quinta-feira, 23 de julho de 2015

Paulo e Barnabé - Aliados na obra missionária.


A intenção de Saulo ao se dirigir a Jerusalém era de encontrar Pedro, mas em Atos 9, não há citações sobre esse encontro, posteriormente em Gálatas 1.18 entendemos que esse encontro aconteceu 3 anos após sua conversão.
 A primeira aparição de Barnabé na bíblia ressalta que ele era um obreiro influente e pacífico, ele faz questão de apresentar Saulo aos demais apóstolos e falar sobre sua maravilhosa conversão.
Saulo continuou pregando em Jerusalém, porém ainda havia rejeição por parte de algumas pessoas, então seus companheiros decidem enviá-lo a Tarso, que é sua cidade natal.
Durante esse tempo houve uma expansão no evangelho, a palavra de Deus foi pregada em muitos lugares, os cristãos dispersos pela perseguição anunciavam a palavra aos judeus, os gentios que também foram alcançados, auxiliavam na pregação da palavra, esses entraram em Antioquia e a mão do Senhor era com eles, muitas pessoas se converteram, nessa cidade foi estabelecida uma igreja.
Os obreiros de Jerusalém decidiram enviar Barnabé para Antioquia, a fim de instruí-los na sã doutrina. Após essa visita ele vai até Tarso e busca Saulo, todos esses acontecimentos ocorrem em aproximadamente 11 anos.
Em aproximadamente 34/35 D.C. Saulo se converteu.
No Ano 45 Barnabé vai até Tarso para buscá-lo.
O que aconteceu nesse período?
Veja o relato dele na carta aos Gálatas:
“Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça,
Revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue,
Nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco.
Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro, e fiquei com ele quinze dias.
E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor.
Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto.
Depois fui para as partes da Síria e da Cilícia.
E não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo;
Mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía.
E glorificavam a Deus a respeito de mim”. 
Gálatas 1:15-24
Nesse tempo, Saulo provavelmente estava se preparando para um ministério melhor!
Sua profissão era de fabricante de tendas,provavelmente Saulo estava trabalhando nesse período, Barnabé deduziu que se ele tivesse uma oportunidade entre os gentios, certamente poderia ter maior possibilidade de se interessar a ser um apóstolo próspero.
Características de Barnabé:
1° Ele era uma pessoa que sabia investir em iniciantes:
Quem apostaria em Saulo? Sua única experiência no evangelho foi seu encontro com Cristo, até então o que ele sabia era fruto do que ouviu falar, porém com inclinação a interpretar a pregação dos crentes como heresias. Barnabé viu nesse homem algo que nenhum cristão conseguiu ver, Saulo tinha potencial!
2° Ele conquistou o respeito da igreja de Jerusalém
Para conquistar o respeito são necessárias três coisas, que são consideradas os pré-requisitos para possuí-lo: Provisão, proteção e promoção.
Viram tudo isso em Barnabé, por isso ele foi respeitado.

3° Ele era pacificador
Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus. 
Atos 9:27
4° Ele não tinha medo de perder sua posição
O fato de ele ter ido a Tarso buscar um jovem com mais potencial, mais estudo e qualificação, retrata que o foco de Barnabé era o crescimento do reino de Deus.
Esses são apenas 4 momentos que demonstraram o caráter desse ótimo obreiro.
Amizade Paulo e Barnabé:
Barnabé não sabia se iriam aceitar Saulo ou não, porém ele correu riscos por um amigo.
A bíblia fala de alguns versículos tratando de amizade:
“Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão”. 
Provérbios 17:17
“O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão”. 
Provérbios 18:24
“O óleo e o perfume alegram o coração; assim o faz a doçura do amigo pelo conselho cordial.
Não deixes o teu amigo, nem o amigo de teu pai; nem entres na casa de teu irmão no dia da tua adversidade; melhor é o vizinho perto do que o irmão longe”. 
Provérbios 27:9-10
“Como o ferro com ferro se aguça, assim o homem afia o rosto do seu amigo”. 
Provérbios 27:17
“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.
Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante”. 
Eclesiastes 4:9-10
A bíblia fala de alguns exemplos de amizades verdadeiras:
Rute:
“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus”.
Rute 1:16
Priscila e Áquila em relação a Paulo:
“Saudai a Priscila e a Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus,
Os quais pela minha vida expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios”. 
Romanos 16:3-4.
Barnabé e Paulo em Antioquia:
Barnabé levou Saulo a Antioquia, ambos ensinavam com muito zelo e propriedade. O caráter dos homens de Deus era tão correto que eles foram chamados pela primeira vez de Cristãos nessa cidade.
Durante o tempo em que eles ainda estavam em Antioquia o Senhor usou um profeta chamado Ágabo para predizer uma grande fome que assolaria todo o mundo, então a partir daquele momento o trabalho dos apóstolos seria também social.
Os discípulos arrecadaram mantimentos para os irmãos da Judéia que estavam padecendo necessidades. Esses donativos foram entregues por Paulo e Barnabé.
Eles se identificaram muito, pois, Barnabé demonstrou que promovia oportunidades e procurava um companheiro, enquanto Paulo queria dividir o que ele havia recebido do Senhor, demonstrando ser essa pessoa que Barnabé procurava.
Ao voltarem a Jerusalém (14 anos após a conversão de Saulo. GL 2.1), eles foram separados para a obra missionária:
“E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo.
E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.
Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram”. 
Atos 13:1-3
Os textos sempre vão expor a seguinte sequencia ao se referir aos apóstolos: Barnabé e Paulo.
Paulo foi um auxiliar, antes de ser um protagonista, ele aprendeu a ser coadjuvante.
Muitos querem ensinar, mas não sentam para aprender, querem cantar, mas não estão dispostos a ouvir outros, querem pregar, mas não respeitam o momento do outro companheiro, querem crescer sozinhos! Sem humildade não há ministério próspero, quem não tem condições de ouvir, não merece falar!
Discordância em Jerusalém:
Havia admiração e respeito de Saulo em relação a Barnabé, porém isso não lhe isentou de corrigir o apóstolo mais experiente em seus erros:
“E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível.
Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão.
E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação.
Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” 
Gálatas 2:11-14
Nesse texto Barnabé estava demonstrando dupla conduta, até que Paulo o corrigiu e também a Pedro, pois, ambos não demonstraram transparência.
“Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto.
Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos”. 
Provérbios 27:5-6
Paulo não hesitou em repreender uma atitude errada, deixando-nos um exemplo, de que o respeito permite discordância em atitudes erradas, o verdadeiro amigo fala a verdade, mesmo que essa verdade cause temporária dor ao seu receptor.
Companheirismo em meio a perseguição:
Mas há fatores extremamente positivos nessa amizade, ambos tinham seu foco nos judeus, mas quando não havia aceitação por parte deles, costumavam partir para os gentios, algo que aconteceu quando pregaram em Antioquia da Psídia. Após terem pregado e serem questionados pelos judeus, eles afirmaram que os gentios também poderiam ser salvos, gerando alegria neles e inveja por parte dos judeus! Esses por sua vez incitaram algumas pessoas importantes na cidade para persegui-los, os apóstolos foram lançados fora da cidade.
Qual a reação deles?
Eles sacudiram a poeira dos seus pés, representando que fizeram sua parte e não poderiam parar por isso, mesmo com essa perseguição a bíblia diz:
“E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo”. 
Atos 13:52
Eles se alegraram em meio a perseguição, passaram isso juntos! O que ressalta o versículo citado anteriormente:
“Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão”. 
Provérbios 17:17.
Pregação em Icônio: Nova perseguição, Humildade e Insistência dos apóstolos:
Em Icônio novamente as coisas não foram muito boas, lá eles pregaram primeiramente aos judeus como eles costumavam fazer, porém foram severamente rejeitados, pois, a compreensão deles em relação a graça era muito limitada, chegando ao ponto de rejeitarem qualquer possibilidade de ser salvo tão somente pela fé e aceitação a Cristo como salvador de suas vidas, apenas uma parte dos judeus compreendiam a pregação dos apóstolos, que como é relatado em Atos era confirmada através de curas, sinais e prodígios que levavam multidões a crer.
A inveja por parte de alguns judeus chegou ao ponto de desejarem apedrejar os apóstolos, tal fato chegou ao conhecimento deles, que por sua vez decidiram sair da cidade dirigindo-se a Listra e Antioquia.
Ao chegarem lá novamente pregaram a palavra, Deus continuava abençoando os apóstolos, a ponto de que em um determinado momento Paulo viu um paralítico que tinha fé para ser curado, então direcionado pelo espírito o apóstolo disse a ele para que firmasse os seus pés e andasse, o enfermo ouviu a palavra do homem de Deus e vivenciou o milagre. A repercussão do milagre foi tão grande, que alguns habitantes da cidade começaram a adorar os apóstolos como se fossem deuses, deram a eles novos nomes, a Paulo chamaram Mercúrio e a Silas Júpiter, o sacerdote desse deus trouxe animais para oferecer sacrifícios aos homens de Deus, quando souberam disso os apóstolos rasgaram suas vestes, recusaram a adoração e aproveitaram para ressaltar que o Cristo que eles pregavam deu a eles essa condição de realizar milagres. Os Judeus que outrora haviam planejado o apedrejamento dos apóstolos desceram a Listra e persuadiram a alguns para que seu propósito de agredi-los fosse cumprido, então parte da população apedrejou Paulo e arrastaram-lhe para fora da cidade, pois, ele estava em um estado tão grave que lhe consideraram um homem morto.
Poucos dias depois os apóstolos voltaram para Listra e instruíram os cristãos.
Eles foram perseverantes, recusaram adoração, sofreram perseguição, mas não deixaram de sofrer perseguição.
Outra situação ocorreu na Antioquia, os apóstolos tiveram uma discussão séria com judeus que saíram da Judéia com a intenção de discutir a respeito da circuncisão.
A resistência dos apóstolos a essa doutrina demonstrou esforço apologético em relação à graça. Através deles muitas tradições antigas foram quebradas, a salvação passou a ser oferecida como ato de graça da parte de Deus! Não mais pelo seguimento de inúmeros rituais judaicos.
Discussão Ideológica de Barnabé e Paulo:
O Ultimo fato que gostaria de citar nessa lição está exposto no seguinte texto:
“E alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão.
E Barnabé aconselhava que tomassem consigo a João, chamado Marcos.
Mas a Paulo parecia razoável que não tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os acompanhou naquela obra.
E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre.
E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça de Deus.
E passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas”. 
Atos 15:36-41
Os apóstolos iriam sair para sua segunda viagem missionária, porém novamente Barnabé que é muito misericordioso queria levar João Marcos, que anteriormente havia abandonado a comitiva enviada na primeira viagem missionária.
“E, partindo de Pafos, Paulo e os que estavam com ele chegaram a Perge, da Panfília. Mas João, apartando-se deles, voltou para Jerusalém”. 
Atos 13:13.
Paulo discutiu com Barnabé, mas essa discussão não partiu para ofensas, ficaram apenas no campo ideológico. Não é pecado discordar de líderes, o pecado é consumado com ofensas e a falta de transparência e insubmissão.
A bíblia diz: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.
Não deis lugar ao diabo”. 
Efésios 4:26-27
Não é nada absurdo discutir ideias, essa discussão foi tensa, a ponto de cada apóstolo partir para um local diferente.
Qual seria sua escolha? Quem estava certo?
Qualquer que seja nossa resposta, é importante ressaltar, os dois estavam corretos!
Cada um com sua visão, um é mais misericordioso e paciente, enquanto outro é mais exigente, porém toda a preocupação está no crescimento da igreja!

Essa amizade demonstra que é muito bom ter companheiros na obra missionária, pois, com cooperação mútua podemos alcançar lugares inimagináveis.
Minha oração é que nesses dias possamos crescer, não sozinhos! Mas acompanhados de amigos verdadeiros, que sejam bênçãos para nossas vidas.

Escola Bíblica Dominical
AD. Brás 

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