OS OSSOS DE JOSÉ – UMA MENSAGEM DE ESPERANÇA
SERMÃO ENTREGUE A AD BRÁS JD GUARUJÁ 2 - PRIMEIRO SERMÃO DO MINISTÉRIO PASTORAL
E disse José a seus irmãos: Eu
morro; mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta terra à terra
que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó.
E José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente vos visitará Deus, e fareis transportar os meus ossos daqui.
E morreu José da idade de cento e dez anos, e o embalsamaram e o puseram num caixão no Egito.
Gênesis 50:24-26
E José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente vos visitará Deus, e fareis transportar os meus ossos daqui.
E morreu José da idade de cento e dez anos, e o embalsamaram e o puseram num caixão no Egito.
Gênesis 50:24-26
José viveu de modo fantástico, até sua pré-história foi um
fato interessante. Foi o primeiro filho de Raquel, ele quebrou um ciclo de
tristeza e deu a Raquel motivos para sorrir.
Por ser filho da esposa amada era constantemente
privilegiado por seu pai, um fato que lhe favoreceu com uma túnica
diferenciada, além disso José teve sonhos que causaram espanto aos seus 10
irmãos e inclusive aos pais. Posteriormente por conta da inveja dos irmãos ele
foi vendido como escravo e administrou uma casa, nessa casa é caluniado e acaba
preso. Após um período preso ele passa a administrar os demais presos e
inclusive interpreta sonhos, uma promessa de restituição é feita sem sucesso e
ele se vê novamente esquecido. Posteriormente um sonho perturba o rei e esse
busca alguém que possa lhe interpretar, é quando então finalmente o padeiro-mor
lembra-se que José lhe interpretara um sonho igualmente perturbador. José é
chamado, interpreta os sonhos e é posto como governador do Egito, a fome que
fora predita acontece e agora nações vizinhas se veem obrigadas a comprar do
Egito, nesse momento os irmãos de José aparecem novamente na história. José se
lembra deles, porém, os anos se passaram e aqueles que cometeram a ofensa
acabam não reconhecendo o rosto de seu irmão. Após muitas idas e vindas José se
dá a conhecer, perdoa sob profunda dor e exige rever seu pai, o reencontro é
emocionante.
Após alguns anos Jacó morre, mas antes disso faz menção de
bênçãos específicas a cada um de seus filhos e pede que seja sepultado em sua
terra natal.
José posteriormente envelheceu e estava em seus derradeiros
dias, sabia que não lhe restaria muito mais a fazer e que o tempo de sua
partida já estava próximo, em seu “canto do cisne” ele diz as palavras dos
versículos usados como base para esse sermão.
Quais seriam as reais intenções de José com esse ato? Por
qual razão alguém obrigaria seus conterrâneos a carregar ossos, ainda mais em
gerações posteriores? Porque alguém desejaria ser sepultado em outro lugar?
O fato é que essa atitude de José tinha muitas lições
implícitas, José fora um homem fantástico, por ter sonhado e conquistado, por
sua integridade, pela capacidade de manter o coração limpo independente dos
maus que lhe causaram e sobretudo por sua fé inabalável.
Seus derradeiros dias e as suas últimas palavras registradas
com certeza foram carregadas de grande significado, inclusive para gerações
posteriores.
Ao ponto de que o escritor aos Hebreus citou esse fato:
Pela fé José,
próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel, e deu ordem acerca
de seus ossos.
Hebreus 11:22
Hebreus 11:22
A ordem da saída dos ossos sem dúvidas foi um ato de fé,
uma fé que vai além da vida. Não é à toa que José entrou para a galeria dos
heróis da fé de Hebreus 11.
Almejo enumerar algumas lições que essa atitude de José
pode nos comunicar.
1° -
As circunstâncias são temporais, mas a palavra de Deus é eterna.
José disse: E disse José a
seus irmãos: Eu morro; mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta
terra à terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó. Gênesis 50.24a
José estava levando em conta dias posteriores aos
seus, ele sabia que ainda que o Egito tivesse alimento e os suprimentos
necessários, aquele não era o lugar de seu povo, que estar exilado por conta da
fome era algo totalmente desconfortável, ser um refugiado é correr o constante
risco de que o país hospedeiro a qualquer momento opte por lhe descartar ou lhe
subverter para priorizar seus reais “filhos”. Acredito que de algum modo José
sabia que os dias que viriam posteriormente seriam ruins, seja por imaginação
ou por revelação divina. Mas as circunstâncias do presente por certo passariam,
porém, a palavra de Deus não.
José almejava dar esperança ao povo, dar motivos para
caminhar nos dias vindouros, quando os algozes chicoteassem o povo, quando
escravizassem os Israelitas em dias posteriores, quando faraó ordenasse a morte
de todos os primogênitos, o povo lembraria: “Deus nos visitará”.
Os dias no Egito passam, os sofrimentos dos açoites
passam, as inúmeras humilhações e as saudades da terra natal passam, até as
saudades do tabernáculo, da antiga liberdade é temporal.
Só um fato imutável sobre os Israelitas no Egito, só
há uma certeza: Deus fez uma promessa de que iria visita-los, apegando-se a promessa
eles poderiam se encher de esperança por saber que Deus não mudaria de ideia,
de que se tratava de algo que era imutável, invariável, estava decidido, o seu
futuro estava sob rigoroso controle das palavras de Deus.
As circunstâncias passam, a palavra não.
O que estava diante dos olhos deles certamente ia
passar, o que ainda não se via era permanente.
Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;
Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.
2 Coríntios 4:17,18
Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.
2 Coríntios 4:17,18
José estava incentivando o povo a fazer justamente o que
Paulo incentivou muitos anos depois, atentar-se ao que não se vê. Se apegar ao
eterno, se apegar ao espiritual, pois isso não envelhece, não se modifica, o
caráter de Deus é rocha, podemos confiar.
As tribulações são leves, mesmo quando dizemos que o seu
peso excede nossa capacidade de carregar. As tribulações são momentâneas, mesmo
que pensemos que os momentos de dor durarão para sempre. Porém o que vai durar
é o peso de glória.
As tribulações tem tempo determinado.
Porque assim diz o Senhor: Certamente que
passados setenta anos em Babilônia, eu vos visitarei, e cumprirei sobre vós a
minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar.
Jeremias 29:10
Jeremias 29:10
Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo
está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis
uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
Apocalipse 2:10
Apocalipse 2:10
Todo o cativeiro tem tempo de duração e o que José queria
deixar claro ao povo era justamente isso, os tempos de tribulação, angústia,
açoites iriam passar, mas havia uma palavra sobre eles “Deus nos
visitará”. Quando? Não se sabia ao
certo, na verdade se passam 430 anos até que um homem chamado Moisés é
vocacionado pelo Senhor Deus.
E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a
aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa
dos seus exatores, porque conheci as suas dores.
Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel;
Êxodo 3:7,8
Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel;
Êxodo 3:7,8
A promessa da visitação do Senhor fora renovada! Deus
descerá para livrá-los, os tempos passam, mas a palavra de Deus subsiste
eternamente.
Se há uma palavra de Deus, devemos prosseguir, mesmo sem ver. Mais bem-aventurado é quem não viu e creu.
2° -
Devemos pensar além do aqui e do agora.
Um olhar somente voltado ao presente nos leva ao
imediatismo, a falta de planejamento. Há um lado bom em se concentrar no
presente, que é o de não viver ansioso, mas só esse.
Viver com os olhos exclusivamente no presente pode nos
fazer ser inconsequentes, não planejar os próximos passos, ou ainda cair num
Hedonismo. Manter o olhar apenas no presente pode em outros casos nos causar um
pessimismo terrível, por não pensar que o amanhã será melhor somos muitas vezes
desmotivados. As situações do presente parecem sem fim e as forças não são
concedidas em igual proporção.
Se o povo pensasse somente na situação atual se
desesperariam, pois, os açoites doíam muito, os algozes pareciam irredutíveis,
os reis cada vez mais intolerantes, ao ponto de que foi ordenado a todos que os
meninos abaixo de 2 anos deveriam ser mortos, pensando somente no momento atual
não havia como acreditar em dias melhores, todos que se concentrassem no aqui e
no agora desejariam a morte.
O caso se assemelha ao dos pais que hoje mesmo estão
pedindo autorização ao governo para matar as mulheres, filhas e parentes mulheres
afim de não serem estupradas pelas forças armadas Sírias. O desespero é tão
grande que por saber que as tropas estão avançando, as mulheres estão se
suicidando, para que o sofrimento seja menor.
O que Moisés queria evitar é justamente isso, um desespero
que levasse o povo a desistir. Um desespero que lhes privasse de olhar além do
aqui e do agora. Se o povo desistisse de vez seria impossível sair do Egito.
José lhes diz “Eu morro, mas Deus nos visitará”.
Ele queria retirar o olhar do agora, do imediato. Naquele
momento ele poderia se desesperar por saber que eram seus últimos dias, porém
José vai mais além quando diz que não gostaria que os seus ossos ficassem ali.
Ele pensou em um futuro que ele sequer viu, ele almejou
algo que desconhecia, mas José teve a virtude de ver além do horizonte que lhe
saltava aos olhos, com uma fé indescritível ele morre em paz por saber que Deus
estava de contínuo agindo na história e que num momento posterior visitaria o
seu povo.
O exemplo de José motivaria o povo a enxergar além dos
tempos atuais, repousando sob a palavra que diz: “Deus nos visitará”.
Precisamos ser nutridos de mais esperança, pois, ela tira
nossos olhos do momento atual e dá a sensação de que um momento posterior com
melhores condições virá.
Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança
que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará?
Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos.
Romanos 8:24,25
Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos.
Romanos 8:24,25
A salvação se dá no campo da esperança. Não vemos, não
sabemos o que virá amanhã, mas sabemos que será melhor. Que dias melhores
aparecerão, não há salvação para quem perde as esperanças, o pessimismo, o
existencialismo, tem feito as pessoas perderem a esperança por dias melhores, a
falta de exemplos, os muitos anos de expectativas frustradas, levam as pessoas
a atos de extremo desespero e desgosto pela vida.
José queria incentivar todos a continuar caminhando, a
esperança é uma utopia contínua, é muito criticada por filósofos
existencialistas que dizem que a vida não tem sentido algum, porém há alguns
pensadores com visões otimistas. Um exemplo é Eduardo Galeano quando diz:
Eu dou um passo, ela dá dois passos,
Dou dois passos, ela dá quatro passos,
Dou quatro passos, ela dá oito passos,
Para que servem as utopias? Para eu continuar caminhando
Acreditamos não apenas em utopias inalcançáveis, mas em
promessas que nos transportam a tempos futuros em que a grandiosidade dos
resultados, da realização em ter chegado ao destino final, compensará todos os
esforços do presente momento.
Quando algum Israelita fosse tentado a desanimar, ele
olharia para os ossos e se lembraria: “Deus nos visitará”.
3° Nós
precisamos de esperança póstuma
A esperança que José falava, estava para além da própria
vida.
Tal como Lutherking que em um de seus discursos finais fez
alusão a Moisés e disse:
“Eu não sei o que acontecerá agora. Temos dias difíceis pela
frente. Mas isso realmente não tem importância para mim, agora, porque eu estive
no topo da montanha. E eu não me importo.
Como todos, eu gostaria de ter uma vida longa. A longevidade tem seu valor. Mas eu não estou preocupado com isso agora. Eu só quero fazer a vontade de Deus. E Ele me permitiu subir a montanha. E eu olhei ao redor. E eu vi a Terra Prometida. Eu posso não chegar lá com vocês. Mas eu quero que vocês saibam que nós, como um povo, chegaremos à Terra Prometida. Por isso, eu estou feliz, esta noite. Eu não me preocupo com nada. Não tenho medo de homem algum! Meus olhos viram a glória da chegada do Senhor!”
Como todos, eu gostaria de ter uma vida longa. A longevidade tem seu valor. Mas eu não estou preocupado com isso agora. Eu só quero fazer a vontade de Deus. E Ele me permitiu subir a montanha. E eu olhei ao redor. E eu vi a Terra Prometida. Eu posso não chegar lá com vocês. Mas eu quero que vocês saibam que nós, como um povo, chegaremos à Terra Prometida. Por isso, eu estou feliz, esta noite. Eu não me preocupo com nada. Não tenho medo de homem algum! Meus olhos viram a glória da chegada do Senhor!”
Eram os últimos dias de Martin Lutherking e ele sabia
disso. Após ver a morte do presidente John Kennedy ele informou a sua esposa
que não resistiria a fúria de seus opositores e faz seu último discurso.
Quando seu discurso poderia ter tomado um tom melancólico e
triste, ele tira os olhos de todos do presente e do passado e os projeta para
frente dizendo:
“Eu estive no topo da montanha”
Tal como Moisés que não pode entrar, mas viu a montanha,
Lutherking afirmou saber que dias melhores viriam, que o povo não deveria
desanimar, pois, seus olhos viram a glória do Senhor.
Ainda hoje trabalhamos sem ter a certeza de que nossos
reais sonhos e ideais para sociedade e igreja hão de se concretizar, há muitos
que já batalharam por essa causa, mas gostaria de tomar emprestadas as palavras
de Lutherking e parafrasear aplicando-as a igreja moderna:
·
Do alto da montanha vejo uma igreja que
retornou a palavra
·
Do alto da montanha vejo as escolas dominicais
novamente frequentadas
·
Do alto da montanha eu vejo o ensino sendo
novamente prioridade
·
Do alto da montanha eu vejo uma igreja mais
atalaia e menos milagreira
·
Do alto da montanha eu vejo novamente uma
liderança simples
·
Do alto da montanha vejo uma igreja relevante
socialmente, culturalmente e politicamente
·
Do alto da montanha eu vejo quem está longe
voltando
·
Do alto da montanha vejo jovens largando as
drogas e reintegrados a sociedade através da fé
·
Do alto da montanha vejo uma igreja mais
escatológica e menos materialista
·
Do alto da montanha eu vejo uma igreja voltou
ao seu primeiro amor
E quero dizer como Lutherking – Eu não me preocupo com nada,
não tenho medo algum, pois, eu vi a glória do Senhor, nós chegaremos a terra
prometida.
Precisamos ter esperança de modo que até gerações posteriores olhem para nossos exemplos e pensem consigo: “não podemos parar”.
Paulo
fez isso com Timóteo ao lhe dizer: “O que vistes, ouvistes e aprendestes de
mim, confia a homens fiéis para que também ensinem a outros”.
“Porque
eu já estou sendo oferecido como aspersão de sacrifício e o tempo da minha
partida está próximo, combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé,
desde agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Justo Senhor me dará
naquele dia, não somente a mim, mas a todos quanto amarem a promessa de sua
vinda”.
Veja que nessas palavras Paulo deixa o exemplo de uma fé
póstuma, uma fé de alguém que sebe seu destino final e incentiva seu próximo,
seu sucessor a fazer o mesmo, a continuar a obra.
Os homens naturalmente fazem seus planos para os próximos
1, 5, 10 anos, José, Moisés, Paulo, tem planos para além da própria vida,
pensam num legado, na posteridade.
Ainda hoje torna-se necessário perguntar:
Qual o legado que estamos deixando? Nossa fé deixará frutos
póstumos?
Nós teremos influencia posterior?
“Podem matar um ganso (na sua língua, 'huss' é
ganso ), mas daqui a cem anos, Deus suscitará um cisne que não poderão queimar”
. João Huss 06/07/1415
João Huss, faz parte da história dos heróis da fé, pois,
sua profecia apontou para o nascimento de Martinho Lutero o reformador.
Ele foi um dos precursores da reforma, infelizmente acabou
sendo julgado, condenado e executado sendo queimado em uma fogueira, mas ao ser
queimado ele gritava essas palavras que foram como uma profecia.
Que mesmo diante da morte não percamos a fé, mas dos
momentos mais difíceis consigamos tirar as mais belas e inspiradoras palavras,
tal como nossos pais na fé fizeram.
4° Nós
precisamos desenvolver mais amor pela pátria – Local e espiritual
Há um constante desprezo por parte do povo em relação a
nação Brasileira, com relativos motivos as pessoas tendem a desprezar
totalmente sua terra natal.
Os índices de criminalidade, os escândalos políticos, a
falta de referências, a falta de esperança de dias melhores, a insegurança
econômica, a instabilidade em diversos sentidos, tem feito as pessoas se
envergonharem da sua própria pátria. Não se pensa mais em lutar por um país
melhor, por cidades melhores, bairros melhores ou por uma rua melhor. A paixão
pela pátria se foi, torcemos contra muitas vezes, achamos interessante a
vergonha que passamos em reuniões com outros estadistas, consideramos piada as
inúmeras gafes que já cometeram ao citar o Brasil e o próprio povo não
economiza em termos pejorativos contra a nação brasileira, todos sem temor
algum já disseram que não tem prazer em ter nascido aqui e almejavam morar
fora.
O amor pela própria pátria se foi e com ele o desejo de
morar em outro lugar aumentou. Nós precisamos resgatar o amor pela pátria,
deixar a apatia que toma conta de nossas lideranças e de todo o povo, estão
todos parados, perplexos com tamanhos absurdos que vem ocorrendo o Brasil. Mas
ainda há esperança, essa ainda é nossa pátria, essa ainda é a “mãe gentil dos
filhos deste solo”. A igreja Brasileira precisa assim como José amar sua
pátria, amar seu povo, não se conformar com o tráfico que está manchando
totalmente nossa imagem, a corrupção que nos faz ser conhecidos por escândalos
como o da lava a jato.
Precisamos voltar a oração, a intercessão pela nação tal
como Moisés fez por quarenta dias junto ao Senhor. Precisamos interceder como
Neemias, que confessou seus pecados ao Senhor e lhe disse seu profundo pesar
por seu povo.
Vistamos panos de saco, nos lamentemos, choremos, não é por
certo esse o destino que Deus almejava para a nossa pátria. Se todos envolta já
desistiram, façamos jus à fama de ser o povo das segundas chances e voltemos a
acreditar e orar pelo Brasil.
Que a minha mão direita definhe, ó Jerusalém, se
eu me esquecer de ti!
Que a língua se me grude ao céu da boca, se eu não me lembrar de ti, e não considerar Jerusalém a minha maior alegria!
Salmos 137:5,6
Que a língua se me grude ao céu da boca, se eu não me lembrar de ti, e não considerar Jerusalém a minha maior alegria!
Salmos 137:5,6
Que o mesmo sentimento dos Israelitas se apossem de nós ainda
hoje.
A segunda vertente de amor à pátria que o presente texto
aponta é a pátria eterna.
Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também
esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo
Filipenses 3:20
Filipenses 3:20
A igreja contemporânea tem perdido o amor por sua pátria
celestial, de modo que pouco a pouco deixamos de ser escatológicos, para sermos
materialistas.
Hoje tudo o que queremos são as bênçãos para agora, tudo o
que queremos são as casas, carros, promoções, financeiramente a igreja nunca
esteve tão bem! Muitos membros tem carros, muitos membros tem posses, muitos
membros já tem seus “pés de meia” e o materialismo toma conta cada vez mais de
nós.
Nos falta seguir o conselho de Jesus: Olhem para os lírios
dos campos.
A ansiedade, os cuidados, fazem com que crentes e envolvam
em negócios próprios que lhe prejudicam em sua comunhão com Deus e com os
irmãos, em nome do dinheiro e da prosperidade calamos os verdadeiros profetas e
negligenciamos os mestres de agora que nos dizem: Arrependam-se.
Aplaudimos os que nos prometem prosperidade e felicidade
aqui e agora, segundo C.S. Lewis a igreja não foi chamada para ser feliz, foi
chamada para amar e vejo pouco a pouco hedonismo nos dominando, queremos
prazer, alegria, conforto, felicidade e com efeito esperamos um avô no céu que
cumpra todos nossos desejos aqui e pouco se fala de escatologia, sobre a nova
terra, não olhamos mais para frente, queremos as soluções do momento e esse
evangelho imediatista tem privado o povo de aguardar o retorno de Cristo e de
ter esperanças e anseios pela sua pátria verdadeira. Como Paulo disse, nossa
cidade não é essa, nosso descanso não é aqui. MQ 2.10.
Cravamos estacas, nos acomodamos, amamos o mundo e o que
nele há, negando com isso as palavras de Cristo, que voltemos a ser uma
comunidade escatológica que diz “Maranata”.
Uma igreja que na verdade vive em dúvidas se o melhor para
ela é ficar aqui ou ir embora, tal como Paulo fez:
Precisamos viver ainda hoje tal como os Israelitas estavam
na páscoa, aguardando a qualquer momento que o seu libertador os resgate para a
terra prometida.
5° -
Precisamos desenvolver uma escatologia da esperança.
Nos tempos atuais ao falarmos sobre o fim dos tempos, ou os dias futuros temos tratado com extremo desgosto, sensacionalismo e medo.
Nossa escatologia é do medo e não da esperança.
Ao falarmos sobre apocalipse, dias futuros, arrebatamento,
as pessoas anseiam ouvir os resultados para quem ficar, as descrições do
inferno, o destino final de quem não fez a mesma opção que ela, no fundo há um
relativo prazer em saber que os que rejeitaram a fé cristã ou foram hostis ao
seu povo serão finalmente queimados, mortos.
Livros como o inferno de Dante são sucesso em vendas, visto
que tratam da escatologia com medo.
Testemunhos que detalham o inferno, visões de destruições
vindouras são sucesso entre nós, pouco se fala do céu, muito se fala sobre o
inferno, mais ainda sobre o que pensamos ser o fim do mundo.
Esse tipo de áudio relatando visões que muitas vezes são de
pessoas possessas ou fingindo estar, são os que gostamos de pensar sobre o céu.
Nós precisamos almejar o céu porque é o lugar onde Deus
mora, precisamos almejar abraçar o Senhor, precisamos almejar morar neste
lugar.
Consolar uns aos outros com as palavras do céu. 1° Tes.
4.18
Não se turbar em nossos corações João 14
Precisamos desenvolver a esperança de que na eternidade finalmente
encontraremos nosso verdadeiro lugar
A verdadeira personalidade situa-se no futuro — quão
distante, para muitos de nós, nem ouso dizer. E a chave dela não está em nós.
Não será atingida por um desenvolvimento de dentro para fora. Virá ter conosco
quando ocuparmos aquele lugar da estrutura do cosmo para o qual fomos
destinados ou criados. Como a cor, que só se revela em toda sua beleza quando
colocada pela excelência do artista no lugar preestabelecido, entre todas as
outras; como a especiaria que só revela seu verdadeiro sabor quando adicionada,
onde e quando deseja o bom cozinheiro, aos outros ingredientes; como o cão que
só manifesta realmente suas qualidades quando toma seu lugar na família do
homem, nós também só ganharemos a nossa verdadeira personalidade quando
consentirmos em que Deus nos coloque no lugar que nos compete. Somos mármore
esperando ser esculpido, metal esperando ser vertido no molde.
CS LEWIS - O peso de glória
A sensação de que somos tratados como estrangeiros neste universo,
o desejo de nos fazer notar, de encontrar alguma resposta, de vencer o abismo
que nos separa da realidade, tudo isso faz parte do nosso segredo inconsolável.
E, com certeza, desse ponto de vista, a promessa de glória, no sentido já
descrito, torna-se altamente relevante para o nosso profundo desejo. Porque
glória significa ter bom nome diante de Deus, ser aceito por ele, ter sua
resposta, reconhecimento, ser introduzido no âmago das coisas. A porta em que
batemos toda a vida finalmente se abrirá.
Cs Lewis - O peso da glória
José visava nutrir uma esperança além da vida, de ter
finalmente seus ossos depositados em sua terra natal. Que sejamos tomados pelo
mesmo anseio em nossos dias e aprendamos com José a não deixar de sonhar, ainda
que a beira da morte.
Também os ossos de José, que
os filhos de Israel trouxeram do Egito, foram enterrados em Siquém, naquela
parte do campo que Jacó comprara aos filhos de Hemor, pai de Siquém, por cem
peças de prata, e que se tornara herança dos filhos de José.
Josué 24:32
Josué 24:32