sexta-feira, 28 de julho de 2017

A TENTAÇÃO DE JESUS - 1° PARTE

Sermão entregue a AD Brás Jd Guarujá II – 1° Culto de ensino.

A TENTAÇÃO DE JESUS – PARTE 1

“Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.”
Mateus 4:1

João Batista anunciou a vinda de Jesus, disse que o que viria após ele seria muito mais poderoso do que ele, que na verdade ele estava se preparando um caminho para o rei que estava por vir.
Era um momento único no ministério de Jesus, seu batismo acabara de acontecer, o próprio pai testificou sobre sua divindade, o reconhecimento de Jesus passou a ser público, seu ministério teve início a partir daí.
Cristo tem agora trinta anos, é um homem já formado, experimentado nos trabalhos, pronto a ensinar e pregar.
Logo após seu batismo, o Espírito o conduz a um deserto.
Em outra ocasião o Espírito Santo conduziu Ezequiel a um vale cheio de ossos secos – Ez. 37.1
Posteriormente o Espírito levou Felipe de um deserto a Azoto, onde anunciou o evangelho em seu caminho até Cesaréia. Atos 8.38
O Espírito Santo é uma pessoa extremamente atuante na bíblia, em todas as épocas de modos diferentes ele foi decisivo no que diz respeito a realização da vontade de Deus.
O avivamento futuro de Israel foi demonstrado após o Espírito conduzir Ezequiel ao vale, a expansão do evangelho em uma das principais cidades da antiguidade se deu mediante a um arrebatamento do espírito Santo.
Agora com Jesus, ele novamente atua, levando-o a um deserto para ser tentado.
Torna-se fundamental definir tentação a luz das escrituras sob esse contexto, pois, há alguns problemas que podem decorrer dessa passagem.
Por exemplo, considerando apelas a etimologia comum da palavra tentação, o texto diria que o Espírito levou Jesus para ser testado na intenção de lhe submeter a uma tentação do diabo, ou seja, o Espírito Santo levou Jesus para correr o risco de errar, qual a razão disso?
Gênesis 22 em algumas versões informa que Deus tentou Abraão.
Ao mesmo tempo Tiago diz que Deus não tenta ninguém, pois, não pode ser tentado pelo mal.
Resta-nos supor que há uma diferença entre tentação e provação, também devemos admitir que ao traduzir para o português alguns intérpretes traduziram a palavra do grego usando distinção entre seus contextos, ou seja, quando se tratava de algo que poderia levar a pessoa testada a cair, chamaram de tentação.
Quando o teste era para tornar a fé da pessoa ainda mais clara, definiram como provação.
No grego há apenas uma palavra “Peirasmos” que indica em seu sentido original “testar o valor e caráter dos homens”
Quando aprovado o homem torna-se bem-aventurado Tiago - 1.12
Quando cede, ele morre em sua própria cobiça – Tiago 1.15
O processo de tentação aguça nossos sentimentos mais ocultos, o que não desejo não me tenta, logo sou atraído pelo que de fato almejo, mas me é oferecido de modo inadequado, a satisfação de desejos legítimos de modo ilegítimo caracteriza a queda na tentação.
As tentações por maiores que sejam são delimitadas por Deus, o Deus que permite a provação é o que provê o escape e nos orienta a rogar que não nos deixe cair nela.
Willian Barclay comenta que esse texto pode ser melhor entendido como uma provação de Deus e uma tentação do diabo.
A cena da tentação de Jesus agora é uma reedição da tentação de Adão.
No Éden o primeiro Adão pecou e com ele todos caíram.
No deserto Jesus venceu e o diabo caiu.
Cristo é o segundo Adão.
Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.
Romanos 5:18
Nas tentações segundo Bonhoeffer:
Todas as forças que temos se voltam contra nós, inclusive forças boas e piedosas caem nas “mãos” do inimigo e são usadas contra nós; Ou seja, antes que suas forças fossem testadas, de fato ela já lhe foi roubada sem você nem perceber; Para Bonhoeffer, na hora da tentação todo cristão está abandonado:
1º por todas suas forças;
2º por todas as pessoas;
3º por Deus

As tentações independem de quanto tempo se tem na igreja, cedo ou tarde elas chegarão.
E ao ser tentado não devemos nos sentir piores do que ninguém, isso é natural. Somos humanos vivendo numa carne pecaminosa. Somos vivos em corpos mortos.
O que Cristo fez diferentemente de Adão foi vencer a tentação e nos dar a possibilidade de vencer as nossas tentações.
Vejamos a partir de agora algumas tentações que Cristo suportou no deserto e que podemos enfrentar em nosso dia a dia.

1° TER POSTURAS DIFERENTES SOZINHO E ACOMPANHADO.
O mesmo espírito que testificou de Jesus de forma pública no capítulo anterior, que desceu como uma pomba sobre os ombros de Jesus, o leva a um lugar secreto.
O mesmo Deus que contemplou Jesus no Jordão diante de todos, é o que está a 40 dias no deserto junto dele, ainda sem se manifestar ou enviar algum de seus mensageiros.
Seja diante do sucesso, dos olhos sobre si, ou num deserto de 52 quilômetros por 25, extremamente isolado, Cristo se mantém o mesmo, intacto.
Ele poderia honrar o pai em público e negá-lo em secreto como fazemos continuamente, mas Cristo agiu como um exemplo de integridade em qualquer público.
O mesmo espírito que testificou do batismo de Jesus publicamente, é o que lhe conduz ao deserto. Dando a entender que o caráter dos grandes é moldado em momentos expostos e em momentos secretos, a capacidade de ser íntegro nesses momentos é que separa os medianos dos excelentes.
Quando se está em evidência a briga é com o Ego, quando se está em secreto a luta é para manter a postura que se adquiriu diante dos muitos olhos dos que estão a volta.
Cristo resiste às duas provas, a de se orgulhar e a de deixar a integridade.
Como dito anteriormente é o diabo que se tornou um tentador, ele almeja a queda. Ele espera de verdade que as pessoas cedam as suas pressões contínuas e difíceis de resistir.
A intenção não era provar nada para Deus pai, mas apenas de nos deixar o exemplo de que Cristo é vencedor, de que ele desmascarou os intentos satânicos e que nós podemos fazê-lo através de Cristo.

O SUCESSO É DETERMINADO PELO QUE FAZEMOS EM OCULTO

O que tornou Davi um grande guerreiro foram suas batalhas que ninguém nunca viu.
O que fez de José um excelente governador foram as administrações em casas de estranhos e na prisão.
O caráter dos grandes se molda em secreto e a demonstração do que de fato se é, é fruto de uma vida sólida nos momentos discretos e ocultos.
A solidão é decisiva, pois nela são tramados os piores pecados, ou as melhores ideias.
Ainda hoje precisamos manter momentos a sós, momentos de reflexão, momentos para planejar, para estar a sós com Deus, sem a necessidade de performances, sem a necessidade de demonstrar nada, sendo apenas quem é. Nossas decisões frequentemente estão erradas porque não nos permitimos estar a sós com Deus.
Foi num momento de solidão que Moisés viu a sarça arder e foi vocacionado, foi num momento de solidão que Isaías viu ao Senhor num alto e sublime trono, Deus apareceu a Salomão em sonho, Jacó lutou com um anjo e prevaleceu e teve sua vida mudada quando estava só.
Jesus precisava desse momento para estar a sós com Deus, para planejar seu ministério, não havia melhor lugar para encontrar Deus do que no deserto onde Jesus estava.
Mario Sérgio Cortella afirma que na sociedade contemporânea precisamos de um pouco mais de tédio, um pouco mais de tempo ocioso, livre para poder produzir coisas novas. Arrumamos muitos amigos, conversamos com muita gente, mas pouco ou quase nada falamos a Deus. Precisamos dedicar tempo ao nosso Deus, era isso que Cristo almejava fazer.

Estamos vivendo uma espiritualidade muito vista, faltando os momentos em oculto com Cristo Mateus 6.6
Torna-se comum usar selfies para se mostrar orando, a autocontemplação torna-se uma tendência cada vez mais nociva ao povo de Deus.
Tal como a música de Lorena Chaves:
“Estou preso em meio a um labirinto cheio de espelhos, o meu mundo gira em torno das vontades que eu tenho, estou imerso em um sistema que me diz, você é livre, mas no fundo o desejo pela liberdade não cessou
E eu sou escravo do consumo desse amor por mim, eu sou escravo sem saber que sou assim”. A autocontemplação foi duramente criticada por Jesus, porém ainda hoje tocamos trombetas diante de nós, nos cercamos de testemunhas para testificar de nossos atos e no fundo almejamos que elas nos elogiem, cria-se uma rede de pessoas que lhe dizem o que queremos ouvir.
Falta-nos tempo a sós com Deus. Era isso que Cristo desejava e que nós como igreja precisamos buscar, tempo de qualidade quando estivermos sozinhos.



2° O MOMENTO APÓS O AUGE PODE SER O DE MAIOR QUEDA
Todos os sinóticos declaram que Jesus estava anteriormente no batismo e esse foi um dos momentos de maior glória pra Jesus na terra.
Porém o momento posterior é de tentação no deserto, momento de extrema dificuldade.
A vida propõe esses altos e baixos, montanhas e vales e saber lidar com isso é decisivo na caminhada cristã. Há momentos que como os salmistas em especial Davi estamos louvando “O Senhor é meu pastor e nada me faltará”, mas a vida nos leva ao Salmo 22 “Deus meu, Deus meu, porque me desamparastes? ”
O momento de Auge de Jesus acabara de passar e o momento seguinte era dificultoso.
Elias após a dizer que não ia chover, teve que se retirar para o ribeiro de Querite. Após enfrentar 450 profetas de Baal teve que fugir para não morrer sob as mãos de Jezabel.
Logo após os melhores momentos, o inimigo nos tenta a fim de que caiamos de maior altura, vivamos um maior estrago. O momento de maior atenção na vida de qualquer crente é o que se segue após o sucesso.

E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;
Mateus 4:2

Jesus na intenção de ter um momento a sós com o pai, passa quarenta dias Jejuando no deserto. Esse período de quarenta dias representa tempos decisivos.
Foi esse o tempo que o dilúvio durou – Gen. 7.12
Foi esse o tempo que Moisés ficou no Sinai até receber os dez mandamentos Ex. 24.18 -Dt 9.11
Esse foi o período de intercessão de Moisés para que Deus não destruísse o povo – DT 9.25
Foram quarenta dias que Elias caminhou após se alimentar ao fugir de Jezabel – 1 Reis 19.8
Agora Jesus passou o mesmo período em Jejum, esse era uma hora extremamente decisiva para a humanidade.

E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Mateus 4:3

3° NOS REVESTIMOS PARA RESISTIR, NÃO PARA ALCANÇAR PRIVILÉGIOS

Após quarenta dias jejuando esperamos que os resultados de tamanho sacrifício sejam maravilhosos, visões nunca dadas a outros homens, privilégios diferenciados, orações respondidas com mais ênfase e rapidez.
A tentação nega a crença contemporânea de que devo jejuar a fim de obter privilégios de Deus, logo o jejum para quem o pratica torna-se algo do qual podem se orgulhar. Jesus nunca fez o seu jejum nessa intenção. Nos dias atuais jejuamos para ganhar dinheiro, para conquistar bênçãos, por diversos motivos. Porém a ênfase de Jesus a respeito do jejum é diferente, a lógica é de poder no reino, santificação e renúncia pessoal, sobretudo nos revestimos para poder resistir.
Efésios 6.13 nos fala sobre tomar toda a armadura de Deus para que possamos resistir no dia mal e havendo feito tudo, ficar firmes.
A lógica é revestir para resistir, se preparar para suportar, buscar forças para não ser pego de surpresa.
Sob a ótica atual esperava-se que após os 40 dias de jejum Jesus fosse extremamente exaltado e dali em diante operasse todas as maravilhas possíveis, porém diante dele após 40 dias vem o diabo disposto a lhe tentar.
Devemos entender que no reino de Deus há apenas dois extremos, ou trabalhamos a favor de Deus contra o inimigo, ou a favor do inimigo contra Deus, não há meio termo. Jesus se preparou para os embates que estavam por vir, se Cristo que tem todo o poder foi tentando pelo diabo e para passar pela tentação suportou um jejum de quarenta dias, que dirá nós pecadores? Quando jejuarmos devemos estar cientes de que não o fazemos por méritos especiais, fazemos para resistir, não é nada triunfalista possuir uma armadura celestial, ela nos foi dada para resistir as astutas ciladas do diabo, para fazer tudo e ficar firmes. A intenção do Senhor é essa, que cumpramos bem nossos ministérios, que cheguemos ao fim da caminhada, resistindo ao mal para que ele fuja de nós.
O diabo tem por tendência atacar as pessoas em seus momentos de maior fragilidade, Jesus estava com fome, a quarenta dias sem comer, uma proposta de alimento é algo extremamente tentador para quem tem fome.
Ainda hoje o diabo almeja nos tentar com coisas que no fundo gostamos, desejamos e são necessidades diárias, carências emocionais, afetivas, sempre sua proposta será proporcional ao desejo humano, será um fornecimento de meios ilegítimos para satisfazer desejos legítimos.
É quando um casamento está frágil que um adultério é proposto.
É quando a renda está baixa que a corrupção se torna uma alternativa.
É quando a justiça se omite que a vingança se torna concebível.
As tentações se dão no campo dos desejos, na verdade o adversário sabe quais são e no momento de maior fraqueza ele aparecerá, não pense que ao jejuar você estará isento disso, mas a diferença é que ao jejuar e se revestir há possibilidade de passar pela tentação como Cristo também passou.

4° AUTOAFIRMAÇÃO

Grande parte dos conflitos de identidade se dá quando tentamos provar aos outros quem de fato somos, ou quando lançam dúvidas a respeito disso.
O Diabo chegou diante de Jesus e lhe disse: “Se tu és o filho de Deus”.
Se és filho prove que és, se és homem prove que és, se és alguém que é filho de Deus, prove quem tu és.
A necessidade de afirmação aliada aos clamores populares tem feito pessoas perderem a real identidade, negarem quem de fato são, vivem como metamorfoses, reféns de pensamentos e opiniões alheias. Jesus foi tentado a provar que era filho de Deus, a provar quem ele dizia ser, o acusador se aproxima e lhe propõe, se és filho de Deus transforme pedras em pães.
O acusador põe em dúvida o que Deus diz sobre nós, o que nós sabemos sobre si mesmos e exige que provemos nosso potencial mediante métodos errados.


Em outra ocasião os algozes e zombadores de Jesus diziam:
Se és Filho de Deus, desce da cruz.
Mateus 27:40
Nos tempos atuais o acusador nos lança tais dúvidas, se és filho de Deus quais as razões dessas situações? Se és filho de Deus porque o justo sofre e o ímpio prospera, se és filho de Deus porque você não vê e ouve nada sobrenatural? Acaso a crença lhe deu um privilégio a mais? Aparentemente crer em Deus nos leva muitas vezes a um sofrimento ainda maior. Para provar que se é filho, para provar qual a identidade as pessoas moldam Deus aos seus gostos. Transformam Deus em um mordomo que deve lhes atender, pois, afinal os filhos tem direitos.
As tentações de identidade são de natureza sexual para autoafirmação nessa área, são propostas de adultério para comprovar a masculinidade e vigor masculinos ou a sensualidade feminina, se és de fato querido, teste a todos simulando um suicídio, se és de fato corajoso use essas drogas, se és de fato um homem enfrente tudo e todos, essas tentações de identidade levaram muitas pessoas a queda e o adversário queria fazer o mesmo com Jesus, porém Jesus não precisava provar nada a ninguém e nós também não.
A nosso respeito foi dito que somos sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, santos que estão na igreja, filhos de Deus.
Jesus não atende aos convites do acusador para mostrar quem é, pois, se assim o fizesse teria sido orgulhoso, faria milagre por milagre, se negaria a passar pela cruz e desceria a fim de mostrar a todos que tem poder, porém ele não desce.
A nós basta o que Deus disse que somos, Deus nos ama pois a bíblia assim o diz, Deus nos quer bem pois está em sua palavra, Deus nos escolheu e nos atraiu e é só por essa razão que chegamos a qualquer lugar. Ainda hoje precisamos confiar na palavra de Deus, se Deus me mandou ir até ele sobre as águas manterei meus olhos fitos sobre ele, andarei resoluto, pois, sob a palavra de Cristo e seu chamado é possível andar sobre as águas, sobre a palavra de Cristo após uma noite sem pescar é possível lançar as redes ao outro lado e ter uma pesca milagrosa. Deus me diz que sou filho, isso basta, a palavra disse, isso basta.




5° SOMOS TENTADOS DENTRO DE NOSSO PRÓPRIO POTENCIAL

“Quando Satanás tenta você, não espere ver nem o anzol nem a linha, apenas uma isca perfeitamente adequada ao teu temperamento e gostos, pontos fortes e pontos fracos.” Josemar Bessa
Parte superior do formulário

A tentação era extremamente proporcional ao momento de Jesus, em nenhum outro momento ela teria sido tão atrativa como foi naquela hora.
Uma proposta de comida após quarenta dias de fome era algo a se pensar.
Para tornar a proposta ainda mais tentadora suponha que você tivesse o potencial de fazê-lo, imaginemos que estejamos em uma situação financeira desesperadora e há possibilidade de subtrair um valor do caixa que trabalhamos sem que ninguém descubra até porque somos o supervisor ou tesoureiro. Essa proposta seria tentadora e dentro de nossas possiblidades de fazer.
As tentações que o inimigo propõe são exatamente compatíveis com nossos potenciais, gostos e vontades.
Não é tentador para nós transformar pedras em pães, não é tentador para mim uma proposta de emprego, pois já tenho, não é tentador para mim a proposta de ter uma igreja para pastorear pois já possuo, não é tentador para mim uma moto, pois, não desejo.
O que o inimigo propõe é algo que no momento desejamos, temos a possibilidade de fazer, os recursos para fazer e nossa necessidade é extrema, é perfeitamente compatível com meu perfil.
Era tentador para Jesus naquele momento comer, para piorar a tentação ele realmente tinha poder de transformar as pedras em pães. As tentações sempre serão proporcionais a nossa possibilidade de satisfazer nossos desejos mais mesquinhos sem que ninguém saiba, a não ser Deus e o diabo que a propôs. As tentações nos levarão a fazer o que queremos, mesmo que isso implique em atalhos que não deveriam ser tomados.
A nossa tentação sempre será dentro de nossos dons, para quem fala bem, será de usar sua boa fala para manipular, quem é simpático para poder trazer pessoas após si em lideranças paralelas, para quem é esforçado, uma possibilidade de mérito maior do que por meios convencionais, nos atentemos a isso, toda solução fácil não provém de Deus.
6° SOMOS TENTADOS A USAR NOSSOS DONS EM BENEFÍCIO PRÓPRIO

Toda pessoa um dia será tentada a usar os seus dons em benefício próprio, isso será ofertado cedo ou tarde para qualquer cristão em todas as eras.
Transformar pedras em pães seria usar os milagres para satisfação própria, seria usar os dons para benefício de si mesmo.
Ricardo Gondim diz:
O Valor de uma causa não se dá pelo que os seus seguidores lucram com ela, mas pelo que eles renunciam.
O pregador é constantemente tentado a lucrar muito com suas mensagens, o cantor sempre é tentado a usar os dons que tem para cantar apenas por dinheiro, o homem que possui dons pode ser tentado a usá-los como meio de viver em luxo, glamour, fama e bajulação. A tentação do inimigo de transformar pedras em pães já pegou muitos em várias épocas. Pessoas que deturparam suas reais motivações para pregar e exercer o que sabem fazer. O ministério jamais deveria ser entendido como um meio de transformar as pedras em pães, de suprir as necessidades do aqui e do agora, sem levar em conta a eternidade.
O transformar pedras em pães tem levado muitos pregadores ao pragmatismo, a fazer só o que dá certo e na geração contemporânea o que dá certo é muitas vezes antibíblico, se dá certo e vai me beneficiar não importa os métodos.
A religião contemporânea almeja isso, usa seu poder de influência, usa o poder do nome de Jesus, usam o poder de Deus para dar os pães e assim crescer.
Prometa felicidade, dinheiro, sucesso e você será bem-sucedido sob os moldes atuais. Na bíblia quem confundiu o evangelho com um meio de beneficiar teve fim trágico. Geazi teve a intenção de receber um dinheiro que Eliseu rejeitara, acabou tomando sobre si a lepra de Naamã.
Judas almejou vender Jesus com o salário de escravo, porém acabou lançando as moedas no templo e indo se enforcar, precipitando-se suas entranhas se derramaram.
Ministério não deveria ser visto como um vínculo empregatício na grande maioria dos casos, porém nos tempos atuais tornou-se um bom atalho para quem tem poucos estudos, deseja se esforçar pouco e adquiriu uma oratória compatível ao ambiente pentecostal. Nos tempos atuais, no apogeu das redes sociais, basta gravar um vídeo pregando em qualquer lugar, ainda que por oferecimento, que você consegue alguns seguidores, a medida em que se paga para ser divulgado os convites aumentam ainda mais e com eles as ofertas para que se possa “viver da obra.”
Aos 14 anos um jovem me perguntou com quantos anos comecei a liderar mocidades, informei que aos 16. Ele me disse que aos 16 gostaria de já ter um ministério.
Nesse momento entendi que não se tratava de amor a obra, mas o desejo de ter os benefícios que outros charlatões da fé tiveram.
Qualquer pessoa que almeje pregar o evangelho e apenas o evangelho, deverá seguir o exemplo de Jesus que aguentou a fome mas não usou de seu poder para benefício próprio.
Somos chamados a dar frutos e os únicos beneficiados em dar frutos são os que desfrutam dele, somos galhos na videira e não há benefício para nós mesmos em dar frutos, apenas para o agricultor e que se alimenta dos nossos frutos.
Da mesma maneira devemos servir uns aos outros, trabalhar uns pelos outros para crescimento mútuo do corpo.

7° - HÁ MAIS PEDRAS DO QUE PÃES NO MUNDO – A TENTAÇÃO DA BUSCA POR POPULARIDADE DE FORMA ERRADA
O período de quarenta dias de deserto era fundamental para Jesus pensar qual seria o meio que utilizaria para ter seus seguidores, transformar pedras em pães era algo revolucionário. O povo sempre terá fome e alguém que resolva os problemas do cotidiano como ter pão para comer, será aclamado por todos. Porém jamais foi a intenção de Jesus resolver esse tipo de problema, ser popular por dar pães seria atrair após si pessoas interesseiras, alguém poderia até argumentar que ele multiplicou pães e peixes, porém isso foi feito em consequência de uma busca contínua e após horas de atenção dada a Jesus.
No mundo quem transformar pedras em pães será o mais amado, o mais seguido e aclamado.
Jesus não nos chama a andar com ele pelos pães que pode conceder, não nos chama para estar com ele por conta dos problemas resolvidos. Ele nos chama para ser servos de orelha furada, aqueles que servem por prazer, por amor. Não há garantias junto ao chamado de Cristo no sentido estritamente material, ele apenas diz que devemos buscar seu reino e sua justiça e as outras coisas (comida e vestes) serão acrescentadas. Hoje vivemos uma religião que dá pães, que supre as necessidades do aqui e do agora, um evangelho Behaviorista, um evangelho de Esaú que troca bênçãos por um prato de lentilhas, que quer tudo aqui e agora, pois de que me valerá a primogenitura se morrerei de fome? Quem dá pão é aclamado, quem dá pão é seguido, aplaudido e faz sucesso.

É tentador ainda hoje pregar o evangelho do pão, das necessidades imediatas, de comprar almas por promessas, de comprar almas por milagres, porém Cristo nos chama a um chamado sem maiores pretensões que não sejam a presença dele próprio.
Ceder à tentação de transformar pedras em pães seria resolver os problemas “meio” e não as causas, na prática Jesus continuaria apagando incêndios sem resolver as reais causas dos problemas dos homens, o que o homem de fato precisa não é que seus problemas visíveis sejam resolvidos o tempo inteiro, não precisa de um mordomo disposto a lhe dar tudo o que quer, o que de fato é necessário vai além dos pães que me satisfazem agora. Era isso que Jesus almejava mostrar.

“Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Mateus 4:4

O Jesus que demonstram hoje muitas vezes nada tem a ver com o Cristo da bíblia.
O jesus que apresentam hoje é o dos pães, é o que compra com multiplicação anterior ao discipulado, é o que promete bens e o que o próprio diabo projetou ao acusar Jó.
Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra.
Jó 1:10

O Jesus da bíblia não ganha seus discípulos dando pães, não atrai as pessoas prometendo riquezas e suprimentos momentâneos, o Cristo da bíblia nos chama a uma caminhada em que descobrimos uma vida além dos suprimentos atuais, além de comer e beber.
Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
Romanos 14:17
Os valores do reino de Cristo são diferenciados, sua política não se constitui nos famosos “pão e circo”, pelo contrário, a única garantia ao andar com Jesus é de uma cruz para se carregar.
E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
Lucas 9:23
Se Cristo cedesse a tentação de transformar pedras em pães ganharia as pessoas nos seus interesses. Porém não era essa a sua intenção e é por essa razão que ele responde:
ESTÁ ESCRITO: NEM SÓ DE PÃO VIVERÁ O HOMEM
Ao mencionar essa palavra há uma lembrança do que Deus já havia dito em Deuteronômio.
E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.
Deuteronômio 8:3
Deus fez o povo caminhar quarenta anos sobre o deserto, nesses quarenta anos lhes privou de seu conforto, lhes fez andar em círculos, lhes deixou algumas vezes ter fome, lhes tirou de suas casas no Egito.
Porém ao mesmo tempo Deus lhes deu um maná que nem seus pais conheceram, para que finalmente entendessem que o que de fato eles precisam não é de nada além da palavra de Deus.
Não há carência que supere a necessidade de se ouvir as palavras de Deus.
Como citado anteriormente o evangelho do pão promete encher sua barriga aqui e agora, mas logo você precisará de mais alimento, entrará numa relação de dependência em que os meus interesses se sobrepõe a nobreza dos motivos que me fazem seguir o meu mestre.
Jesus não, ele diz que o que precisamos de fato é das palavras de Deus. Toda a palavra que sai da boca de Deus.
·         Hoje vivemos um conflito, pois, nunca se falou tanto sobre a palavra de Deus, sobre Deus.
·         Há pelo menos 26 rádios evangélicas em atividade no Brasil, sendo que algumas programações tomam espaço em rádios não evangélicas.
·         Há canais na tv aberta com programação 24 Hrs.
·         Por dia são abertas 12 igrejas no Brasil. Em 2014 o jornal Correio Brasiliense divulgou uma pesquisa que aponta que foram abertas 4.000 igrejas em 2013. Considerando as que não regularizam seu CNPJ, devem haver muito mais igrejas abertas anualmente.
·         42,3 milhões era o número de evangélicos no Brasil, hoje somos 22% da população Brasileira.
·         Na população carcerária há muitas pessoas que foram criadas em lares evangélicos.
·         Desses 42,3 milhões 60% são de origem pentecostal.
Nunca o evangelho foi tão propagado, nunca se falou tanto sobre Deus, mas falta-nos ouvir Deus falar. Nem todos que falam sobre Deus, representam a voz de Deus ao povo.
Vivemos como nos dias profetizados por Amós:
Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR.
E irão errantes de um mar até outro mar, e do norte até ao oriente; correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não a acharão.
Amós 8:11,12

Esses dias chegaram, dão pães, mas não palavra. E o povo permanece esperando pães, sendo que sua fome é de ouvir Deus.
Preparamos sermões homileticamente corretos, bem produzimos, repletos de recursos da psicanálise, da oratória, os corações são tocados apenas no momento, mas a necessidade por mais conhecimento, mais novidades leva o povo a mais fome.
Tratamos de um problema que é a fome do momento, sabendo que ela virá novamente e cada vez maior. Porém Deus almeja nos dar a sua palavra, dela viveremos, dela precisamos.
“O coração que ouvir uma boa mensagem continuará o mesmo, mas duvido que depois de ouvir a voz de Deus continue o mesmo” Elias Binja

Entendamos a partir daqui pão como recurso.
As igrejas hoje dão pão, mas não palavra.
Conforto, templos lindos, entretenimento, espaços enormes, poltronas, ar condicionado, prometemos até lanches a fim de que o povo venha.
Mas falta a palavra de Deus! Falta o que sai da boca de Deus, é disso que de fato precisamos.,




Todos milagres que são prometidos e realizados em nome de Deus sem proclamação da palavra não são de Deus.
E ali pregavam o evangelho.
E estava assentado em Listra certo homem leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado.
Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado,
Disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou.
Atos 14:7-10
Os milagres são consequência da exposição bíblica, essa precede as demais atividades da igreja.
A igreja infelizmente tem se tornado milagreira e o pentecostalismo tem forte influência nisso, falamos sobre milagres, pregamos sobre, mas não falamos de arrependimento, sobre o que sai da boca de Deus.
Nós trocamos o ser atalaia por ser milagreiros.
Mas, se quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, e a espada vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniqüidade, porém o seu sangue requererei da mão do atalaia.
Ezequiel 33:6
A igreja do Senhor deve preferir morrer do que comer e não ouvir a voz de Deus.
Pr. Elias Binja

A tentação vem sobre nossa carne o tempo inteiro, nossa vida deverá ser de amaldiçoar o que desagrada a Deus. Assim como Cristo venceu na carne, devemos aprender a renunciar o que for necessário para ouvir a voz de Deus nos tempos atuais.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

O que é ser cristão?

De modo bem simplificado, o cristão é aquele
que mantém um relacionamento correto com Jesus
Cristo. O cristão desfruta de um tipo de união
com Jesus Cristo que supera todos os outros
relacionamentos

A.W. Tozer - A Vida Crucificada

Precisamos prosseguir em conhecer a Cristo

A nossa fraqueza é que não prosseguimos
para conhecer Cristo em intimidade e familiaridade
enriquecidas; e, pior, nem estamos falando
sobre fazer isso. Raramente ouvimos a seu respeito,
e esse tema não entra nas nossas revistas,
nos nossos livros ou em qualquer tipo de ministério
midiático, e também não se encontra nas
nossas igrejas. Estou falando desse anseio, desse
desejo ardente de conhecer Deus em medida
crescente. Esse anseio deveria empurrar-nos adiante,
em direção ã perfeição espiritual.

A.W. Tozer - A vida crucificada

A Vida crucificada é uma vida que parece com Jesus.

A vida crucificada é uma vida absolutamente
dedicada a seguir Cristo Jesus. A ser mais parecido
com ele. A pensar como ele. A agir como
ele. A amar como ele. Toda essência da perfeição
espiritual está inteiramente relacionada a Jesus
Cristo. Não a regras e regulamentos. Não ao que
vestimos ou ao que fazemos ou deixamos de
fazer. Não devemos parecer iguais uns aos outros;
devemos parecer com Cristo. Todos nós
podemos perder-nos nos detalhes da religião e ignorar
a alegria gloriosa de seguir Cristo. Qualquer
coisa que nos atrapalhe na nossa jornada
deve ser tratada com um golpe mortal.

A.W. Tozer - Vida Crucificada

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Citações - C.S. Lewis A anatomia de uma dor.

A leitura desse livro foi marcante, pois, me ajudou a entender de forma mais clara a dor do luto, as descrições de Lewis sobre os sentimentos de quem fica são assustadoras.
Somente quem perdeu alguém muito querido e de forma inesperada poderá se compadecer de Lewis nesta obra.

Lewis casou-se com uma moça americana, acometida de uma grave doença, por motivos exclusivamente humanitários inicialmente, para salvá-la da deportação.
Porém ambos se amaram profundamente e no ápice do amor Lewis a perdeu.

Lewis assemelha-se a alguém que no início de um grande banquete, ao começar a degustar um petisco se vê privado de todo o resto e com imensa frustração sai da festa.


"Não que eu esteja (suponho) correndo o risco de deixar
de acreditar em Deus. O perigo real é o de vir a acreditar em
coisas tão horríveis sobre Ele. A conclusão a que tenho horror
de chegar não é “então, apesar de tudo, não existe Deus
nenhum”, mas “então, é assim que Deus é realmente. Não se
iluda.”.

"Talvez aqueles
que se viram privados de alguém devessem ser isolados em
lugares especiais, como acontece com os leprosos."

"Depois da morte de um amigo, anos atrás, durante algum
tempo tive a mais vívida sensação de certeza da continuidade
de sua vida; até mesmo do enaltecimento de sua vida. Tenho
rogado que me seja dada até mesmo uma centésima parte da
mesma certeza a respeito de H. Não há resposta alguma. Só
a porta fechada, a cortina de ferro, o vácuo, o nada. “Pois
todo o que pede ...”4 — não recebe. Fui um louco em pedir.
Por ora, mesmo que essa segurança sobreviesse, eu não lhe
deveria dar crédito, antes deveria julgá-la uma auto-hipnose
motivada por minhas próprias orações."

"Para alguns, sou pior do que um embaraço. Sou uma caveira.
Toda vez que deparo com um casal feliz, sou capaz de
notá-los pensando: “Um de nós algum dia vai ser como ele
é agora”."

"E difícil ter paciência com pessoas que dizem: “A morte
nao existe”, ou “A morte não importa”. A morte existe e, seja
lá o que for, ela importa. Tudo o que acontece traz conseqüências,
e tanto a morte quanto as conseqüências são irrevogáveis
e irreversíveis."


"Não tenho nenhuma boa fotografia dela. Não posso sequer
lhe ver o rosto claramente em minha imaginação; no
entanto o rosto comum de um estranho em meio a uma
multidão de pessoas nesta manhã pode aparecer para mim
numa perfeição vívida no momento em que fecho os olhos à
noite. Não resta dúvida: a explicação é por demais simples.
Vimos o rosto dos que mais conhecemos de modo tão variado,
de tantos ângulos, sob tantas luzes, com expressões tão
diversas — acordando, dormindo, rindo, chorando, comendo,
conversando, pensando —, que todas as impressões
preenchem nossa memória ao mesmo tempo e se anulam
num simples borrão; mas sua voz ainda é vívida. A voz lembrada
— que é capaz de transformar-me a qualquer momento
num menino chorão."

"O destino (ou seja lá o que for) agrada-se em gerar
uma grande capacidade e, então, frustrá-la. Beethoven
ficou surdo. Para nossos padrões, uma piada de mau gosto; a
travessura de um idiota mal-intencionado."

"A maioria das
pessoas que encontro, digamos, no trabalho, decerto pensaria
que ela não é. Embora, naturalmente, elas não procurassem
me convencer disso. Não numa hora destas. O que
penso, na verdade? Sempre fui capaz de orar pelos mortos,2
e ainda o faço, com certa confiança; mas, quando tento orar
por H., paraliso. A perplexidade e o pasmo sobrevêm. Tenho
uma sensação horripilante de irrealidade, de falar no
vazio acerca de uma não-entidade."

"Você nunca
tem consciência do quanto de fato acredita em alguma coisa
enquanto a verdade ou a falsidade dessa coisa não se torna
uma questão de vida ou morte para você. E fácil dizer que
você acredita que uma corda seja forte e segura, enquanto a
está usando apenas para amarrar uma caixa; mas imagine
que deva dependurar-se nessa corda sobre um precipício.
Será que não iria primeiro descobrir o quanto na verdade
confia nela?"

"Apenas um perigo verdadeiro
põe à prova a realidade de uma crença."

"Imagine que a vida terrena que ela e eu partilhamos
por alguns poucos anos sejam apenas, na verdade, a base ou
o prelúdio para duas coisas inimagináveis, supercósmicas,
eternas, ou mesmo a aparência terrena delas. Essas coisas poderiam
ser retratadas como esferas ou globos. O lugar em
que o plano da Natureza os atravessa— ou seja, na vida terrena
— elas se parecem com dois círculos (círculos são subdivisões
de esferas). Dois círculos que se tocaram; mas estes, sobretudo
no ponto em que se tocaram, são a própria coisa
pela qual lamento, de que sou saudoso, de que sinto fome.
Você me diz: “Ela continua.”; mas minha alma e meu corpo
gritam: “Volte! Volte! Volte a ser um círculo, tocando o meu
círculo no plano da Natureza!”. Eu, no entanto, sei que isso é
impossível. Sei que o que eu desejo é precisamente o que
jamais poderei obter. A antiga vida, as piadas, os drinques, as
discussões, fazer amor, os pequenos lugares-comuns, de partir
o coração. De qualquer ponto de vista, dizer “H. está morta”
equivale a dizer “Tudo aquilo acabou”. Faz parte do
passado. E o passado é o passado; isso é o que significa o tempo;
ele em si é mais um nome para a morte, e o próprio Céu
é um estado em que “as primeiras coisas já passaram”."

"Fale-me acerca da verdade da religião e ouvirei de bom
grado. Fale-me acerca do dever da religião e ouvirei resignadamente;
mas não me venha falar sobre as formas de consolo
que a religião dá, caso contrário desconfiarei que você não
sabe do que está falando."

"O que abala toda oração e toda esperança é a lembrança
de todas as orações que H. e eu oferecíamos, e todas as falsas
esperanças que alimentávamos. Não eram esperanças nutridas
apenas por um pensamento desejoso de coisas boas, por
esperanças estimuladas, até mesmo impingidas a nós, por falsos
diagnósticos, por exames de raios X, por fases estranhas
de alívio, por uma recuperação temporária que poderia muito
bem ser classificada como milagre. Passo a passo “fomos
conduzidos pela senda do jardim”. Com o passar do tempo,
quando Ele parecia muito misericordioso, estava na verdade
preparando a tortura seguinte."

"Uma só carne, ou, se preferir, um só barco. O motor a
estibordo foi embora. Eu, o motor a bombordo, de alguma
forma devo seguir roncando até ancorarmos. Ou, de preferência,
até o fim da viagem. Como devo entender um ancoradouro?
Uma costa de sotavento, mais provavelmente, uma
noite escura, um vendaval ensurdecedor, ondas de rebentação
à frente — e quaisquer acenos vindos da terra provavelmente
feitos por salteadores de naufrágio. Tal foi o ancoradouro
de H. Bem como o de minha mãe. Digo o porto delas; não
sua chegada."

"Do ponto de vista racional, que novo
fato a morte de H. trouxe ao problema do universo? Que
bases me concedeu para duvidar de tudo aquilo em que acredito?
Eu já sabia que essas coisas, e coisas piores, aconteciam
diariamente. Eu teria dito que as havia levado em consideração.
Eu fora alertado — eu alertara a mim mesmo — quanto
a não contar com a felicidade terrena. Tínhamos, até mesmo,
a promessa de sofrimentos. Eles faziam parte do programa.
Até mesmo nos disseram: “‘Bem-aventurados os que
choram...’  e eu aceitava isso. Não há nada que eu não tivesse
considerado. E claro que é diferente quando as coisas
acontecem conosco, não com os outros, e na realidade, não
na imaginação. Sim, mas deveria, para um homem são, fazer
tanta diferença assim? Não, e não faria para um homem cuja
fé houvesse sido a fé verdadeira, e cuja preocupação com as
tristezas dos outros fosse preocupação real. O caso é muito
comum. Se meu castelo ruiu com uma tacada, é porque era
um castelo de cartas. A fé que “levou essas coisas em consideração”
não era fé, mas imaginação. Levá-las em conta não era
compaixão verdadeira. Se houvesse realmente me preocupado,
como achei que havia, com as tristezas do mundo, não
deveria estar tão assoberbado quando minha própria tristeza
chegou. Foi uma fé imaginária, que jogava com fichas inofensivas,
rotuladas de “Doença”, “Dor”, “Morte” e “Solidão”.
Achei que havia confiado na corda até que se tornou importante
saber se ela suportaria o meu peso. Agora que isso importa
percebo que não confiava nela."

"Toda aquela história acerca do Sádico Cósmico era menos a expressão
do pensamento que do ódio. Estava tirando dela o
único prazer que um homem em agonia pode obter: o prazer
de revidar. De fato, era simplesmente Billingsgate2 —
pura ofensa; “dizer a Deus o que eu pensava dele”. E, é claro,
como em toda linguagem ofensiva, “o que eu pensava” não
significava o que eu julgava ser verdade. Só o que eu pensasse
de fato haveria de ofendê-lo (e a seus adoradores) mais.
Nunca se diz esse tipo de coisa sem algum tipo de prazer.
“Lava a alma”. Você se sente melhor por um momento."

"E eu posso crer que Ele seja um veterinário quando penso
em meu próprio sofrimento. E mais difícil quando penso no
dela. O que é o luto, se comparado à dor física? Independentemente
do que os tolos digam, o corpo é capaz de padecer
vinte vezes mais do que a mente. Esta possui sempre algum
poder de evasão."

"O luto é como um bombardeiro
dando voltas e lançando suas bombas para atingir um raio
de ação; o sofrimento físico é como a barragem fixa numa
trincheira na Primeira Guerra Mundial, horas nela, sem uma
pausa em momento algum. O pensamento nunca é estático;
a dor muitas vezes é."

"Que tipo de apaixonado sou para pensar tanto nas minhas
aflições e tão pouco nas dela? Até mesmo o grito desesperado
“Volte!” é por minha causa. Nunca questionei
se sua volta, quer fosse possível, seria boa para ela. Quero-a
de volta como um elemento imprescindível na restauração
do meu passado. Será que eu poderia ter-lhe desejado algo
pior? Passar pela morte, voltar e, depois, em um momento
posterior, passar por toda a agonia novamente? Chamam a
Estêvão o primeiro mártir. Teria Lázaro recebido um tratamento
injusto?"

"gora começo a entender. Meu amor por H. tinha em
grande parte a mesma natureza de minha fé em Deus. Não
vou exagerar, no entanto. Se houve algo além da imaginação
na fé, ou algo exceto o egoísmo no amor, Deus sabe. Eu não.
Poderia ter havido um pouco mais; principalmente em meu
amor por EI. Nenhuma das duas coisas, porém, era a que eu
acreditava que fosse. Uma rodada perfeita de castelos de carta
em ambos os casos."

"Mas, ó Deus, tenha compaixão. Antes, mês após mês semana
após semana, você lhe torturou o corpo com o suplício
da roda, enquanto ela ainda o vestia. Isso não foi suficiente?
Coisa terrível c pensar que um Deus bom seja, nesse sentido,
quase menos formidável do que um Sádico Cósmico.
Quanto mais acreditamos que Deus fere apenas para curar,
menos nos é dado crer que haja alguma utilidade em suplicar
por ternura. Um homem cruel pode ser subornado —
pode cansar-se de seu esporte imoral — pode ter um acesso
temporário de bondade, como os alcoólatras têm acessos de
sobriedade; mas suponha que aquilo com que você se bate
seja um cirurgião cujas intenções são inteiramente boas.
Quanto mais gentil e consciente ele é, mais sem piedade prosseguirá
cortando. Se ele desistir diante de suas súplicas, se ele
se detiver antes que a operação chegue ao fim, toda a dor
até àquele ponto terá sido inútil; porém é de acreditar-se
que extremos semelhantes de tortura nos sejam necessários?
Bem, faça sua escolha. As torturas ocorrem. Se elas são desnecessárias,
então não há Deus nenhum, tampouco um Deus
mau. Se há um Deus bom, então essas torturas são necessárias.
Pois nenhum Ser que fosse bom, mesmo de maneira
comedida, provavelmente seria capaz de as infringir ou de as
permitir caso elas não fossem necessárias.
Seja o que for, não há como escapar."

"O que as pessoas querem dizer quando afirmam: “Não
tenho medo de Deus porque sei que Ele é bom.”? Será que
nunca foram ao dentista?
No entanto isso é insuportável. E então se balbucia: “Ah,
se me fosse ciado padecer, ou o pior, ou uma parte, em vez
dela.. mas não se pode aquilatar a seriedade dessa declaração,
pois não há o risco de se perder algo. Se de uma hora
para outra se tornasse uma possibilidade real, então, pela primeira
vez, descobriríamos com que seriedade a expressamos.
Se isso nos seria possível é incerto, mas o foi a Alguém, conforme
relatos, e acho que agora posso crer de novo, que Ele
fez de modo vicário tudo o que se pode fazer assim. Ele responde
diante de nossa hesitação: “Vocês não podem e não
ousam. Eu pude e ousei.”.

"Não é possível ver nada de maneira adequada
enquanto os olhos estiverem embaçados de lágrimas. Você
não pode, na maioria das situações, conseguir o que deseja se
o fizer desesperadamente: o resultado é que não conseguirá
aproveitá-lo ao máximo."

"Quando nada há em sua alma exceto
um grito de socorro talvez seja o exato momento em que Deus
nao o pode atender: você é como o homem que se afoga e
que não pode ser ajudado por tanto se debater. E possível
que seus gritos repetidos o deixem surdo à voz que você esperava
ouvir."

"Uma boa esposa traz muitos “eus” dentro de si. O que H.
não foi para mim? Ela foi minha filha e mãe, minha aluna e
mestra, minha súdita e soberana. Era uma perfeita combinação:
minha confidente, amiga, companheira de bordo. Minha
amada, mas, ao mesmo tempo, tudo o que nenhum amigo
(e olha que tenho bons amigos) jamais foi para mim. Talvez
até mais. Se nunca nos tivéssemos apaixonado, é bem provável
que, mesmo assim, estivéssemos sempre juntos e nos tornássemos
alvo de mexericos. Foi o que eu quis dizer quando
certa vez a elogiei por suas “virtudes masculinas”. Ela, no entanto,
em pouco tempo tratou de dar um basta a isso, perguntando-
me se eu gostaria de ser elogiado por minhas
virtudes femininas. Foi uma boa riposte/ querida. Mesmo
assim, nela havia um quê de Amazona, de Pentesiléia e
Camila. E você, tanto quanto eu, ficou contente que fosse
assim. Ficou satisfeita que eu tenha reconhecido isso"

"Às ocultas ou às claras, parece haver uma espada entre
os sexos até que um casamento genuíno os reconcilie. É nossa
arrogância que chama virtudes como a franqueza, a imparcialidade e o cavalheirismo de “masculinas”, quando as vemos igualmente numa mulher; é pura arrogância nossa
atribuir a sensibilidade, o tato, ou carinho de um homem ao
seu lado “feminino”. Igualmente absurdo é atribuir características
aos pobres e aos párias da humanidade, homens e
mulheres simples, para tornar plausíveis as implicações dessa
arrogância! O casamento tem o poder de curar essas coisas.
Juntos, os dois tornam-se de todo humanos. “A imagem de
Deus [...] homem e mulher os criou”.10 Assim, graças a um
paradoxo, esse carnaval em que se tornou a sexualidade levanos
além dos limites de diferenças entre os sexos."

"E, então, um ou outro morre. E pensamos nisso como um
amor que foi podado; como uma dança interrompida quando
começava a evoluir, ou como uma flor com seu botão
bruscamente arrancado — algo mutilado e, portanto, deformado.
Penso comigo mesmo: se, como não posso deixar
de suspeitar, os mortos também sentem os tormentos da separação
(entendidos por alguns como um dos seus sofrimentos
expiatórios), então para ambos os amantes, e para todos
os casais de apaixonados, sem exceção, a perda causada pela
morte é uma parte universal e integrante da experiência de
amar. Ela decorre do casamento de modo tão natural quanto
o casamento é conseqüência do namoro, ou como o outono
vem depois do verão. Não se trata de um truncamento do
processo, mas de uma de suas fases; não a interrupção da
dança, mas a execução do número seguinte. Somos “arrancados
 de dentro de nós mesmos” pela pessoa amada enquanto
ela está aqui. Então se inicia a cena trágica do espetáculo
em que só nos resta aprender a sermos arrancados de nós
mesmos, embora a presença concreta da pessoa amada nos
tenha sido arrancada. Aprender a amar exatamente a ela, e a
não voltara amar nosso passado, nem nossas lembranças, nem
nossa tristeza ou o alívio que temos da tristeza, tampouco nosso
próprio amor."

"Deus certamente não estava fazendo uma experiência
com minha fé nem com meu amor para provar sua qualidade.
Ele já os conhecia muito bem. Eu é que não. Nesse
julgamento, ele nos faz ocupar o banco dos réus, o banco das
testemunhas e o assento do juiz de uma só vez. Ele sempre
soube que meu templo era um castelo de cartas. A única
forma de fazer-me compreender o fato foi colocá-lo abaixo."


"Não queremos
de fato que o luto, em suas primeiras agonias, se prolongue:
ninguém poderia fazer isso. Queremos, porém, algo mais do
qual o luto é um sintoma freqüente, e então confundimos o
sintoma com a coisa em si. Escrevi na noite passada que a
consternação não é o truncamento do amor conjugal, mas
uma de suas fases regulares — a exemplo da lua-de-mel. O
que queremos é viver bem nosso casamento, e de maneira
fiel, passando também por essa fase. Se ele dói (e com certeza
doerá), aceitamos os padecimentos como uma parte necessária
dessa fase. Não queremos fugir a eles ao preço do abandono
nem do divórcio. Matar os mortos uma segunda vez.
Éramos uma só carne. Agora ela foi partida em dois; nao
queremos fingir que está ilesa e inteira. Ainda estaremos casados,
casados ainda no amor. Portanto ainda sentiremos dor;
mas de forma alguma estamos — se entendemos a nós mesmos
— buscando o sofrimento pelo bem dele mesmo. Quanto
menos sofrimento, melhor, enquanto o casamento for
preservado. E quanto mais alegria puder haver no casamento
entre o morto e o vivo, melhor."

"Parece que me lembro — embora nao possa citar uma no
momento — de toda a sorte de baladas e contos populares
em que os mortos nos dizem que nossa lamentação lhes causa
algum tipo de dano. Eles nos suplicam que paremos de nos
lamentar. Talvez haja muito mais profundidade nisso do que
eu pensava. Se assim for, a geração de nossos avós extraviouse
muito. Todo aquele ritual, às vezes de toda uma vida, de
tristeza — visitar túmulos, conservar os aniversários, deixar o
quarto vazio exatamente como “os que partiram” costumavam
mantê-lo, ou não fazer menção nenhuma aos mortos ou
a eles se referir num tom de voz especial, ou até mesmo (a
exemplo da Rainha Vitória) ter a toalha de mesa do morto
estendida para o jantar a cada noite — uma espécie de mumificaçao.
Tornava os mortos muito mais mortos."

"Nesta noite, todos os infernos do luto imaturo abriram-
se de novo; as palavras enlouquecidas, o amargo ressentimento,
o frêmito no estômago, a irrealidade do pesadelo, o
mergulho nas lágrimas. Pois no luto nada “fica no lugar”.
Prossegue-se emergindo de uma fase, mas ela sempre volta.
Vai e volta. Tudo se repete. Estou andando em círculos, ou
ouso esperar que esteja numa espiral?
Se se trata de uma espiral, porém, estou subindo ou descendo?
Quantas vezes — será que para sempre? — quantas vezes
o vasto vazio me deixará atônito como uma completa novidade
e me fará repetir: “Jamais compreendi minha perda até
este momento”? A mesma perna é amputada vez após outra.
O primeiro momento em que se enterra a faca na carne é
sentido repetidas vezes.
Costumam dizer que “O covarde morre muitas vezes”. O
mesmo se dá com a pessoa amada. A águia não encontrava
em Prometeu um fígado regenerado para despedaçar cada
vez que jantava?"

"A dor da perda é como um grande vale, um vale sinuoso que
a cada curva pode revelar uma paisagem totalmente nova.
Mas, como já observei, não em todas as curvas. Vez por outra,
a surpresa é a curva à frente; você depara exatamente
com o mesmo tipo de campo que julgou ter deixado quilômetros
atrás. Eis quando você se pergunta se o vale não é
uma trincheira circular; mas ele não é. Há recorrências parciais,
mas a seqüência nao se repete."

"O louvor é
uma forma de amor que sempre traz em si algum componente
de alegria. Louve na ordem certa; a Ele, como o doador;
a ela, como a dádiva. Será que, de alguma forma, no
louvor alegramo-nos com o beneficiário desse louvor, embora
estejamos distantes da coisa louvada?"

"Se você se aproxima dEle não como uma meta, mas como
uma estrada, não como o fim, mas como um meio, você na
verdade não está aproximando-se dEle."

"Senhor, são essas as suas verdadeiras palavras? Só poderei
encontrar Fi. de novo se aprender a amá-lO tanto, que não
me preocupe com encontrá-la? Senhor, preste atenção em
como isso parece para nós. O que pensariam de mim se eu
dissesse aos meninos: “Nada de balas agora; mas quando
vocês crescerem e não tiverem realmente vontade de chupar
balas, vocês terão a quantidade que quiserem”?"

"Se eu soubesse que ver-me separado eternamente de H. e
ser eternamente esquecido por ela haveriam de emprestar
a seu ser uma alegria e esplendor maiores, evidentemente
eu diria: “Fogo à frente”. Assim como se, na Terra, eu pudesse
tê-la curado do câncer não a vendo nunca mais, eu teria
tomado providências para não vê-la de novo. Eu teria
sido obrigado a fazer isso. Qualquer pessoa decente o faria.
Mas o caso é bem outro. Não se trata da situação em que
me encontro."

"Quando apresento essas questões a Deus não deixo de ter
uma resposta; mas, em vez disso, uma variável do tipo “sem
resposta”. Não se trata da porta fechada. E mais como uma
contemplação silente, com certeza não impiedosa. Como se
Ele meneasse a cabeça não em recusa, mas deixasse de lado a
pergunta. Algo como “Fique em paz, meu filho; você não
entende.”. E mais como um olhar fixo e silencioso, com certeza
não impiedoso."

"Pode um mortal fazer perguntas que Deus considera não
passíveis de resposta? Absolutamente, sim. Todas as perguntas
sem sentido não são passíveis de resposta. Quantas horas
há num quilômetro? O amarelo é quadrado ou redondo?
Provavelmente, metade das perguntas que fazemos — metade
de nossos grandes problemas teológicos e metafísicos — pertençam
a essa categoria."

"Pensa-se comumente que os mortos nos vêem. E admitimos,
com razão ou não, que, se eles nos vêem, vêem-nos de
modo mais claro do que antes. Será que H. agora vê exatamente
o quanto de palavrório ou retórica havia no que ela
chamava — e eu chamo — de meu amor? Que assim seja.
Olhe o melhor que puder, querida. Eu não esconderia, se
pudesse. Nós não idealizamos um ao outro. Não tentamos
manter quaisquer segredos. Você conheceu a maioria dos
“podres” em mim. Se agora vê algo pior, posso aceitá-lo.
Você também. Dê bronca, explique, zombe, perdoe. Pois
esse é um dos milagres do amor. Ele concede — a ambos,
mas talvez principalmente à mulher — uma capacidade de
ver além de seus próprios atrativos e, ainda assim, sem perder
o encanto."

"Certa ocasião, bem perto do final, eu disse: “Se você
puder... se lhe for concedido... venha até mim quando eu
também estiver em meu leito de morte.”. “Concedido!” ela
prometeu.. “O Céu iria ter um trabalho danado para me
deter; e, quanto ao Inferno, eu o faria em pedaços.” Ela tinha
consciência de que usava uma espécie de linguagem
mitológica, com uma pitada de comédia. Havia uma cintilação
e uma lágrima no olho; mas não havia nenhum mito,
nenhuma piada acerca da vontade, mais profundos que qualquer
outro sentimento, a emanar dela."





A Anatomia de uma dor - C.S. Lewis

terça-feira, 18 de julho de 2017

Era necessário para Jesus Nascer, morrer e ressuscitar.

A nossa consciência pode ser despertada pela presença de Jesus que saiu do túmulo. Alguns foram levados a acreditar que foi a vida de Jesus que nos salvou. Não, ele teve de morrer. Alguns dizem que na morte de Jesus fomos salvos. Não, ele precisava ressuscitar. Todos os três atos precisavam estar presentes antes que pudéssemos realmente dizer que temos um Salvador em quem confiamos. Ele precisou viver entre os homens, 51/431 santo e inocente, sem manchas nem defeitos. Teve de morrer pelos homens e depois ressuscitar no terceiro dia, de acordo com as Escrituras. Ele realizou os três. O que o Espírito de Deus leva ao coração, o Espírito Santo crava na nossa consciência, e não conseguimos fugir até fazermos alguma coisa a respeito de Jesus.

A. W. Tozer

É a pessoa de Jesus que torna válidos seus ensinos.

Os ensinos de Jesus nos são caros e por meio deles podemos guardar seus mandamentos e provar que o amamos. É a pessoa de Jesus que torna válidos seus ensinos. Deus colocou a prova num nível espiritual. Ela não repousa na razão, mas na consciência. Se a ressurreição de Cristo repousasse na razão só as pessoas altamente racionais poderiam ser convertidas. Se a ressurreição de Cristo repousasse na capacidade humana de juntar e pesar provas, só o homem treinado para juntar e avaliar provas poderia crer, mas o ingênuo jamais poderia crer. O homem que trabalha com as mãos e não tem muitos pensamentos profundos continuaria inconverso. Com Cristo foi exatamente o contrário. As pessoas comuns o ouviam com satisfação.

A. W. Tozer - A vida crucificada

quarta-feira, 12 de julho de 2017

O Cristianismo funciona

Você pode rir do cristianismo, pode caçoar e ridicularizar os cristãos. Mas o cristianismo funciona. Transforma vidas. Preciso dizer: Jesus Cristo transforma vidas. O cristianismo não é uma religião; não é um sistema; não é um ideal ético; não é um fenômeno psicológico. É uma pessoa. Se você confia em Cristo, comece a observar as suas atitudes e os seus atos, porque o negócio de Jesus é transformar vidas."
Josh McDowell

sexta-feira, 26 de maio de 2017

A grandeza do ganhador de almas

A grandeza do ganhador de almas
Quando qualquer cristão fala a uma alma perdida, leva-a a
aceitar a Cristo e coloca um braço caloroso ao redor dos seus ombros ou agarra firmemente a sua mão enquanto dirige aquela alma na oração do pecador - quer na frente da igreja, em um banco do parque, numa casa, num restaurante, ou na esquina de uma rua, aquele cristão fica mais semelhante a Cristo do que teria a possibilidade de ser em qualquer outra atividade espiritual!
Levar uma alma perdida a aceitar a Jesus Cristo é a
experiência mais espiritual que é possível para um cristão! Não se pode chegar a nenhuma profundidade espiritual maior!
T. L. Osborn - Ajunta-te a esta carruagem

Ajunta-te a esta carruagem - Resumo do livro de T.L. Osborn

E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro.
Atos 8:29
Resumo do livro “Ajunta-te a esta carruagem” - T.L. Osborn
Aluno: Lucas Araujo Rodrigues

Osborn escreveu esse livro levando em conta principalmente o fato de que a igreja moderna resgatou muitas coisas que se perderam nos tempos de trevas, especialmente a idade média.
Com a reforma protestante que em 2017 completa 500 anos, muitos princípios fundamentais da igreja foram resgatados, doutrinas que são nosso norte, especialmente no que diz respeito a salvação. Resgatou-se o culto, a ausência de mediadores e da necessidade de inquisições, voltamos as escrituras. Mas Osborn almeja tratar de um dos resgates que ainda não foi plenamente realizado pela igreja, o do testemunho “fora do santuário”.
Logo no início do livro há ideias extremamente confrontadoras quanto a postura da igreja atual, o autor almeja convidar o leitor a repensar seus métodos, seu sentimento em relação as almas e propõe mudanças radicais na visão moderna de evangelização.
A igreja acostumou-se a convidar os pecadores ao templo, para isso se mobiliza, convida cantores, pregadores, bandas, investe na estrutura física de seus templos e desconsidera o fato de que da totalidade dos pecadores, apenas 10% frequentariam uma igreja, os outros 90% não virão e isso não pode ser revertido com meros convites, cartazes ou por performances dos pastores e cantores que trabalham nesses cultos.
Aparentemente com a expansão dos templos, modernização e conforto cada vez maior, as pessoas amam seus templos e não estão dispostas a sair de seu conforto a fim de conquistar as almas onde de fato elas estão: FORA DO SANTUÁRIO.
Ainda segundo Osborn estamos nos dedicando a evangelizar o perímetro correspondente ao templo com um vigor que deveria ser aplicado a todo o mundo. Aparentemente de modo involuntário a igreja parece demonstrar amor por bancos, púlpitos, sons, equipamentos e espera que por sua estrutura os pecadores venham, com isso transforma-se o “ide” em “vinde” e o único que pode dizer “vinde” é Cristo. Cabe a nós o “ide”.
Outro problema comumente enfrentado pelas igrejas modernas encontra-se no fato de que continuamente terceirizamos as responsabilidades quanto a pregação da palavra, pensam que essa responsabilidade é exclusiva ao pastor, inclusive há igrejas que pensam que sua única obrigação é frequentar os cultos e sustentar seu pastor e os que “fazem a obra”. Porém o chamado de Cristo para ir é de todos. O Espírito Santo está sobre todos.
Um texto muito enfatizado durante o livro é o de Atos 1.8.
 Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.
A virtude do Espírito Santo nos é dada para que testemunhemos, em Jerusalém, toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra.
Almejando confrontar a postura dos cristãos na atualidade, o autor propõe que olhemos para as testemunhas de Jeová. Seus convites não são para que o pecador se dirija ao “salão do reino”, antes disso eles vão as casas, de porta em porta, todos os dias e não param de crescer. Criticamos continuamente sua teologia, porém não podemos negar que eles praticam o seguinte texto:
E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo.
Atos 5:42
Todos os dias, no templo, nas casas, não cessavam de anunciar Jesus.
De imediato, não falam de Cristo. Porém seguem os demais princípios e nisso são eficazes, em demonstrar empatia para com os pecadores, em demonstrar que de fato se preocupam.
Nossa postura infelizmente tem sido a seguinte: “A igreja está aberta, temos toda a estrutura, nosso pastor prega muito bem, quem quiser salvação que venha! O máximo que fazemos é convidar as pessoas que passam em frente à igreja a entrar”. Supervalorizamos o templo, mas não amamos de modo considerável as pessoas.
Outro problema levantado por Osborn é que a espiritualidade, quando descoberta, tem levado muitos a demonstrarem seus dons carismáticos entre si, quando na verdade o poder para testemunhar é para FORA DO SANTUÁRIO.
Como o Espírito foi derramado sobre toda a carne, inclusive filhos e filhas; Osborn aproveitou para tratar da restrição que muitos tem imposto sobre as mulheres. Distorcendo dois textos que Paulo escreveu.  As mulheres tem sido caladas dentro do santuário, porém o próprio Senhor Jesus enfatizou sua utilidade na obra missionária. Uma mulher foi a primeira pessoa a anunciar a ressurreição de Cristo, as mulheres sempre tiveram um papel fundamental na igreja e ainda que as ordens de Paulo fossem entendidas como atuais, nada há que lhes restrinja da pregação fora da igreja. Para esclarecer o mal-entendido que se estende até nossos dias, há um capítulo inteiro dedicado aos textos em que Paulo aconselhou as mulheres para que não falassem. Tratavam-se de ordens específicas, extremamente necessárias para o contexto da época, mas sem sentido para nossos dias.

A leitura dessa obra foi extremamente relevante para mim, me fez repensar velhos métodos que usei, me fez rever o quanto um dia amei e como tenho amado tão pouco as almas. Que assim como a grande maioria dos Cristãos, tenho exercido um apego enorme ao templo e a pregação no santuário, porém ainda há tempo de ajuntar-se a essa carruagem. Carruagem que pode estar na escola, no trabalho, nas ruas, nas praças.
Que todos os dias, em todo lugar, de casa em casa anunciemos a Cristo.

Que a leitura desse livro marque um recomeço em meu ministério, pois não há posição que mais me assemelhe a Cristo do que quando eu abraço o pecador, não há momento em que demonstro estar cumprindo a palavra de modo tão claro, quanto o momento em que saio do santuário para pensar nos 90% que nunca irão até lá.  

quinta-feira, 25 de maio de 2017

A Cruz de Cristo acaba com o sexismo

Adão e Eva estavam contentes. Amavam-se mutuamente.
Eram uma só carne. Mas depois, aquele primeiro homem e aquela
primeira mulher desobedeceram a Deus, e o pecado deles trouxe
sobre eles a penalidade da lei de Deus. Foram expulsos do jardim
do Éden, porque não poderiam viver na presença de Deus depois
de terem pecado. Tornaram-se escravos de Satanás, a quem
tinham obedecida Sendo assim, passaram a ter um novo senhor, e
foi ai que começaram os problemas.

No coração do homem, e no da mulher, a lascívia começou a
tomar o lugar do amor. A concupiscência o mal tomaram o lugar
do bem. As paixões foram desencadeadas. E porque o homem
tinha uma forma física maior, e músculos mais fortes, o mal no
seu coração levou-o a transformar a mulher na sua escrava. Ao
invés de ela ser uma ajudadora idônea, para ele proteger e cuidar
dela, ele a reduziu a um objeto físico inferior para a satisfação da
sua própria lascívia.

Mas, assim como acontece com todas as más conseqüências
do pecado, foi fornecido pela graça de Deus um remédio para esse
estado caído da mulher – uma redenção através da qual foi
devolvido a ela seu lugar merecido ao lado do homem. Aquele
remédio foi através da morte e do sacrifício de Jesus Cristo, nosso
Senhor, que veio para sofrer as conseqüências de todos os nossos
pecados - os das mulheres e não somente os dos homens. Ele veio
nos resgatar a todos nós, para termos nossa condição original
diante de Deus e diante do próximo.

T. L. Osborn - Ajunta-te a essa carruagem