sexta-feira, 25 de maio de 2018

Há poder no Sangue de Jesus - Sermão entregue a Ad Brás Jd Guarujá 2 em 17/03 - Santa Ceia.


O Sangue de Jesus

“Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne,
Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?
Hebreus 9:13,14
O que é o sangue?
É o fluído líquido que se estende sobre nosso corpo, transportando nutrientes, oxigênio e está diretamente relacionado à vida humana.
Quando se perde muito sangue o oxigênio deixa de ser transportado aos órgãos, de forma que aos poucos estes vão parando de funcionar: Cérebro, coração, rins e todos os outros, ao atingir um órgão vital, a escassez do sangue protagoniza a causa da morte.
Por ter toda essa importância, desde os primórdios se criou uma série de teorias a respeito do sangue, crenças sensatas, outras bizarras e nas sociedades há variadas interpretações sobre seu real poder e significado.
O Sangue nas culturas desde a antiguidade

Desde Adão, ao ver algum animal violento se alimentando de outro, ou ao ter que de se alimentar de algum animal, Adão deve ter visto sangue escorrer, ao vê-lo, a crença a respeito do sangue iniciou-se e a sua associação direta a vida se instaurou.
Na antiguidade acreditava-se que o ato de beber sangue seria uma fonte de energia, pois, se a vida do outro está no sangue, a sua ingestão seria uma maneira de acumular mais forças, pois, essas seriam extraídas do inimigo abatido.
Ainda sobre a ingestão de sangue, acreditava-se que quando alguém mais velho ingerisse o sangue de alguém na adolescência por exemplo, esse alguém seria revitalizado, por ter em suas veias um sangue mais jovem.
Em diversos rituais religiosos se pratica a ingestão de sangue de animais, ainda que essa prática seja obscura e passível de mais detalhamentos, encontra-se com facilidade pessoas que já praticaram esse ritual em cultos especialmente do candomblé.
Também em sinal de amizade as pessoas bebiam sangue umas das outras como forma de demonstrar comunhão e intimidade.
Quando alguém ficava doente e a enfermidade não era facilmente identificada, esgotadas as tentativas de diagnóstico e cura, abriam-se ferimentos no corpo dos homens, a fim de que o sangue que fosse derramado e extraído levaria consigo a doença, tal prática era comum na idade média. Com pensamento semelhante durante anos usou-se e ainda se usam sanguessugas a fim de extrair sangue “pisado” e extrair o sangue contaminado.
A história ainda aponta que foram propostas muitas “curas” por meio do sangue, conta-se que um senhor tinha problemas psiquiátricos, e por não encontrarem soluções para o seu problema, foi feita uma transfusão de sangue em que o sangue inserido no paciente foi de um bode, este ao receber o sangue do bode veio a óbito.
As crenças são as mais diversas e o presente estudo não almeja abordar todas elas, poderia ser citado o batismo no sangue, os rituais de recepção envolvendo sangue, as doações de sangue e suas crenças, a comercialização clandestina de sangue e muitos outros mitos e verdades sobre esse tão importante elemento humano.

O Sangue na bíblia.
Na bíblia o sangue é uma assunto central, tanto que já fomos chamados de a religião do Sangue.
Só no AT. A palavra Sangue ocorre 362 vezes, no HB “DAM”.
No NT. o sangue aparece pelo menos 105 vezes sob o termo Gr. “Aima”.
O que o A.T. diz sobre o Sangue
1° - O Sangue e o pecado original - Deus havia dito ao homem que no dia que comesse do fruto do jardim ele morreria, o homem desobedeceu. Ao fazê-lo notou que estava nu, sentiu vergonha. Adão então confecciona uma roupa feita de folhas de figueira, na viração dos dias Deus apareceu no Jardim e falou com Adão, este estava escondido e Deus lhe perguntou sobre as roupas, sobre o que havia acontecido, até que a confissão finalmente se deu: “comemos do fruto”.
Deus em sua justiça deveria punir o pecado, mas em sua misericórdia providenciou um substituto para Adão. Este substituto foi algum animal, Deus o matou, retirou sua pele e deu a Adão e Eva para se cobrirem de sua nudez. O primeiro derramamento de sangue na história se deu pelo próprio Deus.
Porque a bíblia dá tanta importância para o sangue? Em várias passagens do AT há referências de que o sangue está diretamente relacionado à vida: LV. 17.11, DT 12.23, Gn 9.4. “A vida da carne está no sangue”, na bíblia sangue é “vida”, considerando isso Deus proibiu a ingestão do sangue entre o seu povo.
Deus estava estabelecendo um padrão: Sem o derramamento de sangue não há remissão de pecados. HB 9.22
Esse derramamento era substitutivo, o sangue do animal em lugar do sangue do homem, alguém teria que morrer, para não anular sua justiça e sua palavra Deus manifesta sua misericórdia no sacrifício de animais.

A primeira aparição do sangue na bíblia nos diz: “Deus é um Deus de misericórdia”.

2° - O Sangue clama - Abel
Os filhos de Adão e Eva ofereceram sacrifícios a Deus, Abel ofereceu um animal e derramou sangue, Caim ofereceu alimentos.
Deus aceitou a oferta de Abel, a de Caim não.
Caim movido pela inveja acaba assassinando seu irmão, indignado o esconde, assim como na história de seu pai, Deus aparece e pergunta coisas a Caim: “onde está seu irmão”?
Caim responde: Não sou guarda de meu irmão.
 “E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.
Gênesis 4:10

Caim pede a Deus a morte, porém Deus não atende seu desejo, temendo que a morte não fosse realizada por Deus, Caim diz que o fardo de permanecer vivo seria maior, pois, alguém poderia mata-lo, é então que Deus o marca, de forma que todos que o vissem saberiam que ele deveria ser mantido em vida.
Essa história aponta para a nossa vida e para Cristo.
Nós fornecemos sacrifícios imperfeitos como Caim, Como Abel Cristo oferece um sacrifício perfeito. Nós não agradamos a Deus, Cristo agrada, nós (Homens) matamos a Cristo, merecíamos a morte, mas Deus ao ver o sangue de Cristo nos poupa. Não obstante a grande injustiça cometida por nós, Deus poupa, Deus dá novas chances.
“E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.
Hebreus 12:24
O sangue agora não é de Abel, este clamava justiça. Mas o de Cristo que clama a Deus melhor e mais alto: Misericórdia e graça.

3° - O Sangue é uma garantia de Deus: Deus dá novas chances - Noé
Anos mais tarde o povo havia se espalhado, cresceram e se multiplicaram. Até que suas iniquidades se estenderam em proporções ainda maiores, não havia mais o temor de Deus entre o povo e Deus chama Noé, separa sua família, ordena a construção da Arca e o dilúvio vem.
Após o término ao descer novamente da arca, Noé oferece a Deus o sacrifício de animais perfeitos, novamente o sangue é derramado em holocausto, a oferta é queimada e Deus se agrada e lhes diz: “Não mais destruirei os homens”.

“E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar.
E o Senhor sentiu o suave cheiro, e o Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz.
Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão.
Gênesis 8:20-22
O sangue derramado nos dias de Noé é uma garantia: Deus poupa, Deus tem uma aliança com os homens sacramentada no sangue e essa aliança tem em seu conteúdo uma nova chance.
4° O sangue é garantia de que Deus cumpre o que diz - Abraão
Abraão se encontrou desanimado, triste, abalado por conta de ter percebido que os anos se passaram e Deus não lhe dava filhos, ainda que ele já tivesse Ismael, era hora de ter o esperado filho gerado por Sara.
Abraão já havia visto uma considerável guerra de 4 reis contra 5, percebia que os anos estavam passando e o temor de morrer sem ter seu filho era enorme.
Deus lhe aparece e reforça suas promessas, porém Abraão estava incrédulo, abalado e pede garantias a Deus.
“E Deus faz um pacto com Abraão nos seguintes termos:
E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.
E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu.
Gênesis 15:9,10
Esse pacto era chamado de “Pacto de sangue”, a ideia era de que ao passar por entre os animais o homem estava dizendo: “Se deixar de cumprir o pacto, o meu fim será o mesmo”.
Deus então pede que Abraão passe primeiro, porém ele não consegue, as aves descem, ele as enxota, até que escurece e Abraão adormeceu.
Deus passou por entre as aves durante a noite e seu aspecto naquele momento era de uma tocha e com esse ato de passar entre o sangue Deus estava dizendo: “Eu cumprirei minha parte da aliança independente de você.”

5° O sangue é a garantia de que Deus guarda - Páscoa
Nos dias de Moisés Deus havia enviado 9 pragas, até que ele institui a décima, essa seria a mais severa de todas, neste dia o povo seria liberto do Egito.
A bíblia diz que o povo deveria preparar dois cordeiros por família, se aprontar para ir embora a qualquer momento e aguardar a última praga.
Um cordeiro seria consumido pelo povo junto a outras especiarias designadas por Deus e o outro sacrificado, o sangue aplicado nos umbrais das portas, ao ver o sangue Deus passaria por cima da casa, não lhes mataria. O sangue era a garantia de proteção divina e livramento ao povo Israelita.

“E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito”.
Êxodo 12:13

6° O Sangue permite aproximação, comunhão e cobertura dos pecados - Levítico
Deus já havia iniciado um sistema ordenado de sacrifícios, esse sistema está descrito no livro de Levítico, em quase todos os sacrifícios havia a presença de animais imolados e tendo seu sangue derramado.
De agora em diante Deus exigiria um sistema organizado de sacrifícios, os primeiros capítulos de LEVÍTICO falam sobre isso.

O primeiro deles era o de Holocausto, este sacrifício visava a aceitação divina, uma propiciação.
O segundo sacrifício era o pacífico, como uma oferta de gratidão, ainda que não fosse motivado pelo pecado, ele deveria ser feito “não sem sangue”, indicando que o sangue de Cristo inclusive nos impulsiona no agradecimento.
O terceiro sacrifício seria o sacrifício pelo pecado involuntário, ou pela culpa, mais uma vez “não sem sangue”, indicando que o Sangue traz perdão para as falhas não planejadas.
O quinto sacrifício era realizado anualmente, era quando os pecados não confessados, ou não reparados eram apresentados a Deus no chamado dia da expiação, esse dia era de extrema tensão aos Israelitas, seria o dia de receber a misericórdia ou juízo divino.
Deus preparou essa ocasião chamada de dia da expiação, dia da cobertura.
Seriam mortos dois cordeiros, um emissário e outro para o sacrifício, o sangue era aspergido sobre a tampa do propiciatório, o sangue era o agente da cobertura de Deus para os pecados no AT, era o dia que Deus poupava todos os pecados da nação, a conta era zerada.
“Assim fará expiação pelo santo santuário; também fará expiação pela tenda da congregação e pelo altar; semelhantemente fará expiação pelos sacerdotes e por todo o povo da congregação.
E isto vos será por estatuto perpétuo, para fazer expiação pelos filhos de Israel de todos os seus pecados, uma vez no ano. E fez Arão como o Senhor ordenara a Moisés”.
Levítico 16:33,34
7° O Sangue representa proteção e livramento - Raabe

Foi simbolizado por um fio de escarlate na casa de Raabe, esta havia ajudado os espias enviados a Jericó, sua casa estava sobre o muro de Jericó. Deus havia dito que derrubaria esses muros, logo a casa dela também seria derrubada. Como troca de favores Raabe pede aos espias que lhe concedam livramento.
“Eis que, quando nós entrarmos na terra, atarás este cordão de fio de escarlata à janela por onde nos fizeste descer; e recolherás em casa contigo a teu pai, e a tua mãe, e a teus irmãos e a toda a família de teu pai”.
Josué 2:18

O texto diz que Raabe é orientada a por um fio de escarlate junto a sua porta, quando os judeus passassem por sua casa não a derrubariam, o fio de escarlate é vermelho e é um tipo do sangue.
O sangue mais uma vez era a garantia de proteção para a vida de Raabe.

8° O sangue também era usado em rituais de purificação da lepra
Quando um leproso era curado ele apresentava duas pombas ao sacerdote, uma era imolada e tinha o seu sangue derramado numa bacia, misturado a águas correntes e espargido sobre uma outra pomba que ficaria viva.
A ideia é que ao ver uma pomba com sangue espargido todos saberiam que alguém havia sido purificado, logo o sangue mais uma vez era símbolo de pureza.
Uma pomba era morta e tinha sangue derramado, enquanto outro permanecia com o sangue aspergido e em liberdade.
O sangue purifica e dá liberdade.
“Mandará também o sacerdote que se degole uma ave num vaso de barro sobre águas vivas, E tomará a ave viva, e o pau de cedro, e o carmesim, e o hissopo, e os molhará, com a ave viva, no sangue da ave que foi degolada sobre as águas correntes. E sobre aquele que há de purificar-se da lepra espargirá sete vezes; então o declarará por limpo, e soltará a ave viva sobre a face do campo”.
Levítico 14:5-7

Todas essas coisas são tipos, do antítipo que é Cristo, logo todo o antigo testamento ao falar do sangue, está falando sobre o cordeiro definitivo.

O SANGUE NO NT.

1° - Cristo foi o cordeiro definitivo
Considerando que todas essas coisas eram sombras do que havia de vir CL. 2.17, cabe-nos pensar que os sacrifícios realizados até então chamados de “expiação”. O sangue derramado sobre o propiciatório da arca da aliança era uma cobertura sobre as duas tábuas da lei dadas a Moisés no Sinai.
O sangue cobria a lei, mas tinha em si a falha de ter uma reparação temporária, passageira e anualmente se fazia novamente expiação.
Jesus ao aparecer para ser batizado por João, tem a plena revelação sobre sua identidade definitiva.
João batizara uma série de pessoas, mas ao ver o Cristo se aproximando ele diz:
“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.
João 1:29

A primeira alusão que vem a nossa memória a cerca de cordeiro está em Gênesis 22, quando Abraão vai trazer seu filho para sacrificar a pedido de Deus ele levanta o cutelo, mas ao levantar ouve a voz do anjo que lhe diz: Não faças tal, neste momento ouve o barulho de um carneiro preso pelos chifres.
Naquele dia um carneiro morreu, pois, cordeiro vicário só haveria um, muitos anos depois.
Ao ver Jesus, João Batista declara: “Ele é o cordeiro que tira o pecado”
Tirar o pecado era um conceito novo, até então se fazia expiação, mas quando Cristo o cordeiro chegou, não houve mais a necessidade de cobertura, o seu sangue perdoava.
Em Cristo há perdão, remoção do pecado.

2° - O Sacrifício de Cristo é a nossa nova aliança
Jesus estava prestes a se entregar para ser sacrificado, a páscoa se aproximava e na quinta-feira anterior a crucificação ele se reúne com seus discípulos no cenáculo, é quando então ele diz que desejara aquele momento de se assentar com eles, de comer a ceia, e é então que num momento célebre Jesus ergue o pão e institui a ceia do Senhor:
“Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo”.
Mateus 26:26
No momento seguinte Jesus toma o cálice e num ato muito expressivo ele institui a nova aliança:
“Tomando o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
porque este é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por
muitos para remissão de pecados”.
Mateus 26:27,28
No Getsêmane em oração Jesus derramou seu sangue, ao ser açoitado novamente, ao receber a coroa de espinhos, ao carregar a cruz e andar pela via dolorosa, ao chegar no monte caveira, ao ter a lança crava ao seu lado, o sangue ia sendo derramado e com ele a nova aliança era firmada.
A antiga aliança se baseava numa relação condicional, Deus disse ao povo Israelita que toda a terra lhe pertencia, mas que Eles seriam seu povo, que não haveria doença, infertilidade, guerras, tudo seria perfeito desde que guardassem a lei de Deus. A lei foi dada com 613 mandamentos, as pessoas não conseguiram cumprir, desobedeceram, com sua desobediência havia um ciclo: Pecado, punição, arrependimento e misericórdia.
Agora Jesus ergue o cálice e diz que o fundamento da nova aliança é seu sangue, essa nova aliança tem graça incondicional, perdão definitivo e graça. O sangue é o novo testamento, a nova aliança, o novo pacto, esse pacto tem como fundamento o amor de Deus, a graça de Deus incondicional que entregou o seu filho.
Mensalmente nos reunimos em igrejas, lares, cultos e participamos deste ato que lembra a aliança abrangente de Cristo, do sangue derramado para remissão de muitos.

3° O Sangue de Jesus nos dá acesso a Deus
“Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne”
Hebreus 10:19,20
Jesus suportou o vitupério da Cruz, suportou os açoites e a grande dor e seu sofrimento foi indescritível.
Entre suas sete palavras na cruz, há um momento em que Jesus rende seu espírito, ao render seu espírito o véu do templo se rasgou.
Este véu tinha 13 metros de largura, por treze de altura, era composto por diversos tecidos retorcidos, sua espessura era de 11 cm.
“E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras”;
Mateus 27:51
Imaginemos o templo, era ocasião da páscoa, cordeiros estavam sendo imolados, sacerdotes estavam com muito trabalho, até que durante o serviço sacerdotal, este percebe que o véu estava se rasgando de alto a baixo.
Neste momento a terra treme, rochas se fendem e sepulcros se abrem, historiadores apontam o fato de que naquele dia os cordeiros forma soltos, as cercas se fenderam por conta do terremoto e nunca se viram tantos cordeiros como foi visto em Israel naquele dia, a partir deste momento não eram necessários mais cordeiros, não eram necessários mais touros ou bodes, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo estava sendo entregue.
O véu rasgou-se e o santo dos santos ficou disponível, todos poderiam entrar, todos poderiam se aproximar.
O santo dos santos que hoje entramos não é mais o que está por detrás da cortina, essa cortina era o corpo de Cristo que foi aberto, estamos agora próximos a Deus. Podemos entrar no santuário do céu, chegar não diante da arca, mas do próprio Jesus, do próprio Deus, por um novo e vivo caminho.
O sangue de Cristo proporcionou este novo caminho sem limites.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

2° Timóteo - Exortações aos "Timóteos" de hoje


Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
Procura vir ter comigo depressa,
2 Timóteo 4:6-9

O LEGADO DE PAULO A UM JOVEM INSEGURO - Sermão entregue a ADSM CHÁCARA SANTANA EM 01/05/2018

O contexto em que a segunda carta de Paulo a Timóteo se dá é extremamente desesperador.
Nero estava no auge de suas maldades, já havia causado o incêndio de Roma e atribuído esse fato aos Cristãos, levando o povo a uma extrema revolta contra os cristãos, que segundo ele eram uma organização partidária que poderia abalar seu império. Por mero desconhecimento ele passa a perseguir os Cristãos em todas as partes, ordenando sua morte, martírio e vitupério.
O fato de os cristãos não se prostrarem nos cultos realizados aos imperadores, bem como de realizarem suas reuniões a portas fechadas, gerou diversas suspeitas de conspiração, como se o povo Cristão estivesse tramando algo contra o império e o povo romano.
Até o dia em que Nero no ano 64 D.C. ordenou o incêndio de Roma, enquanto tocava flauta, na famosa cena que é citada até os dias de hoje.
Durante o período do incêndio que foi de 6 dias o povo estava unânime na intenção de descobrir o mandante ou os responsáveis pelo imenso prejuízo causado, as suspeitas inicialmente caíram sobre o próprio imperador, porém, esse por sua vez, desviou o foco das acusações e as atribuiu aos cristãos, que permaneceram (boa parte) intactos durante esse incêndio. Assim uma revolta sem precedentes tomou conta de todos, Nero em busca de mais popularidade passou a usar a revolta do povo contra os cristãos como trampolim para promover seu império e seu controle sobre todos.
A história afirma que os Cristãos eram entregues aos leões no Coliseu Romano, sob imensa plateia que os via constantemente e de modo indiferente. Há relatos de Cristãos que foram vestidos de peles de animais e cachorros selvagens foram soltos a fim de mata-los.
Uma perseguição sem precedentes se entendeu sobre todos, os cristãos passaram a ser caçados em todos os lugares e entre a primeira prisão de Paulo e a segunda ele foi capturado e preso.
Anteriormente Paulo estava sob prisão domiciliar em Roma, onde recebia visitas, fabricava suas tendas, escrevia cartas e toda a guarda pretoriana se revezava na intenção de saber mais sobre o evangelho que Paulo pregava. Foram dois anos preso, mas de relativa calmaria.
Após os dois anos Paulo é liberto e envia Timóteo para contar a boa notícia aos irmãos, de Roma vai a Creta onde deixa Tito, de lá vai a Éfeso e a Colossos (cidade que ainda não conhecia mesmo tendo escrevido uma carta), lá encontra-se com Timóteo e o ordena a administrar a igreja de Éfeso. Pouco tempo depois Paulo é novamente capturado, isso ocorre após o incêndio já citado nesse estudo.
A prisão que Paulo é submetido é bem mais severa que a primeira, Paulo estava sob um lugar subterrâneo, uma masmorra fria, úmida, com apenas uma única saída para cima, sem ver a luz do dia, sob constante solidão, esquecimento e preocupações.
Quais são os sofrimentos que Paulo está submetido?

1° A MORTE É IMINENTE E BREVE
Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
2 Timóteo 4:6

Saber que algo ruim está por vir é péssimo, saber que será em breve é de causar uma ansiedade extremamente negativa. Nesse caso Paulo via tudo o que estava acontecendo ao seu redor, sabia que ia morrer não muito depois daqueles dias. Muitos cristãos já haviam morrido estando nas masmorras vizinhas as de Paulo, as notícias sobre o coliseu, sobre os cristãos acesos para iluminar a cidade, eram constantemente ouvidas por ele, Paulo no fundo sabia que dessa vez não haveria espacatória.

2° A DOR DO ABANDONO
Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica, Crescente para Galácia, Tito para Dalmácia.
Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério.
2 Timóteo 4:10,11

Para piorar, além de estar preso e saber que vai morrer, Paulo percebe que seus amigos estão pouco a pouco se afastando, simplesmente apostatando da fé. Uma lista de pessoas próximas vai se afastando e evitando a presença de Paulo, bem como a continuidade do evangelho.
Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado.
2 Timóteo 4:16
Em sua audiência preliminar talvez Paulo esperou muitos amigos, mas o tempo passou, a audiência começou e talvez a expectativa pouco a pouco diminuiu, até que se ao menos aparecesse a festa estaria completa, mas não vieram.

3° FRIO E VAZIO EMOCIONAL
 Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.
2 Timóteo 4:13

Paulo está suportando também um frio horrível, pois, ele clama a Timóteo que traga sua capa, provavelmente esquecida em Trôade, a capa que também representava suas lembranças e que durante tempos ele carregou consigo. É um fato digno de nota que a essa altura Paulo não almeja sequer uma capa nova, ou muitas coisas, seus pedidos são simples: Sua velha capa, para não morrer de frio.
Procura vir antes do inverno.
2 Timóteo 4:21
O segundo pedido de Paulo é que ele traga seus pergaminhos, pois, neles estavam contidas anotações importantes, pensamentos que ele não gostaria que se perdessem, além disso os pergaminhos seriam de alguma maneira uma distração para Paulo em dias de extrema solidão e tristeza.

4° APOSTASIA DAS IGREJAS
Bem sabes isto, que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim; entre os quais foram Figelo e Hermógenes.
2 Timóteo 1:15
A Ásia que se tratava do lugar onde Paulo passou boa parte de sua vida, pregando, plantando igrejas, lugar onde Paulo labutou em extremo a fim de ter êxito no cumprimento de seu ministério lhe abandonou totalmente. As acusações estão sendo feitas contra Paulo e diferentemente de outras vezes ele não poderá ir até lá para se defender, não poderá vê-los novamente, os dias eram de perseguição, apostasia e engano entre as igrejas, Paulo vê seu trabalho em jogo, pois, tudo o que lutara para fazer está se desmoronando ao seu redor.

5° TIMÓTEO (SEU SUCESSOR) ESTAVA PRESTES A SUCUMBIR
Imaginemos que até então Timóteo já havia visto o sofrimento de perto, as perseguições ministeriais de perto, porém nunca antes ele estivera só.
Sempre que as pessoas iam refutar a pregação o faziam com Paulo, ainda que Timóteo estivesse junto, ele sofria bem menos do que seu “pai na fé”.
Paulo já tinha costas largas, já tinha suportado açoites, afogamentos, tristezas, perseguições, mas se manteve firme, inabalável. Durante os anos de ministério junto a Paulo, Timóteo adquiriu seus traços, de modo que quem olhava para o jovem Timóteo, via Paulo, logo toda a perseguição contra Paulo não o atinge, pois, ele está longe da Ásia, está encarcerado em Roma. A perseguição vem contra um jovem pastor, que deveria lhe suceder, continuar a obra.
Todas as agressões, acusações e confrontos que antes vinham sobre Paulo, estão vindo agora sobre um jovem pastor, que tem sob si a responsabilidade de uma enorme igreja, a continuidade do evangelho, bem como a manutenção de sua pureza.
Paulo está preocupado, pois, além de todos da Ásia lhe abandonarem, há também o fato de que seu sucessor está pouco a pouco o evitando. A dor era muito grande, de forma que Timóteo está negando a fé em pequenas atitudes, não está mais com o vigor do início, na primeira defesa de Paulo ele não aparece e isso preocupa o coração do velho apóstolo. O evangelho estava sofrendo um dos mais duros golpes da história nesse exato momento, o que aconteceria com as igrejas se Timóteo não se mantivesse firme? O que aconteceria com Paulo sem sucessor? Como o evangelho iria continuar?
Paulo carregava consigo todas essas dificuldades e indagações, considerando isso, do alto de seus sessenta e poucos anos ele escreve essa carta para chamar Timóteo de volta ao evangelho e a missão proposta.

Devemos considerar quais eram as limitações de Timóteo:
Timóteo era um rapaz jovem demais para a função.
Acredita-se que Timóteo tinha pouco mais de trinta anos quando iniciou o ministério como pastor na igreja de Éfeso, essa era a principal igreja da Ásia. Igreja onde Paulo esteve três vezes, sendo que a na primeira teve um bom espaço de tempo para ensinar ao povo, apesar da rejeição de alguns judeus.
Numa segunda ocasião Paulo prega aos Efésios que rasgam os livros de Diana, queimam-nos, porém posteriormente alguns alvoroçam a multidão e a fazem gritar novamente por Diana dos Efésios.
Um povo idólatra e com as dificuldades culturais e regionais, pois, a crença em Diana rendia dinheiro aos artesãos e todos os envolvidos na sua crença.
Na terceira vez que esteve lá, Paulo teve a oportunidade de se despedir dos irmãos de Éfeso, dizendo que essa seria a última vez que veriam seu rosto, todos choraram e comovidos com o discurso de Paulo se lamentaram profundamente.
Essa igreja grande, com muitos opositores ao evangelho infiltrados, pessoas que não concordavam com Paulo, estão intimidando o jovem Timóteo, que tinha 30 anos. Uma idade curta para quem tem uma responsabilidade enorme como essa. 

Que ninguém despreze sua mocidade – 1° Timóteo 4.12
Que fuja das paixões da mocidade – 2° Timóteo 2.22

2° Timóteo tinha problemas de Saúde
Além de muito jovem, Timóteo tinha fragilidades na saúde, de modo que Paulo o exortou a não mais beber apenas água, mas também a beber um pouco de vinho. 1° Tim. 5.23

3° Timóteo tinha uma timidez que foi digna da exortação de Paulo.
Timóteo é constantemente exortado por Paulo a despertar o dom de Deus que já estava sobre ele, pois, Timóteo se via incapaz de realizar as tarefas, Paulo as vezes abria caminho para ele nas cartas:
E, se Timóteo for, vede que esteja sem temor convosco; porque trabalha na obra do Senhor, como eu também.
Portanto, ninguém o despreze, mas acompanhai-o em paz, para que venha ter comigo; pois o espero com os irmãos.
1 Coríntios 16:10,11
Provavelmente ele tinha dificuldades em se posicionar, se levantar, exercer seu ministério, pois, se via incapaz, tímido e com muito mais tendências a ser liderado do que liderar.
Era um jovem frágil que chegou ao ponto de chorar na última vez que Paulo havia lhe visto.

Agora Paulo considerando todos esses fatores, bem como suas próprias restrições vai escrever essa carta, de pastor para pastor, de mestre para aprendiz, de apóstolo para jovem obreiro, essa carta sem dúvidas tem ensinamentos fantásticos para todos nós.
Podemos ver nela uma figura de um  Paulo que também se preocupa, que também tem medo, também sente frio.
Vemos a figura de um jovem que suporta os problemas de dentro:

Ansiedade
Insegurança
Solidão (após a prisão de Paulo)
Falta de orientação
Problemas de saúde
Bem como os problemas de fora:

Perseguição
Responsabilidade pela continuidade do evangelho
A ausência de seu pai na fé
Os inimigos da própria igreja
As constantes heresias e tentações.

Essa carta é para todos nós que no contexto da pós-modernidade estamos vendo os ataques de fora acontecendo, em escolas, televisão, cultura e todos se posicionam contra a igreja de Deus.
Somos odiados tal como a bíblia diz em Mateus 5.11-12.
As pressões de dentro também continuam sobre nós:
Tentações da juventude, insegurança profissional, sentimental, incertezas quanto ao futuro, medo por conta da pressão da sociedade contemporânea, bem como as incertezas naturais da adolescência e juventude.

Paulo almeja chamar Timóteo de volta para o seu lado, para o caminho do discipulado, ele usará alguns artifícios para isso, veremos alguns deles.




1° A LEMBRANÇA DA FÉ DE TIMÓTEO
Desejando muito ver-te, lembrando-me das tuas lágrimas, para me encher de gozo;
Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há,
2 Timóteo 1:4,5

Como se deu a fé de Timóteo?
Durante a primeira viagem missionária de Paulo, ele esteve junto com Barnabé em Icônio, onde pregaram a palavra e foram rejeitados pelos  judeus e gentios, haviam muitos divididos, alguns a favor de Paulo, outros a favor dos Judeus.
Um motim é armado e Paulo foge para a cidade de Listra.
Atos 14. 1-5.

Ao chegarem em Listra, pregaram o evangelho, Lucas relata que durante um sermão de Paulo, um homem que era paralítico de ambos os pés fitou os olhos nele, Paulo vendo que esse tinha fé para ser curado ordenou que se levantasse e andasse ele passou a saltar e se alegrar, pois, nunca antes tinha andado.
A multidão fica espantada e grita entre si que os Deuses estavam entre eles, pois, havia uma crença antiga de que os deuses um dia os visitaria, como o milagre aconteceu, eles ficaram convictos de que se tratava do cumprimento dessa antiga profecia.
Trazem animais, ofertas e almejam entrega-las ao apóstolo e a Barnabé, eles rasgam suas vestes, atribuem a glória a Deus e conseguem impedir o sacrifício.
O momento imediatamente posterior indica que os judeus de Icônio, que já haviam feito um motim em sua cidade, desceram a Listra.
Esses convenceram a multidão, que acabou apedrejando a Paulo, de forma tão brutal que ele foi retirado da cidade como um morto.
Os discípulos rodearam Paulo, oraram por ele e ele foi ressuscitado, voltou a cidade pela porta da frente para pregar novamente o evangelho, agora em Derbe.
Essa cena por certo foi contemplada pelo jovem Timóteo, que ao ver o exemplo do apostolo, sua abnegação e paixão pelo evangelho, logo sonhou em um dia ser um dos tais, ainda que muito jovem, Timóteo passou a ter desejos ministeriais. Acredita-se que ele tinha provavelmente 13 anos de idade.
Pouco tempo depois Paulo voltou e o testemunho entre todos obreiros a respeito de Timóteo era positivo, havia um comum sentimento de admiração pelo jovem rapaz e também as expectativas em torno de seu ministério provavelmente eram grandes, Paulo se anima ao ouvir o testemunho dos habitantes de Listra:
E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego;
Do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio.
Atos 16:1,2

Pensando nesse testemunho Paulo o convida para ir ter com ele:
Paulo quis que este fosse com ele; e tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego.
Atos 16:3
Seis anos haviam se passado e o jovem Timóteo agora estava apto a seguir o apostolo, seu antigo sonho ministerial finalmente se concretizaria e ele estaria envolvido de vez na causa do evangelho.
Com aproximadamente 19 anos Timóteo começou efetivamente a caminhada junto ao apóstolo Paulo.
Paulo queria trazer a memória a fé não fingida que havia em Timóteo, a lembrança desses momentos do início, a lembrança de quando as responsabilidades ministeriais não lhe roubavam a fé, não afetavam sua vida devocional era pura, no auge de um coração de 18 anos que ainda queima com o evangelho. O serviço ministerial, as perseguições, os muitos cuidados não roubaram a espiritualidade de Paulo, porém Timóteo ao contemplar toda a perseguição, as demandas do ministério, as demandas do lugar onde ele estava, as acusações contra seu pai na fé, passou a evitar o apóstolo, passou a ter uma fé mecânica e fingida, a exortação de Paulo a Timóteo era: Eu lembro de quem você foi, de como era nos tempos de sinceridade, lembre-se também disso!
Cabe então a pergunta para os tempos atuais, será que a atividade ministerial não nos roubou o amor? Não nos tornou técnicos ao ponto de que a nossa fé se tornou fingida? Eu quero trazer a memória a fé não fingida que havia em você.







2° UMA FÉ HERDADA
a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti.
2 Timóteo 1:5
Tratava-se de uma fé herdada, que vinha da avó, da mãe e que deveria se manter na geração atual. Timóteo era a demonstração de uma fé que se dá mediante herança, ou seja, filho de crentes que lhe instruíram desde cedo na lei de Deus. Timóteo fora orientado quanto aos sacrifícios, foi notificado sobre a história dos hebreus e do Deus dos céus que sempre estaria com eles.
A fé que ele recebeu além de não ser fingida, era uma fé que trazia consigo a história de uma avó, de uma mãe que não obstante ter uma marido grego, orientou seu filho e se esforçou a comunicar a sua fé ao jovem, para Timóteo, manter a fé era algo que não envolvia apenas a si mesmo e ao seu pai na fé, mas sim a honra e esforço de toda a família que haviam investido tempo, energia e afeto a fim de lhe firmar na fé em Deus.
Para Timóteo, não tratava-se apenas de uma decisão que envolvia a si mesmo, as sobre ele estava o peso da mãe e da avó, bem como de todos os mártires e aqueles que haviam se esforçado para que a palavra chegasse aos seus dias.
Boa parte de nós temos uma fé herdada dos pais, ou mesmo uma fé que foi implantada mediante a pregação de alguém que se esforçou a fim de lhe ver bem, considerando isso devemos levar sempre em conta o peso do sangue dos mártires, dos que nos comunicaram a fé e torcem para que a conservemos, Paulo falou há muito tempo sobre isso, mas esse sermão torna-se uma ocasião propícia para nos perguntarmos: Estamos honrando a fé dos nossos pais? Estamos considerando o sangue dos mártires e de todos que se esforçaram pela pregação do evangelho?
Essa fé foi de mãos em mãos e precisa ser comunicada para a geração posterior através de nós.
A figura que Paulo usa no capítulo dois pode ser aplicada aqui:
Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.
E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.
2 Timóteo 2:1,2

A ideia desse texto é de uma tocha olímpica que é repassada de mão em mão, do país que sediou a última olimpíada, até o país que sediará a próxima, a responsabilidade de Timóteo era entregar a tocha acesa para a geração posterior. Seu desafio era que sua caminhada não lhe impedisse de manter acesa a chama do evangelho em sua vida e comunicar essa chama acesa à geração posterior.
Há entre nós o consenso de que o evangelho foi entregue aceso em nossas mãos, a nossa pergunta é: Estamos mantendo acesa essa chama? Como a geração posterior receberá essa tocha?
A nossa geração não pode ser marcada pelo esfriamento do evangelho, pela tocha que se apagou, pelo término da pregação das escrituras, despertemos o dom de Deus que há em nós.

3° O EXEMPLO DO PRÓPRIO APÓSTOLO

Quando se está inseguro no ministério há pelo menos duas tentações, envergonhar-se do Senhor e deu seu testemunho e depois envergonhar-se da própria igreja:
Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus,
2 Timóteo 1:8

Paulo estava sendo caluniado e como dito anteriormente todos os ataques que até então vinham sobre Paulo estavam vindo sobre um jovem de trinta anos que tinha problemas de saúde e insegurança e a timidez.
Timóteo passa a se envergonhar e evitar Paulo, as convicções que até então eram firmes, passam a não ser tanto assim, a fé que era inabalável como uma rocha está em momentos de crise, de forma que Timóteo passa a se envergonhar do testemunho do Senhor e deu seu antigo pai na fé, a saber Paulo.
O velho apóstolo está agora propondo um desafio a Timóteo lhe dizendo: Não se envergonhe, não se envergonhe de Deus, não se envergonhe de mim, não se envergonhe do evangelho!
Paulo tinha motivos para ter relativa vergonha, ele dedicara anos ao ministério na Ásia, se dedicou a muitas igrejas e pessoas que lhe abandonaram.
Sob a perspectiva de sucesso mundana Paulo era um fracasso, estava preso como um malfeitor, estava humilhado e fadado a morar numa masmorra até a morte, seria exterminado como um criminoso qualquer. Sob a perspectiva da teologia da prosperidade Paulo era um fracasso, conforme as palavras de Hernandes Dias Lopes.
Paulo porém diversas vezes citou sua biografia de sofrimentos:
São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.
Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um.
Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;
Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos;
Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.
Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.
2 Coríntios 11:23-28

Paulo pelo contrário, convida Timóteo a ser coparticipante nesse sofrimento, nas aflições do evangelho segundo o poder de Deus, pois, esta é uma santa vocação.
Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.
2 Timóteo 1:12

Quando Paulo é tentado a se envergonhar ele brada da prisão dizendo, “eu sofro essas coisas, mas não me envergonho”
Timóteo, um jovem iniciante no ministério estava sendo levado a vergonha por amor a essa causa, mas ele deveria se lembra que o tempo que ele tinha de vida, Paulo tinha de ministério e não se envergonhava do fim que estava tendo, não se envergonha de estar preso como um bandido qualquer, pois, sua prisão era de Cristo. Ele sabia que a sua esperança estava para além da masmorra.
Quando somos tentados a desistir, devemos olhar para os exemplos vigentes a nossa volta e veremos que há pessoas que batalham a mais tempo, sofreram mais e tem muito mais vigor do que nós tempos, pessoas que são lições vivas de como lidar com a vida e o ministério. Paulo convidou Timóteo a fazer isso:
“Olhe para mim, tenho mais tempo de ministério, sofri muito mais, mas ainda estou de pé, estou prestes a morrer, mas eu sei em quem eu tenho crido”.
As palavras eram um convite a se atentar ao seu exemplo.



O CONVITE FINAL DO APÓSTO PAULO AO SEU JOVEM OBREIRO E A TODOS NÓS

Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino,
Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.
2 Timóteo 4:1,2

Paulo em suas últimas palavras, em seu último registro, deixa uma convocação solene, devemos nos atentar de agora em diante sobre tudo o que foi dito, mas a fala de agora é com um peso maior, devemos pensar nessa fala levando em conta um Deus há de julgar vivos e mortos na sua vinda e no seu reino.
O olhar para o julgamento futuro nos leva a refletir sobre algumas coisas:
1° O trabalho deve ser feito com zelo, pois, quem há de avaliar é Deus.
2° Devemos nos apresentar a Deus aprovados, não apenas ser aprovados diante de homens. 2 Tm. 2.15
2° Devemos levar em conta que esse trabalho nos livra do medo dos outros, pois, nosso juiz é Deus.
3° Por ser algo que será avaliado no futuro, podemos com o olhar futuro batalhar no presente seguros com o fato de que Deus levará em conta tais obras. 1°Co. 15.58

terça-feira, 6 de março de 2018

O inimigo nos afasta da oração incentivando a informalidade

A melhor coisa a fazer, se possível, é afastar completamente o paciente em questão da intenção de rezar. Se o paciente é um adulto, recém-convertido para o lado do Inimigo, como é o caso do nosso homem, conseguimos tal feito quando o encorajamos sempre a lembrar-se, ou a pensar que se lembra, do quanto suas preces na infância eram automáticas. Em contrapartida, você talvez possa persuadi-lo a almejar algo totalmente espontâneo, introspectivo, informal, livre de regras; e isso na verdade significará, para um iniciante, o esforço para produzir em si mesmo um estado de espírito vagamente devocional no qual a verdadeira concentração de vontade e inteligência não desempenham nenhum papel.

C. S. Lewis - Cartas de um diabo ao seu aprendiz