E
Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite,
ainda que tardio para com eles?
Digo-vos
que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura
achará fé na terra?
Lucas 18:7,8
A parábola é um instrumento de
ensino, trata-se de uma história fictícia que tem por intenção demonstrar
realidades práticas à respeito de várias coisas.
A história não deve ser
interpretada a luz de seus fatos isolados, mas sob uma perspectiva geral, de
modo que ao observarmos uma parábola, devemos absorver dela sua lição fundante,
principal. Há assuntos que se tratados de forma muito técnica não seriam
alcançadas por nós, é visando a compreensão, que o Senhor Jesus escolheu
ensinar os seus por meio de exemplos lúdicos tal qual são expostos nas
parábolas.
As
parábolas de oração
A oração foi um assunto e uma
prática levada muito a sério por Jesus. Especialmente Lucas fala sobre várias
ocasiões em que Jesus orou e de forma indireta traçou princípios a nós seus
discípulos.
Lucas fez uso de sete ocasiões
em que Jesus orou e que outros evangelistas não mencionaram:
1º -
Após seu batismo – 3.21
2º -
Após purificar o leproso – 5.16
3º - A
noite inteira para escolher os seus doze – 6.12
4º -
Antes da confissão de Pedro – 9.18
5º - Na
transfiguração – 9.28
6º -
Antes da oração dominical – 11.1
7º - Na
cruz – 23.24
Há ainda as ocasiões em que os
sinópticos mencionam orações de Jesus, de modo que fica notória a ênfase que
Jesus dava a oração.
É considerando a importância
que ele próprio (Jesus) dava a oração e a necessidade que seus discípulos
teriam de semelhantemente orarem, que o mestre opta por contar ao menos três
parábolas diretamente relacionadas a oração.
São elas:
1º - O
amigo importuno – Lucas 11
2º - O
juiz iníquo – Lucas 18
3º - O
fariseu e o publicano
As três tem lições sobre como devemos
nos aproximar de Deus em oração.
E
contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca
desfalecer,
Lucas 18:1
1º - A
primeira consideração sobre oração na perspectiva de Jesus é: Orar é um dever.
Nós
temos considerável dificuldade de lidar com “deveres”, gostamos de coisas que
fazemos por opção, por iniciativa própria, a perspectiva de dever nos incomoda
profundamente, isto porque fomos ensinados a fazer coisas que gostamos, quando
sentimos, quando desejamos.
Mas há
questões na caminhada cristã que estão para além do desejo e que devemos
fazê-las, independente do querer, independente do gostar, mesmo sem desejo.
A
cerca deste desejo de informalidade, de “não obrigação” C.S. Lewis disse:
“A melhor coisa a fazer, se possível, é afastar completamente o
paciente em questão da intenção de rezar. Se o paciente é um adulto,
recém-convertido para o lado do Inimigo, como é o caso do nosso homem,
conseguimos tal feito quando o encorajamos sempre a lembrar-se, ou a pensar que
se lembra, do quanto suas preces na infância eram automáticas. Em
contrapartida, você talvez possa persuadi-lo a almejar algo totalmente
espontâneo, introspectivo, informal, livre de regras; e isso na verdade
significará, para um iniciante, o esforço para produzir em si mesmo um estado
de espírito vagamente devocional no qual a verdadeira concentração de vontade e
inteligência não desempenham nenhum papel.
C. S. Lewis - Cartas de um diabo ao seu aprendiz”
Em nome de uma “não formalização” nós estamos tentando criar vias
alternativas a oração, tal qual a meditação, o “lembrar-se de Deus”, a
experiência “agradável” de oração.
Porém Jesus lida com esta questão dizendo: Temos o “dever” de
orar.
Orar é uma obrigação, algo que não devemos fazer porque gostamos,
ou quando queremos, ou de modo o tempo inteiro agradável. Orar é questão de
sobrevivência.
Uma vez perguntando sobre o que é mais importante: Orar ou ler a
bíblia?
Tozer respondeu: “Qual asa é mais importante para um pássaro, a
esquerda ou a direita?”
É sob esta perspectiva de
subsistência, sobrevivência, necessidade que beira a obrigatoriedade que Jesus
nos chama ao orar.
Ao falar sobre a armadura de Deus, Paulo fala sobre uma série de itens,
a saber: Capacete da salvação, couraça da justiça, cinto da verdade, calçado da
preparação do evangelho da paz, espada do espírito que é a palavra, o escudo da
fé.
Aparentemente a armadura está sem um item, onde entraria a oração
nesta armadura completa?
Paulo Complementa:
Orando
em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito
Efésios 6:18
A
ideia fundante de Paulo é que devemos tomar cada item da armadura orando, orar
ao colocar capacete, couraça, cinto, calçado, espada e escudo.
A
oração neste sentido pode constituir a própria batalha, de modo que orar é
guerrear, orar é se defender, orar é receber de Deus estratégia. Considerando
que ao vir para a caminhada Cristã não recebemos de Deus um kit “diversão”, um
vale férias, um passaporte diferenciado, mas sim uma armadura, há algumas
implicações:
1º - A batalha nos impede de tomar a opção de nos manter passivos;
2º - A
batalha só se milita com as armas que Jesus nos deu;
3º - A
oração é nossa arma de ataque e nossa melhor defesa (Daniel e o príncipe da
Pérsia).
É
considerando tudo isso que Jesus fala do “dever de orar”.
John Flex
saudava seus companheiros dizendo: “Você está orando? Você está orando?”
John
Welch – Quem não ora morre
2º -
Não devemos desistir de orar
A
oração as vezes pode se constituir uma atividade extensa, uma atividade que não
tem respostas instantâneas, é considerando os tempos de espera no processo de
oração que Jesus não só torna a oração uma questão sobrevivência, mas uma
questão de paciência.
e
nunca desfalecer,
Lucas 18:1
O chamado
de Jesus é claro: Não desista de orar, não se canse de orar, não abandone a
oração.
Não
devemos desistir de orar, pois, de certa forma a oração sempre será a cartada
final, a última alternativa de reversão, a última porta a se bater.
·
Foi a oração da Cananéia que fez Jesus socorrer
sua filha após o silêncio, após a resposta desproporcional e a aparente
humilhação – Mateus 15
·
Não devemos cansar de orar – Exemplo (Adoniram
Judson)
·
Talvez Deus esteja chamando pessoas a retomarem
orações por causas abandonadas, sonhos, conversões, mudanças, profundidade,
Deus está nos convidando a não desistir de orar, a não parar de orar, a
insistir na oração, a perseverar.
Naturalmente
se diz que a espera é sempre parada, é sempre estagnada, esperar é se manter
imóvel.
Isso
se aplica às esperas comuns, porque no que diz respeito a oração, no que diz
respeito ao Senhor, esperar em Deus é sempre caminhar.
Josué
junto ao povo deu 13 voltas até que o muro caísse, assim é a vida de oração,
uma vida que exige persistência, a sensação de dar voltas se sentido, mas
enquanto oramos sem desfalecer há uma série de coisas acontecendo.
Deus
está nos convidando a não se cansar de orar.
Quando ouvimos de Deus
uma devolutiva negativa, devemos seguir o exemplo do mestre, de não mais insistir,
mas dizer: “Seja feita a tua vontade”.
Mas enquanto a resposta
não está clara, a devoção esperada é de “não se cansar de orar”.
Tal qual Ana fez, de ano em ano, de sacrifício em sacrifício, as vezes sem
força e só mexendo os lábios, quando a resposta veio foi “O Senhor lhe conceda
o seu pedido” até que passados dois anos a situação foi “por este menino orava
eu”.
Os barcos mais pesados,
costumam demorar mais, por conduzirem cargas maiores – Spurgeon
1º - Quando eu não oro eu peco
2º - Pecamos porque deixamos
de orar
3º - Pecado e oração são
opositores
Helena Raquel
3º Não
orar me faz desanimar
Parece haver uma relação
direta que torna necessário dizer “o dever de orar sempre sem desanimar”, pois,
não orar me desanima na caminhada, a oração é ânimo, combustível, vigor, entusiasmo.
Sem oração nós perdemos o
encanto, perdemos a força, perdemos a alegria.
A oração revigora, dá
intimidade, relacionamento.
A oração muda o semblante
(Transfiguração).
A oração enche de vigor.
Talvez grande parte dos nossos
desânimos, distrações, irritações se dão por uma mesma razão: A falta de
oração.
4º
Nossas dificuldades não são levadas em conta pelo Juiz (Viúva)
A viúva no tempo da bíblia era
um símbolo de necessidade, os diáconos foram instituídos prioritariamente para
cuidar das viúvas e órfãos. Viúvas não trabalhavam, não tinham heranças, não
possuíam nada.
1º As viúvas tinham roupas
características – Gn 38.14
2º Não herdavam bens do marido
3º Não tinham renda
4º Se permanecesse na família
era quase uma serva
5º Se voltasse para a casa de
sua família ela deveria devolver o valor do dote.
6º Frequentemente elas eram
vendidas como escravas para saldar dívidas dos maridos que iam embora.
O juiz, quando importunado,
não se importou com nada disso, tanto em sentido negativo, como por piedade, os
juízes desta terra são indiferentes.
Os juízes neste tempo
frequentemente atendiam apenas homens, ou seus porta-vozes, além disso eram
movidos por muitos subornos, de modo que uma viúva nesta situação ficaria em
uma situação ainda mais extrema, sem intercessores por ela, sem condições de
nem mesmo pagar um suborno.
Ela não tinha outras vias a
não ser insistir em seu pedido mesmo com todas as limitações.
5º
Consideremos os contrastes, Jesus usa uma situação de extrema necessidade e de
extrema indiferença que foi revertida com perseverança.
Agora consideremos nossa
posição em comparação com esta mulher:
·
Estrangeira x filhos
·
pouco acesso de viúva x total acesso ao
trono
·
a mulher não tinha um intercessor x nós
temos um advogado
·
ela vai a um tribunal x nós vamos ao trono
da graça
·
ela clama sendo pobre x em cristo temos
todas as riquezas
Nós estamos em uma situação de
todo favorável.
7º Para Deus responder orações
é uma questão de caráter
8º A espera pode matar a fé de
muitos, mas devemos aprender a esperar (Ele achará fé na terra).