sexta-feira, 28 de julho de 2017

Sal e luz - O grande desafio da atualidade

SAL E LUZ – O GRANDE DESAFIO DA ATUALIDADE

sermão entregue a Ad Brás jd São Marcos - Semana jovem

Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Mateus 5:13-16

Contexto histórico – O contraste entre o viver cristão e o viver do mundo.
Jesus estava ensinando seus discípulos a respeito da nova existência após seu chamado. Os destinatários são os discípulos de Jesus de todas as épocas. Eles são chamados a um modo de viver que é extremamente oposto ao que os demais homens viviam em seu tempo. As bem-aventuranças são um chamado a contramão, para viver a contracultura que o reino de Cristo propõe.
A partir de agora o feliz é aquele que mais sofre por causa da justiça, o que tem fome e sede será farto, o que é manso e constantemente tenta ser pacífico herdarão uma nova terra.
Se por um lado o mundo tenta propor uma constante cultura vingativa, indiferente e má, Cristo nos chama a um modo de vida totalmente diferenciado, carregando consigo uma cruz e nessa nova comunidade a paz reina, a justiça social impera, os que são perseguidos sorriem, pois, seguem o exemplo de seu Senhor, os que almejam uma sociedade diferente a alcançam por meio do chamado de Cristo.
Jesus alerta seus discípulos do fato de que seriam perseguidos por causa da justiça, que deveriam se atentar na medida em que serão a contracultura, pois, atrairão após si alguns inimigos, pois, assim como os profetas eles também seriam extremamente perseguidos por amor ao seu nome.
Há uma hostilidade contra o cristianismo em todas as épocas, o proceder diário dos cristãos verdadeiros tem feito muitos odiarem suas práticas, no século 20 grandes opositores se levantaram contra esse proceder.
Karl Marx dizia que a religião é o ópio do povo, pois, lhe cega, lhe impede de batalhar nas guerras da atualidade, o pacifismo cristão segundo Marx nos faz pensar apenas no futuro e nos conformar com as explorações de agora, favorece os patrões e perpetua a escravidão. Ainda hoje muitos adeptos da ideologia de Marx têm total aversão ao cristianismo.
Freud dizia que o cristianismo surgiu para suprir as frustrações da paternidade que ocorrem ainda na infância, todos almejam um pai super-herói, porém os anos passam e percebemos que os pais tem falhas e não são tudo o que imaginávamos ao seu respeito, logo uma frustração cresce com todas pessoas, a da ausência do “pai-herói” o cristianismo propõe um “pai nosso”, um pai que tem todo poder, um pai que ama, um pai que se ira contra nossos inimigos e nos defende, um pai que cuida de nós o tempo todo. Logo o Cristianismo nasce da fragilidade dos homens. Pessoas bem resolvidas não vão se tornar adeptas dele, pois, as carências de infância estão bem resolvidas, logo segundo Freud o cristianismo vem para os frágeis, para pessoas inferiores, para poder suprir a necessidade humana de fugas. Uns partem para as drogas, outros para aventuras, outros para sexualidade desenfreada, outros para a religião, a religião visa ser uma dessas compensações segundo ele.
Nietzsche foi talvez o maior opositor ao cristianismo no século 20, segundo ele o homem em seu orgulho criou um deus a sua imagem e semelhança, ou seja, o homem projetou em Deus suas frustrações, seus sentimentos, um Deus que mata, um Deus que tem sentimentos de ciúmes, que almeja exclusividade, segundo ele Deus é fruto de nossas fraquezas e orgulho, projetar em um ser onipotente todos os nossos sentimentos ocultos é o que tornou esse deus tão popular. A ideia de pecado, culpa, segundo Nietzsche tornou o mundo negativo.
Quem não se lembra da famosa frase “Deus está morto, nós o matamos”.
A última e mais significativa frase dele para a presente reflexão é “Na verdade o único cristão verdadeiro morreu numa cruz”.

OS CRISTÃO DEVEM TER PENSAMENTOS NO CÉU E PÉS NO CHÃO
Como demonstrado acima a perseguição ideológica, política e física aos cristãos está em vigência.
Se o sermão do monte se encerrasse aqui, seríamos tentados ao isolamento, a nos confinar no próprio mundo, sendo uma contracultura isolada, um povo a parte, distante de tudo e de todos, pois, todos nos odeiam, logo é mais seguro e eficaz se manter unido e isolado, porém isso mataria o cristianismo logo em seu início. Ao discípulo, não basta imitar a Cristo em sua intimidade, ou vivendo isolado, é preciso também se envolver com um mundo que nos odeia, um mundo que vai de mal a pior. É esse o convite de Jesus a partir de agora, todos os conselhos dos versículos anteriores são aplicáveis a vida prática dos cristãos entre si e dão a entender que o mundo é seu total inimigo, logo não é bom se envolver com eles.
Essa posição seria relativamente cômoda, pois, bastaria o isolamento, confinamento para manter a segurança necessária para o Cristão.
Se o sermão se encerrasse aqui, a impressão de todos seria de que a igreja é dispensável, indigna desse mundo, os próprios crentes viveriam apenas sob a luz do alto, sem os pés no chão. Mas Jesus vem demonstrar agora não mais a relação do Cristão com o reino de Deus, mas sim para com o mundo, esse mesmo mundo que nos rejeita, não pode viver sem a igreja.
O Cristão deve pensar no que é de cima, mas com os pés na terra. A missão se dá aqui.
Jesus nos convida a ir além da zona de segurança, nos convida a ser de fato o “Ekklesia” chamados para fora. O mundo pode os odiar, mas o discípulo não deve se isolar, é necessário contato, pois, os campos estão brancos aguardando quem os cegue, como ouvirão se não há quem pregue? Os discípulos serão a resposta dos anseios que esse mundo que os odeia possui.
A primeira realidade desse texto é que a terra é perecível, o mundo está se desfazendo, está em trevas, pouco a pouco seu estado se torna mais irreversível, expostos como os alimentos dos tempos de Jesus, o mundo começa a apodrecer, a perder qualidade, textura, gosto, significado e utilidade.


A TERRA E O MUNDO EM QUE ESTAMOS

A terra foi despedaçada, está destruída, totalmente abalada!
A terra cambaleia como um bêbado, balança como uma cabana ao vento; tão pesada sobre ela é a culpa de sua rebelião que cai para nunca mais se levantar!
Isaías 24:19,20

Nunca esses versículos tiveram tanta vigência como em nossos dias.
Zigmunth Bauman dizia:
“A liquidez da sociedade contemporânea escorre pelos dedos, o que era sólido se desfez”.
Temos presenciado os pilares da sociedade sendo relativizados, família não tem mais o mesmo sentido, o amor se esfria, as relações são descartáveis, não há em quem confiar, não há pessoas para quem possamos olhar e manter confiança, os homens se traem entre si, os homens se aborrecem contra os de sua própria casa.
O tráfico de drogas e estende em níveis absurdos, de modo que com o constante desemprego os jovens estão pouco a pouco partindo para esse caminho sem volta, cada vez mais cedo os moços são recrutados ao tráfico, crianças de 10 anos são viciadas e usadas para vender a droga.
Os jovens pouco a pouco se entregam aos vícios e a filosofia de vida que não visa futuro, apenas a curtição aqui e agora, não importando o preço a se pagar, estamos em tempos de pessoas sem limites, sem respeito, letras obscenas, pessoas sem pudor, pessoas que não respeitam pais e mães, pais e mães que odeiam seus filhos e tentam mata-los. Famílias divididas, o certo se passando por errado, o errado se passando por certo. Assassinatos coletivos, chacinas, crimes hediondos, crimes passionais, mortes de crianças, incentivos para estupros, ensinos para isso, sites especializados em orientação para abusadores de crianças e estupradores, mortes de pessoas que pensam diferente, dissolução política, dissolução educacional, greves contínuas, governos corruptos que oprimem os pobres, governos que roubam até o último centavo a fim de se manter em seu status.
Guerras e mais guerras, as ameaças contínuas de ataques por parte da Coreia do Norte, que testa suas bombas, as ameaças de represálias dos EUA.
Os conflitos entre Rússia e EUA, a tomada do tráfico no RJ, o pânico no ES, a fome na África que nunca é resolvida, conflitos armados na Síria, milhares de mortes no mar entre o oriente médio e a Europa, a crise de refugiados, o terrorismo.
As pessoas estão cada vez mais sem esperança, estão a cada dia mais céticas. Não há esperança para o futuro, logo há uma tendência muito forte de que as pessoas busquem fugas, sejam drogas, bebidas, trabalho, ou até em casos extremos o suicídio.
·         804 mil pessoas cometem suicídio anualmente – uma morte a cada 40 segundos.
·         Em 2010 – 9,8% das pessoas sofriam depressão no mundo.
·         400 milhões de pessoas hoje estão depressivas.
·         24.000 pessoas morrem de fome por dia, 9 milhões por ano, sendo que desses 9, 8 milhões são crianças.
·         154 pessoas morrem em decorrência de homicídio por dia no Brasil, no conflito entre Israel e Palestina que era uma guerra declarada morriam 66.
·         O mundo está em estado de deterioração, não será preservado a não ser que algo seja feito.


·         
A IGREJA É O SAL E A LUZ DO MUNDO

Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Mateus 5:13
O sal era usado para diversas atividades nos tempos de Jesus, a sua principal função era conservar.
Em viagens longas, expostos ao sol, os peixes, carnes e diversos alimentos facilmente pereceriam, mas uma vez cobertos por sal, eles teriam sua validade preservada.
O sal também era aplicado aos sacrifícios oferecidos ao Senhor, como uma adição a fim de agradar mais a Deus, como uma purificação nos sacrifícios. Obviamente também havia a questão do tempero, o sal dá gosto, dá sabor, torna a refeição mais agradável ao paladar.
O sal causa sede, logo ao apontar para o sal, Cristo almejava que as pessoas ao verem a igreja iriam pouco a pouco pensar em se filiar a ela.
A realidade sobre ser sal e luz era vigente, nós não seremos o sal, não pregaremos sobre o sal, não trata-se de algo para o tempo futuro, é uma realidade vigente: Você é o sal, você é a luz.
Uma vez vocacionados pelo Senhor, nosso estado passa a ser diferenciado, nós devemos nos envolver além do santuário, devemos partir para além das quatro paredes do templo, devemos pensar que a partir do momento em que somos discípulos devemos entender no mínimo duas coisas:

A primeira delas é que a sociedade, o mundo pode ser restaurado pelo sal, que qualquer alimento pode ser restaurado pelo sal, que o sal é um tempero indispensável, que sem ele o apodrecimento dos produtos perecíveis seria extremamente rápido, portanto sua necessidade é urgente e indispensável. Tudo pode ser restaurado pelo sal.
A segunda realidade é que perdemos a opção ao sermos vocacionados, o livre arbítrio do qual tanto falamos nos foi removido na medida em que nos propomos a estar no discipulado com Cristo. Há restauração para muitas coisas pelo sal, só não há restauração para um sal insípido, logo não temos a opção de não salgar, não preservar, não dar sabor, ou somos sal, ou seremos descartados, para nada serviremos, a não ser para ser pisados.
Jesus diz essas palavras sobre um monte próximo ao mar da Galiléia, ao falar sobre o sal, certamente lhe veio à mente as suas funções, mas também a alternativa de se tornar irrelevante. E é pensando na irrelevância possível dos discípulos que ele fala sobre o um sal insípido.
Ao citar isso, Jesus aponta para o Jordão que estava a 160 Km de onde estavam.
Todo peixe que saia do Jordão com direção ao mar morto acabava não resistindo, pois, esse mar não tem saídas, a água desce sobre ele e se mantém, além disso o mar morto possui dez vezes mais a quantidade de sal dos demais mares.
Nada vive lá, é um local que faz jus a seu nome.
Por outro lado, ao falar de uma luz que vive escondida, Jesus se refere aos essênios, eles eram profundos conhecedores das leis de Deus, um povo que aguardava ansiosamente a vinda do Messias e discernia a lei como poucos, compreendia a grandeza de Deus, porém viviam isolados, confinados e não compartilhavam seus conhecimentos sobre Deus com outras pessoas. Eram como o texto bíblico, uma luz escondida.

É apontando para um mar que possui sal, mas não tem vida e morre onde está e para um grupo com luz confinada que Jesus diz essas palavras.
Jesus estava apontando para a identidade da igreja bem como os riscos que ela corre ao não ser o que ele determinou.

1.    O bom sal obrigatoriamente é puro – Questão da santidade
2.    O bom sal deve dar mais sabor – a capacidade de dar significado
3.    O sal deve ter contato com a matéria a fim de produzir o efeito desejado
4.    O sal serve para preservar em validade a superfície do alimento – a igreja como mantenedora da vida
5.    O sal é a identidade atual dos crentes e não algo futuro
6.    O sal só é útil se salgar, não há utilidades para o material sem sabor.
7.    O sal é purificador de sacrifícios
8.    O sal se referia a identidade, sal que não salga indica crentes sem personalidade, igreja sem as devidas características
9.    O sal gera sede
10. O sal não é protagonista


A respeito da Luz

11. A luz indica o caminho para os demais – A igreja missionária
12. A luz indica o holofote – A igreja clareando a escuridão do mundo (testemunho).
13. A igreja não tem luz própria, mas como estrelas reflete a glória da luz principal, o sol da justiça.
14. A igreja tal como a lâmpada não se acende só, apenas quando ligada a corrente elétrica.
15. A luz deve estar em local visível, logo é necessário a disponibilidade da igreja
16. Cristo é a luz, mas nos convida a também ser luz nesse mundo.
17. Devemos ser vistos, estar disponíveis
18. Devemos ser guias
19. Devemos ser advertência contínua

Sal insípido, luz posicionada no lugar errado.


É triste constatar que em níveis gerais a igreja está insípida, não está edificada sobre um monte, não é luz visível.
É com profundo pesar que demonstro abaixo alguns dados que demonstram nossa irrelevância na sociedade.
·         Há hoje 42 milhões de crentes no Brasil representam 22% da população segundo o senso de 2010.
·         Desses 60% são pentecostais
·         De 2000 a 2010 o número cresceu em 61%.
·         12.314.410 membros na assembleia de Deus.
·         Boa parte não tem ensino médio completo.
·         18 cidades são consideradas 100% cristãs no Brasil.
·         Hoje a bancada evangélica possui 74 deputados.
·         São arrecadados anualmente 15 bilhões de reais nas igrejas
·         São abertas 4.380 igrejas por ano.
·         Doze igrejas com CNPJ por dia.
·         Há pelo menos 26 rádios evangélicas, desconsiderando nessa conta os programas que tem espeço em rádios “não evangélicas”
·         Há pelo menos 5 canais evangélicos na TV aberta.


Não obstante esses números, o número de crimes não para de crescer, a desonestidade toma conta do Brasil.
Irrelevância política
O nosso maior representante na política Sr. Eduardo Cunha, é diácono na assembleia de Deus, tomou as rédeas para o afastamento da antiga presidenta,  esse que fez a maior parte dos discursos moralistas contra o governo vigente, foi o que estava mais mergulhado em corrupção, sendo inclusive cassado e posteriormente descoberto em seu esquema de corrupção.
Lutas por questões irrelevantes
Nossos representantes têm se esforçado a fim de lutar apenas por uma causa, a luta contra as agendas da bancada lgbt e de esquerda, não almejo entrar nas questões de legitimidade dessas pessoas, porém é de se notar que não há um projeto pedagógico relevante partindo de um Cristão. Não há estadistas dos quais o povo se orgulha, nosso único representante empossado numa posição honrosa foi o sr. Marco Feliciano que posteriormente foi expulso da presidência da comissão dos direitos humanos. Politicamente a igreja é relevante.

Irrelevância social
Nas questões sociais a igreja também padece em muitos lugares, hoje a assembleia de Deus tem até operadora de celular, uma rede social, mas não abre orfanatos, escolas, não paga estudos aos seus membros, não incentiva seu povo a estudar.
São raríssimos os exemplos de relevância social de uma igreja evangélica no Brasil. Preocupa-se com os templos, a estética, a estrutura, em arrumar cada vez mais seus salões, desconsiderando seus fiéis e suas demandas.

Irrelevância cultural
Culturalmente pouca coisa se produz, visto que as músicas são desprovidas de boas letras, bons arranjos e em boa parte delas o que é propagado é o ódio e não mais as belas poesias que marcaram gerações. Músicas como Amazing Grace, são cada vez mais raras.
Hoje cantamos “Sou canela de fogo do reteté de Jeová, estou nadando no azeite e não consigo parar”.
Letras sem sentido, letras que negam a própria palavra.
Irrelevância na pregação
Nunca o evangelho foi tão propagado e ao mesmo tempo as pessoas tiveram tanta sede por ouvir todas as palavras de Deus, falam muito sobre Deus, sobre teologia da prosperidade, mas bem pouco se ouve Deus falar.

Irrelevância intelectual
A irrelevância se dá academicamente, são pouquíssimas as produções literárias de autores cristãos que fazem diferença na sociedade em que estão inseridas, escritores como John Wesley, Edwards, Bonhoeffer, que eram cristãos e produziram obras que revolucionaram o mundo acadêmico, hoje dão lugar a Benny Hin, Sara Sheeva. Pessoas que mal conseguem falar, mas que se arriscam a escrever e atraem milhões de seguidores após si.
Falta de ícones e referências
A irrelevância se dá também em ícones cristãos: Já tivemos Lutherking, o presidente que sancionou o fim do apartheid era cristão, já tivemos Lutero que deu fim a uma era em que os estudos eram proibidos, porém hoje em dia nossos ícones são uma vergonha: Malafaia, os presidentes de ministérios, Bolsonaro, são alguns dos patetas que representam a religião cristã.

não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Mateus 5:14
A essa altura temos mais de 100 anos de assembleia de Deus no Brasil, 500 anos de reforma protestante.
Tantas igrejas no Brasil e onde chegamos?
Somos uma cidade edificada sobre os montes? Uma cidade que é vista e admirada de longe?
A essa altura essa já deveria estar de pé, com fundamentos, sendo admirada como um organismo inabalável, a imprensa deveria nos procurar para falar da nossa relevância, porém o que ocorre é o contrário nós buscamos o tipo de visibilidade errada.


Me pergunto constantemente onde foi parar o sabor do sal?
 Alguém ainda tem sede de ser como nós?
Quais são os motivos que nos levaram a perder o sabor e a deixar de preservar o mundo?
Onde foi que perdemos o papel de atalaias?
Onde a luz se apagou?











Enumero alguns deles:
O SAL NO SALEIRO A LÂMPADA PRIVADA:

DUALISMOS – A CULTURA CRISTÃ
A igreja cristã segundo C.S. Lewis vive um conflito chamado dualismo.
O dualismo é uma crença de que existe um mundo do mal e um mundo do bem, lugares do mal e lugares do bem, no mundo do mal satanás domina, no mundo do bem, Deus domina.
Logo há uma tendência de considerar tudo que é secular como diabólico e tudo o que é gospel, de Deus.
Devido a isso entendemos que só glorificamos a Deus em um culto, que só louvamos a Deus ao ensaiar na igreja, ao pregar, só é obra de Deus quando essa obra acontece no templo.
O dualismo tem levado a igreja a criar um universo a parte, dialetos particulares:
Terra, vaso, manto, há humor cristão, música cristã, hospital cristão, escola cristã, linguagem cristã, atletas de Cristo, criamos um universo a parte e nos privamos ao saleiro. Sal só é relevante fora do saleiro.
Nos tempos de Constantino o cristianismo se tornou senso comum, religião de todos, logo os mais profanos eram cristãos. Até que alguns protestaram e citaram o fato de que o discipulado cristão exigia renúncias e a fim de satisfazer esse anseio acabaram elegendo os monges, esses viveriam em mosteiros, renunciando tudo.
Lutero foi um deles, abriu mão de tudo, menos de si mesmo ao entrar para o mosteiro, mas notou que o que Cristo almejava era uma vida fora do santuário, foi quando então ele rompe com o mosteiro por entender que ele já era parte do próprio mundo, porém adaptado. A saída de Lutero do mosteiro para o mundo deu um novo norte ao cristianismo, agora o discipulado seria entre as carnes que apodrecem, esse mundo que perde sabor, o contato com a matéria seria indispensável.
Hoje estamos no saleiro, na luz privativa, como as lâmpadas de livros. Como as luzes de palco exclusivas sobre os protagonistas.





NARCISISMO – O AMOR PRÓPRIO
“Infelizmente, uma parte desse ensinamento tem permeado a igreja e há cristãos recomendando que devemos não somente amar a Deus e ao próximo, mas também a nós mesmos. No entanto, isso é um erro por três razões. Em primeiro lugar, Jesus falou do “primeiro e grande mandamento” e do “segundo”, mas não mencionou um terceiro. Em segundo lugar, amor próprio é um dos sinais dos últimos tempos (2Tm 3.2). Em terceiro lugar, o significado do amor ágape é o sacrifício próprio em benefício de outros. Sacrificar-se a serviço de si mesmo é, nitidamente, um contrassenso.

John Stott - O discípulo radical”


Hoje há uma dificuldade em ser sal, pois, nos amamos demais, pensamos em como ficará nossa felicidade, pensamos muito sobre o que será de nosso amanhã, a ansiedade, os cuidados, tem feito a igreja amar a si mesma sob a desculpa de que isso é o que Deus quer. O amor próprio me faz pensar, porque deveria me envolver com esse mundo podre? Porque deveria me importar? Onde serei beneficiado nisso?
C.S. Lewis disse:
“Nós não nascemos para a felicidade, nós nascemos para amar.”

Receio que o cristianismo atual esteja a nosso próprio serviço, as luzes poupam brilho para não se desgastar, o sal não quer se envolver para não sumir, pois, para ele é interessante se manter junto, com cor, beleza e mantendo sua aparência, mas Cristo nos chama a sumir.
O amor próprio nos leva a um egoísmo, cada um vive por si e as comunidades que deveriam demonstrar união e amor mútuo vivem cada uma por si.
Que sejamos feridos com o que fere o coração de Deus, de amor sacrificial, que o senso de urgência nos tome nos tempos atuais.

HEDONISMO – A PROCURA DE LAZER E DIVERTIMENTO

Sinto que infelizmente estamos tal como Nero ao queimar Roma, tocamos flauta vendo o mundo se desfazer. Constantemente nos perguntamos : Onde ficará o nosso divertimento ao nos envolver na missão? E meu lazer?
Quando sobrará tempo para sair? Para me divertir?
Não desconsidero que momentos de descontração são benéficos a todos, porém tenho notado que infelizmente a igreja contemporânea caiu em outro extremo, hoje queremos diversão demais, lazer demais.
·         Por 7 anos fui líder dos jovens e me vi muitas vezes pressionado por pais e jovens que me perguntavam a respeito de quando faríamos passeios, quando sairíamos  para um lugar legal e pensando nisso negociei dias de culto para sair, para exibir filmes, reservei dias para pizza, porém o divertimento, entretenimento e diversão tornaram-se um outro extremo, constantemente quando se falava em qualquer tipo de contribuição ou participação em coisas sérias, o vigor estava muito longe de ser o mesmo, pelo contrário.
A igreja da atualidade tem se ocupado sem segurar seus jovens com entretenimento, com divertimento, em nome disso nossas escolas dominicais estão vazias, nos ensaios há desfalques, os cultos inclusive a ceia são trocados por idas ao cinema e somos capazes de mexer em qualquer culto, para não ser privado de um momento como esse.
A necessidade de diversão está tirando o sabor do sal, está privando a luz a ambientes fechados.
C.S. Lewis fala que almejamos não um pai, mas um avô no céu.

COMODISMO – NOS ESTUDOS, NA LEITURA, NA MISSÃO
           
Recentemente estive em um culto em que o pastor celebrou a ceia no recolhimento dos copinhos pediu que cada irmão citasse um versículo a começar dos obreiros, naquela ocasião de 100 membros presentes, apenas 4 conseguiram recitar versículos e riram disso.
Estamos em tempos de Cristãos que cantam bem, mas não sabem encontrar um livro da bíblia, tempos em que leem E.L. James, mas não leem sequer o peregrino que é de fácil compreensão e um clássico da literatura, tempos em que sabem os títulos e traduções das letras dos artistas favoritos, mas não sabem quem são os fundadores da assembleia de Deus. Tempos em que os crentes não estudam, não leem, a nós basta os sermões fracos de sempre, basta que alguém grite, fale uma língua e toda a massa é manipulada.
Cristãos jovens que não tem plano algum de aprender a palavra, que nunca leram a bíblia, sendo engolidos por ateus e pessoas comuns que tem muito mais curiosidade do que o povo cristão.
O comodismo sem dúvidas tem sido um fator que nos leva a ficar presos ao saleiro, nos leva a pensar que as coisas estão boas assim, vivemos numa teologia da manutenção, os crentes são bebês, os pastores pais que os mimam, ou são artistas que se apresentam e seus membros os sustentam.
Precisamos de garra nos tempos atuais para não engolir o senso comum, seremos sal a medida em que não conformarmos como os demais, formos peixes nadando contra as correntezas da vida.




O SAL SEM SABOR – A LÂMPADA QUEIMADA
IMEDIATISMO E MATERIALISMO:
O diabo ofertou a Jesus a transformação de pedras em pães, a fim de lhe proporcionar popularidade, pois, quem assim o fizesse ganharia qualquer pessoa, por interesse, Behaviorismo e teria sobre si todos a humanidade, dado o fato de que há mais pedras do que pães no mundo.
Jesus se negou a fazer com que seu ministério fosse marcado por pães, a ele bastava toda a palavra que sai da boca de Deus.
Receio que fizemos o contrário, hoje temos o evangelho do pão, no lugar do evangelho da palavra. Queremos crescimento imediato por métodos errados, por interesse. Logo vendemos tal como no tempo antigo indulgências modernas, ofertamos para ganhar dinheiro, o dinheiro torna-se um assunto de extrema grandeza em nossas igrejas.
O evangelho do pão promete curas, promete graça barata, promete perdão se arrependimento, o evangelho do pão tem sido um sucesso em muitos lugares, os testemunhos de livramentos, prosperidade financeira, alcance de carros e coisas das mãos de Deus tem sido os de maior celebração entre o povo de Deus. Somos imediatistas e materialistas. Não sabemos esperar, logo o mundo nos vê como uma extensão de si mesmo, porém com um garçom que nos serve ao nosso bel prazer.
O púlpito torna-se um balcão, as bênçãos a mercadoria, os membros fregueses, a igreja o comércio.
Estamos buscando popularidade por meios errados, está na hora de retornar ao anseio de ouvir as palavras de Deus.
Ainda que morramos de fome, preferimos as palavras de Deus.





PLURALISMO – TODOS CAMINHOS LEVAM A DEUS

Em nome da tolerância e com a intenção de ganhar mais pessoas, temos negociado verdades que jamais deveriam ser negociadas. Negamos a supremacia de Cristo, a inerrância das escrituras, estamos deixando nos dizer “todos os caminhos levam a Deus”. Falta paixão por Jesus, ser tomados por um zelo que nos faça demonstra o quão bom Deus é.
Estar prontos a dizer a todos as razões da nossa fé 1° Pedro 3.15.
Falta-nos o sentimento de que Cristo é único:
“Se alguém provasse que o evangelho é uma farsa, eu diria: bendita farsa! Porque ela me deu significado, me deu esperança, me deu a certeza de que há ainda beleza em algum lugar” Ricardo Gondim

 Devemos continuar a afirmar a imparidade e perfeição de Jesus Cristo. Pois ele é singular em sua encarnação (o único Deus homem); singular em sua expiação (somente ele morreu pelos pecados do mundo); e singular em sua ressurreição (somente ele venceu a morte). E sendo que em nenhuma outra pessoa, a não ser em Jesus de Nazaré, Deus se tornou humano (em seu nascimento), carregou os nossos pecados (em sua morte) e triunfou sobre a morte (em sua ressurreição), ele é singularmente competente para salvar os pecadores. Ninguém mais tem suas qualificações. Assim, podemos falar sobre Alexandre, o grande, Charles, o grande, Napoleão, o grande, mas não Jesus, o grande. Ele não é o grande — ele é o Único. Não existe ninguém como ele. Ele não tem rival nem sucessor.

John Stott - O discípulo radical.




NEGAÇÕES PRÁTICAS – ATEÍSMO CRISTÃO   

O termo “Ateu cristão” pode soar estranho, porém constantemente nos deparamos com isso. Falamos de escatologia, falamos de renúncia, falamos de amor ao próximo e temos certamente os discursos mais bonitos da história.
Porém a nossa prática nega as palavras que professamos, perdemos sabor na medida em que as pessoas não conseguem enxergar na prática a fé que professamos ter e isso é preocupante, vivemos como se Deus não existisse, não esperamos sua volta, esperamos que sejamos alegres aqui e agora e em nada nos diferenciamos do mundo. As negações práticas fazem a pessoas crerem em Deus, mas odiarem a igreja, daí o ateísmo aparece como alternativa de uma bondade sem deus. Ou os “Cristãos não praticantes” ganham argumento a medida que a igreja se corrompe e perde cada vez mais.

Mahatma Gandhi Disse uma certa vez:
Eu Creio no Cristo dos Cristãos, mas não no cristianismo dos Cristãos.

Não há como ser eficaz negando na prática a fé que professamos, somos o povo do perdão, das segundas chances, das novas oportunidades, pois, Cristo assim o fez e é por crer em Cristo que demonstramos em nossas vidas como é ser igual a ele. Somos luz, pois, ele assim nos designou.




O SAL MISTURADO – A LUZ SEM FORÇA

·         SINCRETISMOS E EMOCIONALISMOS         
·         ESCÂNDALOS CONTÍNUOS
·         FALTA DE ORAÇÃO

COMO SER RELEVANTE NESSES TEMPOS DIFÍCEIS?

1.    SAIR DO SALEIRO – 1° PD. 2.9 – PV. 11.30
 ORAÇÃO SACERDOTAL
2.    AMAR MAIS O PRÓXIMO
3.    RENÚNCIAR MAIS – SUMIR NA MATÉRIA
4.    CONSCIÊNCIA DA IDENTIDADE
5.    SENSO DE URGÊNCIA
(*) Gideon Ousley foi um pregador pioneiro no Metodismo nascente. Homem simples, trabalhava no campo descascando o milho e lançando a palha fora. Sem a retórica de seus antecessores ele se achava incapaz para ministério. Gideon conta que em uma oração ouviu a voz de Deus que lhe dizia: – “ Pregue o Evangelho” ao que ele respondia: “Não sou capaz” ! O Senhor continuou: – “Gideon, você conhece a enfermidade ?” (sim Senhor) – “Gideon, você conhece o remédio ?”{ (sim Senhor) – “Então vá e fale da enfermidade e do remédio. O resto é palha” http://img.anotacoes.org/img-empregobaixada.gif

6.    VOLTAR AS SAGRADAS ESCRITURAS
7.    VOLTAR A OBEDIÊNCIA SIMPLES
8.    VOLTAR A ORAÇÃO
9.    REPENSAR O NOSSO CULTO
FAZER TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS


Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Mateus 5:16

A TENTAÇÃO DE JESUS - 2° PARTE

Sermão entregue a AD Brás Jd Guarujá II – 2° Culto de ensino.
A TENTAÇÃO DE JESUS – PARTE 2

Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo,
Mateus 4:5

Jesus havia acabado de declarar que sua confiança estava posta nas palavras que saem da boca de Deus, tratava-se de uma declaração de fé e segurança nas palavras de Deus. Jesus foi capaz de rejeitar pão e popularidade, pois, confiava no que Deus disse a respeito do caminho que deveria trilhar bem como seus planos.
Essa primeira tentação era sobre sua carne, sobre sua popularidade. Agora a tentação é em seus sentimentos, seu espírito. O Diabo transporta Jesus para a cidade santa, colocando-o sobre o pináculo do templo.

E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra.
Mateus 4:6

O pináculo do templo provavelmente se refere ao lado do templo que dá para o vale de Cedrom. Do pináculo ao vale do rio Cedrom haviam 150 metros de altura.
Mateus se refere a Jerusalém como a cidade Santa, pois, assim os judeus a compreendiam.


Grande é o SENHOR e mui digno de louvor, na cidade do nosso Deus, no seu monte santo.
Formoso de sítio, e alegria de toda a terra é o monte Sião sobre os lados do norte, a cidade do grande Rei.
Salmos 48:1,2

A cidade Davi, de seu trono, de sua dinastia eterna.
A cidade da casa de Deus, onde ele prometeu estar para sempre
A Cidade onde pessoas de todo o mundo vinham para comemorar as festas religiosas, em resumo a cidade Santa.
O diabo lhe leva ao ponto mais alto do templo, consequentemente, o ponto mais alto da cidade. Lhe propõe que pule de lá.
Quais são as intenções do diabo ao propor isso? O que estava em jogo nessa segunda tentação? Assim como na primeira tentação citada, o diabo almeja prejudicar Jesus, fazendo o mal passar por bem.

O tempo era semanalmente visitado por inúmeras pessoas, não se sabe ao certo a que horas Jesus foi tentado, nem se havia uma grande multidão no templo.
Porém o fato é que todos que contemplassem um homem vindo do templo logo creriam.
Seria um atalho tentador para Jesus ser aclamado, na verdade daria até menos trabalho do que transformar as pedras em pães, pense comigo, qualquer pessoa que subisse ao templo na hora dos sacrifícios e simplesmente pulasse sem se machucar seria altamente confiável sob a ótica dos judeus, visto que havia uma promessa no Antigo Testamento que apontava para um evento relacionado ao Messias e o templo.
e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos.
Malaquias 3:1
O texto de Malaquias fala sobre uma vinda repentina do Messias ao templo, essa seria a aparição perfeita, um salto do pináculo do templo, a aprovação religiosa estaria garantida, todos reconheceriam na hora que o Messias estava entre eles.

A proposta de Satanás se inicia igual a outra vez:
Se tu és o filho de Deus lança-te daqui.
Sempre o inimigo dirá coisas que colocarão em xeque nossa identidade, personalidade e convicções, ainda que tudo esteja garantido na palavra de Deus.
Mas a partir do momento que depositamos a confiança totalmente em Deus, o diabo investe para que tenhamos dúvidas da eficácia de sua palavra, para isso, nosso adversário é capaz de usar a própria palavra.
A tentação se dá no momento em que é oferecida popularidade religiosa com bases bíblicas, ainda que incompletas.
Jesus já havia sido tentado no campo da popularidade de massas, agora a tentação é por popularidade religiosa no povo mais exigente do mundo, a saber os judeus.

Então o diabo lhe cita um texto:
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
Salmos 91:11,12
A princípio a proposta parece decente, concreta e extremamente plausível.
Está escrito que o Senhor daria ordem a anjos para nos livrar, logo não haveria possibilidade de acontecer qualquer problema, Jesus simplesmente pularia, seria guardado por anjos que apareceriam entre o povo e não deixariam sequer que seu pé fosse machucado, como num simples passo comum, Jesus desceria 150 metros tranquilamente.
O que está por trás desse ato de levar Jesus ao alto do templo?
O que Satanás almejava?
O que tornou essa simples descida com bases bíblicas algo tentador, ou seja, algo que poderia prejudicar Jesus?

Enumero de agora em diante algumas dessas tentações que englobam a segunda proposta de Satanás.

1° Tentação de usar partes da palavra para autenticar comportamentos
O diabo simplesmente distorceu um texto na intenção de que Jesus pulasse do templo, talvez os anjos lhe guardariam, ou Jesus teria se matado, ou acionaria o seu poder e seria aclamado de vez.
Porém a questão fundamental é que o diabo se baseou na bíblia para dar esse conselho, usou um texto e caso Jesus não conhecesse a palavra completamente, teria seguido os conselhos de satanás e pularia de onde estava, cedendo a tentação do diabo.
Durante muitos anos e muitas épocas textos bíblicos isolados foram usados a fim de autenticar as maiores bizarrices que se possa imaginar.

Bendito seja o SENHOR, minha rocha, que ensina as minhas mãos para a peleja e os meus dedos para a guerra;
Salmos 144:1
Esse versículo durante um tempo foi usado em fuzis americanos na intenção de autenticar a guerra, ele era gravado sobre as armas para que os muçulmanos se recusassem a tocar nele caso caíssem no chão ou abatessem um soldado americano.
Autenticaram com esse versículo as muitas mortes realizadas durante as invasões americanas a países do oriente médio, obviamente não pretendo seguir um pensamento pacifista e utópico, porém usar a religião como um meio de autenticar tantas mortes é algo perverso com o qual temos dificuldade de lidar, mas infelizmente foi feito com base bíblica.
Em filmes como doze anos de escravidão vemos os senhores de engenho lendo textos bíblicos para garantir a submissão dos escravos, sem reclamar, pois, estão trabalhando para Deus.
Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo;
Efésios 6:5
Esses versículos eram lidos sem levar em conta os textos seguintes que diziam para não ameaçar os servos, sabendo que o Deus que contempla os escravos também contempla os senhores. A intenção era citar parte das escrituras para garantir a submissão completa, para que os escravos tivessem seus olhos voltado apenas ao futuro.
Recentemente foi noticiado o caso de um pastor que estava tendo relações sexuais com diversas fiéis de sua igreja, tomando como base um texto de Oséias, a falha na observância da acentuação gráfica fez toda a diferença naquela ocasião.
Heresias modernas tem sido fundamentada em sua maioria com base em versículos isolados e quase tudo é possível se afirmar quando o contexto não é levado em conta.
Ainda mais nos salmos imprecatórios, ou em textos onde Deus demonstra sua total indignação com os pecados de seu próprio povo.
Tomar textos isolados pode ser uma alternativa para justificar divórcios, bigamia, poligamia, homicídios, guerras, enfim, por ser um texto extenso e abrangente a bíblia pode propor muitos caminhos e caso não seja levado em conta o contexto, podemos justificar todo tipo de prática.
Isso tem sido feito em muitos lugares, novas unções, atos proféticos e todos os dias surgem novas ideias a fim de atrair o público, quem tomou a primeira vez partes de um texto para convencer pessoas foi o diabo, tal como ele ainda há muitos fazendo o mesmo.



2° Tentação de buscar proteção de Deus fora do seu caminho
O complemento do texto diz justamente “Para te proteger em todos seus caminhos”, Caminhos aqui, indicam caminhos de Deus.
Cristo é tentado a usar a palavra e o falso ensino para se assegurar da proteção de Deus fora de seus caminhos, em resumo uma graça barata.
No fundo, todos sabemos o caminho certo, boa parte de nossas dúvidas não são para simplesmente conhecer as coisas, mas simplesmente para se assegurar de que estamos certos, ou mesmo para encontrar alguém que concorde conosco.
No fundo sabemos que proteção divina, garantia de vida por conta de promessas, é algo condicionado a estar nos caminhos de Deus.
Costumamos cantar que quem tem promessas não morre, ainda que esteja longe e de fato Deus protege muitos, porém via de regra a proteção divina está condicionada ao seguir seus caminhos.
A tentação do diabo é dar uma falsa segurança, a segurança de que ainda que eu esteja pecando, errando, estou assegurado de que serei livrado em tudo, de que sempre haverá tempo de voltar, sempre haverá um amanhã.

Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?
Lucas 12:20

O diabo almeja nos fazer repousar na segurança de que sempre iremos nos superar.
Nos faz usar Deus como um refúgio ou um escudo para nos proteger das consequências dos próprios riscos que optamos por correr, o tempo passa e com ele as oportunidades se vão.
Repousamos numa segurança que não está na palavra, não está em Deus.
Há muitas coisas que Deus nunca prometeu, mas sobre as quais nós repousamos, há muitos caminhos que Deus nunca nos mandou ir, mas a falta do conhecimento tem nos levado a trilha-os achando que a ordem inclusive foi de Deus.
Gostamos de abrir a bíblia aleatoriamente, ou de ler caixas de promessas, sem levar em conta pra quem são, a que contexto se aplicam e sob essa ótica qualquer palavra é confirmação.
Sempre há os irmãos que buscam confirmações de Deus para seus mais diversos tipos de atividades, quando oram, leem, carecem de que algo a mais aconteça, no meio pentecostal tem surgido uma nova tendência de consultar “profetas”, tal como no antigo testamento, o irmão que possui o dom de profecia passa a ser requisitado a fim de que diga alguma palavra necessária ao seu ouvinte. Toda a cena é forjada, dizem que nos veem assinando papéis, nos veem ao lado da cama orando, ou dizem que Deus está conosco, mesmo sem saber o que está por trás daquela consulta. São os profetas da mesa de Jezabel, que dizem que há paz, quando não há paz, que confirmam a presença de Deus mesmo quando o consultante está totalmente errado.
No fundo as consultas são para confirmar os próprios caminhos errados que trilhamos, para que posteriormente digamos: Deus falou. Sendo que Deus não disse nada.
Deus não confirma caminhos de homens que vivem na prática do pecado, Deus não orienta seu povo na intenção de simplesmente agradá-los, Deus como diz C.S. Lewis, não é apenas um avô no céu, ele é pai.
“Com frequência queremos apenas bondade, não amor verdadeiro, com efeito queremos um avô no céu, que simplesmente nos permita se divertir, independente do que façamos, os pais todavia corrigem, até castigam se julgar necessário. Ao pedir um Deus que quer apenas divertimento queremos menos amor, não mais”.

Queremos que Deus simplesmente diga: “Não importa o que façam contanto que sejam felizes”.
E Deus não é assim. Deus não confirma caminhos tortos, caminhos errados não tem seu apoio, devemos nos atentar para que o caminho que estamos trilhando não seja sustentado por ensinos isolados, mas sim por toda a bíblia.


3° Tentação de usar sensacionalismo como atrativo
Descer do alto de um templo sem se machucar e no símbolo da religião judaica, era algo sensacional e que chamaria muito a atenção.
Imagine a reação dos judeus, eles suspenderiam qualquer atividade, pois, ver anjos descendo do céu, firmando os passos de um homem sem que ele se machucasse seria algo revolucionário e a resposta dos anseios de tantos anos entre os judeus, o Messias esperado faria algo visível, provaria sua divindade e que de fato era o cumprimento das profecias.
Porém toda religião e movimento que tenta manter seus seguidores mediante o sensacionalismo tendem a desaparecer em pouco tempo, pois, novos shows, espetáculos, são necessários para manter a atenção do público, daí vem a origem de tantas heresias.
Como poderíamos manter o povo com sensacionalismo durante anos? A criatividade deve ser enorme e se de alguma forma o nível de novidades cair, outro que faça novidades tão relevantes ou que seja pelo menos diferente atrairá o público após si.
A partir daí surgem as manifestações bizarras que temos visto na TV, internet e redes sociais.
Pílulas do esquecimento, unção de Manassés, óleo da chave da bênção, troca do anjo, mesa da revelação, drive thru de oração, vassoura ungida, enfim a lista é imensa.
Todos querem um guru, o sensacionalismo, não vale mais citar os pais da igreja a bíblia, vale mais o que o apóstolo ou o pastor está dizendo, eles estão acima das escrituras.
Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema
Gálatas 1:8,9

4° O diabo omite as consequências de suas propostas
Se víssemos as consequências do que o diabo propõe nunca aceitaríamos suas propostas, se ao fazer a proposta para usar drogas já víssemos o fim de um viciado jamais um pai de família ousaria usar.
Se víssemos as consequências de um adultério, a família destruída, jamais ousaríamos pensar em fazê-lo.
Mas o diabo fornece as propostas omitindo consequências, nos faz pensar no aqui e no agora, nos leva a uma falsa segurança.
Nunca o diabo mostrará suas reais intenções, ele fará as propostas ruins com cara de boas, ele nos fará andar com quem não devemos nos fazendo pensar que assim seremos mais sociais, ele nos leva a fazer as coisas erradas pensando que estamos certos, sendo que sua real intenção é nos derrubar ao fim de tudo.



E ele lhe disse: Também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou por ordem do Senhor, dizendo: Faze-o voltar contigo à tua casa, para que coma pão e beba água (porém mentiu-lhe).
Assim voltou com ele, e comeu pão em sua casa e bebeu água.
E sucedeu que, estando eles à mesa, a palavra do Senhor veio ao profeta que o tinha feito voltar.
E clamou ao homem de Deus, que viera de Judá, dizendo: Assim diz o Senhor: Porquanto foste rebelde à ordem do Senhor, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te mandara,
Antes voltaste, e comeste pão e bebeste água no lugar de que o Senhor te dissera: Não comerás pão nem beberás água; o teu cadáver não entrará no sepulcro de teus pais.
E sucedeu que, depois que comeu pão, e depois que bebeu, albardou ele o jumento para o profeta que fizera voltar.
Este, pois, se foi, e um leão o encontrou no caminho, e o matou; e o seu cadáver ficou estendido no caminho, e o jumento estava parado junto a ele, e também o leão estava junto ao cadáver.
1 Reis 13:18-24

O diabo mente e muitas vezes pensamos que suas mentiras nos levarão simplesmente a meros castigos e que sempre haverá outras chances, mas é possível chegar a um determinado ponto onde não há mais volta. Esse homem de Deus pensou que simplesmente se alimentaria e tudo aconteceria normalmente, mas ele acabou morto por conta de palavras de um profeta velho e mentiroso.
O Diabo almeja nos enganar, de forma que provemos de coisas que não nos trarão consequências, porém o seu fim é a morte.







5° Tentação de ser aclamado sem sofrer
A tentação se dá num ponto mais alto quando é oferecido a Jesus a possibilidade de simplesmente pular e ser aclamado, sem sofrer.
Seria um atalho para a glória, sem cruz, sem sacrifício, sem renúncias, seria o caminho semelhante ao que satanás tentou no céu, estabelecer seu trono acima do trono de Deus, simplesmente por seu próprio desejo.
Não há glória sem sofrimento, não há céu sem passar pelas renúncias da terra, não haveria vitória para Jesus sem a cruz, ele precisava sofrer, morrer, uma morte de cruz para nos redimir dos pecados e é essa a razão de sua glória.
Era um caminho necessário, há quem diga que antes de que Deus dissesse haja luz, foi dito haja cruz;
Em sua presciência Deus providenciou um plano para a redenção da humanidade antes da fundação do mundo, Jesus tomou sobre si as nossas enfermidades e dores. Is. 53.4-7
Jesus pagou o preço de nossos pecados sobre si, se fez maldição por nós. Gl 3.13
Se fez pecado por nós – 2° Coríntios 5.21

Tudo isso foi necessário, tudo isso estava previsto desde o antigo testamento SL. 22.
Logo fugir disso seria deixar de cumprir o propósito de Deus.
Jesus nos deixou um exemplo 1° Pedro 2.21-25
Devemos seguir esse exemplo em tudo, somos levados constantemente a pensar que o caminho da cruz não era necessário para Jesus, consequentemente não será para nós.
Promessas do tipo: “Venha para Jesus e pare de sofrer”, “Venha para Jesus e deixe o desemprego” e tantas outras são feitas diariamente.
Porém não há fundamento bíblico para tais pensamentos, o caminho do cristianismo é um caminho de sofrimento.



Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse;
Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.
1 Pedro 4:12,13

E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.
2 Timóteo 3:12

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
Mateus 5:10-12
Nós devemos repensar o cristianismo contemporâneo que nos promete coisas que Jesus nunca prometeu. O sofrimento é necessário. O Diabo propôs a Jesus glórias sem sofrer, hoje ele também propõe isso a igreja. Atalhos, teologias fáceis, fujamos disso.
6° Tentação de pedir provas a Deus sobre a autenticidade de suas palavras
Uma das tentações implícitas nesse texto é de pedir provas a Deus o tempo inteiro, de condicionar o que Deus sente por mim com base em meus sucessos ou fracassos.
Se Deus está comigo vai dar certo, mas a vida não funciona dessa forma, mesmo sendo crente as coisas podem ir de mal a pior.
E somos tentados a pedir sinais o tempo inteiro, a pedir provas de que Deus está conosco e como filhos mimados pedimos provas de amor. O diabo nos tenta a fazer com que o amor de Deus esteja condicionado para nós ao que ele nos dá, de modo que se estou desempregado, se estou apertado, é porque Deus não está comigo.
Se algo dá errado, Deus me abandonou e tomamos emprestado de forma errado o texto de Filipenses 4.13
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece”
Brennam Manning expressa nosso sentimento no trecho de seu livro “O impostor que vive em mim”

“Diante de Ruller, muitos de nós, cristãos, encontramo-nos revelados, despidos, expostos. Nosso Deus aparentemente é o Único que dá perus com benevolência e caprichosamente os tira. Quando os dá, sinaliza o interesse e o prazer que tem em nós. Sentimo-nos próximos de Deus e somos incitados à generosidade. Quando os tira, sinaliza o desprazer e a rejeição. Sentimo-nos repudiados por Deus. Ele é volúvel, imprevisível, excêntrico. Firma-nos apenas para nos decepcionar. Lembra-se de nossos pecados do passado e retalia arrancando os perus de saúde, riqueza, paz interior, progenitura, império, sucesso e alegria.”
Anteriormente Brennam Manning havia citado partes do conto The Trukey de Flannery O´Connor.
Um rapaz chamado Ruller se vê diante de situações em que o tempo todo condiciona sua relação com Deus aos acontecimentos de seu cotidiano.
Devemos repousar sobre a palavra, de modo que ainda que as circunstâncias não nos favoreça, importa o que Deus falou.
Não necessitamos de provas além do caráter de Deus, não necessitamos de luzes piscantes, profecias, sinais e tantas coisas para crer que Deus é bom, pois, toda a fé que é necessário ser autenticada por sinais não é fé. Mais bem aventurado é quem não vê, não sentiu, mas creu.
Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.
João 20:29





7° Tentar a Deus é pôr em jogo seu caráter

Jesus encerra esse momento respondendo agora uma verdade absoluta das escrituras:
Não tentareis o Senhor vosso Deus, como o tentastes em Massá; Deuteronômio 6:16
O que ocorreu em Massá?
O povo havia chegado a localidade de Refidin e lá não havia água.
O povo pressionou Moisés de forma extrema para que ele conseguisse água, tentando Moisés estavam também tentando a Deus, seu caráter, lhe pressionando a agir miraculosamente, questionando seu caráter por conta da circunstância atual.
Está o Senhor no meio de nós, ou não?
Êxodo 17:7

Constantemente se faz isso no decorrer da caminhada cristã, queremos provas, queremos que Deus se mostre, se revele.
Jesus se negou a tentar a Deus por conta dessa proposta do diabo, exigir que ele aja para mostrar que está conosco é uma prática de quem não o conhece.
Colocar Deus na parede é uma atitude corriqueira nos dias atuais e as pessoas tem tentado a Deus com suas práticas.
Segundo Willyan Barclay: Desejar uma demonstração sobrenatural de Deus em nossos dias não é uma atitude de fé, mas de incredulidade.
“A fé que depende de maravilhas e sinais não é uma autêntica fé. Se a fé não pode acreditar sem recorrer às sensações não é verdadeiramente fé, mas sim dúvida que quer provas e que as busca equivocadamente. O socorro divino não é um poder com o que possa jogar-se e experimentar, é algo em que se deve confiar sem gritaria ao longo de toda a nossa vida cotidiana. Jesus rechaçou o caminho do sensacionalismo, porque sabia que era uma maneira segura de fracassar em sua empresa – e ainda o segue sendo –, porque desejar a demonstração extraordinária do poder maravilhoso de Deus é desconfiar de Deus e não ter fé nEle.”
Willian Barclay

Tentamos a Deus quando corremos riscos desnecessários querendo ter certezas de quem ele é.
Almejo uma fé com pés no chão, que não precise de provas a mais do que a palavra de Deus.
Uma fé que chegue ao ponto de considerar a palavra de Deus como um cheque vinculado a conta, não sei quando entrará, mas sei que o que já depositei é meu.

No silêncio, na calmaria que antecede a dor
No escuro, na pausa entre
A chuva e o primeiro trovão
Seja minha canção
Estrofe, ponte e refrão
Quando a porta recusa-se a abrir e eu bato em vão
Quando vejo de longe o trem partir
Com bilhete em minhas mãos
Seja minha canção
Estrofe, ponte e refrão
Os arrais – Bilhete e trovão (Trecho)

“Deus é sábio demais para errar, bom demais para querer o nosso mal”

Ricardo Gondim