quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Gideão e os trezentos - Uma palavra sobre avivamento - Parte 1 (Culto de ensino - Ad Brás Santo Eduardo)

 

GIDEÃO E OS TREZENTOS – AVIVAMENTO PARA HOJE

 

1° Parte – A necessidade do Avivamento e o que lhe impede

 

Desde os tempos mais remotos a devoção a Deus tem se dado mediante opressões, como um pai e um marido que sofre por amor, Deus inflige castigos ao seu povo a fim de que esse esteja mais próximo dele.

A respeito dissoe C.S. Lewis disse:

“Deus sussurra em nossos ouvidos por meio de nosso prazer, fala-nos mediante nossa consciência, mas clama em alta voz por intermédio de nossa dor; este é seu megafone para despertar o homem surdo.”

Vez por outra vimos essa relação de forma clara no antigo testamento, a figura mais clara sobre esse sentimento de Deus é vista na vida dos profetas e patriarcas, Deus almeja ter seu povo perto, mas por ser rejeitado e saber que a rejeição é a morte para eles, Deus castiga seu povo, por vezes os entrega a opressões, outras vezes são levados cativos, outras vezes são envergonhados em batalhas, tudo para que finalmente acordem e tornem ao Senhor.

O tempo dos juízes foi um tempo de ciclos repetitivos, aliás, extremamente tristes que se davam na seguinte sequência:

Tempos de paz, apostasia, opressão por nações inferiores, clamores, restauração e novamente tempos de paz. As palavras mais repetidas no livro dos Juízes são: “Porém o povo de Israel tornou a fazer o que era mal aos olhos do Senhor”. Quando a estabilidade os atingia eles buscavam distrações e se distanciavam de Deus.

A nação Israelita estava em um tempo decisivo, haviam sido conduzidos por alguns patriarcas até que chegou a terra prometida sob a liderança de Josué, a ordem inicial era de se apossar da terra e matar os moradores, sem poupar nenhum. O povo nunca havia sido habituado à guerra, Israel se viu envolvido em guerras muito mais como protecionismo do que por expansão, logo a eficácia das estratégias de batalha e de liderança dependiam diretamente de Deus. Israel sempre foi uma nação que viveu da agricultura, logo guerrear nunca havia sido seu forte. Todas as vezes que saiam para suas guerras sem a devida preparação espiritual o povo era envergonhado. Mais uma vez o povo peca e Deus se entristece, permitindo com isso que os Israelitas sejam humilhados por uma nação inferior:

 

Porém os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do SENHOR; e o SENHOR os deu nas mãos dos midianitas por sete anos.
Juízes 6:1

As opressões que haviam se dado até então eram feitas por tempos maiores, porém essa recebe um detalhamento maior, pois, de certa forma ainda que houvesse opressões de mais de 70 anos, essa de sete era superior pelo sofrimento infligido ao povo.

Os Midianitas eram em partes descendentes de Abraão e Quetura, viviam no deserto da Arábia e as margens do mar morto e também próximo as fronteiras de Moabe e Edom. Suas aparições na história não são das mais positivas, pelo contrário.

Há duas menções em especial, quando Israel se aproximou de Moabe, o seu rei Balaque contratou um “profeta” chamado Balaão para amaldiçoar Israel, este foi avisado por Midianitas, que fizeram uma “aliança” para derrubar Israel, porém sem sucesso. NM 22.4-7.

Quando Israel Avançou na posse das terras até Canaã teve de se apossar de Midiã, entre os mortos estavam cinco reis Midianitas, bem como todos os homens, as mulheres e crianças foram tomados como despojo, posteriormente as mulheres que já haviam sido casadas foram mortas também. NM. 31.17.

De certa forma os Midianitas eram motivados tanto pelos despojos Israelitas, como também pela vingança de seus antepassados.

Os Midianitas oprimem por sete anos, mas a descrição desses sete anos é bem clara quanto aos acontecimentos desse período e do quanto o povo de Israel sofreram:

“E, prevalecendo a mão dos midianitas sobre Israel, fizeram os filhos de Israel para si, por causa dos midianitas, as covas que estão nos montes, as cavernas e as fortificações.
Porque sucedia que, semeando Israel, os midianitas e os amalequitas, e também os do oriente, contra ele subiam.
E punham-se contra ele em campo, e destruíam os frutos da terra, até chegarem a Gaza; e não deixavam mantimento em Israel, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos.
Porque subiam com os seus gados e tendas; vinham como gafanhotos, em grande multidão que não se podia contar, nem a eles nem aos seus camelos; e entravam na terra, para a destruir.
Juízes 6:2-5

A dificuldade tornou a adaptação necessária, os Midianitas vinham como gafanhotos que destruíam tudo o que viam pela frente, de forma que para escapar com vida o povo teve que construir covas nos montes, quando plantavam e pensavam em colher os Midianitas vinham e tomavam toda a colheita, de tempos em tempos, na época de desfrutar do trabalho  o povo tinha que se esconder nas covas cavadas nos altos para não ser morto, ao descer dessas covas restava poucas sobras de alimentos que sustentavam o povo, mas não havia mais prosperidade, trabalhavam de forma que nem para comer tinham. Os Midianitas acabam providenciando uma aliança com o povo de Amaleque e juntos destroem o gado, a lavoura, a colheita e os filhos de Israel passam por uma fome que nunca havia sido vista. Escondidos, acuados, com medo, com fome, mergulhados em pecados, a situação de Israel nunca foi tão grave e se estendeu por sete anos ininterruptos, sem que houvesse paz.

A figura é como de um trabalhador que se esforça o mês inteiro, durante sete anos, no dia de sacar seu salário ele acaba sendo roubado em uma “saidinha” de banco, mês a mês, por sete anos.  O povo plantava cada fruto em sua época, mas nada subsistia. A nação se enfraqueceu muito e a adaptação se fez necessária. Morar nos altos e não mais nas planícies, morar em cavernas e não mais em casas se tornou a única alternativa para viver, esconder-se não era mais algo restrito a uma invasão que ocorreria uma única vez na vida, durante sete anos o povo teve que aprender que a partir de agora essa seria sua rotina.  A pobreza passa a fazer parte da sina Israelita:

“Assim Israel empobreceu muito pela presença dos midianitas, então os filhos de Israel clamaram ao Senhor”.
Juízes 6:6

Em continuidade ao ciclo outrora mencionado, o povo torna a clamar ao Senhor por livramentos. Todos os grandes avivamentos se iniciam com uma profunda convicção de pecado. Essa convicção finalmente toma o povo, ao sentir o pesar por seus pecados há um clamor a Deus por misericórdia, livramento, pelo fim da opressão.

Havia a necessidade de um avivamento urgente e até que o povo percebesse sua real condição isso não aconteceria. Ainda hoje há uma necessidade extrema de avivamento, assim como nos tempos dos Juízes há uma crise de lideranças e referenciais de modo que não há continuidade em boas gestões, sempre ocorre perversão e pergunta que não quer calar é: Quem conduzirá o povo? Isso se aplica a política que também está totalmente corrompida. No âmbito religioso o povo evangélico também se prostitui, transformando a igreja em algo profano, relativizando, ordenando e condenando coisas sob seus próprios pretextos e padrões, sem naturalmente se fundamentar na bíblia. Economicamente se atravessa um momento difícil na nação e ao olhar abaixo da superfície notamos uma causa comum para os mesmos problemas: O pecado.

O avivamento do qual necessitamos se dará quando o povo começar a clamar ao Senhor, pois, foi dessa forma que o avivamento se iniciou em Judá após o cativeiro, foi dessa forma que o avivamento se iniciou após o dia de pentecostes, foi dessa forma que o avivamento encontrou a igreja nos dias dos heróis da fé durante a terrível idade média, foi dessa forma que o avivamento aconteceu em Éfeso e por fim cito o avivamento dos dias de Gideão. Não há avivamentos verdadeiros que não sejam precedidos de longos períodos de oração. O povo Israelita se viu sem alternativas até que finalmente começou a orar.

 

Com a temática do avivamento proposta, de agora em diante considero interessante dizer em primeiro lugar às coisas que impedem os avivamentos de acontecerem:

 

O QUE IMPEDE O AVIVAMENTO?

1° - O povo manter-se fazendo o que é mal.

Deus não abençoará uma igreja que continua praticando a iniquidade, aliás, ao praticá-la, seu estado torna-se pior, ao fazê-lo, espera-se que Deus traga avivamentos num “jeitinho Brasileiro” e a moda Brasileira espera-se que aconteçam grandes expansões na igreja, que Deus faça a igreja crescer, que as coisas tornem-se melhores e haja uma relevância para além dos templos, que as transformações sociais não se restrinjam ao espaço físico da congregação. Porém isso deve ficar claro para todos nós, Deus não abençoa nossas maldições, Deus não dá jeitos, não adapta seus princípios a fim de que as coisas “deem certo”.

Como o famoso texto de 2° Crônicas diz, no calor da inauguração do templo Deus responde as orações de Salomão e de todo o povo:

E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. 2 Crônicas 7:14








Até mesmo a adoração regada por pecado é rejeitada por Deus.

“De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes.
Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios?
Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene.
As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer.
Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue.
Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal.
Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.
Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.
Isaías 1:11-18

É necessário um arrependimento urgente no povo de Deus, ou estará fadado a irrelevância, serão humilhados publicamente, nada tira o poder da igreja com mais violência do que o pecado. Como no caso dos filhos de Ceva, que ao tentar expulsar um demônio acabaram sendo espancados, despidos, humilhados em público, pois, a falta de graça e poder de Deus se dá na multidão de iniquidades escondidas, a igreja necessita urgentemente se conscientizar de que a reforma antes de ocorrer em sermões deve ocorrer na vida privada dos membros, pois, reforma em liturgia e sermão sem reforma pessoal leva ao formalismo vazio, uma síndrome de Laodicéia, que pensa estar rica, mas está desgraçada, miserável, pobre, cega e nua. Só o arrependimento pode mudar essa situação, até que ele aconteça Deus esconderá seu rosto e os Midianitas continuarão fazendo a “festa” entre o povo de Deus e na nação onde ele está inserido, a reforma que precisamos se dará na mudança da vida privada da igreja. Não há igreja relevante onde a vida privada da igreja é cheia de erros e o errado passa como certo, onde há relativização do sagrado, onde há vista grossa e a falta da prática de disciplina, não há avivamento enquanto se mente, rouba, adultera e tudo é tratado na visão da graça barata, ou em termos mais populares a graça desvalorizada, o convite a igreja atual se dá na dimensão do arrancar o olho, a mão, o pé, mas ganhar com tudo isso o reino de Deus. Deus é santo, santo, santo três vezes santo, logo não tolera o mal. Pensemos nisso.

2° - Não há avivamento enquanto a igreja continua a se esconder

Certa vez Leonard Ravenhill escreveu um livro clássico: “Por que tarda o pleno avivamento?”
Livro que até os dias de hoje provoca profunda influências sobre as igrejas Brasileiras, porém posteriormente por ter visto que o povo continuava da mesma forma, ele escreveu um segundo livro chamado “Por que ainda tarda o pleno avivamento”?

E a resposta foi:

“O avivamento tarda porque a igreja está muito feliz sem ele”.

A igreja acostumou-se com cultos sem almas, a igreja acostumou-se a passar tempos sem ser percebida, acostumou-se a criar seus casulos, suas tocas, em seu conceito dualista optou por ter uma subcultura que não lhe envolve com as questões fundamentais da vida. Em linhas gerais o segmento evangélico tem atraído as massas, tem atraído os mais simples e isso de fato é muito bom, porém há pouca eficácia no que diz respeito aos segmentos mais preparados e intelectualizados, se faz necessário uma urgente ruptura de conceitos que nos levam a uma busca por simplicidade do “jeito” errado. A igreja necessita sair de suas tocas, porém em nosso tempo vemos o povo se adaptando a elas, o Ekklésia vem sendo deixado de lado para que as tocas sejam aperfeiçoadas. Como num movimento semelhante ao de Babel querem centralizar tudo dentro do espaço físico do templo, não há expansão, apenas uma linguagem própria, um dialeto adaptado e o povo permanece escondido.

Segundo Hernandes Dias Lopes as igrejas estão se enforcando em seu próprio cordão umbilical, estão com uma síndrome de mar morto em que só recebem e não fazem nada para além de seu espaço. Há ainda um sentimento oposto ao da mulher da parábola da dracma perdida, ao invés de buscar a moeda que se perdeu, há uma expectativa em torno de polir as moedas que estão em mãos, não se busca o que se perdeu, mas se dá atenção demasiada ao que está sob seu controle. O avivamento acontecerá na medida em que o povo novamente estiver disposto a assumir sua identidade e sair das quatro paredes do templo, quando fizermos como Felipe que ao ver o convite do Espírito Santo lhe dizendo “Ajunta-te a essa carruagem” foi e atendeu.

 

 

 

3° - Não há avivamento enquanto o povo não clama a Deus

No texto já citado de 2° Cr. 7.14 há uma exigência de Deus para o povo: “Orar e buscar a minha face” é necessário que haja um constante clamor, como ocorreu nos dias de Pedro durante sua prisão, como ocorreu com Daniel ao orar por 21 dias, como ocorreu com o povo em pentecostes após dez dias, como ocorreu com o povo de Nínive ao pedir a misericórdia de Deus, como aconteceu com Josué ao ser cercado por diversos inimigos.

É necessário que haja um clamor como no tempo da sociedade dos Morávios, orações ininterruptas, constantes, sem cessar, clamores com panos de saco em sinal de arrependimento.

A oração tornou-se para muitos de nós uma última alternativa e ainda assim é negligenciada, somos capazes de se atrasar para evita-la, somos capazes de falar horas com amigos e esquecer de Deus, somos capazes de passar horas nas redes sociais, mas nos falta clamar pelo povo ao nosso redor, e temos uma dificuldade imensa em falar com Deus, a impressão que temos é de que a conversa não rende, não há assuntos, logo a oração é evitada.

Aprende-se a pregar, a cantar, a cultuar, a fazer todas as exigências do ministério enquanto organização humana, só não se dedica tempo a oração. A morte de qualquer avivamento se dá quando o povo deixa de orar. Não há avivamento bíblico que não seja precedido de contínua oração, que não tenha sido repleto de clamores incessantes.

Chegamos a uma instância em que nos assemelhamos demais aos filhos de Israel. Chegamos ao tempo da confrontação, em que ou haverá mudanças ou pereceremos, ou haverá clamor ou haverá morte.

Há muito tempo atrás houve um pastor que pregou em sua igreja a seguinte frase:

“Essa igreja viverá um avivamento ou um funeral”.

Não há mais tempo, é hora de clamar, clamar por novos tempos, por nova vida, por força, por santidade.  Se a oração é a própria batalha espiritual em andamento, nos revistamos então da armadura e guerreemos essa guerra, visto que não há mais tempo para adiar, procrastinamos tanto quanto podemos e o resultado foi um povo com fome, desnutrido e carente de Deus.

O texto afirma na sequência que há uma denúncia feita por um profeta e posteriormente um anjo aparece a Gideão. O avivamento se dá mediante choro, jejum, gemidos, orações contínuas e Deus em sua soberania responde trazendo mudanças e o tão pedido avivamento.

 

4° Avivamentos se seguem após denúncias de verdadeiros homens de Deus

“Enviou o Senhor um profeta aos filhos de Israel
Juízes 6:8

Após o clamor do povo por mudanças em sua atual configuração Deus envia um profeta, este divide seu sermão em lembranças sobre os feitos de Deus, as orientações de Deus e as sanções que foram anteriormente avisadas caso não lhe ouvissem, bem como a denúncia de que mediante todos os avisos eles optaram por não seguir o mandato de Deus.

O profeta simplesmente aparece e denuncia o erro do povo, talvez nossos clamores não sejam tão intensos porque será custoso viver esse avivamento necessário, será necessário tratar de coisas com as quais nos acostumamos, será necessário mexer em lideranças, mudar hábitos, será necessário finalmente alguém abrir a boca e dizer o que está errado. No fundo não é a verdade que desejam ouvir, almejam muito mais um conforto para sua atual prática, mas quando se clama por avivamento há uma mudança até nas mensagens que são pregadas.

Não há mais mensagens de conforto, mas de confronto, não são mais antropocêntricas, pelo contrário, são mensagens “ante autoajuda” . Precisamos clamar também por isso, pois, na configuração atual estamos como o povo de Judá em cativeiro sendo confortados com mensagens do tipo “Em dois anos o cativeiro acaba”, mas Deus enviará “seus Jeremias” para confrontar e dar o real conselho de Deus. No modo atual os pregadores confirmam comportamentos que nunca deveriam confirmar, mas quando o avivamento chega se faz necessário mudar o tom das mensagens confortantes para o bom e velho “arrependa-se”.

Esse avivamento se dá em pelo menos três instâncias: Avivamento pessoal, comunitário e nacional. Há uma progressão no avivamento.

5° Não se pode desejar o que não se conhece

 

Ao denunciar o povo, o profeta fez uma lembrança sobre seu passado, talvez seja necessário fazer o mesmo em nossos dias, talvez não desejem um avivamento verdadeiro por não saber como ele ocorre e quais são os seus efeitos. Portanto considero interessante que voltemos a história da assembleia de Deus e de alguns avivamentos espirituais:

 

O movimento pentecostal teve início em 1906, com o avivamento da rua Azuza.

O pregador americano William Joseph Seymour acreditava na vigência da profecia de Joel 2.28-29. Pregava que o falar em línguas era uma evidência do  batismo com o Espírito Santo, apresentou alguns sermões sobre o assunto, porém ele ainda não era batizado. Por não desfrutar da mensagem que di

zia,lhe privaram de pregar nos templos. William foi hospedado na casa de alguns

irmãos e durante muitos dias orou a Deus buscando a plenitude do Espírito, até que finalmente recebeu essa graça e pela primeira vez falou em línguas, nas reuniões seguintes algumas pessoas passaram a falar novas  línguas também e logo as notícias sobre o novo movimento correram de forma que a casa j

á não podia suportar tantas pessoas.

Na rua Azuza número 312, em 1906 o movimento ganhava forças e pessoas de todo o mundo iam até lá, cegos viam, paralíticos andavam e membros de outras igrejas pouco a pouco iam se desligando a fim de pertencer a esse novo avivamento. Pessoas de todo o mundo mandavam seus testemunhos ou iam

visitar a pequena igreja de Seymour, entre eles estavam Daniel Berg e Gunnar

Vingren.

Esses saíram da Suécia e desembarcaram no Brasil em 1910 e se filiaram a igreja Batista, sua igreja de origem no país natal. Adeptos do movimento pentecostal, eles passaram a ensinar essa doutrina no Brasil e logo foram severamente rejeitados. Porém alguns acreditaram em suas palavras e buscaram receber o batismo no Espírito Santo, entre elas estava a senhora Celina de Albuquerque primeira pessoa batizada no Espírito Santo no Brasil.

Com os adeptos da visão da rua Azuza, os missionários instituíram a igreja Missão de fé apostólica que posteriormente foi chamada de Assembleia de Deus.

Nossos pioneiros foram homens de oração, homens de simplicidade, que com poucas coisas mudaram o mundo desde aquela época!

Martin Lutherking revolucionou o mundo com sua fé e vida dedicada a Deus e ao próximo.

William Seymour orava sete horas a Deus para receber revestimento de poder, Lutero três horas, Whithefield oito horas. Precisamos voltar a nossa história e lembrar que o avivamento na igreja gerou revoluções nunca vistas antes.

 

Nós precisamos voltar a nossas origens, olhar para trás e saber que nascemos dando glória a Deus e aleluias, falando em línguas, profetizando, vivendo a plenitude do Espírito, cheios do Espírito. A morte da igreja se dá com o pecado, com a falta de oração, com a adaptação a coisas que não deveria se adaptar, com a falta de denúncia das coisas erradas, mas, sobretudo se dá quando não se conhece suas origens, não se sabe sequer a própria posição em Cristo. Nós precisamos falar de avivamento para que as pessoas desejem ele.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Jabez - Transformando sinas em oportunidades

Jabez - Transformando sinas em oportunidades

 E foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; e sua mãe deu-lhe o nome de Jabez, dizendo: Porquanto com dores o dei à luz.

Porque Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Se me abençoares muitíssimo, e meus termos ampliares, e a tua mão for comigo, e fizeres que do mal não seja afligido! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido.

1 Crônicas 4:9,10

Os livros das crônicas são um relato dos reis de Israel, tal como os livros dos reis, porém com uma perspectiva mais sacerdotal, devocional, dando ênfases para além da história, adicionando interpretações aos fatos. O presente capítulo introduz uma genealogia da tribo de Judá, dando a entender a ascendência necessária para a vinda dos reis, todos os reis de Judá descendiam desta tribo. As genealogias via de regra, eram muito apreciadas pelos judeus, saber quem foram seus antepassados, sua tribo, tinha grande relevância para eles, de modo que a bíblia menciona diversas genealogias. Para a nossa cultura ocidental, isso não tem tanta relevância. Pessoas que geraram outras se tornam uma leitura maçante. Dificilmente se adicionava, biografias nas genealogias. Num primeiro momento, apenas Enoque tem menção honrosa nas genealogias.

Quando o escritor das crônicas inicia a genealogia da tribo de Judá, ele segue o padrão.

Vários nomes antecedem ao de Jabez, mas quando chegam em Jabez, há um destaque especial. 


Alguns fatores lhe concedem destaque:

Seu nome 

Jabez significa “aquele que causou dores”, Paul Gardner faz uso do termo “dor”, “aflição”.

Os nomes eram escolhidos de acordo com alguns fatores

1º - Por tradições familiares – Neste caso, se escolhia com base no nome do pai, ou de algum parente. Um exemplo desta tradição se dá ao escolherem o nome de João. Ele também seria Zacarias, porém sua mãe, divinamente avisada, queria lhe dar um nome que quebrava a tradição familiar. De modo que é necessária a intervenção de Zacarias. Este talvez seria o modo mais comum de nomear uma criança.

2º - Condições espirituais

Quando a arca foi levada pelos filhos de Eli para a guerra e estes morreram, a bíblia diz que uma mulher deu a luz, tendo recebido a notícia da morte do sacerdote Eli, de seus filhos e também da arca sendo levada pelos inimigos, ela batizou seu filho com o pesado nome: “Icabode” – Foi-se a glória do Senhor. As condições espirituais dos tempos também eram fator decisivo na escolha de um nome.

3º - Nome como sentimento projetado do pai

Quando José tem seus filhos, tendo passado por tudo o que passou, chamou seu filho de “Manassés” – Deus me fez esquecer.

Na sequência ele põe o nome de Efraim “Deus me fez prosperar em outra terra”

De forma que os pais constantemente projetavam sentimentos pessoais, ou até desejos nos filhos.

4º - Nomes como louvor a Deus

Os pais constantemente desejavam louvar a Deus com o nome dos filhos.

José – Deus acrescenta

Miquéias – Quem é Deus semelhante a ti


5º Circunstâncias do nascimento

Quando Esaú nasceu, não havia profecias a respeito de seu nome, quando os pais o veem nascido coberto de pelos, o chamam de Esaú, cujo significado é “peludo”.

Seu irmão nasce na sequência, agarrado ao seu calcanhar, por esta razão é chamado de Jacó, “aquele que agarra o calcanhar”.

Quando Jabez nasceu, provavelmente sua gestação se deu com muito pesar para sua mãe, as circunstâncias do nascimento fizeram com que sua mãe sofresse muito, tivesse inúmeras e fortes dores. Logo, ao escolher o nome, talvez ainda sob constante sofrimento, os pais lhe deram este terrível nome: “Dor, ou aquele que causa dores”.


Há coisas que não são passíveis de alteração na vida:

Os pais, o local de nascimento e o nome.


Os nomes tinham profundo peso nos dias de Jabez, havia vários nomes que eram honrosos.

É possível imaginar que passada a fase da inocência, a criança perguntaria aos seus pais, ou até seria ensinado por eles sobre o significado de seu nome.

Jabez quando soube de seu nome, possivelmente sentiu o peso que trazia consigo, este não era um nome do qual as pessoas se alegravam em carregar. Consideremos as cenas por trás disso, na infância, entre seus irmãos, entre seus conhecidos Jabez poderia pensar “eu sou o que causei dores a minha mãe”.


O que tornou Jabez essa pessoa tão excelente? Alguém equiparado a Enoque, no sentido de quebrar a genealogia.


1º - Jabez teve uma história mudada por Deus, não o nome.


Deus lidou com mudanças de nome na bíblia diversas vezes:

Algumas vezes Deus tirou letras de nomes e mudou o significado, isso se deu com Sara. Ela era chamada Sarai, com Abrão o processo ocorre de forma diferente, lhe foi adicionada uma letra. 

Há momentos em que Deus modifica o nome da pessoa totalmente: Jacó para Israel, de Simão para Pedro.


Alterações no nome de Jabez modificariam o significado, seriam um modo mais simples de resolver seu problema. Porém Jabez optou por fazer uma mudança muito mais drástica do que a mera mudança de nome. Jabez modificiou a própria história.


2º - Jabez não aceitou sobre si o carma e os impactos da sua vida pregressa.


O destino de Jabez seria um fracasso, não fosse as mudanças que ele iniciou, independentes dos pesos passados.

Issacar era um exemplo disso, quando seu pai estava prestes a morrer, reuniu após si seus filhos, dez filhos, mais dois netos.

São dadas bênçãos a Rúben, Simeão, Levi, quando chegou a Issacar, seu pai lhe diz:

“Issacar é jumento de fortes ossos, deitado entre dois fardos.
Gênesis 49:14


A ideia era de sujeição apesar da força.

Quando Moisés saía para as batalhas, eram eles que se prontificavam como guerreiros.

1º Crônicas fala sobre os filhos de Issacar como “entendidos da ciência”

Em Dt. Eles se tornam “chupadores das riquezas da terra”

José Satiro entende uma progressão apesar das palavras de Jacó, de jumento para guerreiro, de guerreiro para cientistas, de cientistas para conquistadores de riquezas.

Na verdade não importa muito qual a nossa ascendência, Deus pode mudar nossa história.

Jesus tinha uma ascendência terrível, pessoas terríveis.

Mas contra todas as teorias externas genética, psicológica e sociologicamente Jesus foi o maior, foi três vezes Santo.

Jesus é o exemplo supremo de que não importa a vida pregressa de alguém, há uma nova história possível para nós.


3º - Todos os irmãos de Jabez foram ilustres, mas ele foi mais ilustre.

Deus, vez por outra toma pessoas improváveis para ser as mais excelentes de seu reino.

Davi era o último de seus irmãos, mas se tornou o rei.

Gideão era da menor tribo, o menor da tribo e foi juiz.

Timóteo era tímido, inseguro, novo, mas foi o sucessor de Paulo.

A galeria do Heróis de Deus só procura alguém que se coloque na brecha para ser abençoado.

Ez. 22.30, 1º Cor. 1.26-27


Ser ilustre neste caso está para além da fama, está relacionado a contra tudo e contra todos ser alguém acima da mediocridade. Contra todas as expectativas Deus levanta os seus.

Jabez não era rei, não governou, mas Deus lhe deu destaque entre eles.


4º - A oração de Jabez mudou a sua história

Quando Jabez pede a Deus, ele pede muitíssimo.

No que diz respeito a conquistas, Deus gosta de pedidos ousados.

Foi assim com Jefté

Foi assim com Eliseu – Porção dobrada 

Foi assim com Moisés – Desejava ver a Deus


Quando Jabez pede a Deus, ele passa para além do pedido comum, pede não só muito, mas muitíssimo.

Deus não depende da terra, Deus não depende das circunstâncias temporais, ele abençoa muitíssimo quando quer.

“Os navios que mais demoram são os mais cheios” – Spurgeon

Vale a pena esperar por muitíssimo de Deus.


6º Aumenta as minhas terras

Preparação emocional

Espiritual

Material


5º - Que a sua mão seja comigo

Foi a mão de Deus que levou Ezequiel ao vale, onde ele teve a maior visão da sua vida

Foi a mão de Deus que favoreceu Neemias na reconstrução

A mão de Deus não está encolhida – Is. 59

A mão de Deus tem nosso nome gravado – Is. 49.15 seu desejo é que ele fosse livrado do mal e poupado de Dores, Deus lhe ouviu.


A oração de Jabez é de uma magnitude tamanha que livros foram escritos destacando cada um dos seus pormenores. Sem dúvidas, uma oração pode mudar uma vida. Este é o resumo da história deste que se tornou um grande homem.

Deus lhe concedeu o que ele pediu. 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Oração - A arma pacifista - Sermão entregue a igreja AD Vila Remo Sede


Atos 12 – Oração, a arma pacifista
Introdução a Atos
Até o presente capítulo a igreja vivia uma expansão sem precedentes.
Após a morte de Jesus e subsequente ressurreição, o mestre fala durante quarenta dias com os seus discípulos. A páscoa havia se encerrado, os peregrinos voltariam para as suas terras, mas Jesus ressuscitado ordena aos seus discípulos que não se ausentem de Jerusalém, mas que aguardem a promessa do pai.
Essa promessa diz respeito a dádiva do Espírito Santo, o dia em que Deus “mudaria de casa”.
Há uma preocupação ainda entre alguns discípulos, eles desejavam um reino terreno de Jesus que não tinha chegado até o presente momento.
Jesus trata de tirar o foco dos discípulos deste reino terreno, para que observassem a promessa de Deus:
Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”. Atos 1:8

Este poder do Espírito seria a capacitação necessária para a expansão do evangelho.
Passados dez dias, os discípulos permanecem buscando, já não eram mais 500, tratavam-se de aproximadamente 120, de diversos lugares que vieram observar a festa da páscoa.
No dia de pentecostes, ou seja, somados os 40 dias de ensinos de Jesus, mais os dez de busca, os discípulos receberam a promessa do Espírito Santo.






Daí em diante o livro de Atos passa a tratar de uma expansão sem precedentes da igreja.
A igreja iniciou-se com 12 –Lucas 9.1
Depois 70 –Lucas 10.1
Em Atos 1.15 tinha -120
Em Atos 2.14 –3.000
Em Atos 4.4 – 5.000
O número continua crescendo ao ponto de perder a conta (Atos 5.14)
Mais crescimento inclusive conversão de sacerdotes (Atos 6.1 e 7)
Cristãos se espalham devido à perseguição (Atos 8.1 e 4)
Muitas Igrejas fundadas (Atos 9.31)
Aldeias inteiras tornam-se cristãs (Atos 9.35)
 Outras conversões significativas ocorreram, como a dos Samaritanos em Atos 8.
A conversão de Saulo em Atos 9
A conversão de Cornélio – O primeiro Gentio – Atos 10

A igreja já havia atingido a dimensão de Jerusalém, toda a Judéia e Samaria.
O próximo passo seria atingir os confins da terra, ou seja, a missão estava chegando ao seu último passo e ainda que sendo perseguida a igreja estava em franco crescimento.
A igreja estava decolando, os relatos de novas conversões são de fato de tirar o fôlego e tornam essa primeira seção de Atos um relato vivo da expansão de uma igreja e dos resultados de oração e evangelismo simultâneos.
Tudo parece indicar que agora os confins da terra serão atingidos, porém Lucas passa a narrar um hiato entre a expansão do evangelho em todo território Israelita e as nações não alcançadas, os denominados “confins da terra”.


E por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar;
E matou à espada Tiago, irmão de João.
Atos 12:1,2

O imperador neste tempo era Herodes Antipas I, este temia a expansão dos cristãos como uma ameaça ao império, pois, estes recusavam-se a prestar cultos ao imperador e tinham reuniões secretas que de algum modo levantavam suspeitas. Sem contar ainda o fato de que Herodes Antipas desejava manter o controle sobre Israel, logo sua intenção era de atacar aquilo que os judeus mais temiam e odiavam neste momento, a saber, a igreja.
Desde os tempos de Herodes o grande, Israel não tinha um rei, Antipas deseja popularidade e aquilo que gerava mais tumulto era a religião do caminho, logo lançar mão deles para matá-los era uma medida extremamente populista.
Para preservar a paz na Palestina, não poderiam de modo algum haver partidos ou coisas que gerassem tumulto na nação e a fé Cristã representava uma ameaça a essa paz, nos dias de Herodes Agripa a acusação contra Jesus foi de auto proclamação de reino e atentado contra o templo, Herodes Agripa via como uma ameaça a religião do caminho.
Um bom modo de fazer isso era tomando um dos “colunas” da igreja, neste caso Tiago, filho de Zebedeu, irmão de João fora capturado, preso e em seguida decapitado.
Tiago tem o nome citado, mas outros são tomados para ser maltratados.
Tiago provavelmente foi morto diante de todos, de modo que testemunharam seu martírio e multidão festejava tanto com a cena como também com a notícia que correu.
Tiago é o segundo mártir citado por Lucas no livro de Atos, provavelmente houveram outros, mas é o segundo obreiro proeminente que sobre nas mãos do povo.
A popularidade da igreja nos primeiros dias foi grande, porém após a morte de Estevão essa perseguição se estendeu, de modo que ao verem que era interesse dos judeus e dos romanos exterminar a religião, por instinto de preservação decidem apoiar as mortes e perseguição aos frágeis e pobres cristãos.



“E, vendo que isso agradara aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro. E eram os dias dos ázimos”.
Atos 12:3

Movido de um sentimento populista, Herodes manda prender Pedro, um outro considerado “coluna” da igreja, de forma que ele vai aos poucos tentando desestabilizar a igreja na medida em que toca nas suas lideranças.
Herodes valia-se do fato de que Mariane, sua avó era judia, logo ele tinha certa ascendência judaica, justificando deste modo sua infiltração entre o povo, buscando popularidade ele fazia sacrifícios diários no templo, lia a lei diante do povo e era desta forma extremamente aceito pelos judeus, como quem é um deles.
Baseando-se na lei judaica, Herodes acusou Tiago de idolatria, quando se tratavam de casos isolados, a idolatria era combatida por meio de apedrejamento do líder, neste caso porém, por se tratar de uma apostasia em níveis gerais do judaísmo, Tiago deveria ser morto ao fio de espada, os Judeus e Herodes entenderam que ele instigou toda a cidade a cometer idolatria.
Pedro é preso nos dias que precediam dos pães asemos, neste período de acordo com John Stott era proibido realizar execuções, de forma que ele esteve preso no cárcere interior e seria executado tal como o seu mestre, pois, a acusação de Jesus, Tiago e agora a de Pedro teriam o mesmo fundamento, a “idolatria” pregada através de Cristo.

E, havendo-o prendido, o encerrou na prisão, entregando-o a quatro quaternos de soldados, para que o guardassem, querendo apresentá-lo ao povo depois da páscoa.
Pedro, pois, era guardado na prisão
Atos 12:4,5

Feita a prisão, Pedro é provavelmente encaminhando à fortaleza Antônia, que ficava ao noroeste do templo. Pedro é guardado por quatro turnos de 4 soldados, de modo que as escalas possivelmente eram de 6 horas para cada turno segundo Kistemaker, segundo Wiersbie eram 2 turnos de 8 soldados, divididos em 2 áreas principais.
Dois soldados ficavam junto as portas, outros dois estavam amarrados a Pedro, sendo um de cada lado, e mais dois ficam em outros dois portais da prisão. Pedro é tratado segundo Kistemaker, como um prisioneiro em regime de segurança máxima.
De agora em diante se dá um embate, o implacável império Romano com toda a sua força, um rei que conta com o paio de Judeus e de seu próprio povo e do outro lado a comunidade dos Cristãos, fracos, sem armas, com poucos recursos.
Segundo Kistemaker, A ideia de Herodes era garantir que Pedro não sairia de modo algum, ele já sabia do retrospecto de Pedro, já sabia que prisão alguma fora capaz de contê-lo, sabia-se também que Pedro estava com tanta autoridade de Deus que onde ele passava os enfermos esperavam a sombra de Pedro passar por cima e deste modo eram curados.
Estão postas as armas de Roma, tudo conspira contra Pedro, o que a igreja poderia fazer por ele?

1° Nós precisamos retomar o hábito de orar
“Mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus.
Atos 12:5”
Não é novidade alguma o fato de que nós precisamos orar, falamos sobre isso, ouvimos sobre isso, mas a realidade prática é que nós não fazemos tanto quanto deveria, a conclusão de todos nós ao falar de oração é: Precisamos orar mais, nosso tempo dedicado a essa importante atividade é menor do que gostaríamos que fosse.
A realidade sobre nós é que falamos de oração, cantamos sobre oração, discutimos sobre como orar bem, mas poucos de nós tiram de fato tempo para orar e oram.
Quando se marcam orações de 19:30 às 20, somos capazes de chegar às 20:05 a fim de evitar o período da oração.
As nossas reuniões de oração são as menos frequentadas e as menos apreciadas.
De fato não é fácil falar e ouvir sobre essas coisas.


Por muitas vezes fui exortado por colegas de ministério a dedicar mais tempo em minhas orações, pois, algo faltava em meus sermões (acredito que ainda falta muita coisa), porém era nítido que eu tinha relativa facilidade em falar, facilidade em ensinar, porém o impacto do que era dito causava pouca, ou nenhuma diferença na maioria dos ouvintes, porém quando orava sentia uma diferença gritante em meu desempenho, bem como nos resultados do sermão.
A fim de não encarar essa realidade me refugiei em livros, simpósios, atividades diversas, todas de atitude exterior para demonstrar a espiritualidade que esperavam, mas na verdade não possuía até então. Me irei com amigos que me aconselhavam a me entregar mais, pois, afinal tudo que precisava era ler mais, se preparar melhor humanamente falando.
Porém a realidade da necessidade de orar estava diante de mim em livros, em testemunhos pessoais, em cobranças de amigos e do próprio Deus que falava a minha consciência.
Fugi de reuniões de oração, criei resistências com os que a praticava, e em busca de refúgios para adaptar minha falta de oração pensei em dizer que orava aos colegas, mas na verdade apenas dedicava alguns pequenos momentos com orações rápidas, como a de Pedro afogando:
“Salva-me Senhor”
Quando poderia fazer orações como a dos heróis da fé, de duas ou quatro horas.
Pensei se tratar de um método que alguns usavam para se gabar, dada a raridade de pessoas que tornam a oração um hábito, vi muitos partirem para o farisaísmo em suas orações, a autocontemplação tornou-se algo que me causou repulsa.
Compensei minha falta de oração com a preparação de sermões, julgava que o tempo que dedicava em pesquisas e escrita compensaria minha falta de oração. Ledo engano!
Não há avivamento que não seja precedido de oração, isso sempre esteve claro para mim na teoria e não na prática.
Quais as razões de estarmos cientes da necessidade de orar e não o fazer?



Os motivos são diversos, enumero alguns dos principais:

A - No contexto de modernidade aperfeiçoamos tudo, louvor, palavra, liturgia, culto, mas não há modernização de orações, essa á única parte da igreja que não passa por adaptação.
De forma que orar, passar tempo de joelhos parece ser algo ultrapassado, não muito prático, não agradável.

B - De acordo com Leonard Ravenhill a oração é uma atividade pouco praticada e desejada na igreja por se tratar de algo que não exige muita inteligência e talentos externos. Tudo o que precisamos para orar é ser espiritual.
Qualquer um pode pregar, qualquer um pode cantar, qualquer um com talento pode administrar. Todas as atividades realizadas na igreja de alguma modo independem da espiritualidade de quem faz,
“Os grandes da terra, hoje, são os que oram. Não me refiro aos que falam sobre oração, nem os que dizem que crêem na oração, nem mesmo aos que sabem explicar os mistérios da oração. Refiro-me às pessoas que separam tempo para orar, e oram”. (S. D. Gordom)

C- Alegamos frequentemente falta de tempo.
Deveríamos considerar nossas atividades diárias, muito provavelmente temos tempo livre, mas quando se trata de oração falta tempo. Somos capazes de zerar os jogos no vídeo game, esgotar séries da Netflix, mas quando se trata de oração nosso tempo parece curto demais.
Orar é o tipo de atividade ao qual dedicamos poucos minutos e esses poucos parecem uma eternidade.
“Três vezes por dia ele se ajoelhava e orava, agradecendo ao seu Deus, como costumava fazer”.  Daniel 6:10

É muito provável que eu tenha mais tempo do que o Governador Daniel tinha.
No fundo nos falta querer um pouco mais, ou mesmo acreditar um pouco mais.




D- Muitos de nós no fundo dizem que não sabem orar.
E a objeção a essa fala é simples, não se aprende nada a não ser por meio da prática, não basta saber o que é orar, não basta decorar versículos sobre oração, não basta cantar “se eu orar o céu vai mover”
É preciso começar, é preciso praticar, pensando nisso certa vez Charles Spurgeon disse:

Rogue pela oração - ore até que consiga orar, ore para ser ajudado a orar e não abandone a oração porque não consegue orar, pois nos momentos em que você acha que não pode orar, é que realmente está fazendo as melhores orações. As vezes quando você não sente nenhum tipo de conforto em suas súplicas e seu coração está quebrantado e abatido, é que realmente está lutando e prevalecendo com o Altíssimo.
C. H. Spurgeon


2° Orar é o modo mais prudente de se preparar para as guerras da vida

Mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus.
Atos 12:5
A oração é o melhor meio de nos preparar para as batalhas da vida:

“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos,
Efésios 6:18”
A luta está em andamento, o que a igreja poderia fazer? Paulo fala sobre as batalhas espirituais, de modo que olhando para um Soldado ele passa a descrever uma armadura de Deus, os itens descritos são:



Capacete da Salvação
Calçados da preparação do evangelho da paz
Couraça da Justiça
Cinto da verdade
Escudo da fé
Espada do Espírito que é a palavra
A armadura está praticamente fechada, mas o apóstolo faz questão de incluir a oração no versículo 18, dando a entender que todo o processo de vestir armadura deve ser feito orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no espírito.
Há de fato muitas batalhas que devemos enfrentar como igreja.
Temos diante de nós adversários políticos, adversários na mídia, nas salas de aula, dominando a cultura, dominando as artes.
De todos os lados se levantam contra nossa fé.
O único meio e combater as forças do mal é se preparando por meio da oração.
Herodes se levantou... Mas a igreja estava orando
O império estava contra... Mas a igreja estava orando
Pedro estava prestes a morrer... Mas a igreja estava orando
Somos chamados ainda hoje a reagir contra as investidas do mal, nossa solução não será por meio de armas naturais:

Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas;
2 Coríntios 10:4
,



De um lado estão os exércitos romanos, quatro quartéis de soldados, todos aparelhados, todos prontos a matar, algozes cruéis com espadas afiadas para degolar.
Eles acreditavam que, de alguma forma, realizando ou não um
milagre, Deus poderia soltar o apóstolo em resposta a suas
orações. Portanto, havia duas comunidades, o mundo e a igreja,
colocadas uma contra a outra, cada uma fazendo uso de suas
armas. De um lado estava a autoridade de Herodes, o poder da
espada e a segurança da prisão. Do outro, a igreja se voltou à
oração, a única arma daqueles que não têm poder
Jhon Stott – Comentário de Atos.

Nossos problemas não serão resolvidos com mais e melhor teologia, não serão resolvidos meramente com reformas, não serão resolvidos com novas aparelhagens, as nossas batalhas não se vencem cantando bem, não se vencem com obreiros armados, nossas batalhas se vence de joelhos.
Não foram poucas as vezes em que Deus tomou partido em batalhas através da oração:

Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras.
Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia.
Daniel 10:12,13
Oração provoca batalhas, de modo que Deus é quem toma partido por nós, apenas paramos e vemos o seu livramento.
E não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, ouvindo o Senhor assim a voz de um homem; porque o Senhor pelejava por Israel.
Josué 10:14
Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco.
2 Crônicas 20:17

E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam.
E de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos.
Atos 16:25,26

Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança.
Lamentações 3:29

3° Devemos orar sem cessar
“fazia contínua oração”
Atos 12:5
Não é de se espantar a afirmação de Paulo:

“Orai sem cessar.”
1 Tessalonicenses 5:17

A igreja fazia contínua oração, não se tratou de só uma oração, não se tratou de só um momento separado para dizer a Deus sobre Pedro “Não deixe Pedro morrer” Essa oração era contínua, ininterrupta, tal como a parábola do Juíz iníquo.
Pedido incessante, dia e noite clamando, precisamos disso.
E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á;Porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á. Lucas 11:9,10

O BOM DEFEITO
Há um defeito da igreja primitiva que eu gostaria de ter, um defeito que eu gostaria de copiar.
Finalmente esses homens disseram: "Jamais encontraremos algum motivo para acusar esse Daniel, a menos que seja algo relacionado com a lei do Deus dele".
Daniel 6:5
Qual o defeito de Daniel? Daniel orava demais.
A igreja orava tanto que foi necessário Herodes armar um esquema de segurança máxima, visto que em outras duas ocasiões Pedro já havia sido liberto da prisão.
A ORAÇÃO ERA INCESSANTE, DEVERÍAMOS ORAR SEM SE PREOCUPAR EM BATER METAS, SEM OLHAR PARA O RELÓGIO.
Apenas orar, apenas falar com Deus.
Oração é segundo as palavras de Josué Gonçalves “oração é a respiração da alma, de modo que quem não ora morre”.


4° A oração traz paz

É fato digno de nota que Pedro estava dormindo:
nessa mesma noite estava Pedro dormindo entre dois soldados
Atos 12:6
Paulo cantava na prisão de Filipos
Daniel mesmo sabendo do decreto do rei continuava orando, como se nada estivesse acontecendo.
A oração traz paz para a alma:
Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Filipenses 4:6,7

5° Frequentemente em respostas a orações na bíblia Deus enviou anjos
E eis que sobreveio o anjo do Senhor, e resplandeceu uma luz na prisão; e, tocando a Pedro na ilharga, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias.

Atos 12:7

Deus enviou um anjo em resposta a oração de Israel e este falou com Gideão – Jz 6.12
Atos 12.5 – Deus enviou o anjo para Pedro
Atos 10.2 Cornélio recebeu a visita de um anjo
Mateus 4.2 – Jesus orou e ao final de 40 dias é servido por anjos
Daniel 6.11 – Arcanjo batalhou e o anjo trouxe a resposta
Atos 27.23 – O anjo apareceu para lhe dizer que ninguém iria morrer
Gênesis 28.10-18- Quando Jacó orou e dormiu na Pedra ele viu anjos subindo e descendo.

O anjo tem algumas atividades neste texto:
- Com ele veio uma luz
- Acordou Pedro
- Mandou se levantar
- Fez os soldados dormirem
- Fez as cadeias caírem das mãos
- Mandou se cingir
- calçar as sandálias
-Por a capa
Por fim ordena seguir



Pedro tem a impressão de estar tendo uma visão – V.9
Os soldados dormiram, Warren Wiersbie comenta que eram 8 em dois turnos, dormiram os de dentro da cela, dois da entrada da cela, dois da primeira guarda, dois da segunda guarda.
Chegada a entrada da cidade a porta de ferro se abriu sozinha.

E, quando passaram a primeira e segunda guarda, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si mesma; e, tendo saído, percorreram uma rua, e logo o anjo se apartou dele.
E Pedro, tornando a si, disse: Agora sei verdadeiramente que o Senhor enviou o seu anjo, e me livrou da mão de Herodes, e de tudo o que o povo dos judeus esperava.
Atos 12:10,11

Para Pedro tudo isso tratava-se de um sonho, mas era a resposta da oração feita pela igreja, uma resposta concreta, surpreendente e que demonstra o poder e a força da oração.

7° Devemos transformar nossas casas em centros de oração

E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam.
Atos 12:12
Pedro sai da prisão, passados sete dias, muito provavelmente de madrugada, ele tinha uma convicção consigo: Deus o tirou!
A segunda convicção foi a seguinte, os crentes estarão na casa de Maria, pois, a esta hora sua casa é um lugar de oração.

A casa de Maria foi o lugar chamado grande cenáculo, onde Jesus fez a última ceia e onde buscaram o espírito Santo em Atos 2.

Agora pensemos, era natural ir para a casa de Maria, pois, ela já tinha tradição como uma mulher que orava, que tinha amigos que oravam e que tinha um local para isso.
Há casas marcadas por diversas características, casas onde se fazem muitas festas, casas onde se reúnem para assistir jogos, casas onde sempre há famílias e não há problemas nisso.
Mas uma das coisas que deveríamos ter e fazer, era transformar nossos lares em referenciais de oração, tal como uma irmã que conheci, chamada Edite, José dos Santos.
Casas de oração, literalmente, não só igreja, mas uma casa onde as pessoas vão para orar. Esse era o espaço de Maria.

8° Feito tudo isso seremos surpreendidos com respostas mais excelentes do que a imaginação alcança

  E, batendo Pedro à porta do pátio, uma menina chamada Rode saiu a escutar;
E, conhecendo a voz de Pedro, de gozo não abriu a porta, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava à porta.
E disseram-lhe: Estás fora de ti. Mas ela afirmava que assim era. E diziam: É o seu anjo.
Mas Pedro perseverava em bater e, quando abriram, viram-no, e se espantaram.
Atos 12:13-16


9° A oração salva aquele pelo qual intercedemos
E acenando-lhes ele com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão, e disse: Anunciai isto a Tiago e aos irmãos. E, saindo, partiu para outro lugar.

            Atos 12:17