Sermão entregue a AD Brás Santo Eduardo - Série pregada nos cultos de ensino.
Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial; não
conheciam ao Senhor.
Porquanto o
costume daqueles sacerdotes com o povo era que, oferecendo alguém algum
sacrifício, estando-se cozendo a carne, vinha o moço do sacerdote, com um garfo
de três dentes em sua mão;
E enfiava-o
na caldeira, ou na panela, ou no caldeirão, ou na marmita; e tudo quanto o
garfo tirava, o sacerdote tomava para si; assim faziam a todo o Israel que ia
ali a Siló.
Também
antes de queimarem a gordura vinha o moço do sacerdote, e dizia ao homem que
sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote; porque não receberá de ti
carne cozida, mas crua.
E,
dizendo-lhe o homem: Queime-se primeiro a gordura de hoje, e depois toma para
ti quanto desejar a tua alma, então ele lhe dizia: Não, agora a hás de dar, e,
se não, por força a tomarei.
Era, pois,
muito grande o pecado destes moços perante o Senhor, porquanto os homens
desprezavam a oferta do Senhor.
Porém
Samuel ministrava perante o Senhor, sendo ainda jovem, vestido com um éfode de
linho - 1º Samuel 2:12-18
A história bíblica é um arquétipo das histórias de todos
nós até os dias de hoje, de modo que independente dos tempos, cada um dos
relatos se torna não normativos, mas sobretudo exemplos e alertas para todas as
eras.
A história de Eli e seus filhos é um retrato do que se vê
de tempos em tempos entre o povo de Deus, partindo deste princípio há pelo
menos duas implicações:
1º - Não creio que o tempo torne as coisas
piores do que são em outras eras, desde o passado o mal e o bem existem.
2º - Tendo isto em mente não devemos olhar a
história com muita distância dos nossos dias, uma vez que somos propensos a ter
os mesmos erros de outros tempos.
Tratar de assuntos tão delicados como este, não deveriam de
modo nenhum ser um instrumento de correção posterior, mas de prevenção para que
não nos tornemos tal qual os maus exemplos que citamos, estas histórias se
constituem nos termos bíblicos como provérbios. Na prática, devemos olhar para
elas não com o sentimento de distância como quem pensa “isto nunca aconteceria
comigo”, nem mesmo com o sentimento de superioridade “eu não faria isto”, mas
sobretudo como alertas, a sabedoria constitui no olhar para os erros de outros
e não realizar, não é necessário experimentar para atestar que se está com
problemas.
Tempos sombrios – Bombas de fedor
Emílio Garófalo - Merih Roth, a ciência da
guerra.
Durante a segunda guerra mundial, as forças americanas
buscaram meios de desenvolver o que chamariam de “bombas de fedor”. A ideia era
produzir algo ultrajante, humilhante, repulsivo, com cheiros que seriam
universalmente desprezados.
Desta forma isolariam as pessoas em reuniões, uniões para
guerra.
A fórmula era composta por um líquido “S”: Escatóli, chulé,
enxofre, entre outros.
Toda pessoa atingida ficaria em completo isolamento por
pelo menos duas horas, dispersando pessoas, dispersando aglomerações, seria uma
grande arma anti-manifestação.
A descrição da escritora é de que o cheiro era como ver “satanás
sentado em um trono de cebolas podres”.
A conclusão dos pesquisadores, é que o melhor
modo de tornar esta bomba completamente repulsiva, era adicionar tons de
“limpeza floral”, pois, desta forma, o primeiro cheiro seria agradável, o
cérebro seria programado para sentir algo agradável, mas logo após, o cheiro
seria terrível. Esta era a fórmula perfeita.
Infelizmente, a bomba de fedor já havia sido feita nos dias
de Eli, talvez de modo nenhum, esta história seria tão ruim se fosse entre
descrentes, entre pessoas ímpias, o que torna essa história repulsiva é que
todos os atos que Eli e seus filhos fazem, são feitos dentro do templo do
Senhor.
Isso torna, a bomba com notas “florais”, somos programados
a pensar no templo como um lugar de santidade, de separação, mas infelizmente,
alguns tornam este lugar terrível.
Ed René diz que muitas vezes a igreja poderia ser
considerada em alguns lugares como uma grande arca de Noé,
“se não fosse a tempestade e morte do lado de
fora, ninguém aguentaria o cheiro do lado de dentro”.
Considerações sobre Eli e seus filhos:
1º - Infelizmente é plenamente
possível que pessoas se tornem membros da igreja, exerçam coisas, mas “não
conheçam ao Senhor”.
Ao considerar isso, devemos levar em conta que não são
títulos sinônimos de santidade, moralidade ou coisas assim, antes, há pessoas
que não fazem jus a vocação para o qual foram chamados, tornando-se assim uma
negação prática e uma contradição ambulante.
O exercer coisas em nome de Deus, sem com ele
se relacionar é um risco considerável e que todos nós temos a possibilidade de
cometer, mas o primeiro a proceder deste modo foi o diabo representado na
serpente:
“Foi isso que Deus disse?” Gênesis 3.1
Não é de forma alguma o ideal que se fale de Deus, ou de
suas obras, sem com ele exercer relacionamento.
Este era o problema dos filhos de Eli.
O escritor de propósito faz uso do termo
“Filhos de Belial” V.1
Este termo foi aplicado outras vezes na
escritura, essa era uma expressão usada com certa frequência para se referir a
pessoas que praticam o mal sem restrições. (DT 13.13, JZ 19.22)
Eles não tinham conhecimento sobre Deus, nem mesmo haviam
tido qualquer experiência com ele, de forma que os anos foram passando e
tornando banal toda e qualquer atividade sacerdotal. Eles não honraram o fato
de que Deus considerava o processo de escolha dos sacerdotes com muito carinho:
·
Dentre todas as nações Deus escolheu Israel
·
Das doze tribos escolheu os levitas
·
Dos levitas tomou os descendentes de Arão e
somente estes tornaram-se os sacerdotes.
Ofni e Finéias não tinham a consciência de que haviam sido
dados em lugar dos primogênitos, de que não possuiriam herdades, não seriam
como as demais nações, mas seriam ofertas vivas a Deus e exemplo as demais tribos,
ainda mais considerando o fato de serem os que mais se aproximavam das coisas
divinas depois de seu pai e seriam eles quem o sucederiam no sumo sacerdócio de
seus dias.
Devemos cuidar com o fato de que não devemos passar anos e
anos na igreja sem conhecer a Deus, ou do contrário será praticado entre nós
atos semelhantes a este.
Conhecer a Deus é algo valorizado na história
da igreja OS. 4.6, Orações de Paulo aos
Efésios e Colossenses.
Como disse no começo, há entre nós um sentimento de repulsa
por pensar nas coisas que se fez neste contexto, mas ainda hoje há uma
constante dessacralização, atos e ritos que considerávamos extremamente
importantes vem sendo desprezados e há um sentimento de falta de temor. Ao
falar disso não almejamos ser saudosistas, mas considero que este esvaziamento
do sagrado nos atingiu em cheio.
Entre nós não causa impacto mais o “Deus está
aqui”, afinal acostumamo-nos em lidar com o sagrado sem temores, sem receios, o
que tornou o ambiente “igrejeiro” repleto de escândalos das mais diversas
naturezas. Entre nós não há o temor de EC. 5.2 ou Ex 3.
Não se guarda o pé ao entrar, não se exige retirada de
sandálias diante da presença, a presença que torna os lugares santos é
desprezada abertamente pelos filhos de Eli. Além do mais não bastasse o
desprezo, há uma atitude profundamente oposta, há uma profanação.
Os filhos de Eli no ambiente considerado sagrado profanavam
as ofertas ao Senhor.
Levítico 7.28-36 determina que nos sacrifícios
de animais, haveria algumas regras:
1. A
oferta deveria ser queimada no altar, até que a gordura se esvaísse, pois, esta
era de Deus.
2. O
peito (sem a gordura) seria dado a família de Arão, no caso os sacerdotes.
3. Também
o ombro direito do animal seria dado ao sacerdote responsável pela queima
daquele sacrifício.
O texto conforme lemos, relata que as ofertas eram postas
no altar, o servo do sacerdote vinha com um garfo de três pontas e tomava a
oferta ainda crua, levando-lhe aos sacerdotes e por conivência a Eli.
Ainda que houvesse alertas, eles eram por extremo
obstinados em ir adiante com seus pecados, assim a bíblia descreve a visão de
Deus a cerca destas coisas:
“Era, pois, muito grande o pecado destes
moços perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor. 1 Samuel 2:17”.
Devemos cuidar para não confundir proximidade
com intimidade, eles estavam próximos, mas seus corações consideravelmente
distantes de Deus.
2º - O problema da omissão.
Tendo tentado uma repreensão pessoal, pessoas idôneas foram
diante de Eli para alertá-lo sobre seus filhos.
Eli não era um sacerdote totalmente ruim, em
outros tempos ele declarou palavras positivas:
1º Sm 1.17, 2.20-21
Deus cumpriu as palavras ditas por Eli, de modo que em
algumas ocasiões, este exercia certo poder espiritual, inclusive no que diz
respeito a discernir após a vocação de Samuel que se tratava da voz do Senhor,
além do mais ele não teve ciúmes ou destratou Samuel ao saber o veredito que viria.
Eli, porém, pecou consideravelmente por se omitir com seus
filhos, visto que não bastava neste caso um diálogo, este seria um caso de
imediata disciplina e afastamento das funções.
O mal do pecado é que ele nunca fica no mesmo
lugar que o guardamos, nunca fica de todo armazenado, mas se espalha, suas
consequências são sempre incontroláveis.
·
Eli tentou administrar a situação colocando o
coração nos infratores, desta forma honrou mais aos seus filhos do que a sua
vocação e sobretudo ao Deus da vocação – 3.29
·
A consequência disso foi uma duríssima profecia
dada por um homem de Deus anônimo – 2.27-36
Eli tem três características fundamentais que devemos nos
guardar delas:
1º - Velho (Acomodado)
2º - Engordava (usufruía das gorduras roubadas)
3º - Cego (não conseguia ver o que estava
diante de si)
3º - A falta de temor no que diz respeito as
coisas sagradas
Era, porém, Eli já muito velho, e ouvia tudo quanto seus
filhos faziam a todo o Israel, e de como se deitavam com as mulheres que em
bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação. 1 Samuel 2:22
Os filhos de Eli, não obstante desprezarem as ofertas e o
seu ofício, atraiam as mulheres para junto da tenda da congregação,
inicialmente estas iam talvez para cuidar das crianças, ou mesmo para estarem
mais próximas da arca da presença de Deus, porém estas, eram frequentemente
atraídas pelos filhos de Eli.
Tenho a impressão de que todo “sacerdote” quando atrai para
si uma mulher que não é a dele comete abuso de autoridade, isso considerando a
sua posição, o imaginário dos que se aproximam deles, quando estes que são
figuras públicas caem nesta área, geram escândalo sobre escândalo.
Infelizmente não é raro ver pessoas que seriam de Deus
cometendo tais atos, o tempo recente mostrou muitos deles. São adúlteros,
lascivos, pessoas alheias a tudo que diz respeito a Deus.
4º As vezes Deus deixa as coisas como está e
isso nos inquieta
Pensando em todos estes escândalos, a pergunta que fazemos
é, onde está Deus nisso tudo? Acaso ele
mudou? Ele deixa tudo isso impune?
Há duas respostas nessa história, a primeira é que quando
Deus entrega alguém aos seus desejos, isso não é omissão, mas juízo.
1º SM 2.25 – Não deram ouvidos a voz de seu
pai, porque Deus os queria matar.
É digno de nota que o “cair” dos homens nem
sempre é um cair da graça, mas é um cair na graça, quando Deus permite que algo
seja descoberto, que alguém finalmente seja desvendado, é uma demonstração de
misericórdia, de graça, é uma segunda chance de Deus.
·
Do contrário, Deus entrega o homem a sua
própria paixão e este vive um sentimento perverso Rm 1. Quando Deus deixa de
castigar, a primeira razão é que ele já entregou este alguém ao seu próprio
desejo, o que é o mais terrível julgamento de Deus.
·
A segunda razão é que há um tempo certo para
este julgamento, Deus alertou a família por meio do povo, do profeta anônimo e
por meio de Samuel, mas não ouviram de forma alguma. Neste meio tempo frequentemente
a bíblia diz que Samuel crescia. O que pensamos ser um descuido de Deus, na
verdade é uma preparação para as mudanças que virão, as vezes Deus permite que
coisas aconteçam por um tempo, para que neste interim outras pessoas se
desenvolvam e cresçam na obra.
5º O contraste – Se há Ofni e Finéias, Deus
continua deixando Samuel crescer.
Enquanto Deus pune os filhos de Eli os
entregando as suas paixões, ele vai deixando Samuel crescer.
2.11, 2.18-19, 2.21, 2.26, 3.19-21.
Mesmo diante de um tabernáculo totalmente corrompido, sob
as omissões de Eli, Samuel crescia, se desenvolvia, aprendia, ia se vestindo
dos seus sonhos ministeriais ano após ano.
Samuel é um contraste por várias razões.
1º - Ele não era filho de sacerdote
como os demais, mas tinha uma mãe que orava.
Ninguém se agarra a salvação na aba dos pais, pois, Deus
não tem netos.
Samuel é fruto das orações de sua mãe (Samuel pedido a
Deus).
(Nunca é pobre quem tem uma mãe que ora por ti).
2º - Os filhos de Eli desprezavam
o sacerdórcio, Samuel sonhava com isso e até se vestia como um.
3º - Mesmo tendo no quarto ao lado
homens impuros, Samuel crescia em graça cada vez mais – 2.26
6º - Deus suscita os seus antes que a “lâmpada
se apague”
E
estando também Samuel já deitado, antes que a lâmpada de Deus se apagasse no
templo do Senhor, onde estava a arca de Deus, 1 Samuel 3:3
A lâmpada era uma referência ao candelabro, este nunca
poderia se apagar, tratava-se de um estatuto perpétuo era uma representação da
luz de Deus, da presença de Deus, do fogo.
Era necessário sempre o azeite “Puro” para alimentação das
sete pontas do candelabro.
“Ordenarás aos filhos de
Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido, para o candeeiro, para
fazer arder as lâmpadas continuamente. Na tenda da congregação, fora do véu que
está diante do testemunho, Arão e seus filhos as porão em ordem, desde a tarde
até a manhã, perante o Senhor; isto será um estatuto perpétuo para os filhos de
Israel, pelas suas gerações.” Êxodo 27:20,21
O azeite é símbolo da
presença do espírito santo, foi o que faltou as dez virgens.
Antes que as lâmpadas se
apaguem, Deus suscitará um Samuel.
7º - Não devemos nos acostumar com a “raridade
das palavras e visões de Deus”.
E o
jovem Samuel servia ao SENHOR perante Eli; e a palavra do SENHOR era de muita
valia naqueles dias; não havia visão manifesta. 1 Samuel 3:1
8º - Sempre haverá um Samuel que ouvirá a voz
de Deus.
9º - Não é cedo demais para se ter experiências
com Deus.
Samuel tinha 12 anos.
Joás foi rei
com 7 anos
Josias com 8
Samuel
vocacionado com 12.
Não é cedo
demais para se ter experiências com Deus.
10º
Samuel vestiu-se de seu futuro, a questão do sonho ministerial.