SAL
E LUZ – O GRANDE DESAFIO DA ATUALIDADE
sermão entregue a Ad Brás jd São Marcos - Semana jovem
Vós sois o sal da terra; e se
o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para
se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Mateus 5:13-16
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Mateus 5:13-16
Contexto
histórico – O contraste entre o viver cristão e o viver do mundo.
Jesus estava ensinando seus discípulos a respeito da nova
existência após seu chamado. Os destinatários são os discípulos de Jesus de
todas as épocas. Eles são chamados a um modo de viver que é extremamente oposto
ao que os demais homens viviam em seu tempo. As bem-aventuranças são um chamado
a contramão, para viver a contracultura que o reino de Cristo propõe.
A partir de agora o feliz é aquele que mais sofre por causa
da justiça, o que tem fome e sede será farto, o que é manso e constantemente
tenta ser pacífico herdarão uma nova terra.
Se por um lado o mundo tenta propor uma constante cultura vingativa,
indiferente e má, Cristo nos chama a um modo de vida totalmente diferenciado,
carregando consigo uma cruz e nessa nova comunidade a paz reina, a justiça
social impera, os que são perseguidos sorriem, pois, seguem o exemplo de seu
Senhor, os que almejam uma sociedade diferente a alcançam por meio do chamado
de Cristo.
Jesus alerta seus discípulos do fato de que seriam
perseguidos por causa da justiça, que deveriam se atentar na medida em que
serão a contracultura, pois, atrairão após si alguns inimigos, pois, assim como
os profetas eles também seriam extremamente perseguidos por amor ao seu nome.
Há uma hostilidade contra o cristianismo em todas as épocas, o proceder diário dos cristãos verdadeiros tem feito muitos odiarem suas práticas, no século 20 grandes opositores se levantaram contra esse proceder.
Há uma hostilidade contra o cristianismo em todas as épocas, o proceder diário dos cristãos verdadeiros tem feito muitos odiarem suas práticas, no século 20 grandes opositores se levantaram contra esse proceder.
Karl Marx dizia que a religião é o ópio do povo, pois, lhe
cega, lhe impede de batalhar nas guerras da atualidade, o pacifismo cristão
segundo Marx nos faz pensar apenas no futuro e nos conformar com as explorações
de agora, favorece os patrões e perpetua a escravidão. Ainda hoje muitos
adeptos da ideologia de Marx têm total aversão ao cristianismo.
Freud dizia que o cristianismo surgiu para suprir as
frustrações da paternidade que ocorrem ainda na infância, todos almejam um pai
super-herói, porém os anos passam e percebemos que os pais tem falhas e não são
tudo o que imaginávamos ao seu respeito, logo uma frustração cresce com todas
pessoas, a da ausência do “pai-herói” o cristianismo propõe um “pai nosso”, um
pai que tem todo poder, um pai que ama, um pai que se ira contra nossos
inimigos e nos defende, um pai que cuida de nós o tempo todo. Logo o
Cristianismo nasce da fragilidade dos homens. Pessoas bem resolvidas não vão se
tornar adeptas dele, pois, as carências de infância estão bem resolvidas, logo
segundo Freud o cristianismo vem para os frágeis, para pessoas inferiores, para
poder suprir a necessidade humana de fugas. Uns partem para as drogas, outros
para aventuras, outros para sexualidade desenfreada, outros para a religião, a
religião visa ser uma dessas compensações segundo ele.
Nietzsche foi talvez o maior opositor ao cristianismo no
século 20, segundo ele o homem em seu orgulho criou um deus a sua imagem e
semelhança, ou seja, o homem projetou em Deus suas frustrações, seus
sentimentos, um Deus que mata, um Deus que tem sentimentos de ciúmes, que
almeja exclusividade, segundo ele Deus é fruto de nossas fraquezas e orgulho,
projetar em um ser onipotente todos os nossos sentimentos ocultos é o que
tornou esse deus tão popular. A ideia de pecado, culpa, segundo Nietzsche
tornou o mundo negativo.
Quem não se lembra da famosa frase “Deus está morto, nós o
matamos”.
A
última e mais significativa frase dele para a presente reflexão é “Na verdade o
único cristão verdadeiro morreu numa cruz”.
OS
CRISTÃO DEVEM TER PENSAMENTOS NO CÉU E PÉS NO CHÃO
Como demonstrado acima a perseguição ideológica, política e
física aos cristãos está em vigência.
Se o sermão do monte se encerrasse aqui, seríamos tentados
ao isolamento, a nos confinar no próprio mundo, sendo uma contracultura
isolada, um povo a parte, distante de tudo e de todos, pois, todos nos odeiam,
logo é mais seguro e eficaz se manter unido e isolado, porém isso mataria o
cristianismo logo em seu início. Ao discípulo, não basta imitar a Cristo em sua
intimidade, ou vivendo isolado, é preciso também se envolver com um mundo que
nos odeia, um mundo que vai de mal a pior. É esse o convite de Jesus a partir
de agora, todos os conselhos dos versículos anteriores são aplicáveis a vida
prática dos cristãos entre si e dão a entender que o mundo é seu total inimigo,
logo não é bom se envolver com eles.
Essa posição seria relativamente cômoda, pois, bastaria o isolamento, confinamento para manter a segurança necessária para o Cristão.
Essa posição seria relativamente cômoda, pois, bastaria o isolamento, confinamento para manter a segurança necessária para o Cristão.
Se o sermão se encerrasse aqui, a impressão de todos seria
de que a igreja é dispensável, indigna desse mundo, os próprios crentes
viveriam apenas sob a luz do alto, sem os pés no chão. Mas Jesus vem demonstrar
agora não mais a relação do Cristão com o reino de Deus, mas sim para com o
mundo, esse mesmo mundo que nos rejeita, não pode viver sem a igreja.
O Cristão deve pensar no que é de cima, mas com os pés na
terra. A missão se dá aqui.
Jesus nos convida a ir além da zona de segurança, nos
convida a ser de fato o “Ekklesia” chamados para fora. O mundo pode os odiar,
mas o discípulo não deve se isolar, é necessário contato, pois, os campos estão
brancos aguardando quem os cegue, como ouvirão se não há quem pregue? Os
discípulos serão a resposta dos anseios que esse mundo que os odeia possui.
A primeira realidade desse texto é que a terra é perecível,
o mundo está se desfazendo, está em trevas, pouco a pouco seu estado se torna
mais irreversível, expostos como os alimentos dos tempos de Jesus, o mundo
começa a apodrecer, a perder qualidade, textura, gosto, significado e
utilidade.
A
TERRA E O MUNDO EM QUE ESTAMOS
A terra foi despedaçada, está
destruída, totalmente abalada!
A terra cambaleia como um bêbado, balança como uma cabana ao vento; tão pesada sobre ela é a culpa de sua rebelião que cai para nunca mais se levantar!
Isaías 24:19,20
A terra cambaleia como um bêbado, balança como uma cabana ao vento; tão pesada sobre ela é a culpa de sua rebelião que cai para nunca mais se levantar!
Isaías 24:19,20
Nunca esses versículos tiveram tanta vigência como em
nossos dias.
Zigmunth
Bauman dizia:
“A
liquidez da sociedade contemporânea escorre pelos dedos, o que era sólido se
desfez”.
Temos presenciado os pilares da sociedade sendo
relativizados, família não tem mais o mesmo sentido, o amor se esfria, as
relações são descartáveis, não há em quem confiar, não há pessoas para quem
possamos olhar e manter confiança, os homens se traem entre si, os homens se
aborrecem contra os de sua própria casa.
O tráfico de drogas e estende em níveis absurdos, de modo
que com o constante desemprego os jovens estão pouco a pouco partindo para esse
caminho sem volta, cada vez mais cedo os moços são recrutados ao tráfico, crianças
de 10 anos são viciadas e usadas para vender a droga.
Os jovens pouco a pouco se entregam aos vícios e a
filosofia de vida que não visa futuro, apenas a curtição aqui e agora, não
importando o preço a se pagar, estamos em tempos de pessoas sem limites, sem
respeito, letras obscenas, pessoas sem pudor, pessoas que não respeitam pais e
mães, pais e mães que odeiam seus filhos e tentam mata-los. Famílias divididas,
o certo se passando por errado, o errado se passando por certo. Assassinatos
coletivos, chacinas, crimes hediondos, crimes passionais, mortes de crianças,
incentivos para estupros, ensinos para isso, sites especializados em orientação
para abusadores de crianças e estupradores, mortes de pessoas que pensam
diferente, dissolução política, dissolução educacional, greves contínuas,
governos corruptos que oprimem os pobres, governos que roubam até o último
centavo a fim de se manter em seu status.
Guerras e mais guerras, as ameaças contínuas de ataques por
parte da Coreia do Norte, que testa suas bombas, as ameaças de represálias dos
EUA.
Os conflitos entre Rússia e EUA, a tomada do tráfico no RJ,
o pânico no ES, a fome na África que nunca é resolvida, conflitos armados na
Síria, milhares de mortes no mar entre o oriente médio e a Europa, a crise de
refugiados, o terrorismo.
As pessoas estão cada vez mais sem esperança, estão a cada
dia mais céticas. Não há esperança para o futuro, logo há uma tendência muito
forte de que as pessoas busquem fugas, sejam drogas, bebidas, trabalho, ou até
em casos extremos o suicídio.
·
804 mil pessoas cometem suicídio anualmente –
uma morte a cada 40 segundos.
·
Em 2010 – 9,8% das pessoas sofriam depressão no
mundo.
·
400 milhões de pessoas hoje estão depressivas.
·
24.000 pessoas morrem de fome por dia, 9
milhões por ano, sendo que desses 9, 8 milhões são crianças.
·
154 pessoas morrem em decorrência de homicídio
por dia no Brasil, no conflito entre Israel e Palestina que era uma guerra
declarada morriam 66.
·
O mundo está em estado de deterioração, não
será preservado a não ser que algo seja feito.
·
A
IGREJA É O SAL E A LUZ DO MUNDO
Vós sois o sal da terra; e se
o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para
se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Mateus 5:13
Mateus 5:13
O sal era usado para diversas atividades nos tempos de
Jesus, a sua principal função era conservar.
Em viagens longas, expostos ao sol, os peixes, carnes e
diversos alimentos facilmente pereceriam, mas uma vez cobertos por sal, eles teriam
sua validade preservada.
O sal também era aplicado aos sacrifícios oferecidos ao
Senhor, como uma adição a fim de agradar mais a Deus, como uma purificação nos
sacrifícios. Obviamente também havia a questão do tempero, o sal dá gosto, dá
sabor, torna a refeição mais agradável ao paladar.
O sal causa sede, logo ao apontar para o sal, Cristo
almejava que as pessoas ao verem a igreja iriam pouco a pouco pensar em se
filiar a ela.
A realidade sobre ser sal e luz era vigente, nós não
seremos o sal, não pregaremos sobre o sal, não trata-se de algo para o tempo
futuro, é uma realidade vigente: Você é o sal, você é a luz.
Uma vez vocacionados pelo Senhor, nosso estado passa a ser
diferenciado, nós devemos nos envolver além do santuário, devemos partir para
além das quatro paredes do templo, devemos pensar que a partir do momento em
que somos discípulos devemos entender no mínimo duas coisas:
A
primeira delas é que a sociedade, o mundo pode ser restaurado pelo sal, que
qualquer alimento pode ser restaurado pelo sal, que o sal é um tempero
indispensável, que sem ele o apodrecimento dos produtos perecíveis seria
extremamente rápido, portanto sua necessidade é urgente e indispensável. Tudo
pode ser restaurado pelo sal.
A
segunda realidade é que perdemos a opção ao sermos vocacionados, o
livre arbítrio do qual tanto falamos nos foi removido na medida em que nos
propomos a estar no discipulado com Cristo. Há restauração para muitas coisas
pelo sal, só não há restauração para um sal insípido, logo não temos a opção de
não salgar, não preservar, não dar sabor, ou somos sal, ou seremos descartados,
para nada serviremos, a não ser para ser pisados.
Jesus diz essas palavras sobre um monte próximo ao mar da
Galiléia, ao falar sobre o sal, certamente lhe veio à mente as suas funções,
mas também a alternativa de se tornar irrelevante. E é pensando na irrelevância
possível dos discípulos que ele fala sobre o um sal insípido.
Ao citar isso, Jesus aponta para o Jordão que estava a 160
Km de onde estavam.
Todo peixe que saia do Jordão com direção ao mar morto
acabava não resistindo, pois, esse mar não tem saídas, a água desce sobre ele e
se mantém, além disso o mar morto possui dez vezes mais a quantidade de sal dos
demais mares.
Nada vive lá, é um local que faz jus a seu nome.
Por outro lado, ao falar de uma luz que vive escondida,
Jesus se refere aos essênios, eles eram profundos conhecedores das leis de
Deus, um povo que aguardava ansiosamente a vinda do Messias e discernia a lei
como poucos, compreendia a grandeza de Deus, porém viviam isolados, confinados
e não compartilhavam seus conhecimentos sobre Deus com outras pessoas. Eram
como o texto bíblico, uma luz escondida.
É apontando para um mar que possui sal, mas não tem vida e
morre onde está e para um grupo com luz confinada que Jesus diz essas palavras.
Jesus estava apontando para a identidade da igreja bem como
os riscos que ela corre ao não ser o que ele determinou.
1. O bom
sal obrigatoriamente é puro – Questão da santidade
2. O bom
sal deve dar mais sabor – a capacidade de dar significado
3. O sal
deve ter contato com a matéria a fim de produzir o efeito desejado
4. O sal
serve para preservar em validade a superfície do alimento – a igreja como
mantenedora da vida
5. O sal
é a identidade atual dos crentes e não algo futuro
6. O sal
só é útil se salgar, não há utilidades para o material sem sabor.
7. O sal
é purificador de sacrifícios
8. O sal
se referia a identidade, sal que não salga indica crentes sem personalidade,
igreja sem as devidas características
9. O sal
gera sede
10. O sal
não é protagonista
A respeito da Luz
11. A luz
indica o caminho para os demais – A igreja missionária
12. A luz
indica o holofote – A igreja clareando a escuridão do mundo (testemunho).
13. A
igreja não tem luz própria, mas como estrelas reflete a glória da luz
principal, o sol da justiça.
14. A
igreja tal como a lâmpada não se acende só, apenas quando ligada a corrente
elétrica.
15. A luz
deve estar em local visível, logo é necessário a disponibilidade da igreja
16. Cristo
é a luz, mas nos convida a também ser luz nesse mundo.
17. Devemos
ser vistos, estar disponíveis
18. Devemos
ser guias
19. Devemos
ser advertência contínua
Sal insípido, luz posicionada no lugar errado.
É triste constatar que em níveis gerais a igreja está
insípida, não está edificada sobre um monte, não é luz visível.
É com profundo pesar que demonstro abaixo alguns dados que
demonstram nossa irrelevância na sociedade.
·
Há hoje 42 milhões de crentes no Brasil
representam 22% da população segundo o senso de 2010.
·
Desses 60% são pentecostais
·
De 2000 a 2010 o número cresceu em 61%.
·
12.314.410 membros na assembleia de Deus.
·
Boa parte não tem ensino médio completo.
·
18 cidades são consideradas 100% cristãs no
Brasil.
·
Hoje a bancada evangélica possui 74 deputados.
·
São arrecadados anualmente 15 bilhões de reais
nas igrejas
·
São abertas 4.380 igrejas por ano.
·
Doze igrejas com CNPJ por dia.
·
Há pelo menos 26 rádios evangélicas,
desconsiderando nessa conta os programas que tem espeço em rádios “não
evangélicas”
·
Há pelo menos 5 canais evangélicos na TV
aberta.
Não obstante esses números, o número de crimes não para de
crescer, a desonestidade toma conta do Brasil.
Irrelevância
política
O nosso maior representante na política Sr. Eduardo Cunha,
é diácono na assembleia de Deus, tomou as rédeas para o afastamento da antiga
presidenta, esse que fez a maior parte
dos discursos moralistas contra o governo vigente, foi o que estava mais
mergulhado em corrupção, sendo inclusive cassado e posteriormente descoberto em
seu esquema de corrupção.
Lutas
por questões irrelevantes
Nossos representantes têm se esforçado a fim de lutar
apenas por uma causa, a luta contra as agendas da bancada lgbt e de esquerda,
não almejo entrar nas questões de legitimidade dessas pessoas, porém é de se
notar que não há um projeto pedagógico relevante partindo de um Cristão. Não há
estadistas dos quais o povo se orgulha, nosso único representante empossado
numa posição honrosa foi o sr. Marco Feliciano que posteriormente foi expulso
da presidência da comissão dos direitos humanos. Politicamente a igreja é
relevante.
Irrelevância
social
Nas questões sociais a igreja também padece em muitos
lugares, hoje a assembleia de Deus tem até operadora de celular, uma rede
social, mas não abre orfanatos, escolas, não paga estudos aos seus membros, não
incentiva seu povo a estudar.
São raríssimos os exemplos de relevância social de uma
igreja evangélica no Brasil. Preocupa-se com os templos, a estética, a
estrutura, em arrumar cada vez mais seus salões, desconsiderando seus fiéis e
suas demandas.
Irrelevância
cultural
Culturalmente pouca coisa se produz, visto que as músicas
são desprovidas de boas letras, bons arranjos e em boa parte delas o que é
propagado é o ódio e não mais as belas poesias que marcaram gerações. Músicas
como Amazing Grace, são cada vez mais raras.
Hoje cantamos “Sou canela de fogo do reteté de Jeová, estou
nadando no azeite e não consigo parar”.
Letras sem sentido, letras que negam a própria palavra.
Irrelevância na pregação
Nunca o evangelho foi tão propagado e ao mesmo tempo as
pessoas tiveram tanta sede por ouvir todas as palavras de Deus, falam muito
sobre Deus, sobre teologia da prosperidade, mas bem pouco se ouve Deus falar.
Irrelevância
intelectual
A irrelevância se dá academicamente, são pouquíssimas as
produções literárias de autores cristãos que fazem diferença na sociedade em
que estão inseridas, escritores como John Wesley, Edwards, Bonhoeffer, que eram
cristãos e produziram obras que revolucionaram o mundo acadêmico, hoje dão
lugar a Benny Hin, Sara Sheeva. Pessoas que mal conseguem falar, mas que se
arriscam a escrever e atraem milhões de seguidores após si.
Falta
de ícones e referências
A irrelevância se dá também em ícones cristãos: Já tivemos
Lutherking, o presidente que sancionou o fim do apartheid era cristão, já
tivemos Lutero que deu fim a uma era em que os estudos eram proibidos, porém
hoje em dia nossos ícones são uma vergonha: Malafaia, os presidentes de
ministérios, Bolsonaro, são alguns dos patetas que representam a religião
cristã.
A essa altura temos mais de 100 anos de assembleia de Deus
no Brasil, 500 anos de reforma protestante.
Tantas igrejas no Brasil e onde chegamos?
Somos uma cidade edificada sobre os montes? Uma cidade que
é vista e admirada de longe?
A essa altura essa já deveria estar de pé, com fundamentos,
sendo admirada como um organismo inabalável, a imprensa deveria nos procurar
para falar da nossa relevância, porém o que ocorre é o contrário nós buscamos o
tipo de visibilidade errada.
Me pergunto constantemente onde foi parar o sabor do sal?
Alguém ainda tem
sede de ser como nós?
Quais são os motivos que nos levaram a perder o sabor e a
deixar de preservar o mundo?
Onde foi que perdemos o papel de atalaias?
Onde a luz se apagou?
Enumero alguns deles:
O SAL
NO SALEIRO A LÂMPADA PRIVADA:
DUALISMOS
– A CULTURA CRISTÃ
A igreja cristã segundo C.S. Lewis vive um conflito chamado
dualismo.
O dualismo é uma crença de que existe um mundo do mal e um
mundo do bem, lugares do mal e lugares do bem, no mundo do mal satanás domina,
no mundo do bem, Deus domina.
Logo há uma tendência de considerar tudo que é secular como
diabólico e tudo o que é gospel, de Deus.
Devido a isso entendemos que só glorificamos a Deus em um
culto, que só louvamos a Deus ao ensaiar na igreja, ao pregar, só é obra de
Deus quando essa obra acontece no templo.
O dualismo tem levado a igreja a criar um universo a parte,
dialetos particulares:
Terra, vaso, manto, há humor cristão, música cristã, hospital cristão, escola cristã, linguagem cristã, atletas de Cristo, criamos um universo a parte e nos privamos ao saleiro. Sal só é relevante fora do saleiro.
Terra, vaso, manto, há humor cristão, música cristã, hospital cristão, escola cristã, linguagem cristã, atletas de Cristo, criamos um universo a parte e nos privamos ao saleiro. Sal só é relevante fora do saleiro.
Nos tempos de Constantino o cristianismo se tornou senso
comum, religião de todos, logo os mais profanos eram cristãos. Até que alguns
protestaram e citaram o fato de que o discipulado cristão exigia renúncias e a
fim de satisfazer esse anseio acabaram elegendo os monges, esses viveriam em
mosteiros, renunciando tudo.
Lutero foi um deles, abriu mão de tudo, menos de si mesmo
ao entrar para o mosteiro, mas notou que o que Cristo almejava era uma vida
fora do santuário, foi quando então ele rompe com o mosteiro por entender que
ele já era parte do próprio mundo, porém adaptado. A saída de Lutero do
mosteiro para o mundo deu um novo norte ao cristianismo, agora o discipulado
seria entre as carnes que apodrecem, esse mundo que perde sabor, o contato com
a matéria seria indispensável.
Hoje estamos no saleiro, na luz privativa, como as lâmpadas
de livros. Como as luzes de palco exclusivas sobre os protagonistas.
NARCISISMO
– O AMOR PRÓPRIO
“Infelizmente, uma parte desse ensinamento tem permeado a igreja e
há cristãos recomendando que devemos não somente amar a Deus e ao próximo, mas
também a nós mesmos. No entanto, isso é um erro por três razões. Em primeiro
lugar, Jesus falou do “primeiro e grande mandamento” e do “segundo”, mas não
mencionou um terceiro. Em segundo lugar, amor próprio é um dos sinais dos
últimos tempos (2Tm 3.2). Em terceiro lugar, o significado do amor ágape é o
sacrifício próprio em benefício de outros. Sacrificar-se a serviço de si mesmo
é, nitidamente, um contrassenso.
John Stott - O discípulo radical”
Hoje
há uma dificuldade em ser sal, pois, nos amamos demais, pensamos em como ficará
nossa felicidade, pensamos muito sobre o que será de nosso amanhã, a ansiedade,
os cuidados, tem feito a igreja amar a si mesma sob a desculpa de que isso é o
que Deus quer. O amor próprio me faz pensar, porque deveria me envolver com
esse mundo podre? Porque deveria me importar? Onde serei beneficiado nisso?
C.S.
Lewis disse:
“Nós não nascemos para a felicidade, nós nascemos para amar.”
“Nós não nascemos para a felicidade, nós nascemos para amar.”
Receio
que o cristianismo atual esteja a nosso próprio serviço, as luzes poupam brilho
para não se desgastar, o sal não quer se envolver para não sumir, pois, para
ele é interessante se manter junto, com cor, beleza e mantendo sua aparência,
mas Cristo nos chama a sumir.
O
amor próprio nos leva a um egoísmo, cada um vive por si e as comunidades que
deveriam demonstrar união e amor mútuo vivem cada uma por si.
Que
sejamos feridos com o que fere o coração de Deus, de amor sacrificial, que o
senso de urgência nos tome nos tempos atuais.
HEDONISMO
– A PROCURA DE LAZER E DIVERTIMENTO
Sinto que infelizmente estamos tal como Nero ao queimar
Roma, tocamos flauta vendo o mundo se desfazer. Constantemente nos perguntamos
: Onde ficará o nosso divertimento ao nos envolver na missão? E meu lazer?
Quando sobrará tempo para sair? Para me divertir?
Não desconsidero que momentos de descontração são benéficos
a todos, porém tenho notado que infelizmente a igreja contemporânea caiu em
outro extremo, hoje queremos diversão demais, lazer demais.
·
Por 7 anos fui líder dos jovens e me vi muitas
vezes pressionado por pais e jovens que me perguntavam a respeito de quando
faríamos passeios, quando sairíamos para
um lugar legal e pensando nisso negociei dias de culto para sair, para exibir
filmes, reservei dias para pizza, porém o divertimento, entretenimento e
diversão tornaram-se um outro extremo, constantemente quando se falava em qualquer
tipo de contribuição ou participação em coisas sérias, o vigor estava muito
longe de ser o mesmo, pelo contrário.
A igreja da atualidade tem se ocupado sem segurar seus
jovens com entretenimento, com divertimento, em nome disso nossas escolas dominicais
estão vazias, nos ensaios há desfalques, os cultos inclusive a ceia são
trocados por idas ao cinema e somos capazes de mexer em qualquer culto, para
não ser privado de um momento como esse.
A necessidade de diversão está tirando o sabor do sal, está
privando a luz a ambientes fechados.
C.S.
Lewis fala que almejamos não um pai, mas um avô no céu.
COMODISMO
– NOS ESTUDOS, NA LEITURA, NA MISSÃO
Recentemente estive em um culto em que o pastor celebrou a
ceia no recolhimento dos copinhos pediu que cada irmão citasse um versículo a
começar dos obreiros, naquela ocasião de 100 membros presentes, apenas 4
conseguiram recitar versículos e riram disso.
Estamos em tempos de Cristãos que cantam bem, mas não sabem
encontrar um livro da bíblia, tempos em que leem E.L. James, mas não leem
sequer o peregrino que é de fácil compreensão e um clássico da literatura,
tempos em que sabem os títulos e traduções das letras dos artistas favoritos,
mas não sabem quem são os fundadores da assembleia de Deus. Tempos em que os crentes
não estudam, não leem, a nós basta os sermões fracos de sempre, basta que
alguém grite, fale uma língua e toda a massa é manipulada.
Cristãos jovens que não tem plano algum de aprender a
palavra, que nunca leram a bíblia, sendo engolidos por ateus e pessoas comuns
que tem muito mais curiosidade do que o povo cristão.
O comodismo sem dúvidas tem sido um fator que nos leva a
ficar presos ao saleiro, nos leva a pensar que as coisas estão boas assim,
vivemos numa teologia da manutenção, os crentes são bebês, os pastores pais que
os mimam, ou são artistas que se apresentam e seus membros os sustentam.
Precisamos de garra nos tempos atuais para não engolir o
senso comum, seremos sal a medida em que não conformarmos como os demais,
formos peixes nadando contra as correntezas da vida.
O SAL
SEM SABOR – A LÂMPADA QUEIMADA
IMEDIATISMO
E MATERIALISMO:
O diabo ofertou a Jesus a transformação de pedras em pães,
a fim de lhe proporcionar popularidade, pois, quem assim o fizesse ganharia
qualquer pessoa, por interesse, Behaviorismo e teria sobre si todos a
humanidade, dado o fato de que há mais pedras do que pães no mundo.
Jesus se negou a fazer com que seu ministério fosse marcado
por pães, a ele bastava toda a palavra que sai da boca de Deus.
Receio que fizemos o contrário, hoje temos o evangelho do
pão, no lugar do evangelho da palavra. Queremos crescimento imediato por
métodos errados, por interesse. Logo vendemos tal como no tempo antigo
indulgências modernas, ofertamos para ganhar dinheiro, o dinheiro torna-se um
assunto de extrema grandeza em nossas igrejas.
O evangelho do pão promete curas, promete graça barata,
promete perdão se arrependimento, o evangelho do pão tem sido um sucesso em
muitos lugares, os testemunhos de livramentos, prosperidade financeira, alcance
de carros e coisas das mãos de Deus tem sido os de maior celebração entre o
povo de Deus. Somos imediatistas e materialistas. Não sabemos esperar, logo o
mundo nos vê como uma extensão de si mesmo, porém com um garçom que nos serve
ao nosso bel prazer.
O púlpito torna-se um balcão, as bênçãos a
mercadoria, os membros fregueses, a igreja o comércio.
Estamos buscando popularidade por meios errados, está na
hora de retornar ao anseio de ouvir as palavras de Deus.
Ainda que morramos de fome, preferimos as
palavras de Deus.
PLURALISMO
– TODOS CAMINHOS LEVAM A DEUS
Em nome da tolerância e com a
intenção de ganhar mais pessoas, temos negociado verdades que jamais deveriam
ser negociadas. Negamos a supremacia de Cristo, a inerrância das escrituras,
estamos deixando nos dizer “todos os caminhos levam a Deus”. Falta paixão por
Jesus, ser tomados por um zelo que nos faça demonstra o quão bom Deus é.
Estar prontos a dizer a todos
as razões da nossa fé 1° Pedro 3.15.
Falta-nos o sentimento de que
Cristo é único:
“Se alguém provasse que o
evangelho é uma farsa, eu diria: bendita farsa! Porque ela me deu significado,
me deu esperança, me deu a certeza de que há ainda beleza em algum lugar”
Ricardo Gondim
Devemos continuar a
afirmar a imparidade e perfeição de Jesus Cristo. Pois ele é singular em sua
encarnação (o único Deus homem); singular em sua expiação (somente ele morreu
pelos pecados do mundo); e singular em sua ressurreição (somente ele venceu a
morte). E sendo que em nenhuma outra pessoa, a não ser em Jesus de Nazaré, Deus
se tornou humano (em seu nascimento), carregou os nossos pecados (em sua morte)
e triunfou sobre a morte (em sua ressurreição), ele é singularmente competente
para salvar os pecadores. Ninguém mais tem suas qualificações. Assim, podemos
falar sobre Alexandre, o grande, Charles, o grande, Napoleão, o grande, mas não
Jesus, o grande. Ele não é o grande — ele é o Único. Não existe ninguém como
ele. Ele não tem rival nem sucessor.
John Stott - O discípulo
radical.
NEGAÇÕES
PRÁTICAS – ATEÍSMO CRISTÃO
O termo “Ateu cristão” pode soar estranho, porém
constantemente nos deparamos com isso. Falamos de escatologia, falamos de
renúncia, falamos de amor ao próximo e temos certamente os discursos mais
bonitos da história.
Porém a nossa prática nega as palavras que professamos,
perdemos sabor na medida em que as pessoas não conseguem enxergar na prática a
fé que professamos ter e isso é preocupante, vivemos como se Deus não
existisse, não esperamos sua volta, esperamos que sejamos alegres aqui e agora
e em nada nos diferenciamos do mundo. As negações práticas fazem a pessoas
crerem em Deus, mas odiarem a igreja, daí o ateísmo aparece como alternativa de
uma bondade sem deus. Ou os “Cristãos não praticantes” ganham argumento a
medida que a igreja se corrompe e perde cada vez mais.
Mahatma Gandhi Disse uma certa vez:
Eu
Creio no Cristo dos Cristãos, mas não no cristianismo dos Cristãos.
Não
há como ser eficaz negando na prática a fé que professamos, somos o povo do perdão,
das segundas chances, das novas oportunidades, pois, Cristo assim o fez e é por
crer em Cristo que demonstramos em nossas vidas como é ser igual a ele. Somos
luz, pois, ele assim nos designou.
O SAL
MISTURADO – A LUZ SEM FORÇA
·
SINCRETISMOS E EMOCIONALISMOS
·
ESCÂNDALOS
CONTÍNUOS
·
FALTA
DE ORAÇÃO
COMO
SER RELEVANTE NESSES TEMPOS DIFÍCEIS?
1.
SAIR
DO SALEIRO – 1° PD. 2.9 – PV. 11.30
ORAÇÃO SACERDOTAL
2.
AMAR
MAIS O PRÓXIMO
3.
RENÚNCIAR
MAIS – SUMIR NA MATÉRIA
4.
CONSCIÊNCIA
DA IDENTIDADE
5.
SENSO
DE URGÊNCIA
(*)
Gideon Ousley foi um pregador pioneiro no Metodismo nascente. Homem simples,
trabalhava no campo descascando o milho e lançando a palha fora. Sem a retórica
de seus antecessores ele se achava incapaz para ministério. Gideon conta que em
uma oração ouviu a voz de Deus que lhe dizia: – “ Pregue o Evangelho” ao que
ele respondia: “Não sou capaz” ! O Senhor continuou: – “Gideon, você conhece a
enfermidade ?” (sim Senhor) – “Gideon, você conhece o remédio ?”{ (sim Senhor)
– “Então vá e fale da enfermidade e do remédio. O resto é palha”
6.
VOLTAR
AS SAGRADAS ESCRITURAS
7.
VOLTAR
A OBEDIÊNCIA SIMPLES
8.
VOLTAR
A ORAÇÃO
9.
REPENSAR
O NOSSO CULTO
FAZER
TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS
Assim resplandeça a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso
Pai, que está nos céus.
Mateus 5:16
Mateus 5:16