador poderia ser aplicada para reaver propriedades anteriormente em sua posse, bem como assumir a viúva e lhe suscitar descendência.

O Levirato - “Se dois irmãos estiverem morando juntos na mesma propriedade e um deles morrer sem deixar filhos, a viúva não se casará com alguém de fora da família. O irmão de seu marido se casará com ela, e eles terão relações sexuais. Desse modo, ele cumprirá os deveres de cunhado.
O primeiro filho que ela tiver com ele será considerado filho do irmão falecido, para que seu nome não seja esquecido em Israel.
“Se, contudo, o homem se recusar a casar-se com a viúva de seu irmão, ela irá até a porta da cidade e dirá às autoridades ali reunidas: ‘O irmão de meu falecido esposo se recusa a preservar o nome do irmão em Israel. Não quer cumprir os deveres de cunhado, casando-se comigo’.
As autoridades da cidade o convocarão e conversarão com ele. Se, ainda assim, ele insistir e disser: ‘Não quero me casar com ela’,
a viúva se aproximará do homem na presença das autoridades, tirará a sandália do pé dele e cuspirá em seu rosto. Em seguida, ela declarará: ‘É isso que acontece com o homem que se recusa a dar filhos para seu irmão’.
Desse dia em diante, a família dele será chamada em Israel de ‘família do descalçado’. 
Deuteronômio 25:5-10

Existem consideráveis dúvidas se neste caso de Rute se aplicaria a lei do Levirato, uma vez que este mandamento se aplicava a irmãos. Na situação de sua família, os dois irmãos morreram de uma vez.

A única possibilidade para que isso tenha acontecido é de que a lei neste tempo estava mais abrangente, englobando outros parentes próximos, ou mesmo se tratasse de um ato de cortesia esperada um parente resgatar a mulher do falecido.

 

Por uma via ou por outra, Rute estava segura de que Boaz lhe assumiria e lhe daria proteção e descanso.

Mas para isso acontecer, de alguma forma Boaz teria que olhar para Rute de outra forma.

 

Os passos dados por Noemi


O plano de Noemi considerava essas leis, mas outros fatores não tão nobres assim.

·       Eram os últimos dias da colheita, com certeza ele estaria na Eira.

·       Rute deveria tomar banho, se perfumar, vestir sua melhor roupa.

·       Ela deveria manter-se oculta, até que Boaz terminasse de comer (Talvez porque comia em companhia de alguém).

·       Neste ato de comer, certamente Boaz estaria também às vias da embriaguez, o que se constituía um fator positivo para Rute em seu pedido.

·       Ao observar o lugar na eira onde ele iria se deitar (certamente sozinho numa tenda), Rute deveria lhe descobrir os pés.

·       Daí em diante, ao acordar, Rute deveria se deixar ser levada por Boaz par ao caminho que ele desejasse (Uma noite, um relacionamento, ou mesmo o casamento), Rute deveria estar disposta a tudo, o que não é totalmente positivo.

·       De certa forma o deixar os pés de Boaz descobertos não tinha nenhuma conotação maior do que simplesmente ele sentir frio no meio da noite e notar Rute aos seus pés.

 

Noemi está talvez desconfiando da santidade de Rute, apostando numa certa capacidade de sedução, num padrão mais baixo moralmente, ela espera que a Moabita siga os exemplos de sua terra e conquiste Boaz por meio deste ato e de uma certa licenciosidade.

O plano bolado por Noemi lembra muito o plano das filhas de Ló para que tivessem um filho que suscitou os moabitas, ela deseja que Rute repita a ação, agora para o benefício dela.

Rute segue o plano até este ponto:

Assim, naquela noite, ela desceu até a eira e seguiu as instruções de sua sogra.
Quando Boaz terminou de comer e beber e estava alegre, foi deitar-se perto de um monte de grãos e pegou no sono. Rute se aproximou em silêncio, descobriu os pés dele e se deitou.
Rute 3:6,7

 

Rute até certo ponto estava igualando a atitude de seu tempo, ao se preparar, deitar-se, descobrir os pés, esperar a hora exata em que ele fosse dormir para estar junto dele, mas acaso Rute se igualaria as Moabitas?

Boaz acorda meia noite, com uma mulher deitada aos seus pés, lhe pergunta quem ela é, daí em diante a vez está com Rute, ela deixará a situação nas mãos do homem? Se mostrará “fácil” tal qual as Moabitas?

 

Vamos meditar em algumas lições deste texto:

1º - As vezes o que deveria ser um meio para nos prejudicar é revertido em bem.

 

Noemi está dando conselhos repletos de duplos sentidos, de certa forma colocando Rute como cobaia para seus desejos pessoais, querendo que ela usasse instrumentos que anteriormente mulheres Moabitas haviam usado, a saber a sedução.

Porém Rute segue seu plano apenas parcialmente, quando lhe é exigido se igualar ao passado sórdido que vivera, ela opta por um caminho diferente e este meio lhe favorece extremamente.

Não é a primeira vez que intentam maus planos a cerca do povo de Deus, mas estes planos foram revertidos positivamente.

·       Quando Saul pediu a Davi um dote de 100 prepúcios de filisteus. Acreditando que com isso ele o estava prejudicando, porém este ato encorajou Davi ainda mais.

·       José do mesmo modo ao ser vendido seria prejudicado, mas Deus transformou o mal em bem.

As vezes há pessoas que pensam estar sendo beneficiadas com suas estratégias aparentemente espertas, mas o maior beneficiado é quem tem a oportunidade de crescer, avançar, progredir.

 

 

2º A santidade tem uma beleza diferenciada.

Neste momento em que Rute é descoberta, ela está diante do homem que deseja e veremos em seguida que Boaz também lhe deseja. Não sabemos se a essa altura Boaz já tinha passado por um relacionamento, mas ele não era um jovem mais. Rute já havia sido casada por um tempo, logo qualquer coisa que ocorresse entre os dois ali seria facilmente compreendida, ambos eram maduros e seria considerado normal em nosso tempo.

Mas Rute não está desejosa apenas de uma noite com Boaz, ela almeja casamento. Logo a cordialidade e beleza com a qual ambos se referem um ao outro é algo interessante de se notar.

 

A primeira fala de Rute é de certa forma um pedido de casamento:

Estenda as abas de sua capa sobre mim, pois o senhor é o resgatador de minha família.” – V.9

Boaz se refere a ela com palavras brandas também

Então Boaz exclamou: “O Senhor a abençoe, minha filha! Você demonstra agora ainda mais lealdade por sua família que antes, pois não foi atrás de um homem mais jovem, seja rico ou pobre.
Não se preocupe com nada, minha filha. Farei o que me pediu, pois toda a cidade sabe que você é uma mulher virtuosa.
Rute 3:10-11

Há uma beleza diferente na santidade, no respeito mútuo, há uma beleza no que diz respeito a seguir o modo como Deus determinou, há outros meios, mas são menos nobres, menos interessantes.

 

3º - A conversa de Boaz e Rute é uma quebra de preconceitos diversos

·       Preconceitos com solteiros

Penso que em nossos dias há uma idolatria considerável nesta área, ainda que os nossos solteiros na igreja não o façam como ato consumado, o pecado não sai de seu imaginário, de suas falas, de suas conversas, de modo que se faz necessário retomar certa pureza que se perdeu no decorrer do tempo entre nossos solteiros, é possível sim, ser solteiro e ser santo.

 

 

 

 

·       Preconceitos com idade

 

Boaz apesar de ser um homem já maduro e solteiro, não usa isso como um Álibi para fazer de Rute o que quer. Somos muito apressados em olhar negativamente para homens e mulheres de meia idade ainda consolidando suas vidas. Deveríamos reconsiderar isso.

·       Pessoas “para casar”.

Sob diversas óticas Rute era alguém inadequada para casar, uma moça já viúva, Moabita, estrangeira, existem certas exigências que não são bíblicas e constituem uma dificuldade para que pessoas encontrem este “ser ideal”.

 

No fundo não cremos numa redenção completa, na possiblidade de pessoas mudarem, isso explica muitos dos nossos preconceitos:

“Há verdadeiros tesouros sendo preteridos por conta da tolice de nosso povo acerca dessas coisas. Penso que isso revela um problema profundo: levamos a sério quando a Bíblia diz que aqueles que estão em Cristo são novas criaturas? Acreditamos mesmo em nova vida? O que importa é que agora, ele ou ela, é parte do povo de Deus. As coisas velhas passaram, eis que tudo se fez novo. Se a pessoa teve um passado pagão em que fazia o que pagãos fazem, isso ficou no passado e foi lavado em Cristo. E vale sempre lembrar aos que não andaram por caminhos escuros: foi apenas a misericórdia de Deus que impediu que isso ocorresse”

 

4º - Existem pessoas que de nobre que são, tornam-se uma personificação de Jesus:

A bíblia se refere a tais pessoas como aquelas de quem o mundo não é digno – HB. 11.38

Exemplo – Eduardo (Casa de recuperação).

Boás é este homem, um homem ilibado, de caráter. Com muitas características positivas:

1º - Sendo Senhor ele trata seus servos com maestria – 2.4

- Um homem com coração integrador e acolhedor – 2.8

- Um homem que oferece proteção – 2.9

- Um homem humilde – 2.14

- Um homem generoso – 2.15-16

 

Agora diante dele está com uma moça vulnerável, fragilizada, dependente financeiramente dele, mas isso não se constitui um instrumento de dominação para ele.

Boaz viveu o conceito de integridade na prática – estava sozinho, com uma bela mulher que lhe pediu em casamento, não haveria testemunhas, ele é o mais velho, teria todas as razões para fazer o que quisesse, ainda por cima pelo fato de estar bêbado. Na mente de Boaz não importava se outros o veriam ou não, neste momento ele está sozinho, com ela diante dele, mas ele mantém seu caráter e postura.

 

·       Todas as coisas que Boaz fez no capítulo 2 já mostravam seu caráter, mas o capítulo 3 é o ápice.

Boaz se constitui aqui um tipo de Jesus, o nosso redentor, também de um homem de verdade:

·       Um homem que deseja se casar e constituir família, mas não a qualquer custo.

·       Um homem que entende que amor pactual (hesed) envolve não explorar a fragilidade da mulher

·       Que a vida não é seguir aos impulsos em tudo.

·       Que masculinidade envolve honrar o nome da mulher a quem deseja se unir

 

5º - Rute e nós

Assim como Rute e Noemi estamos buscando proteção e descanso, a humanidade caída perdeu essas duas coisas.

Assim como essas duas mulheres, há tipos na bíblia de que a igreja era anteriormente também estrangeira, vulnerável, as vezes frágil, errante, com passados pesados.

·       Mas o resgatador se compadeceu de nós, não levando em conta toda a fragilidade de que nosso coração possuía, ele não esmagou a cana trilhada e nem apagou o pavio que fumega – Mateus 12.20

 

 

 

 

 

 

·       No antigo testamento há figuras desse descanso que se busca:

Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.
Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria.
E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar.
Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.

Hebreus 11:13-16

 

Na peregrinação em busca do descanso precisamos ser protegidos, do mundo, da carne, do eu, sobretudo precisamos de proteção da ira de Deus.

·       De certa forma a posição de Rute era ainda melhor do que a nossa:
Ela poderia trabalhar para se salvar, todo nosso trabalho é como trampo de imundícia.

·       Ela poderia se arrumar e conseguir disfarçar sua condição, quanto a nós, estamos diante do Deus que tem olhos como chamas de fogo.

“Muitas vezes nós não percebemos o quanto é desesperadora a situação natural de todo ser humano. No entanto, a Bíblia é bem clara: sem Deus agindo graciosamente em nosso favor, estamos perdidos. Podemos estar humanamente em situação melhor do que Rute. Mas, na verdade, longe de Cristo, nossa situação é muito mais complicada”. Emílio Garófalo

 

6º - Jesus é o verdadeiro resgatador

·       Diferente de Boaz que tinha um certo concorrente à frente, Jesus é o único que pode nos resgatar:

 

·       O resgatador precisava ser um de nós – Ele satisfez isso na encarnação

 

·       Só ele poderia pagar o preço da nossa redenção

 

·       Ele decidiu por sua vontade própria nos resgatar

 

 

 

 

 

·       Assim como Rute, precisamos de descanso e proteção. A boa notícia é que Jesus Cristo nos oferece as duas coisas. Temos proteção eterna contra a ira de Deus, que em Cristo não é mais contra nós. Fomos reconciliados com ele. Precisamos ainda de proteção contra o mundo, a carne e o diabo. Ele é nosso rei protetor. E ele não se envergonha de vir até nós e nos amar. Mesmo com o nosso passado.

·       Para Jesus não importa nosso passado, ele quer nos resgatar

·       Jesus pagou o preço necessário para nos resgatar

·       Jesus oferece alívio aos seus

·       No que diz respeito a nos tirar do império das trevas pela redenção a obra está completa, mas ainda estamos aqui, o resgatador continua conosco:

 

7º - Boaz e Adão:

·       Boaz se saiu muito bem. Essa situação de acordar e encontrar uma mulher ao seu lado deve nos lembrar ainda de uma história. Em certa ocasião, o primeiro homem também acordou surpreendido ao lado daquela que era a primeira mulher. Foi quando Adão despertou do sono ao lado de Eva e viu com espanto que ela era carne de sua carne. Ali, ainda sem pecado, já havia descanso e benção. Nosso resgatador, fazendo o que Adão não pode fazer, novamente vai nos dar descanso. Vai nos elevar a uma situação ainda melhor do que a do jardim inicial. Lá seremos protegidos de todo mal, inclusive da possibilidade de pecar. Já vivemos em descanso. Seguimos labutando. A cada domingo experimentamos um pouco do que é este descanso. Já temos. Mas ainda não


A restauração de Deus – Rute capítulo 4

A esta altura da história nos perguntamos qual seria seu desfecho, neste capítulo que se constitui o último da história, iniciamos com a dúvida, acaso Boaz conseguiria encontrar o parente mais próximo e pedir a mão de Rute?

Haveria um novo casamento para a viúva moabita?

Boaz – Um homem decidido a firmar compromissos

 

Ao chegar em casa de seu encontro com Boaz, Rute conta a sua sogra todo o bem que ele lhe fez. Ao descobrir as falas de seu futuro “genro”, Noemi acalma o coração de Rute lhe dizendo que o homem não descansaria até resolver aquela questão.

Chegado o dia seguinte, lá está Boaz, talvez não tenha dormido considerando a questão de que seu casamento estava próximo e estaria diante da mulher com o qual desejava se casar.

Mas antes um parente mais próximo deveria deixar a questão para que o caminho de Boaz fosse finalmente aberto.

Nestes dias, a porta da cidade era uma espécie de “Praça central”, assim como é em cidades pequenas, nela pessoas se reuniam, conversavam, confraternizavam e resolviam assuntos sérios como suas negociações.

O Júri da cidade não tinha um prédio como em nossos dias, mas tinha apenas o hábito de reunir-se junto a porta, neste lugar, causas eram julgadas, transações eram realizadas diante de testemunhas e Boaz sabe que este seria o caminho para redimir sua futura esposa.

Ao chegar na porta da cidade, aparentemente por uma certa casualidade Boaz encontra o homem que era mais próximo de Rute, de imediato lhe chama para assentar-se.

Em seguida chama após si 10 testemunhas que lhe servem como uma espécie de comissão para assegurar que o que iriam tratar seria definitivo.

E Boaz subiu à porta, e assentou-se ali; e eis que o remidor de que Boaz tinha falado ia passando, e disse-lhe: Ó fulano, vem cá, assenta-te aqui. E desviou-se para ali, e assentou-se.
Então tomou dez homens dos anciãos da cidade, e disse: Assentai-vos aqui. E assentaram-se.
Rute 4:1,2

Os assuntos solenes eram tratados dessa forma, inclusive em diversas passagens como a que se refere aos filhos rebeldes e a Absalão, inclusive a mulher virtuosa tinha sua fama declarada junto aos portões da cidade.

 

A negociação de Boaz

Como mencionado anteriormente, havia duas leis em vigor aqui, a lei do Levirato e do parente resgatador.

A ideia a princípio era apresentar apenas a questão do parente resgatador, o resgate não era só de pessoas, mas também de posses. Elimeleque morreu deixando terras, a princípio essas terras passaram a Malon, mas este também morreu, tornando-se então propriedade de Noemi, esta já estava velha, não seria necessário dar-lhe mais filhos, o parente resgatador, resgataria apenas a terra e cuidaria da velha Noemi por um espaço de tempo.

Era um negócio vantajoso em vários sentidos, visto que se ele não a resgatasse, a terra passaria a terceiros, ou a alguma pessoa designada por ela, uma vez que a viúva precisa de dinheiro, seria bom já garantir a posse e cuidar dela por pouco tempo para aí sim desfrutar da terra de forma vitalícia, é assim que Boaz apresenta a questão, falando apenas do resgate da terra:

 

Então disse ao remidor: Aquela parte da terra que foi de Elimeleque, nosso irmão, Noemi, que tornou da terra dos moabitas, está vendendo.
E eu resolvi informar-te disso e dizer-te: Compra-a diante dos habitantes, e diante dos anciãos do meu povo; se a hás de redimir, redime-a, e se não a houveres de redimir, declara-mo, para que o saiba, pois outro não há senão tu que a redima, e eu depois de ti. Então disse ele: Eu a redimirei.
Rute 4:3,4

 

Considerações sobre Levirato e resgate

Considerando que este era o parente mais próximo, Boaz deseja que ele declare seu desejo ou não de adquirir aquela terra.

A lei do parente resgatador visava preservar os nomes dos familiares dos Judeus, visava também que a terra não fosse especulada, não fosse vendida e tomada a preços absurdos, a ideia é de que cada habitante das terras dos Israelitas teriam seu pedaço de terra e eles ficariam entre suas famílias.

De certa forma, ao criar essa lei, Deus estava preservando nomes, posses e tirando toda a avareza em torno de terras do seu povo, assim nenhum clã iria sumir de Israel por infertilidade e nem por falta de terras.

Ao comprar aquela terra, a posse ficaria ainda entre a família de Elimeleque.

No decorrer do tempo algumas vezes Israel deixou de seguir essa lei e foi duramente repreendida pelos profetas do Senhor, pois, Deus queria que até mesmo nessas transações o seu povo fosse diferenciado.

 

 

O homem considerando o bom negócio que iria fazer, de adquirir a terra e cuidar da velinha, opta por redimir:
“Eu a redimirei”
Rute 4:4

 

É então que Boaz apresenta o seu plano com certa sagacidade, ele fala apenas de uma primeira parte, mas não da segunda:

Disse porém Boaz: No dia em que comprares a terra da mão de Noemi, também a comprarás da mão de Rute, a moabita, mulher do falecido, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança. Rute 4:5

Aquele homem que aparentemente iria ir adiante com a transação, não estava levando em conta que também haveria a necessidade de adquirir junto da terra uma mulher do falecido. Isso envolveria várias responsabilidades e considerações:

·       Ele deveria se casar com uma estrangeira e lidar com os preconceitos em torno disso.

·       Ele deveria ter um filho com ela, esse filho seria do falecido, para manter seu nome em Israel.

·       Numa posterior morte, a terra seria exclusivamente do filho de Rute, que usufruiria também de parte do resto das posses de seu pai biológico.

·       De certa forma, isso comprometeria o nome e as heranças deste homem.

 

 

Quando Boaz apresenta esta parte do plano, no fundo ele sabe que a resposta deste homem seria negativa. E ele não erra em sua previsão:

Então disse o remidor: Para mim não a poderei redimir, para que não prejudique a minha herança; toma para ti o meu direito de remissão, porque eu não a poderei redimir.
Rute 4:6

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Consideremos a atitude deste homem e as de Boaz para a reflexão do estudo de hoje:

1º - O egoísmo é o sentimento natural do homem, mas o torna demasiadamente ordinário.

 

Samuel é quem escreve o livro de Rute, 120 anos após os fatos terem ocorrido, tendo passado tanto tempo, a história chegou aos seus dias e chegou também até nós.

Certamente a esta altura, Samuel sabia o nome de todos os envolvidos na história, mesmo o nome deste homem. Mas é interessante o modo como o escritor se refere a ele:

Ó fulano, vem cá, assenta-te aqui”
Rute 4:1

 

De propósito ele não é perpetuado. Com o desejo de suscitar nome a sua família e manter um bom nome para eles, não comprometer sua posteridade e resumidamente pensar apenas em seu quintal, ele não topa assumir Rute, de certa forma ele tem razões para isso, mas esse modo demasiadamente ordinário lhe deixa na história apenas como um fulano que pensou em si.

Sua intenção era de que o nome dele e dos seus fosse lembrado, mas ele não tem a lembrança preservada nos anais da história.

A vida tem de certa forma ironias assim, aqueles que buscam a todo custo serem lembrados, preservados, somem, e aqueles que mais renunciam são os lembrados.

É nosso estado natural a autopreservação, o cuidar dos nossos apenas, buscar apenas o que é nosso, mas a linha entre o cuidado pessoal e a missão é muito tênue.

Existem contrastes entre missão e cuidado pessoal que são difíceis de se discernir:

·       A palavra por exemplo exige que cuidemos dos nossos.

·       Mas a mesma palavra diz que se você os seus mais do que a Deus, você não é digno dele.

·       A palavra diz que quem cuida dos outros e não cuida dos seus é pior que o ímpio e nega a fé.

·       Mas a mesma palavra mostra que aqueles que pensando no cuidado procrastinam o chamado não são levados às bodas.

 

Talvez o ponto fundante para discernir este contraste seja de que devemos cuidar sim dos nossos, mas não olhando apenas para o que é nosso, mas cuidar dos nossos levando em conta que somos mordomos dos bens que Deus nos deu e ele é o maior interessado de que este bem atinja a todos.

“Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. Filipenses 2:4

 

Constantemente ao vir para o evangelho, somos tomados por perguntas do tipo, o que ganharemos ao caminhar no evangelho? Mas essa pergunta é descabida, porque o evangelho muda conceitos.

·       Nele mais bem aventurado é dar do que receber.

 

A vida cristã muitas vezes se fundamenta em abrir mão de seus direitos de cobrar, de requerer coisas, para ceder a outros.

O exemplo supremo disso é o de Jesus – Filipenses 2.5-11

Nós somos programados para agir como o “fulano”, pelo custo do bem deixamos de fazê-lo, mas deveríamos reconsiderar isso, pois, ao proceder deste modo sacrificamos os poucos que desejam se importar:

Ex. Epafrodito:

Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado para prover às minhas necessidades.
Porquanto tinha muitas saudades de vós todos, e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente.
E de fato esteve doente, e quase à morte; mas Deus se apiedou dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.
Por isso vo-lo enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza.
Recebei-o, pois, no Senhor com todo o gozo, e tende-o em honra;
Porque pela obra de Cristo chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida para suprir para comigo a falta do vosso serviço.

Filipenses 2:25-30

 

A falta de pensar no próximo está impedindo Rutes de recomeçar.

 

 

 

 

2º Boaz se interpõe como um exemplo de amor verdadeiro:

 

Gostaria de elencar aqui pelo menos quatro características de um amor verdadeiro:

1.    O verdadeiro amor se concretiza com atitudes

2.    O verdadeiro amor paga qualquer preço

3.    O verdadeiro amor busca se legitimar

4.    O verdadeiro amor não tem razões para se esconder

 

O valor de uma causa não se dá por aquilo que adquirimos em nome dela, mas pelo que deixamos em favor da causa.

 

Boaz é um exemplo deste amor sacrificial.

 

3º Aos solteiros, essa palavra se constitui como um encorajamento a buscar alguém de seu nível.

Havia, pois, já de muito tempo este costume em Israel, quanto a remissão e permuta, para confirmar todo o negócio; o homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por testemunho em Israel.
Disse, pois, o remidor a Boaz: Toma-a para ti. E descalçou o sapato.
Então Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois hoje testemunhas de que tomei tudo quanto foi de Elimeleque, e de Quiliom, e de Malom, da mão de Noemi,
E de que também tomo por mulher a Rute, a moabita, que foi mulher de Malom, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança, para que o nome do falecido não seja desarraigado dentre seus irmãos e da porta do seu lugar; disto sois hoje testemunhas.
Rute 4:7-10

 


Claro que devemos sim deixar de lado todos os preconceitos que temos, como dito anteriormente, isso a respeito de passado, de idade, de estado atual, etc.

Mas penso que na história de Rute, ela encontra alguém com um nível de amor sacrificial tal qual o dela é, neste sentido, deveríamos refletir a respeito de como lidamos com nosso relacionamento pessoal, aos que estão em relacionamentos, a bíblia dá inúmeras orientações de como proceder, mas quanto aos que ainda o buscam, a história de Rute é um encorajamento para que busquem alguém ao seu nível. Possibilidades diversas se interpuseram para Rute, mas esta de certa forma queria alguém num nível de entrega como o dela e este é Boaz, de certa forma, na vida haverá alguém com um mesmo nível de devoção, entrega, caráter do que você, neste sentido não devemos nos elevar demais em nosso nível de exigência e olhar pessoal, mas não devemos também nos baratear ao ponto de ter um relacionamento depreciativo.

Rute se sacrificara por sua sogra, agora chegou a hora de Boaz se sacrificar e assumir todos os compromissos por ela.

 

4º - A matemática do reino de Deus é diferente (As bençãos declaradas sobre o casal:

E todo o povo que estava na porta, e os anciãos, disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Lia, que ambas edificaram a casa de Israel; e porta-te valorosamente em Efrata, e faze-te nome afamado em Belém.
E seja a tua casa como a casa de Perez (que Tamar deu à luz a Judá), pela descendência que o Senhor te der desta moça.
Rute 4:11,12

 

Jacó teve seu nome mudado para Israel, as mulheres que foram os instrumentos para isso foram duas de povos distantes, a saber Padã-Harã;

Duas mulheres extremamente honradas por serem mães de seus povos.

·       O primeiro desejo dos anciãos era que Rute fosse como as mães do seu povo, um desejo de que ela seja honrada.

·       Mas não só isso, eles desejam que ela seja valorosa em “EFRATA”, este nome quer dizer fértil. O segundo desejo deles é que ela seja frutífera.

·       Desejavam que eles fossem como a casa de Perez, o fruto de Judá e Tamar, a origem não foi boa, mas o Deus suscitou a partir daquele ato foi. (Uma restauração do passado).

 

De fato, a recompensa veio para Boaz, ele casou-se com a mulher que amava, teve um filho com ela, e foi honrado na cidade por estar com uma mulher admirada por todos, ao padrão de Provérbios 31.

Ele assumiu consideráveis custos, mas as recompensas que adquiriu foram muito maiores. Aquele que preservou sua prole ficou esquecido, mas o que comprometeu a sua é lembrado 3000 anos depois;

 

 

 

 

 

 

A vida cristã também deve ser uma vida sacrificial.

“Nós muitas vezes pesamos nosso envolvimento com a igreja em termos meramente humanos e perdemos de vista a matemática avançada do reino. Vou gastar meu tempo envolvido em ensinar crianças na Escola Dominical? Vou perder meu domingo de manhã para ir cantar e ouvir um chato falar? Vou largar minha vida de deleite por Cristo? Vou passar o acampamento de carnaval em um retiro espiritual ao invés de em um retiro carnal? Mas isso é essencialmente perder de vista a verdade sobre a história do mundo. O mundo não é dos espertos. O mundo não é dos ricos. O mundo não é dos poderosos. O mundo não é dos que mais se divertem. O mundo é dos mansos em Cristo – esses sim herdarão a terra (Mt 5.5). Jesus Cristo, o nosso goel, redime toda a terra. Ela pertence a ele todinha, todinha. Boaz não tinha ideia dos resultados de sua ação. Ele simplesmente fez por bondade e em consequência de seu amor a Deus. Nosso rumo dever ser similar.” – Emílio Garófalo

 

Boaz de certa forma teve consideráveis gastos com a transação, mas o que ganhou foi infinitamente maior.

“Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mt 16.24,25).

 

É muito melhor ter a alma salva do que qualquer outra coisa neste mundo. E, mais que isso, como o próprio Jesus insiste: “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe [ou mulher], ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna ” (Mt 19.29)

 

5º - Boaz faz todos esses atos com uma simplicidade que o torna grande.

 

As vezes me pego pensando que Boaz não fez nada daquilo pensando em posteridade, em grandeza, em ser um homem notável e nisto consiste seu brilho, o fazer o bem era sua natureza.

Imagino que se hoje chegasse ao céu, ele próprio se impressionaria com o fato de passados tantos e tantos anos ainda ter seu ato de assumir os riscos por Rute lembrado, mas essa é uma dimensão de entrega e naturalidade que lhe confere um brilho diferenciado. O bem é ainda mais bonito quando não é autocontemplado.

 

 

 

O “ter nome” consiste em estar unido a Cristo num auto esquecimento.

Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.
E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.

2 Coríntios 5:14,15

 

A naturalidade com a qual Boaz trata todas as questões é de quem esqueceu de si para viver um amor sacrificial. É por isso que ele entra na história:

Há uma maneira, entretanto, de ter seu nome escrito e lembrado para sempre: é abrir mão de si mesmo, reconhecer a própria pequenez e estar unido a Cristo. Unir-se a Cristo como parte de sua noiva. Seu resgatador é de quem você precisa. Como Rute que recebeu o nome de Boaz, nós somos a noiva que recebe o nome de Cristo. Recebemos o nome de cristãos, e esse nome permanecerá para sempre. Se você estiver unido a Jesus, a morte só vai levá-lo emprestado. Mas ressuscitarás para novo céu e nova terra. Junto a todos os filhos e filhas de Abraão que pela fé se agarraram a Jesus. Em eterna alegria, nos campos do Senhor”

 

6º - Deus é poderoso pra nos fazer reconsiderar os pontos finais da vida

Assim tomou Boaz a Rute, e ela lhe foi por mulher; e ele a possuiu, e o Senhor lhe fez conceber, e deu à luz um filho.
Então as mulheres disseram a Noemi: Bendito seja o Senhor, que não deixou hoje de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel.
Ele te será por restaurador da alma, e nutrirá a tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos.
E Noemi tomou o filho, e o pôs no seu colo, e foi sua ama.
E as vizinhas lhe deram um nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E deram-lhe o nome de Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi.
Rute 4:13-17

 

As vezes pensamos que a vida não nos suscitará mais surpresas, não concederá mais nada de bom, Noemi, já velha teve falas terríveis até aqui, suas participações na história são negativas até aqui:

1º - Despedindo as moças após a morte

2º - Informando que a mão do Senhor se descarregou sobre ela

3º - Não ligando para a declaração de amor de Rute

4º - Pedindo para ser chamada de Mara

5º - Na indiferença ao Rute sair para trabalhar

6º - No seu plano que ela seduzisse Boaz

Em meio a todas essas coisas, Noemi vai de certa forma tendo pequenos “lapsos de alegria” um “Deus te abençoe aqui”, outra palavra positiva dali, mas Noemi permanecia amortecida.

Já velha ela não tinha expectativa de que algo bom lhe ocorresse em seus últimos dias, ela só queria descanso de tanto sofrimento, mas as vezes Deus surpreende pessoas com a alegria.

A chegada de um neto em sua velhice foi um instrumento de considerável restauração.

Ela lhe dá o nome de Obede – Adorador

·       Não é tarde para viver coisas boas

·       Deus tem um final abençoado para sua história

·       Não tome conclusões sobre a vida baseado em seu momento

·       A restauração atingiu Noemi

·       Atingiu Rute

·       E Atingiu Boaz

Jesus - O Deus presente nas tempestades - Sermão Entregue A Ad Brás Sto Eduardo - Culto de ensino

 

Jesus – O Deus presente

 

João 6.16-21, Marcos 6.45-56, Mateus 14.22-36

 

·       Jesus viveu no período do rei Herodes Agripa que era um rei ímpio.

·       Este rei assassinou João Batista por mero capricho da sua esposa – Mt 14.3-12

·       João era popular e o rei sabia disso e temia matá-lo – 14.5

·       Ao receber a notícia Jesus se retira para orar, talvez triste por perder o primo – 14.13

·       Ele logo é interceptado pela multidão – V.14

·       Em sua compaixão Jesus faz a multiplicação dos pães e peixes – João 6

 

Todas as cenas neste ato remetiam a Moisés

 

1.       Um pregador eloquente e de intimidade com Deus

2.       O ambiente era o deserto

3.       O povo estava com fome

4.       Ele provê alimento de forma milagrosa

5.       Sobram 12 cestos que remetiam às tribos de Israel

 

·       Ao ver o milagre, reconhecem-no como Messias – João 6.14

·       Movidos pela aversão a Herodes e empolgados pelo sinal, eles querem tornar Jesus um rei político V.15

·       Jesus vê um risco nisso, pois, seus discípulos também tinham essa pretensão e apoiariam a multidão, antes que isso se concretizasse ele os “obriga a ir embora” – Marcos 6.45

·       Era a tarde quando eles foram, Barclay estima que eram 19:00 – João 6.16

·       Jesus queria ir ao monte orar para refletir sobre a perda de João e ao mesmo tempo queria dispersar o povo e tirar essa intenção de torná-lo um rei.  Assim ele o faz, se retira a parte para orar.

Os discípulos embarcam para o mar da Galiléia:

21x13

Do ponto onde estavam ao outro, percorreriam 11 KM.

Estava 210 mts abaixo do nível do mar o que tornava o clima quente

Era rodeado de montanhas que tinham pequenas brechas

O vento vinha frio do lado Oeste

As montanhas do entorno formavam uma espécie de redemoinho em volta do mar e tempestades terríveis se formavam.

 

O agravante é que o texto diz que o vento era contrário – Marcos 6.48

·       Os discípulos estavam cansados, pois remavam ao contrário da direção do vento.

·       Quando estavam prestes a sucumbir, Jesus aparece e inicia o seu sinal.

·       A esta altura, estão na quarta vigília da noite, ou seja, entre 3 e 6 horas da manhã.

·       Considerando que saíram no fim do dia, por volta de 19 horas, eles estavam remando no mínimo há 8 horas ininterruptas.

 

1º - Cada tempestade nos atinge de um jeito diferente

 

Essa era a segunda tempestade que os discípulos enfrentavam.

 

·       Na primeira Jesus estava no Barco x Na segunda não.

·       Na primeira Eles temiam que Jesus não se importasse x Na segunda temiam não aguentar.

·       Na primeira eles têm a chance de Chamar Jesus x Na segunda Jesus está os olhando de longe.

·       Na primeira Jesus aparenta indiferença x Na segunda Jesus aparenta abandono.

 

Cada tempestade nos afeta de um modo diferente, o fato é que às enfrentaremos, tendo as enfrentado, devemos considerar que essas geram em nós bagagens e experiências.

 

A questão fundamental aqui é que cada tempestade tem sua particularidade, Jesus compreende todas elas.

 

2º - As vezes o que mais nos afeta não é a tempestade isoladamente, mas a sucessão de tempestades

·       Talvez a vida de um discípulo seja um ciclo de tempestades contínuas.

·       Nem uma aflição se encerrou e outra já vem

·       Ser discípulo não nos concede privilégios neste sentido

·       Os discípulos além de tudo estão incomodados por remar 8 horas e andar 6 KM

 

 

 

 

 

 

 

 

3º - Jesus sabe nossos limites, neste sentido, ele é complacente com nosso sofrimento

 

·       Uma das maiores bençãos da encarnação é que não preciso olhar para Jesus como um Deus distante, ele é um de nós.

Ele sentiu sede - Cruz

Ele chorou – Diante de Lázaro

Ele sentiu alegria – Ocultastes essas coisas aos sábios

Ele sabe que era o luto – No monte orando por João

Ele sabe o que era ansiedade – No Getsêmane

 

·       Em todo este tempo Jesus estava olhando os seus discípulos, pois, estava no monte.

·       Jesus não só sabe nossas dores, mas ele intercede por nós conhecendo-as:

 

“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.

Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.

Hebreus 4:15,16”

 

 

4º - A ansiedade (Medo) nos faz ver fantasmas onde está Jesus:

“Mas, quando eles o viram andar sobre o mar, cuidaram que era um fantasma, e deram grandes gritos – Marcos 6:49”

·       Foi o medo que fez Hagar não enxergar um poço a sua frente (Cega)

·       Foi o medo que fez Israel tomar conclusões precipitadas sobre Deus

·       O medo nos faz ver fantasmas onde na verdade está Jesus

Neil Barreto diz que o medo é a fé na derrota, acreditar com todas as forças que vamos perder.

5º Jesus as vezes usa a tempestade como caminho de aproximação – V.48

6º - Jesus é o Deus presente no sofrimento

7º - Três palavras de Jesus no nosso sofrimento: V 50

8º - Jesus tem controle sobre a natureza

9º Na primeira tempestade uma pergunta ecoava: Quem é este? Marcos 4.41

A resposta se deu na segunda:
Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus.
Mateus 14:33

10º Nós precisamos aprimorar nossa percepção de Jesus – Os discípulos não haviam entendido isso até agora;