quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Samuel - Vivendo com graça ao lado dos filhos de Eli - Sermão entregue nos cultos de ensino - Ad Brás Santo Eduardo

Sermão entregue a AD Brás Santo Eduardo - Série pregada nos cultos de ensino.


 

Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial; não conheciam ao Senhor.
Porquanto o costume daqueles sacerdotes com o povo era que, oferecendo alguém algum sacrifício, estando-se cozendo a carne, vinha o moço do sacerdote, com um garfo de três dentes em sua mão;
E enfiava-o na caldeira, ou na panela, ou no caldeirão, ou na marmita; e tudo quanto o garfo tirava, o sacerdote tomava para si; assim faziam a todo o Israel que ia ali a Siló.
Também antes de queimarem a gordura vinha o moço do sacerdote, e dizia ao homem que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote; porque não receberá de ti carne cozida, mas crua.
E, dizendo-lhe o homem: Queime-se primeiro a gordura de hoje, e depois toma para ti quanto desejar a tua alma, então ele lhe dizia: Não, agora a hás de dar, e, se não, por força a tomarei.
Era, pois, muito grande o pecado destes moços perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor.
Porém Samuel ministrava perante o Senhor, sendo ainda jovem, vestido com um éfode de linho -
1º Samuel 2:12-18

 

A história bíblica é um arquétipo das histórias de todos nós até os dias de hoje, de modo que independente dos tempos, cada um dos relatos se torna não normativos, mas sobretudo exemplos e alertas para todas as eras.

A história de Eli e seus filhos é um retrato do que se vê de tempos em tempos entre o povo de Deus, partindo deste princípio há pelo menos duas implicações:

 

1º - Não creio que o tempo torne as coisas piores do que são em outras eras, desde o passado o mal e o bem existem.

2º - Tendo isto em mente não devemos olhar a história com muita distância dos nossos dias, uma vez que somos propensos a ter os mesmos erros de outros tempos.

 

Tratar de assuntos tão delicados como este, não deveriam de modo nenhum ser um instrumento de correção posterior, mas de prevenção para que não nos tornemos tal qual os maus exemplos que citamos, estas histórias se constituem nos termos bíblicos como provérbios. Na prática, devemos olhar para elas não com o sentimento de distância como quem pensa “isto nunca aconteceria comigo”, nem mesmo com o sentimento de superioridade “eu não faria isto”, mas sobretudo como alertas, a sabedoria constitui no olhar para os erros de outros e não realizar, não é necessário experimentar para atestar que se está com problemas.

 

Tempos sombrios – Bombas de fedor

Emílio Garófalo - Merih Roth, a ciência da guerra.

Durante a segunda guerra mundial, as forças americanas buscaram meios de desenvolver o que chamariam de “bombas de fedor”. A ideia era produzir algo ultrajante, humilhante, repulsivo, com cheiros que seriam universalmente desprezados.

Desta forma isolariam as pessoas em reuniões, uniões para guerra.

A fórmula era composta por um líquido “S”: Escatóli, chulé, enxofre, entre outros.

Toda pessoa atingida ficaria em completo isolamento por pelo menos duas horas, dispersando pessoas, dispersando aglomerações, seria uma grande arma anti-manifestação.

A descrição da escritora é de que o cheiro era como ver “satanás sentado em um trono de cebolas podres”.

A conclusão dos pesquisadores, é que o melhor modo de tornar esta bomba completamente repulsiva, era adicionar tons de “limpeza floral”, pois, desta forma, o primeiro cheiro seria agradável, o cérebro seria programado para sentir algo agradável, mas logo após, o cheiro seria terrível. Esta era a fórmula perfeita.

 

Infelizmente, a bomba de fedor já havia sido feita nos dias de Eli, talvez de modo nenhum, esta história seria tão ruim se fosse entre descrentes, entre pessoas ímpias, o que torna essa história repulsiva é que todos os atos que Eli e seus filhos fazem, são feitos dentro do templo do Senhor.

Isso torna, a bomba com notas “florais”, somos programados a pensar no templo como um lugar de santidade, de separação, mas infelizmente, alguns tornam este lugar terrível.

Ed René diz que muitas vezes a igreja poderia ser considerada em alguns lugares como uma grande arca de Noé,

“se não fosse a tempestade e morte do lado de fora, ninguém aguentaria o cheiro do lado de dentro”.

 

 

 

 

 

Considerações sobre Eli e seus filhos:

- Infelizmente é plenamente possível que pessoas se tornem membros da igreja, exerçam coisas, mas “não conheçam ao Senhor”.

 

Ao considerar isso, devemos levar em conta que não são títulos sinônimos de santidade, moralidade ou coisas assim, antes, há pessoas que não fazem jus a vocação para o qual foram chamados, tornando-se assim uma negação prática e uma contradição ambulante.

O exercer coisas em nome de Deus, sem com ele se relacionar é um risco considerável e que todos nós temos a possibilidade de cometer, mas o primeiro a proceder deste modo foi o diabo representado na serpente:

“Foi isso que Deus disse?” Gênesis 3.1

Não é de forma alguma o ideal que se fale de Deus, ou de suas obras, sem com ele exercer relacionamento.

Este era o problema dos filhos de Eli.

O escritor de propósito faz uso do termo “Filhos de Belial” V.1

Este termo foi aplicado outras vezes na escritura, essa era uma expressão usada com certa frequência para se referir a pessoas que praticam o mal sem restrições. (DT 13.13, JZ 19.22)

 

 

Eles não tinham conhecimento sobre Deus, nem mesmo haviam tido qualquer experiência com ele, de forma que os anos foram passando e tornando banal toda e qualquer atividade sacerdotal. Eles não honraram o fato de que Deus considerava o processo de escolha dos sacerdotes com muito carinho:

·         Dentre todas as nações Deus escolheu Israel

·         Das doze tribos escolheu os levitas

·         Dos levitas tomou os descendentes de Arão e somente estes tornaram-se os sacerdotes.

 

Ofni e Finéias não tinham a consciência de que haviam sido dados em lugar dos primogênitos, de que não possuiriam herdades, não seriam como as demais nações, mas seriam ofertas vivas a Deus e exemplo as demais tribos, ainda mais considerando o fato de serem os que mais se aproximavam das coisas divinas depois de seu pai e seriam eles quem o sucederiam no sumo sacerdócio de seus dias.

Devemos cuidar com o fato de que não devemos passar anos e anos na igreja sem conhecer a Deus, ou do contrário será praticado entre nós atos semelhantes a este.

Conhecer a Deus é algo valorizado na história da igreja  OS. 4.6, Orações de Paulo aos Efésios e Colossenses.

Como disse no começo, há entre nós um sentimento de repulsa por pensar nas coisas que se fez neste contexto, mas ainda hoje há uma constante dessacralização, atos e ritos que considerávamos extremamente importantes vem sendo desprezados e há um sentimento de falta de temor. Ao falar disso não almejamos ser saudosistas, mas considero que este esvaziamento do sagrado nos atingiu em cheio.

Entre nós não causa impacto mais o “Deus está aqui”, afinal acostumamo-nos em lidar com o sagrado sem temores, sem receios, o que tornou o ambiente “igrejeiro” repleto de escândalos das mais diversas naturezas. Entre nós não há o temor de EC. 5.2 ou Ex 3.

Não se guarda o pé ao entrar, não se exige retirada de sandálias diante da presença, a presença que torna os lugares santos é desprezada abertamente pelos filhos de Eli. Além do mais não bastasse o desprezo, há uma atitude profundamente oposta, há uma profanação.

Os filhos de Eli no ambiente considerado sagrado profanavam as ofertas ao Senhor.

Levítico 7.28-36 determina que nos sacrifícios de animais, haveria algumas regras:

1.    A oferta deveria ser queimada no altar, até que a gordura se esvaísse, pois, esta era de Deus.

2.    O peito (sem a gordura) seria dado a família de Arão, no caso os sacerdotes.

3.    Também o ombro direito do animal seria dado ao sacerdote responsável pela queima daquele sacrifício.

O texto conforme lemos, relata que as ofertas eram postas no altar, o servo do sacerdote vinha com um garfo de três pontas e tomava a oferta ainda crua, levando-lhe aos sacerdotes e por conivência a Eli.

 

 

 

 

 

Ainda que houvesse alertas, eles eram por extremo obstinados em ir adiante com seus pecados, assim a bíblia descreve a visão de Deus a cerca destas coisas:

Era, pois, muito grande o pecado destes moços perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor. 1 Samuel 2:17”.

 

Devemos cuidar para não confundir proximidade com intimidade, eles estavam próximos, mas seus corações consideravelmente distantes de Deus.

 

 

2º - O problema da omissão.

Tendo tentado uma repreensão pessoal, pessoas idôneas foram diante de Eli para alertá-lo sobre seus filhos.

Eli não era um sacerdote totalmente ruim, em outros tempos ele declarou palavras positivas:

1º Sm 1.17, 2.20-21

Deus cumpriu as palavras ditas por Eli, de modo que em algumas ocasiões, este exercia certo poder espiritual, inclusive no que diz respeito a discernir após a vocação de Samuel que se tratava da voz do Senhor, além do mais ele não teve ciúmes ou destratou Samuel ao saber o veredito que viria.

Eli, porém, pecou consideravelmente por se omitir com seus filhos, visto que não bastava neste caso um diálogo, este seria um caso de imediata disciplina e afastamento das funções.

 

O mal do pecado é que ele nunca fica no mesmo lugar que o guardamos, nunca fica de todo armazenado, mas se espalha, suas consequências são sempre incontroláveis.

·         Eli tentou administrar a situação colocando o coração nos infratores, desta forma honrou mais aos seus filhos do que a sua vocação e sobretudo ao Deus da vocação – 3.29

·         A consequência disso foi uma duríssima profecia dada por um homem de Deus anônimo – 2.27-36

 

 

 

 

Eli tem três características fundamentais que devemos nos guardar delas:


1º - Velho (Acomodado)

2º - Engordava (usufruía das gorduras roubadas)

3º - Cego (não conseguia ver o que estava diante de si)

 

3º - A falta de temor no que diz respeito as coisas sagradas

Era, porém, Eli já muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel, e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação. 1 Samuel 2:22

 

Os filhos de Eli, não obstante desprezarem as ofertas e o seu ofício, atraiam as mulheres para junto da tenda da congregação, inicialmente estas iam talvez para cuidar das crianças, ou mesmo para estarem mais próximas da arca da presença de Deus, porém estas, eram frequentemente atraídas pelos filhos de Eli.

Tenho a impressão de que todo “sacerdote” quando atrai para si uma mulher que não é a dele comete abuso de autoridade, isso considerando a sua posição, o imaginário dos que se aproximam deles, quando estes que são figuras públicas caem nesta área, geram escândalo sobre escândalo.

Infelizmente não é raro ver pessoas que seriam de Deus cometendo tais atos, o tempo recente mostrou muitos deles. São adúlteros, lascivos, pessoas alheias a tudo que diz respeito a Deus.

 

 

 

 

 

4º As vezes Deus deixa as coisas como está e isso nos inquieta

 

Pensando em todos estes escândalos, a pergunta que fazemos é, onde está Deus nisso tudo?  Acaso ele mudou? Ele deixa tudo isso impune?

Há duas respostas nessa história, a primeira é que quando Deus entrega alguém aos seus desejos, isso não é omissão, mas juízo.

1º SM 2.25 – Não deram ouvidos a voz de seu pai, porque Deus os queria matar.

É digno de nota que o “cair” dos homens nem sempre é um cair da graça, mas é um cair na graça, quando Deus permite que algo seja descoberto, que alguém finalmente seja desvendado, é uma demonstração de misericórdia, de graça, é uma segunda chance de Deus.

·         Do contrário, Deus entrega o homem a sua própria paixão e este vive um sentimento perverso Rm 1. Quando Deus deixa de castigar, a primeira razão é que ele já entregou este alguém ao seu próprio desejo, o que é o mais terrível julgamento de Deus.

·         A segunda razão é que há um tempo certo para este julgamento, Deus alertou a família por meio do povo, do profeta anônimo e por meio de Samuel, mas não ouviram de forma alguma. Neste meio tempo frequentemente a bíblia diz que Samuel crescia. O que pensamos ser um descuido de Deus, na verdade é uma preparação para as mudanças que virão, as vezes Deus permite que coisas aconteçam por um tempo, para que neste interim outras pessoas se desenvolvam e cresçam na obra.

 

5º O contraste – Se há Ofni e Finéias, Deus continua deixando Samuel crescer.

 

Enquanto Deus pune os filhos de Eli os entregando as suas paixões, ele vai deixando Samuel crescer.

2.11, 2.18-19, 2.21, 2.26, 3.19-21.

 

Mesmo diante de um tabernáculo totalmente corrompido, sob as omissões de Eli, Samuel crescia, se desenvolvia, aprendia, ia se vestindo dos seus sonhos ministeriais ano após ano.

Samuel é um contraste por várias razões.

 

1º - Ele não era filho de sacerdote como os demais, mas tinha uma mãe que orava.

Ninguém se agarra a salvação na aba dos pais, pois, Deus não tem netos.

Samuel é fruto das orações de sua mãe (Samuel pedido a Deus).

(Nunca é pobre quem tem uma mãe que ora por ti).

 

2º - Os filhos de Eli desprezavam o sacerdórcio, Samuel sonhava com isso e até se vestia como um.

3º - Mesmo tendo no quarto ao lado homens impuros, Samuel crescia em graça cada vez mais – 2.26

 

6º - Deus suscita os seus antes que a “lâmpada se apague”
E estando também Samuel já deitado, antes que a lâmpada de Deus se apagasse no templo do Senhor, onde estava a arca de Deus, 1 Samuel 3:3

A lâmpada era uma referência ao candelabro, este nunca poderia se apagar, tratava-se de um estatuto perpétuo era uma representação da luz de Deus, da presença de Deus, do fogo.

Era necessário sempre o azeite “Puro” para alimentação das sete pontas do candelabro.

“Ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido, para o candeeiro, para fazer arder as lâmpadas continuamente. Na tenda da congregação, fora do véu que está diante do testemunho, Arão e seus filhos as porão em ordem, desde a tarde até a manhã, perante o Senhor; isto será um estatuto perpétuo para os filhos de Israel, pelas suas gerações.” Êxodo 27:20,21

 

O azeite é símbolo da presença do espírito santo, foi o que faltou as dez virgens.

Antes que as lâmpadas se apaguem, Deus suscitará um Samuel.

7º - Não devemos nos acostumar com a “raridade das palavras e visões de Deus”.

E o jovem Samuel servia ao SENHOR perante Eli; e a palavra do SENHOR era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta. 1 Samuel 3:1

8º - Sempre haverá um Samuel que ouvirá a voz de Deus.

9º - Não é cedo demais para se ter experiências com Deus.

Samuel tinha 12 anos.

 

Joás foi rei com 7 anos

Josias com 8

Samuel vocacionado com 12.

Não é cedo demais para se ter experiências com Deus.

 

10º Samuel vestiu-se de seu futuro, a questão do sonho ministerial.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Depressão - Uma perspectiva Cristã - Sermão entregue a AD Belém Jd Guarujá 1

 

Depressão –Uma Perspectiva Cristã

 

O assunto depressão tem sido encarado de diversas formas no decorrer da história, especialmente nos últimos anos, fala-se mais sobre, há mais discussões em torno do tema, de modo que não raramente, alguém ao nosso redor alega estar com depressão ou em estado depressivo.

A depressão é um tema repleto de tabus, é tratada num âmbito exclusivamente espiritual, desconsiderando muitos outros fatores que envolvem essa patologia.

Não foram poucas as vezes em que vi falas descabidas sobre o assunto, lembro de uma conversa com um obreiro que encheu a boca para dizer que

“Depressão era um assunto totalmente espiritual, pois, querer tirar a própria vida só pode ser um pensamento do demônio, pois, ele é quem veio para roubar, matar a destruir”.

T.L Osborn, escritor neopentecostal diz que depressão é definitivamente um demônio.

Jay Adams dizia que depressão era “pecado”.

Este tipo de pensamento demonstra falta de conhecimento, insensibilidade de simplismo para tratar de questões complexas.

A depressão tem muitas causas, algumas delas por questões físicas como falta de diversas substâncias (Causa química), luto, entre outras razões que não necessariamente são explicáveis (Gatilhos). Dentre essas inúmeras razões, há remotas possibilidades de que a opressão maligna seja um fator.

Porém, tratar todos os casos como questões espirituais é um reducionismo irresponsável.


Definições de depressão:

Marco Antonio Abud – “A depressão é uma alteração de humor, mas não entendido como o senso comum, humor como sorriso ou tristeza, mas na psicologia o humor diz respeito aos níveis de energia tanto física como emocional, e sensibilidade tanto para o prazer como para a dor.

Esses níveis são variáveis, oscilantes, porém alguns gatilhos podem derrubar consideravelmente o nível de humor”.

Silas Malafaia: “A depressão é um termo emprestado da geografia, quando uma pista tem um declive contínuo, tal qual uma serra, se diz que o terreno tem uma depressão, ou seja, a depressão é o declínio das emoções que afeta o corpo e a vida como um todo”.

 

Resumidamente a depressão afeta as pessoas em 4 áreas principais:

·         Fisicamente – Falta energia para realizar as coisas – Um peso nos músculos (Citar relatos de Andrew Solomon)

·         Emocionalmente – Diminuição de concentração e velocidade

·         Sensibilidade ao prazer – Perde-se o gosto por qualquer atividade, coisas que antes animavam, passam a ser algo pesado.

·         (In)Sensibilidade a dor – Em dois extremos, tanto de níveis acentuados de angústia, tal qual choro, desespero, tristeza contínua, ou apatia no outro extremo, uma indiferença a vida.

 

Como mencionado a depressão tem gatilhos, muitas vezes uma tristeza causa a depressão. Mas não necessariamente a tristeza é sinônimo de depressão, a não ser que ela se prolongue consideravelmente.

Andrew Solomon fala sobre depressão em uma perspectiva mais pessoal, validada por seu testemunho pessoal.

·         “O oposto da depressão não é felicidade, mas vitalidade”.

·         “depressão é engolir diariamente o próprio velório”

 

Este mesmo escritor apresenta várias metáforas do que seria a depressão.

 

Depressão como Ferrugem

A depressão é como a ferrugem, ela corrói e é um meio de morrer lentamente, diariamente, hora após hora, se sente partes da vida corroendo, de modo que a depressão pode se constituir em algumas pessoas um novo modo de viver, um modo corrosivo, a depressão é um estágio que leva a se acostumar em deteriorações lentas até o ponto em que lugares vitais são afetados derrubando toda a casa.

 

 

 

 

 

 

 

 

Metáfora da árvore e a trepadeira:

“O nascimento e a morte que constituem a depressão ocorrem simultaneamente. Há pouco tempo, voltei a um bosque em que brincara quando criança e vi um carvalho, enobrecido por cem anos, em cuja sombra eu costumava brincar com meu irmão. Em vinte anos, uma enorme trepadeira grudara-se a essa árvore sólida e quase a sufocara. Era difícil dizer onde a árvore terminava e a trepadeira começava. Esta enrolara-se tão completamente em torno da estrutura dos galhos da árvore que suas folhas pareciam à distância ser as da árvore. Só bem de perto podia-se ver como haviam sobrado poucos ramos vivos e quão poucos gravetos desesperados brotavam do carvalho, espetando-se como uma fileira de polegares do tronco maciço, suas folhas continuando o processo de fotossíntese ao modo ignorante da biologia mecânica.”

 

Depressão como descortinar de véu

Com frequência falamos da depressão como um véu que acinzenta a vida, mas nos depressivos este sentimento se parece mais com um descortinar de véu, de modo que a alegria vem a ser um véu colorido, enquanto a vida como se é, é cinza, sem significado, sem sentido, transitória, descontinuada. A depressão se constitui para eles num modo de abrir os olhos.

 

Depressão e classes sociais

Frequentemente tratamos da questão da depressão com um segundo preconceito que é o de classe social, pensamos que a depressão é um mal específico de classe média, de artistas, etc. A nós pobres não é fornecida a opção de sofrer destes males, pois, a vida exige de nós mais do que deles, precisamos trabalhar, nos movimentar, buscar recursos. O depressivo na classe baixa é considerado preguiçoso, inerte, sem Deus, melancólico.

 

Dados da depressão:

O ambiente igrejeiro logo se constitui um lugar de pouca compreensão, pois, há tanto a barreira espiritual como social entre o depressivo e a ajuda que ele necessita.


Logo é importante ressaltar o quanto a depressão é abrangente:

 

 

·         A OMS estimava que em 2030 chegaríamos a 9,8% da população mundial como afetados pela depressão, porém este número foi atingido em 2010, 20 anos antes da previsão.

(A depressão tornou-se um mal crescente)

·         A depressão cresceu 18% entre 2005 e 2015.

·         A depressão é um mal que atinge atualmente 300 milhões de pessoas, segundo a OMS.

·         O Brasil é o segundo país com maiores índices de depressivos nas américas com 5,8% da população, sendo que apenas os Estados Unidos lhe vencem.

·         O Brasil é o quinto país mais depressivo do mundo.

·         As estimativas sobre depressão é que em 2030 será a doença mais proliferada na terra, vencendo o câncer.

·         Número de depressivos é três vezes maior que o de infectados por COVID 19. 111.824

·         Há estimativas de que em breve a depressão será a maior causa de afastamento do trabalho, gerando inúmeros prejuízos econômicos. Hoje é a segunda causa.

·         Um estudo da (Abrata) declara que 43% das pessoas de classe C e D apresentam um estado depressivo.

·         Atenção especial aos adolescentes – 1 em cada 5 desenvolverá depressão no decorrer da adolescência.

 

Homens de Deus que sofreram depressão:

 

Tendo todos esses dados à vista, ainda é possível pensar que mesmo sendo comum, este mal não acomete os cristãos, porém a depressão foi uma luta que vários homens considerados -heróis da fé passaram:

 

Spurgeon no livro lições aos meus alunos diz:

“Crises de depressão acometem a maioria de nós...Sabendo pela mais penosa experiência o que significa uma profunda depressão de espírito, sendo visitado por ela frequentemente e a intervalos não demorados, achei que poderia ser consolador para alguns dos meus irmãos se eu partilhasse meus pensamentos sobre isso para que os mais jovens não imaginem que algo estranho lhes acontece quando tomados em alguma ocasião pela melancolia; e para que os mais deprimidos saibam que a pessoa sobre quem o sol está brilhando jubilosamente nem sempre andou na luz”.

John Piper escreveu o livro “O sorriso escondido de Deus” no qual trata de três grandes homens que sofreram de depressão

John Bunyan (autor de o peregrino)

Willlian Cowper – Autor do tema “por trás da providência carrancuda há uma face sorridente”.

David Bainerd – Missionário pioneiro entre os canibais.

 

Que diremos da bíblia?

 

Noemi – Rute 1.20

Jeremias – Lamentações 3

Paulo – “Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos. 2° Coríntios 1:8

 

Sintomas de depressão

Sintomas da depressão – Segundo Ester Carrenho (Depressão: Tem luz no fim do túnel):

 

-Sensação de tristeza prolongada

-Vazio prolongado

-Falta de vontade de fazer o que sempre deu prazer

-Fadiga constante

-Irritabilidade

-Dores e alterações no corpo

-Perda do sono e consequente cansaço contínuo

-Perda de apetite

-Falta de concentração

-Pensamentos suicidas

-Indiferenças

-Autodesvalorização, autocomiseração.

-Pessimismo

-Dificuldades de concentração

Causas – Sociais, gatilhos, químicos.

 

Um exemplo de depressão na bíblia – Elias

 

O ministério de Elias possivelmente foi o mais relevante no antigo testamento, mesmo depois de levado aos céus ele continuava causando anseios entre o povo, de modo que João é comparado a Elias, Jesus também. Elias era o profeta ideal o mais respeitado, o mais admirado.

De origem desconhecida, sem ascendência conhecida, de um lugar tão remoto que não é citado em nenhum outro texto a saber “Tisbe”, este homem causa uma revolução sem precedentes em seu tempo.

Seu primeiro ato é se apresentar a um rei que se casa com uma mulher insolente, a saber Jezabel.

O reino do norte teve apenas reis maus, mas, Acabe é o pior deles, em um ato de Juízo, Elias se apresenta dizendo que durante três anos não iria chover e assim acontece.

De imediato é levado ao ribeiro de Querite, lá é alimentado por corvos e bebe do ribeiro.

Saindo de lá vai a casa de uma viúva e Deus lhe sustenta através dela.

Seu próximo ato é convocar todos os profetas de Baal que se assentavam a mesa com Jezabel e lhes desafiar num ato de demonstração de poderes das divindades.

Elias demonstra o poder de Deus e posteriormente extermina 450 profetas de Baal de uma só vez.

Em seguida ele anuncia a chuva a Acabe e pelo poder do espírito corre de tal como que ultrapassa o carro de acabe e a chuva volta.

Passados três anos e meio a chuva voltou e acabe fez questão de comunicar isto a Jezabel -1º Reis 19.1

 

 

 

 

 

 

 

 

Chegamos ao capítulo 19 que relatava um momento de escuridão na vida de Elias:

Ao receber a notícia dos atos de Elias e vendo a fragilidade de Acabe, Jezabel opta por matar Elias:

-Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles. 1 Reis 19:2

 

Jezabel deseja intimidar Elias, ela era manipuladora, sem temores. Nas palavras de Swindoll ela tem três atos:

·         Toma o controle do marido

·         Faz o trabalho dele

·         Faz uso de intimidação

 

Isso jamais poderia afetar Elias, visto que ele já havia feito vários atos de coragem:

1.    Ele se apresentou com sua palavra ao rei e declarou que não haveria chuva – 17.1

2.    Ele foi morar só num lugar deserto e comeu o que corvos levavam – 17.5

3.    Ele saiu de lá para Sarepta – 150 KM a frente, sabendo que era procurado por todos – 17.9

4.    Ele pediu o último alimento da mulher na certeza de que Deus iria suprir – 17.13

5.    Orou por um menino morto e ele voltou a vida – 17.19 (primeira ressurreição na bíblia)

6.    Ele chama Acabe de perturbador de Israel na cara – 18-18

 

7.    Ele convoca uma luta contra 450 sozinho – 18.19

 

Agora uma ameaça de uma mulher está diante dele, um homem que venceu estes obstáculos, não temeria, mas infelizmente ele temeu. Eis aqui o primeiro passo da depressão de Elias:

 

1º - Medos sem sentido -V.3

A depressão distorce os olhares da vida conforme mencionado anteriormente, Elias poderia pedir forças, mas se entregou a situação com uma passividade inquietante.

2º Sentimento de fracasso

Considere a mente de Elias, após ver fogo cair do céu, as pessoas gritando que só Deus é o Senhor, a empolgação de todos ao matar os profetas de Baal, Elias pensa que finalmente um grande avivamento aconteceria, Jezabel temeria, se arrependeria.

Mas o que ocorre é justamente o contrário, ela agora se levanta para matá-lo, Elias tem de lidar com a sensação de frustração. O sentimento de que tudo o que fez nos últimos foi em vão.

 

3º - Isolamento:

“...Se foi, e chegando a Berseba, que é de Judá, deixou ali o seu servo.
1 Reis 19:3

Elias vai para o outro extremo da nação – Berseba era o extremo sul, estava longe e agora fica só. Essa é uma das primeiras atitudes que pessoas deprimidas tomam.

Atender um telefone, responder uma mensagem, ver alguém se torna algo maçante, pois, a melhor companhia do deprimido é a solidão.

Este é sempre um sinal de alerta.

 

4º - Depressão pós sucesso

A contracorrente de uma onda de sucesso é um perigo, a euforia de uma conquista nos faz se deparar com a falta de objetivos, um sentimento de frustração após conseguir tudo o que se queria. 

 

 

5º - Esgotamento físico e emocional

Recapitular o Bornout – Exemplo de Jeremias e Asafe

Elias não teve estabilidade na vida, sempre estava sob constante tensão de novos e maiores desafios, ele fugira para Querite, de lá para Sarepta, de lá para o Carmelo, correu a frente do carro de Acabe e agora para Berseba e ao deserto.
Elias estava emocionalmente e fisicamente esgotado.

Quando ele finalmente chega ao lado de um Zimbro ele desmaia tomado pelo cansaço.

Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais.
1 Reis 19:4

 

6º - Incoerência de sentimentos – V.4

Os sentimentos do depressivo são sempre instáveis, difíceis de discernir, veja que Elias está fugindo para não morrer, mas pede a morte ao mesmo tempo.

O depressivo é definido nas palavras de Neil Barreto como alguém que quer a morte para matar a dor e buscar um alívio, é uma incoerência que se busque a morte como solução definitiva, mas não é possível convencer alguém depressivo logicamente.

Falas racionais aos depressivos se constituem em peso sobre peso.

 

7º - Autocomiseração – V.4

Elias não se sentia melhor que seus pais, mas era em vários sentidos.

Ninguém conhecia os pais de Elias, mas Elias tornara-se referencial de profeta.

Ninguém sabia onde era Tisbe até Elias.

Elias quis ser igual a qualquer outro sem ser, isso por conta de autocomiseração, um desejo de que tenham dó dele, dó de si mesmo, autodepreciação.

 

8º - Alterações no sono – V.5-6

Elias dorme, é acordado pelo anjo, possivelmente não nota sua presença, logo em seguida dorme de novo.

 

 

9º - Indiferença a alimentação – V.5-7

Elias não estava se importando com a própria alimentação ao ponto de que o anjo é quem lhe instiga a comer por duas vezes a comer, o depressivo pouco se importa com alimentação.

 

10º - Persistência na tristeza – V.9

Tendo comido, Elias entrou novamente numa caverna. V.9

 

11º - Visão turva da vida – V.10

 

Há três reações claras na vida de Elias que constituem um quadro debilitado:

Fuga – ““Pelo que disse: Ah! Quem me dera asas com de pomba! Voaria, e estaria em descanso. Eis que fugiria para longe, e pernoitaria no deserto” (Sl 55.6”.

É natural do deprimido buscar fugas da realidade, seja fisicamente, seja por outros meios.

Esconder-se – Elias retrata o quadro de um deprimido quando deixa de falar do que sente, se esconde e não quer contatos, não quer ouvir vozes, a ideia de ter alguém lhe dizendo o que fazer o torna uma pessoa suscetível ao isolamento.

Desistência – Elias renuncia a tudo e está disposto a dar cabo da vida, a não querer mudar, ele está inerte, sem ação.

 

Caminhos para a cura de Elias:

1° - Deus fez questão de deixar Elias dormir – Fim do esgotamento (reposição) – V.5

2° - Deus alimenta Elias – V.5-7

3° - Deus dá palavras positivas e incentivos a Elias – V.7

4° - Mudança de ambiente – V.8

5° - Presença (Que fazes aqui?) - V.9

6° - Deus dá a Elias a oportunidade de falar e ele aproveita – V.10

7° - Deus mostrou que Elias não estava sozinho – V.18

8° - Deus preparou mais trabalhos para Elias (Significado) – V.19

 

terça-feira, 15 de junho de 2021

Não desista de orar – Sermão entregue a Ad Brás Santo Eduardo em 30-05-2021








E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?
Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
Lucas 18:7,8

  

A parábola é um instrumento de ensino, trata-se de uma história fictícia que tem por intenção demonstrar realidades práticas à respeito de várias coisas.

A história não deve ser interpretada a luz de seus fatos isolados, mas sob uma perspectiva geral, de modo que ao observarmos uma parábola, devemos absorver dela sua lição fundante, principal. Há assuntos que se tratados de forma muito técnica não seriam alcançadas por nós, é visando a compreensão, que o Senhor Jesus escolheu ensinar os seus por meio de exemplos lúdicos tal qual são expostos nas parábolas.

 

As parábolas de oração

A oração foi um assunto e uma prática levada muito a sério por Jesus. Especialmente Lucas fala sobre várias ocasiões em que Jesus orou e de forma indireta traçou princípios a nós seus discípulos.

Lucas fez uso de sete ocasiões em que Jesus orou e que outros evangelistas não mencionaram:

- Após seu batismo – 3.21

- Após purificar o leproso – 5.16

- A noite inteira para escolher os seus doze – 6.12

- Antes da confissão de Pedro – 9.18

- Na transfiguração – 9.28

- Antes da oração dominical – 11.1

- Na cruz – 23.24

 

Há ainda as ocasiões em que os sinópticos mencionam orações de Jesus, de modo que fica notória a ênfase que Jesus dava a oração.

 

 

É considerando a importância que ele próprio (Jesus) dava a oração e a necessidade que seus discípulos teriam de semelhantemente orarem, que o mestre opta por contar ao menos três parábolas diretamente relacionadas a oração.

São elas:

1º - O amigo importuno – Lucas 11

2º - O juiz iníquo – Lucas 18

3º - O fariseu e o publicano

 

As três tem lições sobre como devemos nos aproximar de Deus em oração.

 

 

E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer,
Lucas 18:1

 

1º - A primeira consideração sobre oração na perspectiva de Jesus é: Orar é um dever.

Nós temos considerável dificuldade de lidar com “deveres”, gostamos de coisas que fazemos por opção, por iniciativa própria, a perspectiva de dever nos incomoda profundamente, isto porque fomos ensinados a fazer coisas que gostamos, quando sentimos, quando desejamos.

Mas há questões na caminhada cristã que estão para além do desejo e que devemos fazê-las, independente do querer, independente do gostar, mesmo sem desejo.

A cerca deste desejo de informalidade, de “não obrigação” C.S. Lewis disse:

“A melhor coisa a fazer, se possível, é afastar completamente o paciente em questão da intenção de rezar. Se o paciente é um adulto, recém-convertido para o lado do Inimigo, como é o caso do nosso homem, conseguimos tal feito quando o encorajamos sempre a lembrar-se, ou a pensar que se lembra, do quanto suas preces na infância eram automáticas. Em contrapartida, você talvez possa persuadi-lo a almejar algo totalmente espontâneo, introspectivo, informal, livre de regras; e isso na verdade significará, para um iniciante, o esforço para produzir em si mesmo um estado de espírito vagamente devocional no qual a verdadeira concentração de vontade e inteligência não desempenham nenhum papel.

C. S. Lewis - Cartas de um diabo ao seu aprendiz”

 

Em nome de uma “não formalização” nós estamos tentando criar vias alternativas a oração, tal qual a meditação, o “lembrar-se de Deus”, a experiência “agradável” de oração.

 

Porém Jesus lida com esta questão dizendo: Temos o “dever” de orar.

Orar é uma obrigação, algo que não devemos fazer porque gostamos, ou quando queremos, ou de modo o tempo inteiro agradável. Orar é questão de sobrevivência.

Uma vez perguntando sobre o que é mais importante: Orar ou ler a bíblia?

Tozer respondeu: “Qual asa é mais importante para um pássaro, a esquerda ou a direita?”

É sob esta perspectiva de subsistência, sobrevivência, necessidade que beira a obrigatoriedade que Jesus nos chama ao orar.

 

Ao falar sobre a armadura de Deus, Paulo fala sobre uma série de itens, a saber: Capacete da salvação, couraça da justiça, cinto da verdade, calçado da preparação do evangelho da paz, espada do espírito que é a palavra, o escudo da fé.

Aparentemente a armadura está sem um item, onde entraria a oração nesta armadura completa?

Paulo Complementa:

Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito
Efésios 6:18

 

A ideia fundante de Paulo é que devemos tomar cada item da armadura orando, orar ao colocar capacete, couraça, cinto, calçado, espada e escudo.

A oração neste sentido pode constituir a própria batalha, de modo que orar é guerrear, orar é se defender, orar é receber de Deus estratégia. Considerando que ao vir para a caminhada Cristã não recebemos de Deus um kit “diversão”, um vale férias, um passaporte diferenciado, mas sim uma armadura, há algumas implicações:


1º - A batalha nos impede de tomar a opção de nos manter passivos;

2º - A batalha só se milita com as armas que Jesus nos deu;

3º - A oração é nossa arma de ataque e nossa melhor defesa (Daniel e o príncipe da Pérsia).

É considerando tudo isso que Jesus fala do “dever de orar”.

John Flex saudava seus companheiros dizendo: “Você está orando? Você está orando?”

John Welch – Quem não ora morre

 

2º - Não devemos desistir de orar

A oração as vezes pode se constituir uma atividade extensa, uma atividade que não tem respostas instantâneas, é considerando os tempos de espera no processo de oração que Jesus não só torna a oração uma questão sobrevivência, mas uma questão de paciência.

e nunca desfalecer,
Lucas 18:1

 

O chamado de Jesus é claro: Não desista de orar, não se canse de orar, não abandone a oração.

Não devemos desistir de orar, pois, de certa forma a oração sempre será a cartada final, a última alternativa de reversão, a última porta a se bater.

·         Foi a oração da Cananéia que fez Jesus socorrer sua filha após o silêncio, após a resposta desproporcional e a aparente humilhação – Mateus 15

·         Não devemos cansar de orar – Exemplo (Adoniram Judson)

 

·         Talvez Deus esteja chamando pessoas a retomarem orações por causas abandonadas, sonhos, conversões, mudanças, profundidade, Deus está nos convidando a não desistir de orar, a não parar de orar, a insistir na oração, a perseverar.

Naturalmente se diz que a espera é sempre parada, é sempre estagnada, esperar é se manter imóvel.

Isso se aplica às esperas comuns, porque no que diz respeito a oração, no que diz respeito ao Senhor, esperar em Deus é sempre caminhar.

Josué junto ao povo deu 13 voltas até que o muro caísse, assim é a vida de oração, uma vida que exige persistência, a sensação de dar voltas se sentido, mas enquanto oramos sem desfalecer há uma série de coisas acontecendo.

Deus está nos convidando a não se cansar de orar.

Quando ouvimos de Deus uma devolutiva negativa, devemos seguir o exemplo do mestre, de não mais insistir, mas dizer: “Seja feita a tua vontade”.

Mas enquanto a resposta não está clara, a devoção esperada é de “não se cansar de orar”.


Tal qual Ana fez, de ano em ano, de sacrifício em sacrifício, as vezes sem força e só mexendo os lábios, quando a resposta veio foi “O Senhor lhe conceda o seu pedido” até que passados dois anos a situação foi “por este menino orava eu”.

 

Os barcos mais pesados, costumam demorar mais, por conduzirem cargas maiores – Spurgeon

 

1º - Quando eu não oro eu peco

2º - Pecamos porque deixamos de orar

3º - Pecado e oração são opositores

Helena Raquel

 

3º Não orar me faz desanimar

Parece haver uma relação direta que torna necessário dizer “o dever de orar sempre sem desanimar”, pois, não orar me desanima na caminhada, a oração é ânimo,  combustível, vigor, entusiasmo.

Sem oração nós perdemos o encanto, perdemos a força, perdemos a alegria.

A oração revigora, dá intimidade, relacionamento.

 

A oração muda o semblante (Transfiguração).

A oração enche de vigor.

Talvez grande parte dos nossos desânimos, distrações, irritações se dão por uma mesma razão: A falta de oração.

 

 

 

4º Nossas dificuldades não são levadas em conta pelo Juiz (Viúva)

A viúva no tempo da bíblia era um símbolo de necessidade, os diáconos foram instituídos prioritariamente para cuidar das viúvas e órfãos. Viúvas não trabalhavam, não tinham heranças, não possuíam nada.

 

1º As viúvas tinham roupas características – Gn 38.14

2º Não herdavam bens do marido

3º Não tinham renda

4º Se permanecesse na família era quase uma serva

5º Se voltasse para a casa de sua família ela deveria devolver o valor do dote.

6º Frequentemente elas eram vendidas como escravas para saldar dívidas dos maridos que iam embora.

 

O juiz, quando importunado, não se importou com nada disso, tanto em sentido negativo, como por piedade, os juízes desta terra são indiferentes.

Os juízes neste tempo frequentemente atendiam apenas homens, ou seus porta-vozes, além disso eram movidos por muitos subornos, de modo que uma viúva nesta situação ficaria em uma situação ainda mais extrema, sem intercessores por ela, sem condições de nem mesmo pagar um suborno.

Ela não tinha outras vias a não ser insistir em seu pedido mesmo com todas as limitações.

 

5º Consideremos os contrastes, Jesus usa uma situação de extrema necessidade e de extrema indiferença que foi revertida com perseverança.

 

Agora consideremos nossa posição em comparação com esta mulher:

·         Estrangeira x filhos

·         pouco acesso de viúva x total acesso ao trono

·         a mulher não tinha um intercessor x nós temos um advogado

·         ela vai a um tribunal x nós vamos ao trono da graça

·         ela clama sendo pobre x em cristo temos todas as riquezas

 

Nós estamos em uma situação de todo favorável.

 

7º Para Deus responder orações é uma questão de caráter

 

8º A espera pode matar a fé de muitos, mas devemos aprender a esperar (Ele achará fé na terra).