Atos 17.15-34
Paulo no Areópago – Ao Deus desconhecido
O apóstolo Paulo estava em uma sequência de tentativas que
deram errado, seus planos eram de voltar a visitar as igrejas que ele plantou
na primeira viagem missionária, mas num ato soberano de Deus, ele foi impedido,
até que no desenrolar da viagem, foi deixado em Atenas.
Atenas era a capital intelectual do mundo, já não estava
mais nos seus dias de maior glória como nos dias do imperador Alexandre o
Grande, mas ainda exercia grande força no imaginário e intelecto de todo o
mundo.
O império dominante era o Romano, estes exerciam grande
força militar, mas as ciências, a cultura, as artes, tudo era dominado ainda
pela Grécia.
A Grécia tinha uma grande riqueza intelectual, pois, de lá
surgiram os grandes filósofos da humanidade, a saber Sócrates, Aristóteles e
Platão.
A Grécia é o berço dos pensadores, pois, além destes que
são os principais, existiam os sofistas, que exerciam a arte de questionar,
argumentar, eram professores itinerantes que refletiam a cerca de todas as
coisas.
A Grécia também foi o berço da política como a conhecemos,
todo cidadão grego estava diretamente envolvido nos assuntos de como a cidade
era governada, eles se sentiam diretamente responsáveis pelo assunto.
Além de tudo isso, havia a influência nas artes, desde os
primórdios os Gregos exerciam grande poder de oratória, eles tinham a
capacidade de prender a atenção das pessoas, de recitar textos “cantando”, de
desenvolver técnicas para usar bem a palavra, eram extremamente talentosos
nisso.
Por fim, os gregos foram os responsáveis pela criação dos
jogos olímpicos, algumas modalidades até hoje são praticadas e tiveram origem
na Grécia.
Em resumo eles impactaram todas as áreas
consideradas essenciais secularmente: Artes, Ciência, comunicação, esportes e
pensamento.
Todas as pessoas tinham desejo de conhecer a Grécia, nos
dias de Paulo não era diferente.
Paulo é levado a Grécia para sair da perseguição em
Tessalônica, até então ele pede para trazerem seus amigos em seguida, neste
intervalo entre a chegada de seus amigos ele decide caminhar pela grande cidade
de Atenas.
Paulo era um homem extremamente preparado, nascido em
Tarso, sua terra natal era uma espécie de cidade universitária, o que o tornou
um erudito.
Aproveitando a chance de estar na capital intelectual do
mundo, Paulo decide como uma espécie de turista caminhar pelas ruas de Atenas.
O Espanto de Paulo
Paulo era um homem instruído aproveitando a chance de estar
na capital intelectual do mundo, neste ato, ele percebe que a situação é muito
diferente do que ele imaginava. Ele vê sim as pessoas inteligentes, talvez as
discussões políticas, as disputas de oratória, mas outro fato lhe chama a
atenção:
“E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu
espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria”.
Atos 17.16
Embora fossem sábios em vários aspectos, os gregos tinham
uma tendência idólatra muito forte, isso fazia com que eles tivessem dois
comportamentos fundamentais:
1. Tudo
que não poderia ser explicado logicamente era atribuído a um Deus.
2. Os
Gregos divinizavam seus desejos
A segunda hipótese é mais plausível, Baco era a
divinização do desejo, vênus e Afrodite eram deuses da sexualidade, marte e
júpiter da luta.
A quantidade de deuses era tanta que Suetônio afirma que
haviam mais de 30.000 altares ou postes ídolos nas ruas da Grécia.
Petrônio dizia que era mais fácil encontrar um Deus em
Atenas do que uma pessoa.
Paulo ao ver que o nível de idolatria era tão intenso se
espantou ao ponto de seu espírito se comover:
“E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu
espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria”.
Atos 17.16
Charles Spurgeon diz que o coração humano é uma
fábrica de ídolos, quanto a nós, não estamos diante de Atenas, nem diante de
estátuas a deuses, ou pelo menos não na maioria das vezes.
Afrodite já não existe como monumento, mas a
idolatria na área afetiva está em alta, não se levantam mais bezerros de ouro,
mas se levantam touros de ouro como o da B3, estamos numa sociedade cheia de
deuses, ainda que os seus deuses sejam o ventre.
Todos creem em algo, todos pensam que há um
tipo de divindade, as pessoas estão abertas a crer em todo tipo de redenção.
O Islã, está crescendo cada vez mais nos
grandes centros, não poucos dias atrás meninas foram convencidas a se vestir de
acordo com a cultura islâmica.
Colegas de trabalho não creem em Deus, mas
temem os demônios.
Pessoas buscam por bruxaria, wicca, umbanda,
embora seja uma sociedade que se considera iluminista, estamos diante de uma
infinidade de ídolos.
O mundo onde estamos inseridos tem artistas
como deuses, pessoas ficam horas e horas diante de sites, contando dias, para
comprar ingressos, acampam nas portas dos estádios, usam fraudas para não
perderem shows.
Timoth Keller diz que as divindades em toda a
história foram sedentas por sangue, isso não mudou.
Estamos
num mundo idólatra e os passos de Paulo devem seguido por nós hoje.
Como Paulo reagiu ante a idolatria das pessoas ao seu
redor?
Paulo pregou com paixão e fogo em suas entranhas.
“De sorte que disputava na sinagoga com os
judeus e religiosos, e todos os dias na praça com os que se apresentavam”.
Atos 17.17
Paulo fez seu movimento natural de pregar nas sinagogas
onde estavam os judeus, mas isso por si só não bastava, então ele foi pregar na
Ágora, que era a praça da cidade.
Paulo apresentava o evangelho movido pelo desejo de que
conhecessem a verdade, as pessoas estão buscando de alguma forma ter um contato
com o divino, mas estão buscando de forma errada. Paulo quer reverter isso.
Os seus ouvintes são ilustres, são definidos por Lucas por
filósofos estóicos e epicureus:
O estoicismo acreditava que deveriam prevalecer sobre as
dores, a dor é inerente da fraqueza. Eles acreditavam que os deuses não
interviam em nada, não tinham sentimentos, se a fraqueza era nossa marca, isso
nos tornava seres finitos, então quanto mais você toma as rédeas de sua vida,
sem dar vazão a emoções, mais próximo dos deuses você é.
Os estóicos criam num determinismo extremo, não tinham
sentimentos, não eram afetados por nada, os deuses não têm sentimentos, Deus é
tudo, logo não tem sentimentos.
Os epicureus por sua vez, acreditavam que os deuses não se
importavam e que seu estado de divindade foi alcançado pelo fato de que não
precisavam se preocupar com questões menores como pecado, culpa, nem
sentimentos dessa natureza, os deuses viviam para os prazeres.
O pensamento do mundo era: Se está tudo escrito, vamos
deixar a vida acontecer. Se os deuses não se importam ou não existem, vamos
viver sem preocupações e para os prazeres.
Os pensamentos deles se resumiam a “Deus não se importa,
Deus não vê, Deus não intervém”.
Os epicureus diziam “Aproveite a vida”, os estóicos diziam
“aguente a vida”.
Esses homens chamam Paulo de Tagarela (Roubador de
pensamentos).
Outros dizem que ele está anunciando dois deuses: Jesus e a ressurreição (Jesus
e Anastácia).
Paulo é levado então ao areópago.
O areópago era o palco onde os grandes pensadores se
apresentavam, era algo como um supremo tribunal, onde haviam pisado os mais
sábios, os mais nobres, palco onde as pessoas mais eruditas expressavam seu
pensamento. Paulo foi convidado a algo como a ONU, a reitoria de Harvard, Paulo
estava diante das pessoas mais inteligentes do mundo.
Paulo responderia a indagação abaixo:
“E tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo:
Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?
20 Pois
coisas estranhas nos trazes aos ouvidos; queremos pois saber o que vem a ser
isto
21 (Pois
todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se
ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade)”.
Atos 17.19-21
·
Paulo parte da conclusão de que eles eram
extremamente religiosos, eles tinham um altar erguido a um Deus desconhecido.
·
(Epimênedis 600 A.C. Praga mortal em Atenas)
·
Havia a crença de que sempre se estava devendo
algum Deus, por isso tantos altares, na ausência de descobrir a razão da praga,
levantaram um altar ao Deus desconhecido.
Esse
Deus que eles adoravam sem Conhecer, era o Deus proclamado por Paulo.
1. Ele é o criador e sustentador de tudo– V.24-25
2. Ele se importou
com sua criação, ao contrário dos deuses – 26-27
4. Paulo cita Epimênedis numa linda declaração de fé – 28
5. Deus não cabe em imagens – V. 29
6. O evangelho é por natureza nocivo – V.30-31
“Estou tentando impedir que alguém repita a rematada tolice
dita por muitos a
seu respeito: "Estou disposto a aceitar Jesus como
um grande mestre da
moral, mas não aceito a sua afirmação de ser
Deus." Essa é a única coisa que
não devemos dizer. Um homem que fosse somente um homem e
dissesse as
coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral.
Seria um
lunático - no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um
ovo cozido — ou
então o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem
era, e é, o
Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você
pode querer calá-
lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um
demônio; ou pode
prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas
que ninguém
venha, com paternal condescendência, dizer que ele não
passava de um
grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não
quis deixá-la.”
Cristianismo puro e Simples – C.S. Lewis
Visão do Pr Josafá – O bidode de Nitsche, o óculos de Freud
e a
barba de Marx.
A Cruz calou todos eles.
Eu li coisas maravilhosas em Aristóteles e platão, mas
nenhum deles
me disse: Vinde a mim os que estão cansados e oprimidos e
eu vos
aliviarei.
É natural ser religioso, é sobrenatural ser cristão – W.L.
Craig
Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E
aniquilarei a inteligência dos
inteligentes.
Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o
inquiridor deste século? Porventura
não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?
1 Coríntios 1:19,20