sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Resenha - O peso de Glória (C.S. Lewis)

O livro o peso de glória trata-se de uma coleção de palestras ministradas por C.S. Lewis durante a segunda guerra mundial e alguns sermões entregues às igrejas nesse período.

O primeiro capítulo apresenta o sermão que dá título ao livro.
Trata-se de uma nova abordagem sobre a escatologia, diferente da grande maioria dos sermões a cerca do tempo futuro, C.S. Lewis aborda as expectativas quanto a glória futura. Sobre o que poder ser muito bem definido como "saudades do céu". O anseio dos homens por projetar deuses, no céu, na terra, é na verdade um anseio por fazer parte da beleza que hoje contemplamos. Na glória futura isso será finalmente satisfeito. Além disso, Lewis apresenta a glória futura como algo semelhante a ser finalmente agradável a Deus, não apenas aceito, será o dia em que não receberemos apenas misericórdia, mas que a admiração será mútua.

Há ainda um sermão sobre o falar em línguas, chamado "transposição".
Lewis apresenta tal acontecimento como algo "embaraçoso" e de fato é. Como discernir o falar em outras línguas sem levar em conta todo o emocionalismo que há por trás desse ato? Em resumo, seu argumento é de que ninguém que está olhando por baixo, que não transpôs os limites da razão, pode compreender plenamente tal dom. É algo que quem está de baixo não alcança, naturalmente acabam de alguma forma criticando o que não conhecem.

"A crítica feita a partir de um plano inferior contra qualquer experiência, a desconsideração voluntária do significado e a concentração no fato sempre apresentarão a mesma plausibilidade. Sempre haverá provas, provas frescas, todos os meses, de que a religião é apenas psicológica, a justiça, mera autoproteção, a política, simples economia, o amor, pura sensualidade e o pensamento, nada mais que bioquímica do cérebro."

Há um artigo extremamente relevante, em que CS Lewis responde a razão de não ser um pacifista.
Em resumo, ele explica que as guerras em sua maioria não foram totalmente prejudiciais, grande parte dos avanços na sociedade se deram em guerras e o pacifismo trata-se de uma utopia, de uma má interpretação das palavras de Jesus no sermão do monte, devemos sim nos defender, devemos sim levar em conta que por mais dolorido que seja, a guerra não é de todo ruim e que devemos deixar alguns conceitos que aprendemos no decorrer dos anos.

Lewis fala sobre a necessidade de se produzir arte independente do ambiente externo, os estudantes poderiam se sentir como Nero, tocando música enquanto Roma queima. Porém a produção acadêmica, literária, intelectual não pode ser feita apenas em momentos de paz, pois, eles nunca surgirão.

A leitura dessa obra foi de enriquecedora, visto que é plenamente possível vivermos um dualismo, não considerar que todas as coisas devem ser feitas para a glória de Deus. Assim nosso estudo, nosso trabalho, são imaginados de forma errônea, achamos que trabalhar ou estudar bem, não interfere em nossa relação com Deus. Mas pelo contrário, todas as atividades, até as mais simples devem ser para a glória de Deus.

Recomendo a todos essa leitura.

Um comentário:

  1. "Não existe gente "comum". Você nunca falou com um simples mortal. As nações, as culturas, as artes, as civilizações — essas são mortais, e a vida delas está para a nossa como a vida de um mosquito. Mas é com criaturas imortais que brincamos, trabalhamos ou casamos, e a elas que desdenhamos, censuramos ou exploramos — horrores imortais ou esplendores perenes."

    Um ótimo texto sobre um livro fantástico.
    Cheguei até a escrever algo sobre ele em outra oportunidade: https://www.narnianoexistencialista.com/2019/08/voce-ja-leu-o-peso-da-gloria-de-c-s.html
    Meus parabéns!

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