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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O dispenseiro deve usar todo o conteúdo fornecido por seu senhor.

Costumamos escolher
a dedo passagens da Escritura, ficando com nossas
doutrinas favoritas e deixando de lado aquelas, de que não
gostamos, ou que são difíceis para nós. E nos tornamos
culpados de sonegar algumas das provisões que o divino
Pai, em sua riqueza e sabedoria, destinou à sua família.
Alguns não apenas tiram, mas também acrescentam coisas
à Escritura, enquanto outros ousam contradizer o que está
escrito na Palavra de Deus.

John Stott - O perfil do pregador

A pregação é a manifestação da verdade

Nossa tarefa é a "manifestação
da verdade" (2 Co 4.2; cf. At 4.29, 31; Fp 1.14; 2
Tm 4.2; Hb 13.7). Dentro de seus limites, esta é uma boa
definição de pregação. A pregação é uma "manifestação",
fanerôsis da verdade registrada nas Escrituras. Por isto,
todo sermão deveria ser, de algum modo, expositivo. O
pregador pode usar ilustrações da área política, ética e
social para tornar mais fortes e atraentes os princípios
bíblicos que ele está desenvolvendo, mas o púlpito não é
lugar para o comentário político, exortação ética ou debate
de temas sociais por si. Nosso dever é pregar a "Palavra de
Deus" (Cl 1.25); nada mais do que isto.

John Stott - O perfil do pregador

O dispenseiro alimenta com os recursos de seu senhor.

Como o despenseiro não alimenta a família de
seu senhor do seu próprio bolso, o pregador também não
precisa providenciar a mensagem por sua habilidade
própria. Muitas metáforas do Novo Testamento indicam
esta mesma verdade, que a tarefa do pregador é proclamar
uma mensagem que não é dele mesmo.

John Stott - O perfil do pregador

Administramos mistérios

Os "bens" que o pregador
cristão administra são chamados "mistérios de Deus".
Mystêrion no Novo Testamento não é um enigma, alguma
coisa obscura, mas sim uma verdade revelada, que só pode
ser conhecida porque Deus a expôs, que estava oculta mas
agora foi revelada, e na qual pessoas são iniciadas por
Deus . Assim, os "mistérios de Deus" são os "segredos
públicos" de Deus, a soma total de sua autorevelação
contida nas Escrituras (Cf. o uso que Cristo faz da palavra,
em relação ao Reino de Deus (Mt 13.2).). Destes
"mistérios" revelados, o pregador cristão é despenseiro,
encarregado de torná-los ainda mais conhecidos pela
família.

John Stott - O perfil do pregador

Um despenseiro

O despenseiro é o empregado de confiança que zela pela correta utilização dos bens de outra pessoa. Assim, o pregador é um despenseiro dos mistérios de Deus, ou seja, da auto-revelação que Deus confiou aos homens e é preservada nas Escrituras. Portanto, mensagem do pregador cristão não vem diretamente da boca de Deus - como se ele fosse profeta ou apóstolo - nem de sua própria cabeça - como os falsos profetas - nem das bocas e mentes de outras pessoas, sem reflexão - como o tagarela - mas da Palavra de Deus, uma vez revelada e para sempre registrada, da qual ele tem a honra de ser despenseiro.

John Stott - O perfil do pregador

O tagarela furta a mensagem de outros, sem crítica

 A característica essencial do tagarela é que ele não é capaz de pensar por si. Sua opinião neste momento é certamente a da última pessoa que ele ouviu. Ele depende das idéias dos outros, sem peneirá-las nem pesá-las, e nem apropriar-se delas para si. Como os falsos profetas fustigados por Jeremias, ele usa apenas a "língua", e não a mente ou o coração, e é culpado de "furtar" a mensagem de outras pessoas (Jr 23.30,31).

John Stott - O perfil do pregador

O equilíbrio nas citações

 O "tagarela" repassa idéias como mercadoria de segunda mão, colhendo fragmentos e detalhes onde os encontra. Seus sermões são uma verdadeira colcha de retalhos. É bom dizer que não há nada de errado em citar, no sermão, as palavras ou escritos de outra pessoa. O pregador sábio coleciona mesmo citações memoráveis e esclarecedoras que, usadas com juízo e honestidade, citando a fonte, são capazes de dar luz, importância e força ao assunto em questão.

John Stott - O perfil do pregador

O pregador não pode ser um tagarela

Embora não existam mais hoje, estritamente falando, profetas ou apóstolos, temo que haja falsos profetas e falsos apóstolos. Gente que fala as suas próprias palavras e não a Palavra de Deus. Sua mensagem vem de suas próprias mentes. Gente que gosta de ventilar suas opiniões sobre religião, ética, teologia e política. Eles podem até seguir a tradição de introduzir seus sermões com um texto bíblico, mas o texto tem pouca ou nenhuma relação com a mensagem que se segue, e não há nenhuma tentativa de interpretar o texto dentro de seu contexto próprio. Além disto, com muita freqüência estes pregadores, como os falsos profetas do Antigo Testamento, usam palavras macias, "dizendo: Paz, paz; quando não há paz" (Jr 6.14, 8.11, cf. 23.17). E nem tocam nos pontos menos "agradáveis" do evangelho, para não ofender o gosto dos ouvintes (Jr 5.30-31).

John Stott - O perfil do pregador

Não existem mais apóstolos

Assim, da mesma forma que a palavra "profeta" deve ser reservada para aquelas pessoas no Antigo e Novo Testamentos a quem a palavra de Deus veio diretamente, quer sua mensagem tenha chegado até nós ou não, a caracterização de alguém como "apóstolo" deve ser reservada para os Doze e Paulo, que foram especialmente comissionados e investidos com autoridade por Jesus como seus shaliachim. Estes homens eram únicos. Não deixaram sucessores.

John Stott - O perfil do pregador

As escrituras dispensam as profecias contemporâneas

Agora que a Palavra de Deus escrita está à disposição de todos nós, a Palavra de Deus no discurso profético não é mais necessária. A Palavra de Deus não vem mais aos homens hoje. Ela já veio para todos os homens; agora os homens é que precisam ir até ela.

John Stott - O discípulo radical

O pregador não é um profeta

Portanto, o pregador cristão não é um profeta. Ele não recebe qualquer revelação original; sua tarefa é expor a revelação que já foi definitivamente dada. E muito embora pregue no poder do Espírito Santo, ele não é "inspirado" pelo Espírito no sentido em que os profetas o foram.

John Stott - O perfil do pregador

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Originalidade se vive, não apenas é verbal.

Refiro-me à execrável idéia (comum na crítica literária) de que em cada um de nós existe, oculto, um tesouro chamado personalidade e que expandi-lo, expressá-lo, preservá-lo de influências, ser enfim "original" é o grande objetivo da vida. É um conceito pelagiano, ou pior, autodestrutivo. O homem que valoriza a originalidade jamais será original. Mas tente dizer a verdade tal como você a vê, tente trabalhar com perfeição por amor ao trabalho, e aquilo que os homens chamam de originalidade surgirá espontaneamente.

CS LEWIS - O peso de glória

Não temos valor próprio, mas o recebemos de Jesus

Recuamos diante disso porque, em nossos dias, começamos a pôr toda essa figura de cabeça para baixo. Partindo do princípio de que cada individualidade é de "infinito valor", confundimos Deus com uma espécie de agência de emprego cuja função seria encontrar a carreira adequada para cada alma, a luva certa para cada mão. Mas o valor do indivíduo não está nele. Ele pode receber valor. Ele o recebe pela união com Cristo. Não se trata de encontrar, no templo vivo, um lugar que ponha em relevo o seu valor inerente e lhe dê espaço para as idiossincrasias naturais. O lugar já existia. O homem foi criado para ele. O homem não será ele mesmo enquanto não o preencher. Só no céu seremos pessoas autênticas, eternas e realmente divinas exatamente como, mesmo hoje, nosso corpo só é colorido quando há luz.

CS Lewis - O peso de glória

Nossa verdadeira identidade está no futuro.

 A verdadeira personalidade situa-se no futuro — quão distante, para muitos de nós, nem ouso dizer. E a chave dela não está em nós. Não será atingida por um desenvolvimento de dentro para fora. Virá ter conosco quando ocuparmos aquele lugar da estrutura do cosmo para o qual fomos destinados ou criados. Como a cor, que só se revela em toda sua beleza quando colocada pela excelência do artista no lugar preestabelecido, entre todas as outras; como a especiaria que só revela seu verdadeiro sabor quando adicionada, onde e quando deseja o bom cozinheiro, aos outros ingredientes; como o cão que só manifesta realmente suas qualidades quando toma seu lugar na família do homem, nós também só ganharemos a nossa verdadeira personalidade quando consentirmos em que Deus nos coloque no lugar que nos compete. Somos mármore esperando ser esculpido, metal esperando ser vertido no molde.

CS LEWIS - O peso de glória

Venceremos não como sociedade, mas como parte do corpo.

Não foi pelas sociedades ou pelos estados que Cristo morreu, mas pelos homens. Nesse sentido, pode parecer aos coletivistas seculares que o cristianismo envolve uma afirmação quase desvairada da individualidade. Mas não será o indivíduo como tal que participará da vitória de Cristo sobre a morte. Participaremos dessa vitória estando no Vencedor. A renúncia ou, na linguagem forte das Escrituras, a crucificação do eu é o passaporte para a vida eterna. Nada que não morreu ressuscitará.

CS LEWIS - O peso da glória

A posição estrutural que o mais humilde dos cristãos ocupa na igreja é eterna e mesmo cósmica.

Assim, a vida cristã defende a pessoa em detrimento da coletividade; sem colocá-la em isolamento, mas dando-lhe a posição de um órgão do corpo de Cristo. Como se diz em Apocalipse, o cristão é feito "coluna no santuário de Deus"; e acrescenta-se: "E daí jamais sairá". Essas palavras apresentam um outro aspecto da questão. A posição estrutural que o mais humilde dos cristãos ocupa na igreja é eterna e mesmo cósmica. A igreja sobreviverá ao universo; nela, o indivíduo sobreviverá ao universo. Tudo que se liga ao Cabeça imortal participará de sua imortalidade. Pouco se fala disso nos púlpitos cristãos dos nossos dias.

CS Lewis - O peso de Glória

As almas não tem valor infinito, pelo contrário.

O valor infinito de cada alma humana não é doutrina cristã. Deus não morreu pelos homens por algum valor que neles houvesse. O valor de cada alma humana, considerada de per si, independentemente de Deus, é zero. Como escreve Paulo, morrer por homens bons seria um ato puramente heróico, não divino; mas Deus morreu por homens pecadores. Ele amou-nos, não porque éramos dignos do seu amor, mas porque ele é amor. Pode ser que ele ame a todos igualmente — com certeza, ele amou a todos até a morte — e eu não sei direito o significado da expressão. Se existe igualdade, está no seu amor, não em nós.

CS Lewis - O peso de Glória

Não somos iguais diante de Deus

E agora preciso dizer o que lhe pode parecer um paradoxo. Ouvimos dizer muitas vezes que, embora ocupemos posições diferentes neste mundo, todos somos iguais aos olhos de Deus. De certo modo é assim. Deus não faz acepção de pessoas: o amor que ele nos tem não se mede pela nossa posição social ou pela nossa capacidade intelectual. Mas creio haver um sentido em que essa máxima é oposta à verdade. Aventuro-me a dizer que uma igualdade artificial é necessária na vida de um Estado, mas que na igreja tiramos essa máscara, recuperamos nossas verdadeiras desigualdades e somos, dessa forma, renovados e revitalizados.

CS LEWIS - O peso de glória

Necessidades mútuas no corpo

Todos vivemos ensinando e aprendendo, perdoando e sendo perdoados, representando Cristo para o homem quando por ele intercedemos e representando o homem para Cristo quando outros intercedem por nós. O sacrifício de nossa intimidade egoísta, exigido diariamente de nós, é compensado diariamente, cem vezes, no crescimento pessoal que a vida do corpo estimula. Os que são membros uns dos outros tornam-se tão diferentes quanto a mão o é do ouvido. É por isso que os filhos do mundo têm uma semelhança tão monótona, se comparados com a quase fantástica variedade dos santos.

CS LEWIS - O peso de glória

No batismo somos chamados a um corpo

A sociedade à qual o cristão é chamado no batismo não é uma coletividade, mas um corpo. É o corpo do qual a família é a imagem no nível natural. Alguém que se integrasse nesse corpo com a idéia falsa de que seria membro da igreja no sentido moderno, esvaziado — um aglomerado de pessoas, como se fossem moedas ou fichas — seria corrigido já na entrada, ao descobrir que o Cabeça desse corpo é tão diferente dos membros inferiores, que estes nada têm em comum com aquele, salvo por analogia. Somos chamados, logo de princípio, a associar-nos como criaturas ao Criador; como mortais ao Imortal; como pecadores redimidos ao Redentor sem pecado. Sua presença, a interação entre ele e nós, sempre deve constituir o maior fator dominante da nossa vida dentro do corpo; excluindo qualquer concepção de comunhão cristã que não signifique, em primeiro lugar, comunhão com ele.

Cs Lewis - O peso de glória