Lucas 16:19-31 - O rico e o Lázaro - Não
despreze as oportunidades
· Nem
sempre as epígrafes dos textos são a verdade do texto, as vezes elas erram, já
a palavra não. (Parábola dos dez talentos, filho pródigo, etc).
· O
texto que lemos é chamado de “parábola do rico e o Lázaro”, porém trata-se de
uma história real narrada por Jesus falando sobre a realidade do inferno.
· Temos
algumas razões para acreditar nisso:
1. Os
evangelistas não anunciam a história que se segue como parábola e eles faziam
isso.
2. As
parábolas não usam artigos definidos e afirmações tão contundentes sobre a
existência de pessoas, especialmente o nome.
3. Jesus
não havia chegado ao momento do ministério que “só lhes falava por parábolas”.
A história que lemos é real, trata-se de uma sequência de
ensinamentos de Jesus sobre o modo de usar os recursos que recebemos. Essa
sessão inicia-se em Lucas 15 ao falar de dois filhos, um que gasta
dissolutamente o que tem, outro que vive de forma mesquinha com o que recebeu.
O
público alvo – Os fariseus e Saduceus
Jesus tinha como alvo principal os saduceus, que eram um
grupo religioso judeu que não cria que existia a ressurreição dos mortos, logo,
tratar da realidade da eternidade mesmo após a morte do corpo era algo
essencial para Jesus.
Eles eram extremamente ricos, de certa forma, segundo
Keneth Bailey, Jesus queria confrontar diretamente o modo como viviam.
Como introdução a essa história Jesus fala uma parábola que
se refere a um “mordomo infiel”.
Algumas afirmações finais, dão a entender alguns modos de
lidar com o dinheiro:
· O
dinheiro é chamado de “riquezas injustas de Mamom”, se você não mantém sua
fidelidade a Deus com o dinheiro, como Deus te confiará coisas maiores que o
dinheiro? – V.11
· O
dinheiro e as riquezas são bens dados por Deus, logo são de Deus, então,
devemos ser fiéis no administrar o que não é nosso, para receber o que é nosso –
V.12
· O
dinheiro não é neutro, ele tem poder de tornar-se um Deus! – V.13
Os Fariseus zombavam de Jesus ao dizer isso, pois, eram
ricos:
“E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas
coisas, e zombavam dele.
Lucas 16:14”
Pensando nisso, Jesus introduz essa história.
Ele deseja confrontar o modo avarento dos fariseus e a inconsequência
dos saduceus.
O
homem Rico
O texto apresenta algumas verdades a respeito do rico:
1º - O homem rico se vestia com púrpura – V.19a
O tempo verbal indica que ele usava esse tipo de roupa
todos os dias, segundo Keneth Bailey, a púrpura era o material mais nobre para
uso de roupas naqueles dias.
“Ele tinha outras roupas, mas a púrpura era caríssima, e só
os verdadeiramente ricos podiam tê-la. Esse homem queria garantir que todos
soubesse que ele tinha dinheiro”.
Ele era uma espécie de varal de roupas com a necessidade
interior de lembrar a todos que ele era rico.
A púrpura era uma espécie de roupa real.
2º - Ele usava linho finíssimo – V.19b
“Um manto de linho finíssimo às vezes valia
mais do que seu próprio peso em ouro” O.S. Boyer
Keneth Bailey acredita que há aqui um toque de humor, visto
que ele não usava apenas púrpura para que vissem, mas se alguém quisesse saber,
ele usava roupas íntimas de qualidade.
3º - Ele vivia de forma regalada e
esplendidamente, outras versões usam o termo “vivia no luxo” todos os dias –
V.19c
Este rico violava o sábado, pois, se seus banquetes se
davam todos os dias, ele colocava seus funcionários para trabalhar no sábado.
Ele desprezava abertamente a lei de Deus e fazia seus servos desprezarem
também.
O Rico não tem seu nome mencionado, já o pobre
sim.
Agostinho disse: “Não parece que Cristo estava
lendo aquele livro onde se encontra o nome desse pobre, mas não do rico?”
Quem
era Lázaro?
O nome
Lázaro significa “aquele que Deus ajuda”.
O
impacto dessa história foi tão forte, que a partir daí veio termo “Lazarento”
que é alguém miserável, pobre, leproso.
1º -
Lázaro era um mendigo – Ele era levado por amigos
ou familiares para a porta da casa do rico, na esperança de que se
compadecessem dele, lhe dessem alguma esmola e ele pudesse sobreviver. Ele era colocado à porta do rico para receber
algumas migalhas que lhe lançavam, mas sempre estava faminto, ele desejava ser
alimentado.
2º -
Ele sequer conseguia ficar em pé – Keneth Bailey diz que ele
estava doente demais para andar, os membros da comunidade então o levavam para
a porta do rico todos os dias e voltavam para buscá-lo a noite.
3º -
Ele desejava comer o que caia da mesa dos ricos
Coberto
de chagas, sem poder andar, sem poder trabalhar, sua única esperança é que o
rico e seus irmãos sentissem compaixão por ele. Ele desejava comer o que caia
da mesa dos ricos.
Há uma
forte alusão ao desejo da Cananéia que como os cachorrinhos desejava comer o
que caia da mesa, ele desejava comer e não conseguia.
Na
história, o rico jogava comida fora, mas não se dava nada ao pobre. No oriente,
os restos de comida sempre são dados aos cachorros da casa. Lázaro de certa
forma valia menos do que eles.
“Lázaro
estava doente, faminto, coberto de feridas, mas seu sofrimento mais profundo
era psicológico, os vilarejos tradicionais do oriente médio são compactos, de
onde Lázaro estava, ele ouvia os convidados do rico, sentia o cheiro da comida,
eles não precisavam de alimento, Lázaro sim, a ajuda estava sempre perto dele,
mas era sonegada.
4º - O
único consolo na vida de Lázaro era ter suas feridas lambidas pelos cães do
rico –
Os
cães lambem suas feridas, eles também lambem pessoas como prova de carinho, mas
além disso, há pesquisas que demonstram que a lambida do cachorro tem certas
propriedades curadoras, segundo Bailey, elas contém alguns antibióticos que
facilitam a cicatrização.
Lázaro
todos os dias ficava exposto as moscas, as humilhações, dependia de todos, não
recebia nada, os cães ao menos se uniam para ajudá-lo.
O rico se vestia de púrpura x
Lázaro aqui estava seminu
O rico fazia banquetes todo dia x
Lázaro passava fome todo dia
O Rico tinha afago de convidados
x Lázaro só tinha afago dos cachorros
O rico gozava de Saúde x O Lázaro
sofria miseravelmente
Os
contrastes desse lado da existência eram individuais, o rico era culpado pelo
que fez, mas principalmente pelo que ele não fez.
Os contrastes
continuam, mas agora a favor do Lázaro e numa perspectiva muito melhor.
· Lázaro morreu e não tinha
certamente recursos para ser sepultado, logo, os anjos o levaram ao seio de
Abraão onde esteve em paz - V.22
· Quando o rico morre ele tem um funeral,
ainda que o texto oculte, considerando seu modo de viver, até na morte ele teve
extravagâncias, muita gente, muitas palavras.
Os contrastes daí em diante se seguem mais
intensamente:
1 - Lázaro estava descansando no seio de
Abraão x O rico estava no Hades
2 Lázaro estava sendo consolado x o Rico
Estava sendo atormentado
3 – Lázaro foi saciado com a riqueza do
lugar onde estava x O rico estava assolado pela sede
4 – O rico viveu coisas boas aqui x Lázaro
viveu coisas boas lá.
5 – Lázaro estava eternamente garantido x
O Rico estava eternamente perdido
A
doutrina do inferno
Tem
sido extremamente negligenciado em nossos dias a realidade da eternidade,
infelizmente nós estamos ensinando as pessoas a buscar viver como o rico.
A
religião cristã tornou-se um meio de nos ensinar a viver aqui, estamos criando
raízes aqui e no fundo no fundo estamos perdendo totalmente a noção de
eternidade.
O
nosso modo de lidar com céu e inferno tem constituído um ateísmo prático, em
que confessamos Jesus, cantamos sobre Jesus, mas negamos quem ele é para nós
com nossas práticas.
· A
entrada no reino dos céus não é determinada pelo que eu tenho, é determinada
pelo que eu sou.
(Com dinheiro posso ir a locais
exclusivos, a passeios a restaurantes, mas no céu o dinheiro não conta).
O destino do rico foi o “inferno”.
Jesus fez uso de três palavras para falar
sobre o inferno:
1º - Hades – “Sepultura” –
Morada dos mortos
2º - Apollumi – “lugar de
destruição” – É um conceito da mitologia
grega que fala sobre o lugar para onde vai o infiel. O Inferno neste sentido é
um lugar de densas trevas, mas não só isso, é um lugar com gritos
horripilantes, você sente o cheiro da carne queimar o lugar de fogo e enxofre
danifica todo o sistema respiratório mas você não enxerga nada.
3º - Geena – Vale
do tormento, a palavra Geena tem um equivalente no hebraico a “Gê Bem
Hinon” que é traduzido por vale dos
filhos de Hinon que ficava na extremidade sul de Jerusalém, onde ficava o lixão
da cidade.
Lá havia uma fornalha que funcionava
ininterruptamente para diminuir a quantidade de lixo na cidade. Era possível
encontrar restos de cadáveres de pessoas amaldiçoadas que não eram sepultadas
do modo usual, estavam em estado avançado de decomposição. Era comumente
chamado de vale dos amaldiçoados; Jesus se referiu a este lugar como “Onde o
fogo não se apaga e o bicho nunca morre”.
Jonatas Edwards fez o famoso sermão
“pecadores na mão de um Deus irado”, uma das citações mais impressionantes é
essa:
“Oh!
pecador, pense no perigo terrível em que se encontra! sobre uma grande fornalha
de furor, sobre um abismo imenso e sem fim, cheio do fogo da ira, que você está
pendurado, seguro pela mão de Deus, cujo furor acha-se tão inflamado contra
você, como contra muitas pessoas já condenadas no inferno. Você está suspenso
pôr uma linha tênue, com as chamas da cólera divina lampejando à tua volta,
prontas para atearem fogo e queimar-te pôr inteiro. E você continua sem
interesse no Mediador, sem nada onde se agarrar para poder se salvar, nada que
possa afastar as chamas da cólera divina, nada de teu próprio intelecto, nada
que tenha feito ou possa vir a fazer, para persuadir o Senhor a poupar tua vida
pôr um minuto sequer.”
No meio desse cenário aterrador, O Rico
faz uma oração.
A
oração dos perdidos
A oração dos perdidos contém três verdades
principais ditas pelo Rico:
1º - Quem está lá desejava
estar aqui:
E, clamando, disse: Pai Abraão, tem
misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e
me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
Lucas 16:24
O que para nós é algo extremamente
banalizado, para quem está no inferno é essencial.
Nós reclamamos dos privilégios que temos,
porque o privilégio concedido pode ser não valorizado frequentemente.
Nós reclamamos de duas horas de culto,
eles queriam ao menos uma hora para se arrepender.
O maior desejo de quem está lá é estar no
nosso lugar.
2º - Quem está no inferno se
preocupa com quem está aqui
E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o
mandes à casa de meu pai,
Pois tenho
cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para
este lugar de tormento.
Disse-lhe
Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.
Lucas 16:27-29
A maior preocupação de quem está lá, é
avisar os seus para que não tomem o mesmo caminho, o rico tinha 5 irmãos, ele
não queria que eles fossem para lá.
Então ele pede que Abraão mande alguém,
peça para alguém anunciar.
Nós não podemos nos conformar em perder os
nossos de forma tão indiferente.
3º - Quem está lá, espera que
anunciemos:
E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se
algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam.
Porém,
Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão,
ainda que algum dos mortos ressuscite.
Lucas 16:30,31
Eles querem muito que alguém vá, mas não
podem.
A nós foi dado a lei e os profetas, cabe a
nós ir.
4º - Quem não ouve Moisés e os
profetas ouvirá quem?
A palavra deve ser um instrumento para
conversão, nós temos a lei e os profetas, temos a mensagem do evangelho, vamos
levar a mensagem.
5º - Cuidado com a fadiga da
compaixão
6º - O único tempo oportuno
para o arrependimento é hoje!
Em vida, O rico recusou-se a ser o Lázaro
( o que Deus ajuda), mas morto queria ser ajudado por Deus sem poder.
Se continuarmos a pecar deliberadamente
depois que recebemos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos
pecados,
mas
tão-somente uma terrível expectativa de juízo e de fogo intenso que consumirá
os inimigos de Deus.
Quem
rejeitava a lei de Moisés morria sem misericórdia pelo depoimento de duas ou
três testemunhas.
Quão mais
severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus,
que profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o
Espírito da graça?
Pois
conhecemos aquele que disse: "A mim pertence a vingança; eu
retribuirei"; e outra vez: "O Senhor julgará o seu povo".
Terrível
coisa é cair nas mãos do Deus vivo!
Hebreus 10:26-31
Alguns versículos sobre o
inferno:
O inferno é o lugar do diabo e seus anjos:
"Então
ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: 'Malditos, apartem-se de mim para o
fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos.
Mateus 25:41
Jesus é o agente do Juízo de Deus também:
Não
tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham
medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno.
Mateus 10:28
É necessário abrir mão de coisas aqui:
Se a sua
mão o fizer tropeçar, corte-a. É melhor entrar na vida mutilado do que, tendo
as duas mãos, ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga, onde o seu verme
não morre, e o fogo não se apaga. E, se o seu pé o fizer tropeçar, corte-o. É
melhor entrar na vida aleijado do que, tendo os dois pés, ser lançado no
inferno, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. E, se o seu olho o
fizer tropeçar, arranque-o. É melhor entrar no Reino de Deus com um só olho do
que, tendo os dois olhos, ser lançado no inferno, onde
" 'o seu verme não morre,
e o fogo não se apaga'.
Marcos 9:43-48
O inferno é lugar de choro e ranger de
dentes:
O Filho
do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do seu Reino tudo o que faz cair
no pecado e todos os que praticam o mal. Eles os lançarão na fornalha ardente,
onde haverá choro e ranger de dentes.
Mateus 13:41-42
RM 2.9 tribulação e angústia,MT
22.13pranto e ranger de dentes, 2TS 1.9 eterna perdição, Mt 13.42cadeias da
escuridão,2 Pe 2.4 Eterna perdição, Mt25.46 fogo que não se apaga, Mc 9.43
ardente lago de fogo.
7º - Vale a pena ser fiel